POV Hermione

Nem eu, nem Fred, comentamos o que aconteceu na Sala Precisa. Era como um segredo, que nos ligava. Jamais imaginei que ele poderia ter outro lado, senão aquele de brincalhão insensível.

Como eu tinha um horário vago hoje, decidi ir ao jardim. Me sentei debaixo de uma árvore e comecei a ler um livro de História da Magia.

–Olá, Hermione.

Olhei para cima e fiquei estupefata. Vitor Krum estava de pé ali, na minha frente.

–Como você...

–Olha, me desculpe, eu sei que agi como um idiota sábado, é que... Eu estava chateado e bebi um pouco demais. Estou tão arrependido.

O tom dele me pareceu sincero.

–Eu...

–Sente-se.

Ele se sentou ao meu lado e ficou me encarando.

–Eu sei que jamais vai me perdoar pelo que fiz, mas quero que saiba que realmente não estava em meu juízo perfeito.

Ele pegou em minha mão e a beijou. Quando percebi que ele se preparava para ir, quase que insanamente, puxei seu braço.

–Não vá.

Ele deu um meio sorriso com os olhos tristes e se sentou novamente.

–Eu... Eu te perdôo

Ele abriu o mesmo sorriso que abriu pela primeira vez, para mim. Krum se aproximou de mim, seu cheiro amadeirado entupindo minhas narinas. Sua respiração quente em minha pele, e colou seus lábios aos meus. Pensamentos insanos tomaram conta de minha mente. Seus lábios macios contra os meus, o hálito de hortelã, sua boca abrindo e a língua pedindo passagem. Vitor me tomou em seus braços e ali me senti mais segura do que nunca.

POV Fred

Estava remoendo o que havia acontecido entre mim e Hermione. Estava mais do que claro que ela gostava do Krum, mas também jamais imaginei que ela o perdoaria.

Pois ali estava eu, parado no meio do jardim, observando os dois se beijarem. Por algum motivo, aquilo me machucou muito. Foi como receber um tapa na cara. Fiquei ali, observando-os, até se afastarem, ofegantes. Aquilo me enojou.

Me afastei, passando por George, que tentou me parar. Corri até o sétimo andar. Meu refúgio.

Logo me sentei à mesa e comecei a trabalhar. O desenho foi tomando forma, novamente, de um casal se beijando, mas dessa vez, suas feições eram diferentes. O coloquei junto dos outros desenhos.

Foi como se tivesse tirado um peso das minhas costas. Os desenhos me proporcionavam essa sensação única.

POV Hermione

Voltei ao Salão Comunal da Grifinória, encontrando uma Ginny um tanto zangada.

–Hermione Granger, por onde você se meteu?

–Ginny eu...

–Olha aqui, se você acha que vai me ignorar desse jeito está muito enganada.

–Ginny, eu bei...

–E eu tenho sentimentos, ok?

–Ginny, eu beijei Vitor Krum!

–E além do... O quê?! Como você pôde beijar aquele canalha?

–Ele veio me pedir desculpas, e estava realmente arrependido.

–Hermione, eu simplesmente não acredito que você fez isso. Como sabe que ele estava falando sério?

–Eu vi em seus olhos, Ginny. Eu... estou completamente e perdidamente apaixonada por ele.

–Oh não. Mione, não vai se apaixonar por um canalha, por favor!

–Você não viu como ele me tratou, Ginny. Ele foi doce, e gentil. Foi como se o meu Vitor estivesse voltando.

Ela me olhou quase que com pena.

POV Fred

Ainda estava com raiva por Hermione ter beijado aquele búlgaro, então quando a encontrei no corredor, simplesmente ignorei.

Ela ficou ali, parada, me observando partir. Continuei andando em direção ao meu refúgio de sempre, mas não me dei conta de que ela vinha atrás de mim.

Entrei na porta que havia acabado de surgir e algo a impediu de fechar. O pé de Hermione se encontrava ali.

–Você pode retirar seu pé daqui, por favor?

–Não até você me explicar o porquê dessa frieza.

–Não te devo explicações.

–Claro que deve. Em um momento estava me reconfortando, e no outro passando por mim como se fosse invisível? Qual o problema?

–Hermione, eu realmente peço que tire o pé daí.

–Sabe que sou muito teimosa.

–Saiba que também sou um tanto teimoso.

Ela revirou os olhos e entrou na sala.

–Ótimo, se você entra, eu saio. Com sua licença.

E simplesmente saí corredor a fora.

POV Hermione

Fred me deixou plantada ali, sozinha na sala. Encarei a parede com desenhos, até meus olhos acharem um, que não estava ali antes. Me aproximei. De início, pensei que era outro desenho de Angelina e Vitor, mas as feições da garota eram diferentes. Com um susto, percebi que era eu.

–Ah Merlin. Ele viu.

Saí em disparada pelos corredores da escola à procura de Fred, até que esbarrei em um corpo extremamente definido.

–Oi Vitor

–Hermione, aonde vai com essa pressa toda?

–Preciso esclarecer algumas coisas com um amigo.

Ele pareceu entediado.

–Não prefere sair comigo?

Como dizer não àquele cara?

Saímos em direção ao Lago Negro. Nos sentamos em uma rocha à margem do lago.

–Sabe, Hermione. Com você eu me sinto bem.

–Eu também me sinto bem com você.

Apoiei minha cabeça em seu peito.

POV Fred

Interrompi a conversa de Ginny e uma garota da Corvinal

–Ginny, posso falar com você?

–Ah, claro. Ei, Luna, depois conversamos.

–É verdade que Hermione voltou a sair com o Krum?

–Isso não te diz respeito, Fred.

–Voltou, não é?

–Voltou, e olha, apesar de eu não gostar dele, tenho certeza de que ela está melhor com ele do que estaria com você.

–O quê?

–É, eu sei que você quer se aproximar dela, apenas para iludi-la. Fred, eu te conheço. Apenas se mantenha longe do relacionamento dos dois.

–Ginny, para com essa obsessão louca! Eu não quero a Hermione!

–Você gosta dela! Está escrito na sua testa!

–Eu não gosto dela! Ela é apenas uma nerd sem sal, que acha que está no topo do mundo, mas não está! Se ela é burra o suficiente para achar que aquele búlgaro realmente gosta dela, eu sinto muito, eu só queria ajudar.

Pausa para respirar. Já ia começar mais um discurso falso sobre Hermione, mas algo me atrapalhou. Uma garota de cabelos cheios passou chorando ao meu lado, e correu para a torre da Grifinória.