Subo no palco.
–Apresento a vocês, o tributo feminino do distrito 12!Palmas para ela! - Effie dá palmas animadas.
As pessoas do distrito 12 não a seguem, mais uma vez, mas fazem algo que eu não esperava.
Quase todas as pessoas da multidão tocam os três dedos médios de suas mãos esquerdas em seus lábios e os mantêm lá em minha homenagem.Significa agradecimento, admiração, adeus a alguém que você ama. Talvez gostassem de mim, talvez eles não quisessem me ver nos jogos.Mas agora nada podia ser feito.
Quero chorar mais uma vez, mas nesse momento Haymitch decide se levantar e atravessar o palco.
–Olha só para ela!Olha só pra essa aqui! - berra ele apontando para mim -Eu gosto dela!Muita.... - ele começa a cambalear para frente. -Coragem! - grita ele mais uma vez. -Mais do que vocês! - ele anda mais um pouco para frente. -Mais do que vocês! - e aponta para as câmeras.
Haymitch continua a andar e então, ele cai do palco e fica inconsciente.
As câmeras estão nele e me permito soltar uma lágrima, que logo seco.
Effie parece estar prestes a desmaiar com a falta de etiqueta de Haymitch, mas logo se vira para mim.
–Está na hora de escolhermos o nosso tributo masculino!
Ela vai até o globo dos garotos e tira um papelzinho.Procuro minha mãe e nossos olhos se encontram, ela me da um sorrisinho de encorajamento.Me viro para Effie.
–Peeta Mellark!
Um garoto de cabelos loiros, estatura mediana, sobe ao palco.O choque em seu rosto é aparente, parece que ele vai desabar ali mesmo.Mas ele sobe até o palco com passos firmes.
Ninguém se voluntaria por ele.
O prefeito começa a ler o Tratado da Traição, mas estou tão assustada que não presto atenção nele.Estou com os olhos no chão.Posso ser pequena, mas não posso deixar que vejam o quão frágil sou.
Ele finalmente termina e faz um gesto, eu e Peeta apertamos as mãos.Ele olha bem nos meus olhos, talvez com pena, mas sinto que posso confiar nele.Afinal, quem será meu aliado além de alguém do distrito 12?

Tento controlar a respiração.Logo terei as minhas últimas visitas antes dos Jogos.A porta se escancara e minha mãe e Katniss entram.
–Prim! - minha irmã grita e se joga em meus braços. -Prim!É tudo minha culpa!
–Katniss!Você tentou, não é sua culpa.
–Ai meu Deus! - ela me abraça forte. -Prim, eu sinto muito.Mas não temos muito tempo, vou tentar te ajudar com alguma coisa.
Ela se senta ao meu lado e revisa comigo as plantas venenosas, mas sem as imagens não dá para entender tudo.Katniss começa então a falar da água e do uso do arco e flecha.Eu era péssima no arco, mas já tinha tentado uma vez.
Minha mãe vem e me abraça também.Ficamos nós três nesse abraço, quase me sinto como se nada ruim fosse acontecer.Então o pacificador diz que está na hora de ir.
–Não! - Katniss berra quando tentam puxá-la. -Eu te amo Prim!
–Eu te amo! - minha mãe grita também.
–Eu amo vocês duas! - grito, mas a porta já está fechada.
Começo a chorar, agora que estou sozinha.Não terei mais visitas, e se tiver, o que eles poderão fazer por mim?
Então Gale entra.Não esperava que ele viesse.Em seus braços está o meu gato.Buttercup.
–Traria Lady, mas não daria muito certo.
–Obrigado.
Pego o gato nos meus braços e ele se enrosca em mim.
–Diz pra Katniss e pra mamãe que eu amo elas! - digo acariciando Buttercup.
Gale assente.
–Vamos falar de armadilhas, temos pouco tempo, mas é só o básico.
Ele me explica como capturar animais.
–Mas eu não posso matá-los! - falo me lembrando de quando Katniss me levou para caçar com ela.Eu simplesmente não conseguia ferir os pobres bichinhos.
–Você vai ter que fazer isso, Prim.É o único jeito de sobreviver.
Gale tira meu gato dos meus braços e o joga em uma bolsa.
–Não podia entrar com animais aqui. - explica ele.
O pacificador abre a porta e ele sai.
–Boa sorte! - grita antes que batam a porta na cara dele.
Fico sentada esperando que me levem, quando a porta se abre uma última vez.É o padeiro, o pai de Peeta.
Ele se senta na minha frente e deposita alguns biscoitos confeitados na minha mão.O cheiro é delicioso, sempre passava na frente de sua padaria e sonhava com o dia em que poderia experimentar aqueles doces maravilhosos...e agora tinha um punhado deles e não poderia dividir com Katniss e Clara.
–Escuta, Peeta vai te ajudar o máximo possível.Todos gostam muito de você.E sinto muito, sua irmã realmente tentou se voluntariar. - ele bufou. -Não posso te ajudar mais do que isso, mas eu realmente te desejo boa sorte.
–Obrigada. - digo com os olhos no chão.
O pacificador chega e ele sai.
Não tive tempo nem para me despedir direito de Katniss e minha mãe...pelo visto, a sorte não está muito ao meu favor.