Meu Trabalho É Um Parto escrita por B Mar, B Mar


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo 1

Annabeth PDV:

Corri pela calçada, subindo com pressa no ônibus.

Não me leve a mal, eu gosto do meu bairro, mas ter de pegar um ônibus e atravessar a cidade inteira para chegar até o centro não é muito legal.

Eu sou Annabeth Chase. Status de relacionamento? Namorando. Status de vida? Muito, muito ferrada.

Meus pais morreram há alguns anos, e sou eu quem sustenta minha irmã mais nova, Athena. Sustento entre aspas, porque nós estamos apenas... Sobrevivendo. E nos virando.

Eu trabalho numa editora em Nova York, a “Zeus”, como assistente/secretária do dono: Zeus Olympus.

“Ele não é nada egocêntrico, em?”

– Bom dia, Annabeth. – O motorista me saudou.

– Bom dia. – Passei meu cartão.

E então eu vi. O meu momento de sorte.

“Um lugar vazio.”

Corri para o banco livre e me sentei triunfante, quando um corpo se pôs à minha. Demorei exatamente um segundo para perceber. Grávida.

“E lá se foi meu momento de sorte.”

– Pode sentar. – Levantei.

– Obrigada, querida. – A mulher sorriu.

“Queria o caralho, sua abridora de pernas inconsequente.”

1h45min malditos em pé num salto alto.

Maldito seja o inventor da distância.

E o causador dos engarrafamentos.

– Ann, guardei isso pra você. – Luke me entregou um Donut quando passei por sua barraquinha.

Luke Castellan é meu namorado, se quer saber. Ele é lindo. Loiro, alto, olhos verdes...

– Obrigada. – Lhe dei um selinho. – A gente se vê depois, eu tenho que trabalhar.

– Você tem é que cair fora desse inferno louco. – Me corrigiu. – Vamos acampar agora, que tal? Nós dois, umas bebidas, as estrelas.

– Foi difícil tirar uma segunda-feira, Luke. Não vamos esticar a sorte.

Ele sorriu e lhe dei um selinho novamente, correndo para a editora enquanto “devorava” meu café da amanhã.

– O despertador quebrou de novo, Annabeth? – Hera desdenhou quando passei por ela.

– O caminho estava engarrafado. – Me justifiquei, mesmo sabendo que de nada adiantaria.

Pus minhas coisas na mesa e peguei o café de Sr. Zeus.

– Annabella. Annabella. – Meu chefe berrou.

Ah, é claro. Ele não sabe o meu nome.

Segui até a sala e pus a caneca à sua frente.

– Desculpe, senhor.

– Combinamos que seria há 5 minutos. – Lembrou. – Você está atrasada. Era pra estar aqui às 9h03min, são 9h08min.

Não sei se eu já disse, mas: Desgraçado filho de uma égua.

– Desculpe, não vai se repetir. Mas eu trouxe seu café, não trouxe? – Tentei ser amigável.

– Chris já trouxe. – Pegou a outra xícara. – Agora. O estagiário está mais aplicado que você. Você precisa saber que o seu trabalho influencia em tudo o que o mundo faz. Você se esqueceu do hífen.

Como se um hífen fosse influenciar em qualquer coisa.

– Desculpe, senhor.

– Existem milhões de pessoas que te matariam para pegar, seu emprego. Pense nisso. – Insistiu.

– Sim senhor.

– Agora, eu tenho um trabalho pra você compensar todos os seus erros. Interessada?

– O que eu posso fazer? – Me adiante.

– Minha cadelinha. Penny. Ela rolou no cocô de novo. Preciso que dê um banho nela.

– Sim senhor.

Zeus é um saco, e Chris é o puxador de saco oficial dele.

E como eu disse:

Status de vida: Muito, muito ferrada.

(...)

Dei banho. É. Ela é a “esposa” do meu chefe, o que eu posso fazer?

– Você está bem ferrada. – Clarisse comentou sentando-se à janela e abrindo o maço de cigarros, e olhei a cadela de canto, vendo-a deitada no chão. – Me avise quando sair do inferno, quanto tempo Athena leva pra ser formar na faculdade?

– No mínimo 5 anos. – Suspirei.

– Nós vamos demorar.

E ai vem o meu dia. Reuniões e mais reuniões.

“Annabeth, você grampeou torto. Annabeth, você grampeou duas vezes, isso é um mau presságio. Annabeth, eu deveria ter ganhado o primeiro. Annabeth, Annabeth, Annabeth...”

Pelo menos os outros sabem pronunciar o meu nome direito.

– Olha só quem chegou. – Clarisse me deu um cutucão. – Perseu Jackson.

Perseu – Percy - Jackson é o nosso gato, gostoso, sexy, alto e recém-divorciado contador.

Ele passou pela porta apressado e se pôs na cadeira.

“Onde será que ele estava?”

– Desculpe a demora, o trânsito estava horrível. – Se justificou.

– Dane-se. O relatório.

– Bom. – Ele pegou um papel. – O livro novo está um pouco abaixo da média de vendas. Na verdade, as pessoas se intimidam um pouco com as 2.000, páginas, então...

– Ok, próximo. – Zeus se levantou. – Agora, o jogo da semana que vem. Eu fiz algumas alterações no time, então...

– Senhor, eu ainda não terminei. – O moreno avisou.

– Perseu, você continua do lado esquerdo. – Ele avisou. – Eu já te disse, você joga melhor lá.

– Não estou falando do jogo. Estou falando de trabalho. Se quer saber, estou com um manuscrito ótimo que...

– Como conseguiu um manuscrito? – Nosso chefe o interrompeu. – Você é um contador, eu sou o chefe... Você não pega manuscrito, eu pego. E esse não é um dos nossos manuscritos.

A cadelinha se jogou no chão e começou a vomitar.

– Annabella. Na minha sala agora.

Eu tô ferrada.

Também, quem mandou aquela burra comer sabão?

Segui em silêncio e ele se sentou na própria cadeira.

– Chase, você vai levar a Penny para uma tomografia na segunda.

– Senhor, segunda é a minha folga. – Justifiquei. – É o aniversário do meu namorado, eu já estou programada há dois meses.

– É o aniversário do seu namorado? Ah, porque não passa a semana com ele então?

– É sério? – Lhe olhei com esperanças.

Afinal, ele não é tão ruim assim.

– Não. – Berrou.

– Certo. Tudo bem.

Filho de uma...

(...)

– Vamos lá. – Clarisse tirou uma tragada do cigarro. – Não é tão ruim.

– Certo, vamos ver quais são as minhas expectativas de vida. Dar banho na Penny, secar a Penny e levar a Penny para uma tomografia. Nossa... eu sou realmente uma fodida.

Minha melhor amiga gargalhou.

– Ainda existem doces e cigarros. – Lembrou. – Vocês podem remarcar.

– Ah claro. Vou perguntar ao Luke se tem algum problema remarcar o aniversário dele. Talvez para dezembro. – Ironizei. – E se o Zeus estiver aprontando algo? Quem precisa de uma esposa se você tem uma esposa de estimação?

Ela gargalhou.

– Annabeth.

– O que? Ele é nojento. O bafo dele é horrível. E olha, eu não ligo se ele é uma um viado de uma besta assexuada que não curte a vida, mas porque ele precisa forçar todo mundo a sofrer com ele? Eu odeio esse cara.

A porta foi escancarada e pulei de susto.

– Annabeth Chase. Na minha sala agora.

“Ah, então agora ele acerta o meu nome...”

Segui em silêncio até parar em frente à mesa de Zeus.

– Parece que tem muitas opiniões sobre minha vida particular, senhorita Chase. Acha que minha relação com Penny é uma piada?

– Não senhor. Eu juro que não, eu admiro sua relação com os animais.

– Não me venha com essa, Chase.

– Eu sinto muito. – O cortei. – Eu sinto muito mesmo. O que eu fiz foi idiota e infantil, eu não queria dizer nada daquilo, eu juro que não acontecerá de novo.

– Sabe, Annabeth. – ele me olhou. – se me odeia tanto, não acho que trabalhar pra mim seja saudável pra você.

Merda, merda, merda, merda.

“Pane, pane. Abortar missão.”

– Não, por favor. – Implorei.

Eu não podia perder o emprego. Athena dependia de mim, eu tinha contas, aluguel, tinha de comprar comida...

– Preste atenção.

A cena á minha frente veio em câmera lenta.

– Mas... Mas... – Tentei.

– Está demitida.

– Mas... Mas...

– Mas... – Ele me incentivou.

Entrei em desespero. O que está no código penal, o que pode me salvar?

Eu não sou minoria: Não sou negra, deficiente, asiática, ruiva ou judia...

Então eu disse.

A mentira mais deslavada a da minha vida. A pior coisa que poderia ter passado pela minha mente, mas a minha única salvação.

– Eu estou grávida.

Continua...


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