O jogo do deus escrita por Equipe Gelo


Capítulo 13
A verdade seja dita, ou não


Notas iniciais do capítulo

"O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos." - William Shakespeare



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A garota de Afrodite havia garantido a todos que seu companheiro sabia aonde ir “nosso chefe nos fazia espionarmos vocês, nós sabemos de tudo, a cada passo que vocês davam, nós estávamos lá, apenas não nos viam” ela disse, e com isso o grupo apenas esperava clarear o dia para partirem rumo à caverna.

–E então irmã do cupido, se você trabalha pro tal cara mal, por que arriscar sua vida para salvar uma menina que você nem ao menos conhece? – pergunta Ralf.

– Digamos que quando você passa ou vive algo horrível e perturbador, você não desejaria o mesmo nem para o pior de seus amigos e muito menos a alguém desconhecido certo?

– Hã, não?

– Pois é, e eu também estava querendo viver uma pequena aventura – disse ela com um olhar travesso e um sorriso discreto.

– Mesmo que isso lhe custasse a própria vida?! – Ralf já estava achando a garota um pouco maluca.

– Oras, e porque não? – ela sorriu novamente, e começou a se distanciar.

Ralf observava a garota caminhando, ele gostara dela, mesmo sendo um pouco estranha, ela era natural, do seu modo, o que era estranho para uma filha de Afrodite.

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– A gente ainda não chegou? – perguntou Alicia.

– Quem sabe se você olhasse para frente notaria que obviamente a gente ainda não chegou – respondeu Kaya irritada com a pergunta.

– Eu não estava falando sério.

– Aham.

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Após mais meia hora de caminhada, finalmente chegaram à entrada da caverna, sem nenhuma interrupção pelo caminho, o que foi surpreendente na verdade. Eles se olharam, com a convicção de que alguém falaria algo, por mais que fosse bobagem, pois de uma coisa eles tinham certeza, aquele silêncio era atormentador.

–Então... – falou Fred, quebrando o silêncio – onde está Summer? Ela pediu para nós que estaria aqui nos aguardando.

– Aqui – disse Summer, surgindo de trás das rochas da caverna.

Aquela garotinha podia realmente ser bem assustadora quando queria.

– E então Summer? – disse Katherine – Creio que deve de ter feito o que tinha que fazer por estar aqui, e agora o que devemos fazer?

– Onde está Louyse? – perguntou Summer, literalmente ignorando Katherine.

–Vindo – disse Sophie.

– E quem é você? A “substituta” dela?

– Não, apenas quem ajudou as garotas a escapar, coisa que pelo jeito você nem se importou em colaborar.

Summer calou-se, não acreditava na audácia daquela garota em tentar insultá-la sem nem ao menos conhecê-la. E a tensão cobriu o ar novamente, Summer fuzilava a garota nova com o olhar, e ela não parecia estar se importando. Andrew ainda estava confuso com o que havia ocorrido no dia anterior, desde ‘aquilo’ Mellanie mal o olhava, mas ele já havia decidido. Naquela mesma noite ele iria tomar coragem e falar o que sentia, mais do que receber um grande não ele não iria, o que poderia dar errado? Ele nem imaginava.

–Então, voltando ao assunto central – disse Andrew – como abrimos aquela coisa velha?

– Bem, tem algumas engrenagens enferrujadas, o que eu imagino que você possa dar conta – começou Summer – após isso, você detectará um código que é feito movendo os entalhes do portão formando algum tipo de imagem, só não sei qual. E então abrirá um pequeno cofre localizado ao lado do portão, e lá dentro está a nossa próxima pista. E que os deuses nos abençoem.

Então os semideuses começaram a trabalhar, todos foram em direção ao portão, onde o cercaram com uma espécie de meia lua de tochas improvisadas feitas pelas garotas com materiais achados na floresta, para que todos pudessem enxergar melhor. Logo após terem iluminado o local, os garotos começaram a desenferrujar o portão com as ordens de Andrew, que tinha se animado com aquilo, pois estava se sentindo em casa com toda aquela ferrugem e cheiro de coisa quebrada pronta para ser concertada.

– Certo pessoal acho que já está bom, se precisar de mais eu peço. E o que devemos fazer agora mesmo Summer?

– Achar um jeito de formar uma imagem com os entalhes e tal, aquilo que eu falei antes sabe? – falou Summer, num tom um tanto cansado e sonolento.

– Ah claro, é mesmo, bem, então vamos lá – disse Andrew encostando o corpo todo no portão passando sua mão nele, com o ouvido colado em uma das portas, parecia estar abraçando o portão, o que pareceu um pouco engraçado, provocando alguns sorrisinhos.

A cabeça de Andrew girava, sim, ele podia sentir, mas era algo tão grandioso, tão bem calculado que ele não sabia por onde começar. Ele estava com medo, ele não podia falhar com seus amigos, não naquele momento, foi então que automaticamente seus dedos começaram a entrelaçarem-se com os entalhes fazendo movimentos perfeitos, puxando, empurrado, trazendo mais para esquerda, mais para a direita, era simplesmente mágico de se olhar. Ele estava suando, e provavelmente não notara até que... CLAC! Estava feito. A imagem era um portal.

–Nossa cara, eu... – balbuciou Ralf.

– Foi simplesmente incrível! – exclamou Lilie admirada.

Andrew não respondeu, apenas agradeceu seu pai em silencio, devia isso a ele. E como esperado... CLIC, todos olharam em direção a pequena portinha que surgia ao lado do portão como Summer havia descrito. Então Alice caminha até o cofre e o abre, dentro tinha um frasco com um bilhete:

“Μια θυσία που πρέπει να γίνουν για να διασχίσει την πύλη,

Κάποιος άξιος και γενναίος, το υγρό θα λάβει

Προσφέροντας τα παιδιά της σε μια ανώτερη δύναμη,

Ένας ήρωας θα αναδυθεί ως ο προορισμός προβλεφθεί.”

– Porque essa gente sempre tem que escrever em grego? Não conhecem os novos tempos não? – disse Alice – Alguém bom em grego antigo traduza, por favor.

Lilie foi até a garota e pegou o bilhete e com a fala pausada a garota leu o que estava escrito:

– “Um sacrifício a ser feito para o portal atravessar, alguém digno e corajoso, o liquido irá tomar, oferecendo sua descendência à uma força maior, um herói surgirá como o destino previu.” É isso.

– Bem, quem será o tal herói que irá tomar o líquido? – indagou Kaya a todos, tentando se livrar do fardo.

– Isso é quase que uma profecia, devíamos analisá-la primeiro – disse Summer – talvez isso custe caro, eu não sei, não estou com um bom pressentimento.

Todos ficaram em silencio por um bom tempo, ninguém estava disposto a arriscar a própria vida tomando o que parecia ser um veneno sem ao menos saber se daria certo. Até que Mellanie deu o primeiro passo a frente.

– Eu tomo – disse ela, havia um pouco de medo em sua voz.

– Mell, tem certeza disso? É muito arrisco – disse Andrew, não se importando mais com o clima estranho em que os dois estavam.

– Sim, eu tenho, afinal vocês estão sendo muito pessimistas, nada de tão ruim pode acontecer não é? – e em questão de segundos, talvez até milésimos, ela pegou o frasco das mãos de Lilie e tomou o liquido que estava dentro.

Todos cravaram os olhos na garota, ninguém ousava piscar. Ela parecia normal, como se o que acabara de tomar fosse apenas um suco de laranja ou coisa assim.

– Viram? Aposto que isso tudo é um tipo de brincadeira, Dioníso deve estar rindo da nossa cara agora, não acredito que fomos est...

Mellanie congelou, começou a suar frio, e meio-sangue algum chegou perto dela. E então ela caiu no chão e começou a se contorcer, ela estava com uma cara horrorizada mas não gritava, ou pelo menos, não conseguia. E após um longo minuto de todo aquele horror a garota ficou imóvel, estaqueada no chão, com a cabeça deitada em frente ao portão. A agonia de todos só aumentou quando sangue começou a escorrer pelos membros de Mellanie, o sangue parecia que ao tocar o chão seguia um percurso formado por rachaduras não tão irregulares, formadas no chão da caverna.

Foi então que todos escutaram um som, quase que um sussurro ecoar pela caverna, parecia estar sendo dito em outra língua. Era grego antigo, mas Ralf entendeu, e foi ai que caiu a ficha, naquele momento ele descobriu quem vinha aprontando para eles, e quem eles iam ter de enfrentar no outro lado do portão, como não percebera isso antes ele nunca iria entender, o que importava é que ele descobrira. A voz sussurrava “Mais sssangue de semideusss para minha coleçção” e ria.


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Notas finais do capítulo

Nem tudo é o que parece caro amigo, a vida pode te surpreender muitas vezes.



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