Ian e eu ficamos sozinhos em casa o resto do dia. No almoço comemos o que sobrara do macarrão da noite passada. Ficamos a tarde toda vendo comédias românticas, Ian não estava muito feliz com as minhas escolhas de filme, mas se divertiu com os meus ataques a cada separação, meu surto de choradeira nas reconciliações. A cada novo ataque ou lágrima Ian gargalhava o que me deixava um pouco irritada, mas acabava rindo junto.

No fim da tarde, Anne voltou para casa e tivemos que parar com os filmes românticos, para vermos desenho animado, Discovery Chatice Kids. Anne nos olhava meio desconfiada, apesar de ter só quatro anos deve ter percebido algo estranho na tamanha proximidade que eu e Ian estávamos no sofá. Ás vezes ela olhava de canto de olho para nós dois, virava para TV e dava de ombros o que nos fazia rir. Depois de algumas horas de desenho ela dormiu no sofá e Susan e Ben chegaram, quando viu Anne dormindo no sofá menor e eu e Ian, abraçados no maior fizeram a mesma expressão que Anne mais cedo, arregalaram os olhos, olharam um para o outro e deram de ombros. Imaginei como seria no Brasil, se eu tivesse no sofá abraçada com um intercambista que acabara de chegar em casa, minha mãe provavelmente teria tido um ataque do coração e depois teria me feito explicar o que era aquilo. Sorri ao lembrar da minha mãe, da minha família, dos meus amigos e do Roberto, pela primeira vez desde que chegara ali me coração apertou de saudade. Ian percebeu minha feição.

– Tudo bem Lu? – ele olhava preocupado para mim.

– Sim, só me lembrei do Brasil, da minha família e dos meus amigos – não precisava mencionar o Rô – e acabei sentindo saudade, só isso.

– Você quer ligar para eles? Ou mandar algum e-mail?

– Talvez algum e-mail depois, mas não agora. – sorri para ele. Selinho.

– Tudo bem que os pombinhos estão apaixonados, mas podem se desgrudar um pouco e virem nos ajudar a arrumar a mesa para o jantar? – de repente Susan apareceu na sala.

Levantamos e fomos ajudar a arrumar a mesa, desta vez Susan fez Lasanha, percebi que o forte dela era carboidratos ou apenas uma breve coincidência. Como na noite anterior eu e Ian cuidamos da louça, quando acabamos fomos para a sala.

– Hoje, á 00h00 eu vou para o seu quarto ok? – Ian sussurrou antes de entrarmos na sala. Apenas concordei com a cabeça e sorri.

Estávamos vendo televisão quando de repente começa a tocar a música Miss U, da 4street, aparece a imagem dos 5 integrantes da banda e logo reconheço o garoto mais alto entre os outros, com cabelo castanho claro e os olhos esverdeados como esmeraldas. Meu coração dispara; Henry Montez.

A boyband mais famosa de todo oReino Unidoirá fazer uma apresentação única na Oxford Street, em Londres, para acender as famosas luzes de natal da Rua. O evento será livre e de graça, no dia 20 de Dezembro, alguém tem duvida que todos os Londrinos estarão lá para ver esses garotos?

Foi apenas isso que o repórter falou e logo passou para uma matéria sobre um assalto á uma lojinha de conveniência num bairro afastado, não conseguia ouvir mais nada, nem prestar atenção em mais nada, dia 20 de Dezembro, esta seria mais uma chance de vê-lo. Comecei a ficar tonta.

– Vou para o meu quarto, não estou passando bem. – me levantei rapidamente e sai correndo em direção ao meu quarto. Ouvi Ian me chamando, mas não virei para esperá-lo. Fechei a porta do meu quarto e me joguei na cama. 20 DE DEZEMBRO, OXFORD STREET.