P.O.V. Rose

– Ruiva! Chegou uma carta para você! – Ouvi Scorpius gritando lá de baixo.

– Estou dormindo!

– Acho que você vai querer ver!

– Então trás aqui em cima!
– Desce logo, Rose!

Merlin, será que não posso mais nem dormir em paz que essa doninha irritante já vem me encher? Está na hora de me divorciar.

Levantei bastante contrariada da cama, prendi o cabelo e desci. Scorpius estava na cozinha com Claire, que batia com uma colher no cadeirão, dei um beijo nela e me sentei na cadeira na frente de Scorpius, apoiando o cotovelo na mesa para segurar minha cabeça.

– O que é que você quer, doninha?

– Sabe, Rose, depois de todos esses anos eu ainda me impressiono em como você parece uma múmia de manhã.

– Fala logo.

– Uma múmia mal-humorada.

– Ok, eu acho que vou voltar a dormir. – Disse me levantando e indo arrastando os pés em direção à porta.

– Não vai nem ler sua carta?

– Quando eu acordar eu leio...

– Mesmo se eu te disser que é a carta do curso de curandeiros?

Parei na metade do caminho e me virei para Scorpius novamente.

– A carta chegou? Cadê? Você abriu?

Já fiz os testes para o curso há duas semanas. Não tenho certeza se fui bem. Acho que errei uma questão sobre Defesa Contra as Artes das Trevas e talvez uma de Poções, mas acho que fui muito bem em Transfiguração.

– Nossa, ruiva, quantas perguntas! E eu achando que você estava com sono!
– Cala a boca! Cadê minha carta?

Ele riu e tirou a carta de dentro do pote de açúcar. Isso é lugar de se esconder uma carta?

– Você já abriu! – Exclamei. – O que está dizendo? Eu consegui?

– Pelas calças de Merlin, Rose, você não sabe ler, não?

– Ah! Me dá isso aqui! – Falei arrancando o envelope aberto e cheio de açúcar da mão dele.

Prezado (a) Sra. Malfoy,

Nós, do Curso Britânico de Curandeiros, temos o prazer de informá-lo (a) que, com base nas suas notas nos testes aplicados, você foi aceito (a) no nosso curso.

Esperamos a coruja contendo a confirmação da sua inscrição até 14 de fevereiro.

Arregalei os olhos e abri um sorriso enorme depois de terminar de ler. Abaixei o pergaminho e Scorpius estava sorrindo para mim. Antes que eu percebesse soltei um grito. Claire me olhou como se eu fosse louca, bom, ela vai ter que perceber isso um dia, e Scorpius se levantou e me abraçou, me levantando alguns centímetros do chão.

– Parabéns, ruiva! – Ele disse e me beijou.

– Eu não acredito! Não acredito!

– Eu disse que você ia conseguir!
Corri até a gaveta da cozinha, peguei pena e pergaminho e escrevi minha confirmação da matrícula no curso.

– Vai voltar a dormir agora, ruiva? – Ele disse sorrindo.

– É uma boa opção – Falei depois de dar uma tapa no ombro dele. - mas o que acha de irmos andar no Beco Diagonal? Você não tem treino hoje mesmo.

– Tudo bem, vamos.

– Vou tomar banho.

– Ok. Vou trocar a Claire e me trocar também.

Não acredito que consegui! Mesmo ficando aquelas duas semanas sem estudar! Preciso mandar uma coruja para os meus pais! E para toda a população da Terra! Até para os trouxas! Quem se importa com o Estatuto de Sigilo em Magia? Além disso, aposto que os trouxas vão gostar de ver corujas entrando nas casas deles carregando uma carta. Nunca mais vão esquecer disso, tenho certeza.

Ok, Rose. O que é que você está falando mesmo? Qual o seu problema? Mamãe ia adorar que a filha dela quebrasse o Estatuto. Ia ficar realmente orgulhosa, acho até que ia chorar de felicidade.

– Será que agora a mamãe para de confundir gripe com varíola de dragão, Claire? – Scorpius disse olhando para a ruivinha no seu colo enquanto saiamos de casa.

– Ah, Scorpius! Foi um erro válido!

– Claro! Qualquer um poderia cometer esse erro!

– Quieto, doninha.

– Espero que você nunca precise tratar ninguém com gripe, ou vai acabar deixando a pessoa internada em uma área isolada do hospital para não contaminar ninguém.

– Cala a boca, doninha saltitante! – Disse rindo e balançando a cabeça.

Passamos a dia inteiro no Beco Diagonal, uma grande parte dentro da Artigos de Qualidade para Quadribol, onde Claire ficou um bom tempo em uma vassoura de brinquedo. Mal sabe andar e quer ficar voando por ai. Scorpius estava quase babando de orgulho. Pai bobo.

Nós almoçamos e jantamos no Caldeirão Furado, fazia tempo que eu não comia lá. Tinha esquecido da sopa de ervilha. Só voltamos para casa quando Claire desmaiou de sono no colo de Scorpius depois de uma passada pela loja do tio George.

– Acho que andamos demais, estou com as pernas doendo. – Falei entrando no quarto depois de colocar a Claire no berço e me deitando na cama.

– Sedentária, não pode nem andar um pouco e já fica morrendo.

– Você sabia que você é muito chato, não sabia? – Falei para o loiro irritante e sem camisa sentado na beirada da minha cama tirando o sapato.

– Ruiva, por favor, eu sou perfeito.

– Aham, claro.

– Que bom que sabe.

– Obvio. – Respondi bocejando.

– Pelas calças de Merlin, ruiva! Tem alguma hora do dia que você não está com sono?

– Tenho motivos para estar com sono...

– Rose, era quase meio-dia quando você acordou!

– E quem disse que esse era o motivo?

– E qual é sua brilhante justificativa então?

– Você não merece saber. – Disse fazendo cara de convencida, cruzando os braços e rindo.

Ele se deitou por cima de mim, ficou lentamente mexendo nos meus cabelos e me beijou.

– Você sabia que é você muito chata, não sabia? – Falou com o rosto a centímetros do meu.

– Não tanto quanto você.

– Rose, eu dei a melhor noticia do seu dia, agora fica quieta. – Ele riu. – Se não fosse eu para te avisar que a carta tinha chegado aposto que você estaria dormindo até agora.

– Não estaria não!

– Aposto que sim!

– Ah! Cala a boca! – Ri encarando-o - Hum...

– Que foi?

– Agora é minha vez.

– Vez de que, ruiva? Depois que te chamo de louca você reclama.

– Dá para ficar quieto e escutar?

– Ok, ruiva, fala. É sua vez de que?

– De dar a melhor noticia do seu dia.

– Você finalmente resolveu que vai parar de me atormentar quando deixo alguma roupa pelo chão?

– Não conte com isso.

– Então o que é?

Ele continuava deitado por cima de mim, brincando com meu cabelo enquanto eu o segurava perto de mim com as mãos na nuca dele. Aqueles olhos cinza extremamente perto de mim.

– Eu estou grávida.