– Lua? Você está bem? Fala comigo. – Estrela, que agora eu acabara de descobrir era Henry, estava na minha frente me chacoalhando pelos ombros. Não conseguia falar nada. Eu estava de frente com meu ídolo. Ele agora estava ali, comigo, em uma rua sem saída. Eu havia dançado com ele, rimos juntos, conversamos como duas pessoas normais, mas por trás de todos aqueles casacos estava o meu ídolo, a minha estrela, o meu Henry Montez. – Lua? Por favor, fala alguma coisa. – ele estava me olhando apreensivo. – Vamos voltar para a lanchonete agora, você precisa sentar e tomar alguma coisa. Vamos. – ele agora me puxava para voltarmos para a rua da Ox. Naquele momento ele não tinha nem se dado ao trabalho de colocar o capuz que eu havia abaixado, deixando a mostra sua identidade, quem era.

– Não, não precisamos voltar para lá. – disse eu parando de andar e forçando-o a parar também- Eu estou bem. – ele me olhava sem acreditar em mim. – De verdade, estou muito bem. – tentei acalmá-lo – É só que você me pegou de surpresa. Quer dizer, você realmente é Henry Montez, não é? – disse eu tocando em seu rosto. O meu gesto fez Henry sorrir.

–Sim, sou eu. Henry Montez. Um dos cinco cantores da 4street. Namorado de Priscila Boston – lembrar de Priscila não me animou nem um pouco, mas pude perceber que pelo jeito com que falou dela, ele também não estava animado em dizer isso. – O que mais posso dizer sobre mim? Desejado como futuro marido de muitas garotas por aí. – olhei para ele – Bom, pelo menos de uma menina chamada Luna. – eu sorri sem graça e ele sorriu de volta. Não consegui encará-lo sem graça.

– É, pelo menos agora você tem certeza que duas garotas casariam com você. – olhei para ele.

– Duas? – ele me olhava sem entender.

– Sim, eu. – sorri – e sua namorada Priscila. – não sorri e ele também não.

– Priscila? Hm, sim. Bem, pelo menos sou um cara sortudo.

– Sortudo? Claro que é. Você namora com Priscila Boston, claro que você é sortudo.

– Não, não é por isso que eu sou sortudo. – ele me olhou, mas dessa vez me olhou de cima a baixo.

–Não? Então porque seria? – tentei não olhá-lo nos olhos. Não conseguia encará-lo, não enquanto me olhava daquele jeito.

– Bom, sou sortudo, pois enquanto tem muito homem sofrendo para encontrar alguém por quem valha a pena lutar e casar. Eu tenho o poder da escolha. Posso escolher entre duas mulheres. – sorri. Escolher? Ele já havia escolhido Priscila. Ele estava com ela. Porque me colocara na jogada? Eu poderia ser escolhida? Não, claro que não. Ele era Henry Montez, cantor da 4street, namorado de uma das maiores cantoras do território e eu era apenas uma garota brasileira, estudante do ensino médio. Ele sorriu de volta. – Hm, posso te pedir uma coisa?

– Claro.

– Passa essa noite comigo? Me ajuda a ser uma pessoa totalmente diferente do que eu sou pelo menos essa noite? – ele me olhava profundamente e pegava minha mão, colocando-a de encontro com o lado esquerdo do seu peito. – Você poderia fazer isso por mim?

Uma noite com o meu ídolo. O meu ídolo estava pedindo uma noite comigo. Porque eu negaria? Mas antes eu teria que fazer uma ligação.

– Tudo bem. Uma noite. Essa noite. Eu e você. – sorri para ele, que retribuiu o sorriso.

Peguei meu celular, sem saber muito bem como explicaria tudo isso, mas sabia que não poderia ficar mais tempo algum sem dar alguma notícia. Disquei o número gravado na minha lista telefônica e esperei até ouvir uma voz sonolenta.

–Alô?