O jogo do deus escrita por Equipe Gelo


Capítulo 4
Emagrecer ninguém quer


Notas iniciais do capítulo

Uma vida de semideuses sem pégaso não é tão divertida, é?



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– Por que você tinha que ser tão pesado? – berrou Mellanie, que continuava a apertar firmemente o pulso de Andrew. O pégaso se esforçava para continuar o caminho na direção oposta do dragão que se debatia após engolir todo o frasco de fogo grego. A pele da criatura parecia derreter lentamente. A filha de Íris havia feito o pedido por Andrew o tentava puxar para cima do pégaso, mas o garoto estava desacordado, e então pendia apenas pelo braço para evitar a grande queda nos ares. O aperto se soltava lentamente a cada segundo. Ele iria cair.

Mas então o dragão, em seus plenos momentos finais de vida, golpeou o ar com sua cauda gigantesca e pontiaguda... pela primeira vez acertando o alvo.

A asa do pégaso se entortou de um jeito doloroso no mesmo segundo. Ele relinchou com aflição e despencou do rumo ao chão.

– Não! – Mellanie arqueou as rédeas e fez o pégaso subir por apenas mais um segundo. E então ela mesma se lançou do dorso de animal, trazendo Andrew junto a ela... e os dois caíram duramente entre os galhos de um carvalho.

O filho de Hefesto desacordado ficou suspenso em uma posição estranha, como se os galhos o estivessem controlando feito uma marionete. Mellanie urrou de dor quando percebeu que as folhas não haviam segurado nem um pouco o pouso forçado e estava arranhada nos braços e rosto.

– Maldito... dragão. – murmurou Mellanie, ouvindo gritos de campistas ao longe. Seu último pensamento antes de desmaiar foi de preocupação. O que teria acontecido agora?

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No pavilhão destruído do refeitório, a situação não estava muito melhor. É claro, estavam todos aliviados. Gritos de agradecimento para ninguém específico podiam ser ouvidos.

Os filhos de Apolo estavam cuidando dos feridos, e improvisaram uma enfermaria em uma dos poucos cantos inteiros pois não tinham todo o tempo do mundo para ir e voltar da casa grande. Os filhos de Atena pareciam ter levado a destruição do "belo trabalha arquitetônico" como ofensa pessoal, enquanto o resto dos campistas estava verificando se seus amigos estavam bem.

Ralf, Fred, as filhas de Hermes e Louyse estavam reunidos, mas não menos preocupados que o resto do Acampamento.

– De nada, gente! –murmurou Alice, com falso entusiasmo. Katherine deu um sorriso fraco, porem verdadeiro. Lillie, outra garota do chalé 11, ao contrário, parecia radiante e orgulhosa de si mesma, até notarem o estado de Fred. Não estava muito diferente, mas parecia ter lutado 3 rounds com Chuck Norris.

– Fred? –perguntou Katherine para o filho de Éolo. Ele parecia ainda mais pálido que o normal. – Você está bem? – acrescentou a menina, com a voz mais calma o possível, como se não quisesse fazê-lo notar o quanto estava acabado.

– Estou bem. –disse ele, quase que imediatamente. Não parecia constrangido nem nada, só cansado.

Ninguém disse mais nada por um tempo. Todos pareciam preocupados e ficaram ouvindo o barulho das conversas no pavilhão. De repente, um barulho se sobressaiu do resto.

Os campistas viraram a cabeça na direção do barulho, uma mesa em ruínas, no meio do refeitório: Sr. D.

– Ora, ora, ora, quem diria? –falou, parando com as palmas irônicas– Minhas uvinhas conseguiram conter o dragão, bom trabalho, campistas – acrescentou, sorrindo sarcasticamente.– Ou devo dizer, vinhas? –Sr. D disse, rindo sozinho.

Olhares de desaprovação vieram de praticamente todos os semideuses presentes. Vários murmúrios puderam ser ouvidos. A tensão no ar se tornou tão forte que era quase apalpável.

– Vamos, viram como não foi tão horrível assim trabalhar em equipe? –insistiu Sr. D, já mais sério, mas mantendo o sorriso.

De repente, Ralf levantou a mão, com uma expressão determinada no rosto. Vários olhos de arregalaram e até Sr D. parecia surpreso.

– Dois campistas caíram na floresta junto com o pégaso e o dragão. Uma filha de Íris e um filho de Hefesto – ele disse, simplesmente– Temos que mandar um grupo de busca, ou algo assim – acrescentou, sério.

Puderam-se ouvir vários murmúrios de todo o pavilhão, concordando. Dionísio cedeu.

– Certo, certo, podem ir procurar seja lá quem for que esteja lá –concordou Sr D., a contragosto – Na verdade, preferiria que fossem todos juntos, assim poderíamos continuar com meu jog... – ele se interrompeu com uma tossida – Digo, atividade.

– Então o senhor vai voltar com a história da busca pelos cookies? – a voz de Alicia, a filha de Ares, sobressaltou os murmúrios. Seus fios ruivos e rebeldes demonstravam ainda mais sua audácia.

– Bem, minha querida. – o deus começou casualmente. – Acho que já conseguiram entender que os cookies foram apenas uma desculpa. – ele abanou as mãos como se não importasse. Os membros da equipe laranja pareceram minimamente ofendidos, mas não demonstraram. – O dragão foi a chave para descobrirem isso. – ele piscou para ela.

– Fala sério! – murmurou Kaya, cruzando os braços na escuridão. – Senhor D, por sua causa o refeitório foi todo destruído e estamos um caco! O melhor pégaso foi ferido e perdemos um frasco de fogo grego. O que mais o senhor quer da gente? – ela suspirou, temendo a resposta.

– Oh! Bom que perguntou! – o deus estalou os dedos. – Lamento intensamente pelas perdas, mas nada que não possa ser resolvido. – ele concordou com a cabeça. – Enfim, vamos logo ao caso. Estive observando os melhores na luta contra meu dragãozinho, e...

– VOCÊ trouxe o dragão? – gritou um garoto alta e rubro do chalé de Ares. Ele cerrou os punhos. – O senhor é louco!

Sr.D pareceu ganhar rugas no rosto. Ele acenou com a mão e seu cajado apareceu. Olhou fixamente para o que havia lançado o desaforo. – De que me chamou?

Alicia ergueu a mão para que o irmão não falasse, mas já tinha sido tarde demais.

– Louco! – ele repetiu e ficou encarando o deus. Dionísio deu uma mínima batida com o cajado, e o filho de ares engasgou.

Todos os campistas encararam a cena, horrorizados, enquanto o filho de Ares caia de joelhos na terra, e então se retorcia e encolhia.

– O que você fez? – disparou Alicia, encarando o pequeno vaso de porcelana de onde brotava uma mudinha de menta. Seu irmão tinha sido transformado naquilo.

– Acredite, assim era o melhor jeito para que ele finalmente calasse aquela maldita boca. – respondeu Dionísio secamente.

Alicia apanhou o vaso no chão e ficou encarando-o profundamente.

– Se fizermos logo essa busca idiota para o senhor... vai devolver meu irmão e ajeitar essa pele roxa? – ela pergunta sem olhar para o deus.

– É claro! É o combinado. – ele sorriu, parecendo esquecer da raiva de segundos atrás. – Enfim, agora espero que ninguém me interrompa mais. – disse apertando firmemente o cajado. – E posso explicá-los que os cookies não tem nada haver com a busca... e sim por que.... digamos, pessoas desagradáveis me roubaram. Já sei quais são os melhores entre vocês e esses são os que serão mandados para a floresta... buscar minha adaga.

– Sua adaga? – pergunta Kaya lentamente, curiosa.

– Oh sim! – seu sorriso diminui. – Minha adaga. Ela é... preciosa para mim. É só isso que precisam saber.

Os campistas suspiraram.

– Vamos, seus molengas! Não percam tempo! Vão resgatar seus amiguinhos na árvore, e... – Dionisio agarrou o vaso das mãos de Alicia, que se preparava para protestar. – Eu fico com isso. Uma mudinha de menta só iria fazer vocês perderem tempo pela floresta, certo?

A ruiva bufou e então se pôs a andar junto com o grupo na direção da trilha de árvores novamente.

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– Você está bem mesmo? – Alice, a filha de Hermes, dá um tapinha nas costas de Mellanie.

– Já estive melhor, mas pelo menos continuo viva. – disse ela retirando algumas folhas de seus fios castanhos.

Alice riu, concordando, e então as duas se afastaram, enquanto Mellanie elogiava as armadilhas dos filhos de Hermes contra o dragão.

Falando sobre o dragão, dele não havia sobrado nem a carcaça. Havia um imenso rombo na terra, que havia resistido a explosão do fogo grego.

– Vamos lá, acorde, Andrew! – murmurou Ralf, chacoalhando os ombros do filho de Hefesto. – Ele já devia ter acordado, por que não acorda? – o garoto exigiu uma resposta dos filhos de Apolo.

Uma garotinha loira de olhos azuis deu um passo a frente, e gaguejou. – Ele inalou o odor do fogo grego mais que deveria. Isso causa intensa irritação pelo corpo inteiro, e...

– Pode ser fatal? – adivinhou Ralf. A garota concordou. – Ah deuses.

Mas então Andrew tossiu, abrindo os olhos de repente.

– O que foi que...? O dragão? Onde está? – ele disparou, levantando-se e encarando o redor.

– Está bem longe daqui. – assegurou Ralf. Andrew ficou o encarando por um tempo e então abraçou o amigo.

– Acha que dessa vez superei meu Record de loucura? – pergunta o filho de Hefesto.

– É claro que sim! – disse a voz de Katherine atrás deles. – MAS sua loucura não seria possível sem Fred. Acho que a dele ainda pode ter sido mais surpreendente que sua ideia suicida, Andrew.

Fred estava ao lado dela, e bagunçou os cachos pálidos. – Obrigado, eu acho.

– Não há de quê, Jack Frost. – disse ela, segurando o riso e dando um empurrãozinho no filho de Éolo. Ele riu, e então os dois se afastaram, conversando alegremente.

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– Muito bem, muito bem! – a voz do Sr.D ecoou pela noite. A lua iluminava seu rosto rechonchudo. – Agora que já acharam seus dois amigos com pouso forçado... – ele rui sozinho da própria piada. – Vamos a separação, certo?

Enquanto Ralf explicava para Andrew e Mellanie o ocorrido enquanto estavam desaparecidos, o deus do vinho foi indicando quais campistas deveriam ir para um lado, enquanto o outro podia se retirar para seus chalés.

– A baixinha. – disse ele apontando para Louyse. Ela bufou, mas ao mesmo tempo tinha um sorriso por ser escolhida. – E a irmã mais velha dela também. – Alicia fuzilou Dionísio com o olhar e se juntou a irmã.

– A garota dos pégasos. – ele indicou Mellanie. – O garoto que trouxe o fogo grego... – Andrew se encaminhou.

– Rafael. – ele apontou para Ralf, que fez cara feia por ter seu nome trocado. – a irmã dele. – Kaya caminhou atrás de Ralf, e então o deus suspirou, vendo quem mais escolheria.

– Ok, certo, essas garotinhas de Hermes que se mostraram ótimas pra uma peça tamanho gigante, podem vir também. – Katherine, Alice, Lilie e Nell marcharam alegremente para o lado dos escolhidos.

– E por último, não menos importante, e por mais que esteja acabado, eu quero o Frederico ali. – ele apontou para Fred, que tomava um gole de água discretamente.

– Eu? – ele perguntou com a voz fraca. - Mas...

– Apenas vá, meu rapaz. – ordenou Dionísio.

O filho de Éolo suspirou e caminhou até o grupo. Alguns outros campistas foram escolhidos, como a garotinha loira de Apolo e seu irmão mais velho, que tinha disparado as flechas do pégaso. Também havia uma filha de Deméter, o garoto de Niké e o mais velho de todos eles, o filho de Tique.

– Como eu sou um bom deus... podem levar isso. – ele estalou os dedos, e nas mãos de Katherine surgiu uma mochila. – Vão precisar. Enfim, boa sorte. O resto está dispensado.

– Sr.D, espere! – pediu a menininha de Apolo. – Onde exatamente devemos chegar para encontrar a adaga?

O deus já estava de costas. Parou minimamente e respondeu. – Uma caverna. Vão saber quando encontrarem. Aviso a vocês que vão querer o maior número de pessoas quando forem entrar nela.

Todos eles engoliram em seco com o tom misterioso dele.

– Bom passeio! – disse, acenando para eles, enquanto todos os outros campistas davam olhares de despedida e caminhavam para seus chalés.

– E que a busca dos cookies comece. – murmurou Mellanie, desanimada. - Ou seria pela adaga?. - Ela suspirou. Foi a primeira a dar um passo na direção das árvores. Os outros a imitaram... e eles foram cobertos pela escuridão sem fim da floresta.


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Notas finais do capítulo

Entenderam como se deve pousar com estilo quando está caindo na direção da morte?



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