Esperei por ela mais ou menos 20 minutos. Quando Angel apareceu de novo na sacada, pronta, abri boca num “O”. Ela estava completamente diferente sem os vestidos. Parecia... Mais bonita.

Com o cabelo ruivo preso em um rabo de cavalo apertado, uma calça beje que vinha até o final dos joelhos, uma blusa branca soltinha e um casaco da mesma cor que a calça. Simples e completamente perfeita.

– E agora? Como faço para sair do quarto sem ser vista? – pergunta em um sussurro forçado me fazendo sair do transe de vê-la tão linda. Sorrio quando vejo que ao lado do quarto dela tem um tipo de escada de plantas aonde, facilmente, ela poderia descer.

– Tá vendo essas plantas? – ela assente com a cabeça olhando para baixo, onde as plantas ficam. – Vem descendo até aqui. Eu te pego quando chegar no final dela. – A “escada” não vinha até o chão. Ela seguia do alto do palácio até o meio do térreo e, se Angel descesse tudo sem a ajuda de ninguém, poderia se machucar feio.

– Eu não vou descer isso tudo! – ela deixou a sua voz sair como um grito agudo, me fazendo lembrar que ela continua sendo uma Princesa. – E quem disse que essas plantas aguentam o meu peso? Se os guardas ouvirem um único tipo de barulho vão verificar e você pode ser punido Zack!

– Pare de reclamar Angel! – falo erguendo os braços como se fosse pegar uma criança que pulava de um escorregador. – Pode vir. Eu estou aqui, vou te segurar.

Com a cara feia, caminha até a borda da sacada mais próxima da escada. Com as mãos tremulas, passa a primeira perna por cima da grade. Fica sentada, com cada perna de um lado, por um tempo. Depois, passa a outra perna, só se segurando na ponta dos pés e com as mãos grudadas na grade atrás dela.

– Eu estou com medo Zack! – ela praticamente grita. – Acho que é melhor nós pedirmos permissão para sair e não correr o risco...

– Ahm Angel! Você quer mesmo sair do palácio para a sua primeira vez na praia com dois seguranças na sua cola? Não prefere curtir o momento sem ter que se preocupar com nenhum problema?

Ela parece pensar, sem olhar nos meus olhos. Depois, solta o primeiro pé da segurança de sua sacada, o apoiando na primeira fileira de plantas. Ela solta uma mão e agarra rapidamente a primeira planta que vê pela frente. Parecendo um pássaro com as assas abertas, ela para.

– Vamos Angel! – falo alto para ela conseguir me ouvir. – Você consegue, sei que consegue! Eu estou aqui esqueceu?

Com o meu incentivo, ela volta a se mexer. Coloca a segunda mão no apoio de plantas, olhando para baixo regularmente. Solta o pé logo depois e se segura apenas pelas plantas. Nesse momento, vejo o quanto isso é perigoso. E se eu matar a Princesa de Illéa?

Devagar, ela desce o primeiro pé pela próxima fileira de plantas. Em movimentos rápidos, ela chega na metade do caminho, apoiando a mão numa sacada para me olhar.

– Você só pode estar louco! Já viu a altura disso daqui?

– Admito, sou louco. Mais vou te contar um segredo: As melhores pessoas são assim. – sorrio e ela sorri de volta. Continua seu caminho e chega a penúltima fileira de plantas. Há uma janela lá, que dá para a cozinha, mais tudo parece apagado. Quando Angel vai passar o pé pela ultima fileira, a luz da cozinha se acende.

Com o susto, Angel se desprende das plantas e acaba batendo o corpo na parece, fazendo um barulho que com certeza chamou a atenção da pessoa que está na cozinha. Ela olha para a janela, assim como eu, esperando alguma reação.

A mulher, que parece de meia idade, olha com os olhos semi cerrados para a janela. Depois que vê a cabeleira ruiva de Angel, sorri. E com a mão livre das plantas, Angel coloca ela entre os lábios, pedindo silencio.

A criada assente e repete o símbolo. Feliz, Angel desce a ultima parte, fazendo a sua cintura encontrar as minhas mãos, que ainda estão levantadas. A puxo para baixo no mesmo momento que um guarda entra pela cozinha, perguntando, alto até demais, o que foi o barulho que aconteceu a pouco. A criada, sorrindo, apenas fala que deixou uma panela cair. O guarda, desconfiado, assente e volta ao seu posto.

– Essa foi por pouco. – sussurro com as mãos ainda na cintura fina de Angel. Ela, que está suando, não tem uma das melhores caras no rosto.

– Por pouco? Se alguém nos pegasse aqui não teria outra opção alem de te mandar embora Zack Tyler! – Angel está com os braços em volta do meu pescoço, segurando tão firme que acho que vai ficar marcado. Quando percebe que ainda não me soltou, faz isso rapidamente. – E agora? Como vamos sair daqui sem que ninguém nos veja?

Não havia pensado nisso. Sinceramente, eu não havia pensado em nada. A única coisa que eu quero é respirar um pouco de ar puro, fora dessa jaula de onde não podemos sair.

– Vem comigo. – lhe dou a mão e sigo, meio abaixado para que os arbustos cubram o meu corpo, pelo mesmo caminho de onde vim. Pelo o que eu vi, há uma entrada a menos de 100 metros de onde eu estava escondido. Se os guardas forem ruins o bastante como eu imagino, poderemos até distraí-los um pouco.

Chego perto do portão, com Angel me seguindo ainda de mão dada com a minha. Nos abaixamos atrás de um arbusto alto e gordo, fazendo com que a luz da entrada não nos encontre e denuncie a nossa presença.

Há dois caras fortes parados na entrada. Ao fundo, posso ver uma torre bem alta, que eu imagino que seja para olhar as estrelas. Astronomia, acho que é o nome dessa ciência. No alto, em cima do muro, há mais dois caras, olhando para fora do castelo atentamente. Percebo que vai ser difícil sair sem que nos notem. Quase impossível, se eu acreditasse nessa palavra.

– Hey, Zack. – Angel me chama num sussurro. – Tem vindo alguém.

Olho para a direção do palácio, onde vejo uma silueta de duas pessoas andando até aqui. Faço com que Angel se aproxime mais de mim, para que não corramos o risco dessas pessoas nos virem. Elas andam em passos calmos e vejo que não são guardas.

– Boa Noite Alteza. – um dos guardas fala. O que Peter, America ou Maxon estaria fazendo aqui essa hora da noite? E ainda mais acompanhado de alguém? Uma menina, provavelmente, já que dava para ver que uma das siluetas estava de vestido.

– Boa noite. – a voz de Peter enche o ambiente. Olho para Angel, que parece tão surpresa e atenta quanto eu. – Eu vou até lá. – ele aponta para a Torre de Astronomia e pede silencio dos guardas. Percebo que ele quer fazer uma surpresa para a sua acompanhante.

– Claro. – o guarda pega o radio e tem uma conversa rápida com algum outro guarda. Rapidamente vejo os dois homens que estavam em cima do muro desceram apressados pela escada. Quando chegam perto o suficiente, ele fala novamente. – Fiquem aqui. Vamos acompanhar o Príncipe e essa senhorita até aquele lugar.

– Tudo bem. – um dos homens responde. Os outros dois saem acompanhando o Príncipe e... May. É ela que está com ele, de olhos vendados. É ela que está de braço dado com o Príncipe e que está em um encontro romântico com ele. Ela que está sorrindo, em quanto o acompanha para fora do Palácio. E é ela que não me ama mais.