Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 21
Vince - Mecânica




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Já eram praticamente dez horas da manhã. Estávamos na terceira e última autopeças. John parecia distraído olhando as peças dispostas pela loja sem parecer saber o nome de nenhuma delas. Dane estava debruçado no balcão resmungando qualquer coisa.

– Isso ainda vai demorar? – perguntou Dane revoltado. – Eu estou morrendo de fome.

– Nós já vamos embora. – assegurei-lhe. – Essa é a última peça que precisamos.

– A única coisa que eu preciso é de comida. Opa, opa, tá vibrando. – disse Dane pondo a mão no bolso e tirando o celular. – Uma mensagem da Megan. “Liz e Davis estão tendo uma discussão feia. A situação tá meio tensa e não parece que vai acabar bem. Estamos na praça atrás da Lanchonete da Jane, chegando na estrada principal. Venham para cá o mais rápido possível. Megan.” – leu ele.

– O Davis, aqui? – perguntou John incrédulo.

– Quem é Davis? – perguntei.

– O namorado da Liz. – disse John cuspindo as palavras.

– Sabe onde é esse tal lugar? – quis saber.

– Sei, é perto daqui. – garantiu. – Se formos rápido, chegamos em dez minutos.

– Ótimo.

O vendedor trouxe a peça que eu havia pedido. Joguei-lhe o dinheiro, peguei a peça e entrei para o Dane. Depois saímos da loja correndo. John ia na frente nos guiando, eu estava logo atrás, em seu encalço, e Dane estava bem, bem lá atrás, esbaforido. John lembrou de um atalho e nós cortamos caminho passando por uma viela estreita. Pulamos uma grade de ferro e continuamos correndo.

Ao invés de dez minutos, demoramos só cinco. Quando chegamos na praça vimos a alguns metros um garoto alto e com a pele morena do sol, provavelmente o Davis, segurar a Liz com força nos braços. Ele a sacudia e gritava. Megan começou a dar tapas nele, então ele soltou um dos braços da Liz e empurrou Megan, que se desequilibrou e caiu de costas.

Corri com mais afinco, eliminando o resto da distância. Quando cheguei perto, nem me dei ao trabalho de parar de correr, parti para cima dele. Acertei um soco direto no rosto do tal Davis. Ele fraquejou e andou para trás. Continuei indo para cima dele, acertando-lhe outro, e outro, e mais outro soco, até ele tropeçar andando para trás e cair.

Levantei ele pela gola da camisa azul manchada do sangue que escorria do nariz. Dei-lhe duas joelhadas na boca do estômago, depois o joguei contra uma picape azul que estava a alguns passos atrás dele. Ele bateu no carro e caiu no chão, sem forças.

– Nunca mais encoste naquelas garotas. – ordenei-lhe. – Principalmente na Megan.

Quando voltei até onde as meninas estavam, John abraçava Liz, apertado. Liz, por sua vez, mantinha o rosto enterrado no peito do John. Megan já havia se levantado e amparava o Dane, que estava sem ar por causa da corrida.

– Você está bem? Ele te machucou? Te bateu? – perguntei a Megan, olhando-a de cima a baixo.

– Eu estou bem. Ele só me empurrou. Não foi nada. – assegurou-me. Ela pegou minha mão direita, vendo os nós dos dedos sujos de sangue.

– Daqui a pouco você vai achar que eu sou muito brigão. – comentei. – É a segunda vez que eu brigo.

– É a segunda vez que você chega na hora certa. – disse ela. – A segunda vez que me protege.

– E vou proteger sempre.

– Meu anjo da guarda. – sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava.

– O que aconteceu? O que o Davis estava fazendo aqui? – perguntou John para Liz, ainda abraçando-a.

– Eu chamei ele aqui e terminei o namoro. – contou Liz. Dane começou a pular entre Megan e eu.

– Ele te machucou? – perguntou John acariciando o lugar no braço de Liz onde o Davis havia apertado.

– Um pouco.

– Vai ficar tudo bem. Ele nunca mais vai encostar em você. Não vou deixar. – assegurou. – Ele é passado. Não se preocupe, tá Lizzy?

– Você não me chamava de Lizzy desde aquele dia, do beijo. – comentou Liz se afastando só o suficiente para olhá-lo nos olhos. John parecia ficar meio sem graça e desviou o olhar. – Estava com saudade de ouvir você me chamar assim. – disse ela buscando olhar dele.

– Minha disse Lizzy. – disse ele sorrindo.

Quando os dois se beijaram, Dane quase infartou. Megan pareceu feliz de ver o irmão e a melhor amiga juntos.

– Não! Isso está errado! – gritou Dane separando John e Liz, e interrompendo o beijo. – Eu sou o cupido. Eu devia juntar vocês, fazê-los se amarem. Vocês não podiam ficar juntos sem a minha ajuda. Não podiam desperdiçar os meus talentos de cupido.

– Ahn, desculpa. – disse John sorridente.

– Quer saber? Chega. Eu vou para casa. Estou morrendo de fome graças ao bonitinho ali, - Dane apontou para mim. – que não me deixou comer antes de sair.

Todos nós caímos na gargalhada, o que fez com que a revolta do Dane aumentasse. Antes de irmos embora Liz pegou a chave do carro que estava com ela e jogou para o Davis (que, diga-se de passagem, ainda estava caído no chão).

Na volta para casa, Dane ia na frente reclamando e reclamando, John com o braço sobre o ombro de Liz, e eu e Megan de mãos dadas.

– Eu sabia que rolava um sentimento entre ele, mas não sabia que o John e a Liz já haviam se beijado. – comentei.

– Eu também não. Fiquei sabendo ontem, quando a Liz foi lá no quarto falar comigo. O John foi morar comigo e com o Dane, aí começou a rolar um clima entre ele e a Liz. Eles se beijaram, a Liz ficou confusa sem saber o que sentia e se afastou. O John achou que ela não gostava dele e voltou para casa dos nossos pais. – contou Megan.

– Que complicação. Ainda bem que as coisas entre nós são simples.

– Muito simples. – concordou ela rindo.

A volta para casa demorou quase vinte minutos. Quando chegamos, Dane jogou a bolsa com as peças do carro para mim e correu para a cozinha. John e Liz foram para um cantinho da sala. Sentaram no chão e ficaram conversando aos sussurros.

– Eu vou consertar o carro do John. Quer ser minha ajudante? – ofereci.

– Com certeza. – concordou Megan empolgada.

Puxei-a comigo até a garagem. Acho que o Dane nem notou quando passamos pela cozinha. Tirei as peças da bolsa e das embalagens e as deixei no chão, ao lado do carro. Megan havia sentado em um caixote de madeira no canto da garagem. Depois se separar algumas ferramentas que precisava, apoiei-me no carro.

– Não vai me ajudar? – perguntei para Megan.

– Claro, claro, mas eu não sei nada de mecânica. – disse ela, vindo até mim.

– Não tem problema, eu ensino. – colei meu corpo no dela e a apoiei no carro, debruçando-nos sobre o capô. – Pronta para a aula de mecânica do corpo humano?

Ela nem respondeu. Só sorriu depois me beijou. E a aula começou.


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Notas finais do capítulo

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