Aquilo que os Sonhos dizem. escrita por Ana Áctile


Capítulo 70
Começo da primavera.


Notas iniciais do capítulo

Parabéns Agatha! (Não esqueci O:)



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27 de Março de 2016

O manto branco que cobriu meu jardim durante o inverno, se dissipou. A estação primaveril chegou a poucos dias. Agora, meu jardim está tomado por botões e rosas já abertas.

Observando meu jardim, tive a ideia de ir até lá e colher flores para renovar o arranjo que tenho em meu quarto.

Chegando lá, fui direto até minhas rosas brancas. Sempre que eu as vejo, lembro de meu sonho.

Em meus sonhos, aquela coisa continua me perseguindo e falando coisas como 'não toque na Alice' , tá na cara que a coisa é a representação do amigo que eu tive quando era criança. Jack.

Por que? Por que depois de anos, depois de tantas coisas terem acontecido comigo, esse cara continua acabando com a minha vida? Por que eu sonho com ele?

Está faltando uma peça. Uma chave.

Colhi uma certa quantidade de flores para poder renovar o arranjo e tomei rumo do meu quarto.

Estava andando pelo corredor para ir pro meu quarto, mas obrigatoriamente passei pela porta do quarto de papai, o mesmo que ele compartilhava com mamãe. A porta estava aberta.

Fui tomada pela curiosidade. O que papai está fazendo?

Por mais que a porta estivesse aberta, eu bati nela. Não tive resposta. Hesitei por um momento mas acabei entrando mesmo assim.

O quarto tem as paredes pintadas de azul-marinho, possui a cama de casal, um criado-mudo em cada lado da cama, o guarda-roupas, uma cômoda que tem em sua direção, um espelho pendurado na parede. Todos os móveis são feitos de imbuia¹. Um quadro, com um arranjo de flores pintado, está servindo de decoração também. Em cima da cômoda, há um porta-jóias, alguns enfeites que representam alguns países como a pirâmide do Egito e a Torre Eiffel. Lembrei de quando morei com papai e mamãe em Paris. Em cima deste móvel também tem um porta-retrato e nele, uma foto de um casal e uma criança. Reconheci essa foto. Ela estava pousada do lado da minha cama de hospital, quando acordei do coma.

Dei meia-volta e dirigi meu olhar para a cama. Nela, uma caixa estava pousada. Cheguei mais perto e pude ver que havia, também, fotos espalhadas pela cama.

Me sentei num espaço livre que havia na cama e juntei um pequeno conjunto de fotos na mão para poder ver. Fiquei passando de foto em foto e quando terminei peguei mais fotos para ver.

Estava vendo as fotos com rapidez até que passei por uma que me chamou a atenção. Larguei as outras fotos e fiquei apenas com ela. Vendo-a atentamente.

Nessa foto, há um casal de crianças com seis anos no máximo. A menina reconheci de imediato. Eu. Mas o menino não...

Virei a foto pra saber se tinha alguma descrição em seu verso assim como vi que tinha em algumas fotos que estão aqui em cima da cama. Estava escrito:

''Alice e seu melhor amigo, Jack.

Escola Primária Mr. Vicent

24 de Julho de 2003''

O garotinho na foto é o meu amigo. Aquele que sumiu sem se desculpar ou agradecer por eu ter assumido a culpa do ''assassinato'' de Peter.

Jack.

Larguei a foto e me dirigi a caixa. O que deve ter nela?

Vasculhei a caixa e nela encontrei mais fotos e cartas. Peguei um bolo de cartas. Há algumas abertas e outras ainda fechadas. Escolhi uma carta para ler.

Comecei a ler a carta e meus olhos se encheram d'agua. Nela, está escrito com recortes de jornal e letras de forma, palavras como ''bruxa'' e ''assassina''. As cartas são para mim. Peguei o envelope e a data era justamente da época do acidente, a mais de dez anos atrás.

O papel da carta foi marcado por algumas lágrimas que escaparam de mim. Voltei minha atenção para a caixa para ver se encontrava mais alguma coisa. Procurei, procurei, procurei... até que senti algo duro. Puxei o objeto para fora da caixa.

Um diário.

O diário nada pequeno mas também não grande, tem as capas duras da frente e do verso ligadas por uma espiral prateada. As capas, também prateadas, possui em sua borda um intricado padrão de espirais negras e uma rosa também negra. O diário está trancado por um cadeado preto com as mesmas espirais que tem na capa.

Estranho... Já essas espirais antes. Mas, onde?

Meu quarto. As paredes do meu quarto são como esse diário. As paredes são negras com essas mesmas espirais em cor branca. É por isso que no dia que falei pra papai que tinha a impressão de ter visto os desenhos na parede de meu quarto em algum outro lugar, ele rapidamente mudou de assunto.

–Alice? O que está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Pessoal, desculpe não ter postado ontem! Minha internet estava uma porcaria, cheguei a tentar postar mas ficou dando erro! Me desculpem!