Desconhecido escrita por Um Alguém


Capítulo 2
Megan


Notas iniciais do capítulo

Megan : Aquela que sabe ser firme, forte.



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Dane me ajudou a ir até o banheiro tomar banho. Depois me colocou deitada na cama e começou a massagear meu tornozelo. Dane é muito magro e alto com o cabelo castanho claro e um franjão, olhos castanhos escuro.

Conheço Dane a alguns, muitos, anos e moramos juntos a três anos. Nossa "casinha" é simples mas confortável. No andar de baixo é a sala e a cozinha. Em cima, o banheiro e os dois quartos.

Eu estava deitada quase dormindo, ouvindo Dane cantarolar enquanto enrolava gase no meu tornozelo.

– tudo bem, o que foi exatamente que acontece para você ficar acabada desse jeito? - perguntou Dane apoiando meu pé em um travesseiro e começando a fazer um curativo na minha testa.

– Eu estava indo para aquela festa no Denk's que eu te falei, quando fui atropelada. - contei resumidamente.

– por aquele pivete do carro preto? - sugeriu ele revoltado.

– É, ele mesmo. - concordei - Ele parecia um raio, quase me matou.

– O que ele estava fazendo com um carro daquele no porto?

– pela velocidade em que estava, ou estava fugindo de alguma coisa ou apostando corrida.

– Então você teve sorte. - disse ele acariciando meu cabelo - Se ele estava tão rápido assim, você teve sorte de só ter torcido o tornozelo.

– Acho que quebrei uma ou duas costelas também. - meu lado esquerdo doía constantemente.

– Viado! - Dane gritou e começou a andar pelo quarto estressado - Ele te deu o telefone dele, né? Me dá aqui que eu vou ligar para ele e dizer umas poucas e boas! - ele começou a revirar os bolsos da minha jaqueta que eu havia tirado e deixado na porta do quarto.

– Dane, deixa isso para lá, é melhor esquecer esse garoto. - tentei me sentar, mas aí a dor se espalhou pelo meu tórax todo e eu comecei a tossir. dane se virou assustado com meu ataque de tosse. Pareceu mais assustado ainda quando viu que eu estava tossindo sangue.

– Ai meu deus! Ai meu Deus! - gritava ele ainda revirando os bolsos da jaqueta.

Tossi tanto que comecei a ter dor de cabeça. minha visão foi escurecendo lentamente e a última coisa que ouvi foi o Dane gritando meu nome.

Eu não sabia onde estava. Ainda sentia muita dor, em todo corpo. Ouvi a voz do Dane gritando alguma coisa mas tudo parecia distante e eu não conseguia distinguir nada. Alguns segundos depois senti alguém me segurar. Dava para ouvir a respiração pesada da tal pessoa que me carregava. Parecia estar andando, talvez correndo. Consegui abrir minimamente os olhos e encontrei um par de olhos verdes preocupados me encarando.

– Me desculpe, me desculpe. - sussurrou ele para mim - Você vai ficar bem, tá? Vou fazer de tudo para você ficar bem.

Senti meus olhos pesarem e começarem a fechar de novo.

– Megan! Megan! - chamou-me uma voz tensa - Meg!

Deixei a voz soar no meu ouvido até sumir. Eu queria falar que eu estava bem mas eu não conseguia falar, e se conseguisse acho que ninguém acreditaria se eu dissesse estar bem.

Pouco depois eu estava sendo colocada em algum lugar macio e perfumado. Tinha cheiro de alguma coisa doce. ouvi um barulho, possivelmente de motor e deduzi que estávamos no carro de alguém. Alguém segurou minha mão e eu abri um pouco os olhos. Dane me encarava do banco de trás do carro. Estava pálido e suas feições sempre alegres eram agora tensas.

– Garoto, vai mais rápido! - gritou Dane para o garoto que dirigia. Eu não conseguia enxergá-lo direito mas tinha certeza que o conhecia. - Para atropelar ela você consegue ir rápido mas para salvá-la não?!

– Eu estou fazendo o possível. - quando ouvi de novo a voz baixa e controlada do tal garoto soube quem era.

– Vince...- tentei chamá-lo mas minha voz saiu mais como um suspiro.

– Eu vou te levar para o hospital, Meg. - disse ele tocando de leve meu braço - Você vai ficar bem.

– Não toca nela, seu maníaco! - Dane deu um tapa na mão do Vince e ele a tirou rapidamente do meu braço.

A dor começou a aumentar mais e mais e eu deixei escapar um grito. Dane gritou junto comigo. Vince cerrou o punho no volante e acelerou mais o carro. Comecei a tossir sangue de novo. Meu nariz também sangrava agora.

– Meu Deus! Meu Deus! Ela está morrendo, seu viado! Culpa sua! - Dane gritava e batia no ombro do Vince loucamente.

– Merda, merda, merda... - Vince sussurrava para si mesmo. Ouvi um barulho estranho, abafado. Vince tirou o causador do barulho do bolso. Um celular.

– O que é? - atendeu ele, com a voz áspera. Ele ouviu a pessoa do outro lado da linha. - Não, não, não. Agora não vai dar. - de novo ouviu a pessoa. - Já disse que não! - ele desligou e jogou o celular em algum lugar do carro.

Enquanto isso Dane tinha pego um lencinho e limpava meu sangue. Minha garganta parecia fechada, eu respirava com dificuldade. Meus olhos estavam muito pesados, doía tentar mantê-los abertos, então fechei-os.

Eu continuava tossindo, o sangue continuava saindo, Dane continuava gritando e xingando o Vince, que por sua vez ficava se martirizando aos sussurros.

De repente o carro desacelerou, subiu na calçada e parou. Ouvi barulho de portas abrindo e fechando. Senti as mesmas mãos de antes me pegarem. Estava sustentada por braços fortes e ágeis. Dane ficava repetindo que tudo ia ficar bem, enquanto Vince ficava pedindo desculpas.

Não conseguia mais abrir os olhos e os sons começaram a ficar confusos demais.

– Ponha ela na maca! - gritou uma mulher bem perto de nós.

Os braços fortes me deitaram cuidadosamente na maca. Minha mão foi envolta por um par de mãos firmes. Logo eu estava em movimento de novo. As mãos firmes soltaram a minha. Tive mais um acesso de tosse que fez aumentar minha dor. Não conseguia mais aguentar, perdi as forças, dei um grito e ouvi um zumbido alto no ouvido. Alguém gritou meu nome mas eu já mergulhara em um mar escuro, longe de tudo.


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