Rin acordou com os raios do sol encobrindo seu rosto. Rolou no futon e ainda de olhos semiabertos viu que Sesshoumaru não estava lá. “Já saiu novamente?”. Essa pergunta estava começando a fazer parte do cotidiano de Rin. Na verdade, o clã de Sesshoumaru estava com problemas e sendo atacado constantemente, por isso chamaram o lord Sesshoumaru para auxiliarem nas batalhas. Mas por esse mesmo motivo, Sesshoumaru não parava em casa. Desde que Rin se recuperou da luta contra Noboru, eles estavam morando numa casinha no vilarejo de Kaede, só que a mesma ficava um pouco afastada das outras casas e do centro da vila. Por que? Porque Rin entendia que o marido não se sentia bem perto de muitos humanos.

~Flashback on

- Rin, tem certeza que não quer ficar perto de seus amigos? – perguntou o príncipe serenamente na hora da escolha da casa nova do casal.

- Não, Sesshoumaru-sama. Eu quero ficar um pouco mais distante. Além do mais, poderei ir na casa de meus amigos a qualquer hora.

- Se essa é a sua vontade ficaremos mais afastados, então.

~Flashback off

Rin finalmente despertou e sentiu o youki do youkai de cabelos prateados ainda na casa. Foi na direção e lá estava ele. Lindamente majestoso, como sempre.

- Tão cedo, Rin? – perguntou.

- Ao menos vou poder te ver sair dessa vez. – falou fingindo estar chateada.

Ele deu um meio sorriso. Isso raramente lhe ocorria.

- Tentarei voltar o quanto antes. Enquanto isso, não fique sozinha aqui. Passe esses dias na casa de Kaede ou Kagome.

- Não demore, por favor.

Ele, carinhosamente, depositou um beijo nos lábios de Rin e outro em sua testa, e então, saiu.

Toda vez que via Sesshoumaru sair, sem previsão de quando voltar, Rin ficava com o coração na mão. Mas ela agora só podia ir até a casa de Kaede-sama e talvez ajudar Sango com as crianças.

Banhou-se, arrumou-se e foi em direção a casa de Kaede-sama. Chegando lá, assustou-se com InuYasha e Miroku plantados à entrada da casinha da velha sacerdotisa. InuYasha andava de um lado para o outro ansiosamente.

- Rin-chan! Como está? – perguntou Miroku educadamente.

- Estou bem, mas o que está acontecendo com InuYasha?

- Kagome-chan não está bem. Faz algum tempo que ela está dentro da casa de Kaede juntamente com Sango. Kaede-sama proibiu a entrada de InuYasha.

- Está explicado. Mas o que ela... – antes que Rin pudesse perguntar Sango saiu exasperada. Em seguida apareceu a velha Kaede.

- Kaede! O que está acontecendo? – perguntou InuYasha em um tom de voz alto.

- Ao que parece, - começou Kaede – você vai ser o mais novo pai da Sengoku Jidai.

Todos silenciaram... Era a primeira vez em anos de casados que Kagome estava grávida. Um sorriso iluminou o rosto de Rin e de Miroku.

- Finalmente, papai. – brincou o monge.

InuYasha estava perplexamente feliz. Ele adentrou a casinha da sacerdotisa. Kagome estava recostada no futon. Olhou para InuYasha sorridente:

- Dá para acreditar? – perguntou ela.

- É... é incrível! – ele abaixou a cabeça envergonhado – Te amo ainda mais por isso.

Kagome soltou uma risada envergonhada e InuYasha viu suas bochechas vermelhas.

Do lado de fora, Rin estava exalando alegria. “Kagome grávida! Lindo, lindo.”

InuYasha saiu da casa e Rin entrou.

- Kagome-chan, meus parabéns! – disse abraçando amiga.

- Ah, Rin, obrigada! Finalmente... Depois de tanto tempo, finalmente eu vou ter um bebê! – falou a sacerdotisa com a voz embargada pela emoção.

- Vai ser tão bajulado por esses pais... E por mim, não é? Vai ter que me chamar de tia. – disse Sango assim que entrou na casinha.

Elas riram e compartilharam da mesma alegria. “O doce prazer de ser mãe...” pensou Kagome.

Enquanto isso, Sesshoumaru já havia ordenado aos guerreiros de seu clã o plano de ataque. Ele era um general impecável. Todos confiavam em sua força e estratégia de batalha. Jaken-sama andava de um lado para o outro e o nervosismo era perceptível no pequeno youkai. Aquilo já estava deixando o príncipe irritado.

- Jaken!

- Sim, Sesshoumaru-sama! – falou com sua inconfundível voz sibilante.

- Vá até o vilarejo de Kaede e veja se Rin está bem.

O youkai verde arregalou os olhos. Ele não ia lutar?

- C-c-como? Vou ficar fora da batalha? Eu não sou útil, Sesshoumaru-sama? – falou choroso.

- Será útil fazendo o que eu mandei.

- Sim, Sesshoumaru-sama! – Jaken foi seguir as ordens do seu senhor, mas descontentamento era notável em sua voz.

De fato, o lord ficava muito preocupado com Rin sozinha. Não gostava de deixá-la. Mas seu clã estava sendo atacado constantemente sem causa aparente e sua mãe pediu a ele uma ajuda. Estava ali contra sua vontade, mas Satori* havia insistido tanto que ele antedeu o pedido.

De longe, viu o clã inimigo. Preparou-se e em pouco tempo estava no campo de batalha. Espadas batiam umas nas outras com violência. Não demorou muito, a vantagem já estava do lado de Sesshoumaru e seus aliados. Então, o lord ouviu uma voz feminina:

- Entendi porque estamos perdendo... O grande Sesshoumaru está lutando hoje. – ele voltou seu olhar na direção da voz. Era uma mulher jovem dos cabelos arroxeados e pele branquíssima. Ele sabia que a youkai era familiar, mas não lembrava ao menos seu nome. – O que foi? Não lembras de mim? Sou eu, Takara. – a mente do lord estava num turbilhão tentando lembrar desse nome...Takara! Sim, a alguns anos os clãs haviam lutado. E Takara e seu bando haviam perdido tragicamente. Era provável que ela estava ali, alguns anos mais tarde, com o clã mais forte para vingança.

- Sua postura é lamentável... – concluiu Sesshoumaru.

- Não pense que isso acaba assim, eu voltarei. – ela virou as costas, mas algo a fez retornar. – Esse cheiro, esse cheiro... É em você, Sesshoumaru! Você cheira a humano! Não me diga que o frio Sesshoumaru tem uma humana? Fraco como o pai.

- Cale-se! – o lord havia perdido a paciência. – Vamos resolver nossas intrigas agora.

- Não, infelizmente ficará para outro momento, mas me aguarde. – dizendo isso foi embora juntamente com seu clã. – Ah, cuidado com sua humana.

“Covarde...” pensou o príncipe.

Ao menos, estaria voltando mais cedo para casa. Bem mais cedo.