Gris escrita por Petit Ange


Capítulo 2
Capítulo 1: A Piece of Peace




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GRIS
Petit Ange

Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira.
~ Anna Karenina (Tolstói).

 

 

Capítulo 1: A Piece of Peace. [3]

 

Ele precisou de muito tempo para finalmente decidir ligar para aquela mulher. Precisou de uma coragem que sabia não dispor no momento.

Precisou respirar fundo muitas vezes até os dedos moverem-se nas teclas.

E quando finalmente discou o número e o ouviu chamar, teve vontade de desligar o celular e jogá-lo na lixeira mais próxima.

Mas não fez nada disso.

Num impulso sádico, talvez edipiano, Zexion permaneceu firme e forte.

Do jeito que sempre esteve, do jeito que a vida lhe ensinou a estar, mesmo diante das situações mais apavorantes.

Sua voz não pareceu ter mudado desde aquela época...

Por que está me ligando a esta hora?”, ela perguntou. E sua mente congelou.

Porque queria avisar que estou indo para aí”, e sua voz congelou.

O silêncio recheado de um frio glacial foi preenchido momentaneamente pelo som agudo do aparelho. Momentaneamente.

Mas para o rapaz de cabelos azuis, foi como o fim do mundo.

...Não está trabalhando?

O óbvio. A pergunta que sabia que ela faria. Mas Zexion sabia tudo o que estava escondido por debaixo dali.

Fui gentilmente obrigado a ter minhas férias”, e seu corpo congelou.

Ela calou-se. E ele deixou que tivesse o tempo que precisasse para absorver o impacto que sabia ser iminente.

Traga dinheiro.

Zexion sorriu, lacônico. “Trarei.

Ao desligar o telefone, como ele sabia que faria, o sorriso aumentou ainda mais. ‘Até breve, mãe’, pensou em dizer ao celular, mas preferiu menear a cabeça, achando-se um tolo por ainda insistir naquilo.

A culpa foi dele. Se não tivesse ligado, poderia ter ido à qualquer outro lugar.

Nagoya e seus templos. Osaka e sua vida boêmia. Kyoto e toda sua história. Ou poderia até mesmo ter ido ao exterior. Londres, Paris...

Mesmo assim, preferiu ir à Nagano.

À casa de sua família.

Diversas vezes depois daquela ligação, Zexion desejou simplesmente esquecê-la e correr para o mais longe possível do noroeste de Tokyo.

Nagano, para os turistas, era uma linda cidade. Mas lhe fazia mal.

Porque lá estava o corpo do irmão Ienzo.[4] Deitado em um caixão comprado com o dinheiro que ele estava economizando para um console de videogame novo.

A história era a mesma, não importa quantas vezes Zexion tentasse revirá-la.

Ele prometeu que voltaria por Ienzo. Tentou levá-lo, mas tudo parecia ter sido criado especialmente para impedi-lo de levar o irmão caçula. Então, prometeu, jurou absolutamente que todos os dias pensaria nele, que iria para Tokyo apenas para, um dia, ter dinheiro o suficiente para dar-lhe a vida que ele merecia.

E pediu apenas que, enquanto isso, o garoto fosse forte. Que agüentasse aquela casa, aquela atmosfera e um pouco mais daquela dor.

Somente anos mais tarde Zexion percebeu o quanto estava pedindo.

O quão impossível foi aquele seu desejo.

O fato foi: ele nunca percebeu nada. Ienzo pedia todos os dias quanto tempo mais iria demorar até poder seguir o irmão à Tokyo e verem-se livres da influência materna. E todos os dias ele respondia o mesmo:

Não falta muito. Prometo. Espere só mais um pouco.

Mas eu não quero mais...

Por favor. Só mais um pouco”, insistia.

E Ienzo, sem escolhas, esperou. Esperou muito.

E, um dia, o telefone de Zexion tocou.

Sua mãe anunciou-lhe, num tom que ele já não mais lembrava, que o caçula foi encontrado morto.

Disseram que, sem dúvida, foi suicídio.

Morto. E pouquíssimos dias depois, dentro de um caixão, vestindo algo que sequer combinava com ele.

Eternamente com o estigma de um suicida ingrato. Congelado para sempre em sua adolescência perdida.

...Porém, finalmente, livre daquela vida.

Mas, depois daquela alegria momentânea pela liberdade adquirida de Ienzo, Zexion sentiu uma profunda melancolia.

Por que ele se matou?...

Por que fez isso, se sabia que, um dia, seria salvo? Se sabia que, todos os dias, estava sendo lembrado?

Será porque ele não agüentou o período entre o “antes” e o “depois”?

Ou porque esse desejo já estava em sua mente muito antes disso?

Zexion percebeu, então, que isso era indiferente.

Ienzo estava morto, com ou sem suas perguntas sobre o fato.

Por isso, depois de certo tempo, ele desistiu de tentar entender aquele dia cinza, com a fumaça delicada do incenso colorindo-o de branco.

Simplesmente aceitou o cinza daquele dia.

Não importava o quanto negasse.

A verdade é que a sua promessa não foi preciosa o suficiente.

Sua vida não foi capaz de dar vida àquele que mais queria ver crescer.

E agora, estava ali: correndo pateticamente de braços abertos para as lembranças de carne e osso, enquanto comia um lanche de 356 ienes.[5]

Talvez, ponderou, fosse por isso que não tinha pegado sequer um trem.

Preferiu colocar algumas poucas bagagens dentro de seu carro. Sabia que iria demorar, se fosse assim.

E, provavelmente, por isso decidiu.

Bebericando mais um gole do café puro (que, decididamente, era um dos piores que já tomara. Nem ele e nem aquele projeto de sanduíche valiam os malditos ienes que custou), Zexion encarou a tela Palm Tungsten T3 que levava sempre consigo.

Comprara um PDA tão logo iniciou o trabalho no escritório, já que parecia ser um item obrigatório (de uma forma tácita). Era prático, admitia.

O problema é que tinha pouca bateria. E também não tinha wireless.

Por isso, precisava também de um celular com Bluetooth para acessar a net. Mas este também não fora difícil de obter.

Pegando a caneta, Zexion deslizou-a até encontrar o mapa online de sua atual localização.

Atualmente, estava nos arredores de Utsunomiya.

Até Nagano, mais algumas horas ininterruptas.

Suspirou pesadamente. Sentia que apenas de encarar aquele ponto específico já tinha sua energia inesperadamente drenada.

Decidiu, portanto, distrair-se um pouco encarando o trabalho.

Mesmo tendo sido obrigado a tirar férias, Zexion não conseguiu desfazer-se do serviço pendente.

Era-lhe quase como uma droga trabalhar.

Perder horas e horas arrumando coisas, organizando, pensando... E esquecendo-se de que o tempo passava. Simplesmente maravilhoso, só podia classificar assim.

Quão incrível era trabalhar tão avidamente que, quando enfim podia olhar outra vez para o relógio da parede, o mesmo já marcava oito ou nove da noite.

Mas não. Precisava racionar trabalho, por mais infame que lhe parecesse.

Tinha um longo mês de folga...

Apenas no momento em que recebeu o comunicado que estava ganhando trinta dias de ‘liberdade’ Zexion pensou que, afinal, não deveria ser um funcionário assim tão exemplar.

Alguém que faz seu trabalho de forma mediana recebia bem menos tempo.

...Folga era um luxo o qual ele não queria nem um pouco.

Encarou seu Palm uma vez mais, decidindo navegar na internet só um pouco. Depois, pensou, leria um de seus tantos livros que trouxe para distrair-se.

(Quem sabe, com tudo aquilo, conseguiria engolir aquele café horrível...).

Zexion sorriu para si próprio, numa ironia, quando percebeu que o histórico de seu PDA só exibia sites relacionados ao trabalho.

Ele não tinha nenhum hobby. Nenhuma diversão de fato.

Quem sabe...”, pensou. “Eu deva me tornar alguém que visita sites pornográficos no meio do expediente...

(Mas, então, ele seria um tolo qualquer. Não. Melhor não visitar nada do tipo.)

Visitou-os apenas por uma questão de costume. Absolutamente nada que ele já não soubesse.

Deslizou a caneta pela tela para abrir seu email. Apenas propagandas...

E, então, suspirou de novo. E surpreendeu-se: suspirara mais de três vezes em apenas alguns minutos.

Ao perceber isso, Zexion finalmente sentiu a angústia que sabia que viria.

Precisava desesperadamente voltar ao seu trabalho.

Aquele pensamento foi tão forte que o proveu até mesmo de uma vontade sobre-humana de terminar aquele café insosso.

Bebeu-o avidamente, sentindo o amargo sem-graça escorrer pela garganta.

Ao encarar o sanduíche, comido um pouco mais da metade, soube que já não conseguiria mais colocar nada no estômago.

Pelo menos, não até sair de Mooka. [6]

Pensativo, percebeu que, se fosse exatamente no limite de velocidade, naquele ritmo, chegaria à Nagano apenas amanhã.

(Quem sabe, se perdesse um pouco mais de tempo hospedando-se em algum hotel em Utsunomiya e lesse até tarde, como gostava de fazer, tudo desse certo e ele teria mais um dia de descanso mental).

Não que gostasse de faltar à sua missão inevitável. Longe disso.

Apenas queria um pouco mais de tempo. Não era fácil encarar aquele rosto e sabê-lo culpado pela morte de Ienzo.

Ao menos, não podia encarar sem desejar destruí-lo.

Zexion passou a mão pelos cabelos, subitamente erguendo-se de onde estava.
Colocou suas coisas outra vez em sua pasta e dirigiu-se ao balcão, onde o único funcionário, um senhor de barba espessa, o esperava com um sorriso cordial que, sem dúvidas, devia dedicar a todo o freguês que ousasse pisar naquele buraco.

A música em volume baixo, um blues melancólico da década de 20 ou 30, preencheu seus ouvidos de estímulos. Tinha a impressão de ter ouvido-a já.

Mas preferiu dar de ombros, enquanto abria a carteira a fim de procurar o dinheiro para pagar sua conta.

- Quatrocentos e noventa ienes, senhor. – disse-lhe.

- Muito bem. – assentiu.

(Quase 500 ienes por aquele... Iria chamar de café só porque não tinha nenhuma palavra que melhor identificasse aquilo... Agora sabia porque era um maldito estabelecimento de beira de estrada).

Quando ia tirar a nota de sua carteira, ouviu um som que prontamente o surpreendeu, tirando-lhe do torpor entediado em que se encontrava.

Era o som do alarme de seu carro.

O velho senhor também ficou surpreso, e inclinou o rosto para melhor ver a cena. A mesma cena que empalideceu Zexion.

Pela imensa janela (mais parecendo uma vitrine), ele viu alguém mexendo em seu carro. Tentando abri-lo.

- Fique com o troco! – ele jogou o dinheiro de qualquer jeito e saiu apressadamente (mesmo sabendo que, mais tarde, arrepender-se-ia de ter dado tudo aquilo de ‘gorjeta’).

Ao abrir a porta do lugar, o rapaz que tentava roubá-lo finalmente o olhou.

Zexion calculou mentalmente, no mínimo, dezoito anos. No máximo, vinte. Tinha cabelos castanhos e revoltosos e olhos azuis.

Vestia-se como um malandro de filmes e tinha nas costas um sitar (enorme) e uma mochila da mesma cor exótica do instrumento.

- O que está fazendo? – com raiva controlada, ele caminhou até o meliante.

(E surpreendeu-se ao ver que o mesmo sequer moveu-se).

- Ei! Você tem a chave desse carro? – ao invés de sair correndo ou apontar-lhe uma arma, o rapazinho (ou não, considerando que ele era mais alto, aparentemente) lhe perguntou aquilo.

Diante de uma situação que mesmo vendo com os próprios olhos ainda era inacreditável, Zexion suspirou outra vez.

- Saia daí, agora...

- ...Ou vai chamar a polícia. Tá. – deu de ombros. – Tem a chave ou não? Senão, vou ter que quebrar o vidro!

Mas o que...?”. Surpreso. Sim. Ele estava absurdamente surpreso.

Pensou, por um momento, em apelar para sua oratória (e, quando queria, era capaz de fazer até mesmo um serial killer se render). Mas viu que não ia ser de muita valia. O garoto estava mesmo querendo abrir seu carro.

Dar a chave ou distrair o meliante até que o dono do estabelecimento ligasse para a polícia mais próxima?

Zexion vagueou o olhar até o senhor de barba espessa. Ele não parecia mover-se.

Que inútil”, concluiu. Se aquela situação fosse realmente séria, e se ele dependesse de alguém como aquele sujeito, já poderia considerar-se morto.

...E se desse sua chave do carro, ele o levaria. Sem dúvidas.

Entre mortos e feridos, o mais lógico seria...

- Ao menos, posso pegar minha mala? – arqueou a sobrancelha.

Como quem acaba de ouvir algo que jamais achou que fosse escutar, o moreno entreabriu os lábios.

- Mas eu não vou roubar seu carro! – explicou.

Zexion não pôde evitar passar em revista tudo o que já havia conversado até então. De fato, o rapaz pedira a chave do seu carro. Apenas.

- Então...

- É claro que você vai junto! – ele sorriu, como quem diz o óbvio. – Assim, depois você pode ir embora tranqüilo.

Oh sim, claro. É só ter que ser seqüestrado (ou algo assim) neste meio tempo.

Contendo-se para não rir, num misto de ironia e raiva passiva, Zexion quis dizer muito “você só pode estar brincando”, mas o rosto daquele meliante não é de alguém que está falando apenas para provocá-lo. Seria cavar sua própria cova gastar tempo precioso num roubo daqueles.

O idiota pretendia mesmo levá-lo junto com o carro?...

Sem poder conter-se, Zexion deixou-se soltar um risinho: – Eu poderia denunciá-lo por tentativa de seqüestro e danos materiais.

E o idiota, uma vez mais, deu de ombros diante da afirmação.

- Ah, se quiser me denunciar depois, tudo bem. Só que, agora, eu preciso mesmo pegar o seu carro emprestado. – sorriu. – Tenho carteira, tá? Não vou bater ou estragar o seu veículo. Vem, posso te mostrá-la.

O que eu estou fazendo...?”, perguntou-se o rapaz.

De fato, ainda tentava entender porque ainda não havia acionado a polícia, os bombeiros, a SWAT (se bem que essa era americana) ou o que quer que fosse.

Se quisesse enrolar o idiota até que as autoridades o rendessem sem o mínimo de esforço (a julgar pelo seu físico – atlético, claro, mas relaxado demais) seria como tirar doce de um bebê. Mas... Por que simplesmente não estava fazendo isso?

- Escute, senhor...

- Shh. Peraí!

O meliante parecia escutar ao longe alguma coisa, fazendo-lhe sinal para ficar quieto e ouvir também.

Zexion aguçou o máximo que pôde sua audição, até perceber, não muito distante, o som de um outro carro. Ponderou mentalmente se o idiota iria, agora, enfiá-lo sem nenhuma cerimônia dentro do carro e lhe apontar uma arma na têmpora (nada assustador, na verdade). Ou se ia largá-lo como um bom idiota e atazanar o pobre motorista que vinha desavisado, achando que tiraria bem mais dele.

Nem um, nem outro. O rapaz dos cabelos azuis surpreendeu-se ao ver que o outro pareceu engolir em seco. No instante seguinte, num gesto apressado, estendeu a mão, como quem espera receber algo.

- A chave, vai! – pressionou.

O som do outro veículo aproximava-se cada vez mais. Parecia até mesmo uma espécie de contagem regressiva.

- ...Um momento, um momento. – Zexion suspirou.

Vendo-se sem maiores alternativas... “Alternativas”, ele entregou a chave do carro e deixou que o meliante abrisse-o e sentasse no banco do motorista.

- Vai, senta aí! – sorriu ele, dali de dentro.

(Ah, era tão idiota que iria mesmo esperar que o “dono do carro”, no caso, ele próprio, se sentasse como uma visita infame para fugirem em alta velocidade).

- ...Certo. – suspirou.

Tão logo murmurou aquelas palavras de quem contenta-se com o destino que acabou adquirindo, ele percebeu a silhueta de um carro desenhando-se na estrada. Pelo que ele pôde ver, um Audi A8 W12 de cor negra.

- Droga... – gemeu o meliante, dali de dentro. – Vamos cair fora, entra aí!

Zexion ignorou para seu próprio bem aquela pressa angustiada e fechou a porta sem maiores barulhos. Então, colocou o cinto metodicamente. Deixou a pasta que levara consigo em seu colo, e passou a mão pelos cabelos, devagar, como quem faz o possível para se acalmar. Respirou profundamente, em seguida, colocando a mão sobre a testa, apoiando-a.

O moreno ligou o carro no mesmo segundo em que ele fechara a porta e, antes que o outro pudesse até mesmo respirar outra vez, arrancou violentamente, numa cena digna de cinema de ação.

- O. Que. Está. Fazendo?! – certo, agora Zexion temia de fato por seu carro...

- Puxa vida, não achei que eles estavam colados em mim! – lamentou o rapaz de cabelos castanhos. – ...E desculpa, viu! Acho que eles te viram.

- O quê você disse? Eles quem?... – ainda confuso demais por aquela arrancada inacreditável, ele passou outra vez a mão pelos cabelos sedosos.

- Ah, é que eu estou meio que fugindo, né?

...De homens em um Audi preto? Bem, não é que fazia um pouco de sentido? Isso, é claro, se eles estivessem em um filme. Só faltava a pancadaria sem sentido.

- Não diga. – tom absolutamente neutro.

- A culpa é toda minha. Tentei arrombar seu carro, mas parece que não fui muito bem sucedido. – ele desculpou-se. – Se não fosse por minha incompetência e demora, possivelmente você teria sido poupado dessa situação...

E teria meu carro roubado de verdade”, completou. “Nem sei qual é o pior.”

- ...Entendo. – agora, iria precisar de algumas horas para meditar muito profundamente e analisar quais deviam ser seus passos a partir de agora.

- Ah! Eu prometi que ia te deixar olhar minha carteira, né? – o rapazinho sorriu, deixando totalmente de lado o rosto sério. – Pega aí na minha mochila. Pode ver!

Zexion controlou-se para não suspirar tão profundamente, tão raivosamente, que ficaria até assustador. Em vez disso, concentrou-se em simplesmente procurar a carteira daquele ladrãozinho sem desviar as mãos da mochila para o pescoço dele e quebrá-lo em três ou quatro partes iguais.

Tateando dentro daquela bagunça (sentia o tempo inteiro a maciez de roupas. Ele estaria levando tudo só ali dentro?), demorou até achar a dita carteira. De lá, como o outro prometeu, tirou a carteira de motorista (e, diga-se de passagem, ela. Aquele idiota era... Idiota?!).

Um solavanco o fez erguer os olhos, de repente, e encarar o motorista.

- Que droga, viu... Eles já estão atrás da gente de novo. – ele disse, ajeitando o espelho retrovisor.

Da gente... Fale por você”, resmungou (mentalmente) Zexion.

De seu espelho retrovisor, de fato, ele também viu aquele carro negro em alta velocidade, quase chegando perto deles. Estaria mesmo envolvido, sem, de alguma forma, sequer perceber, em uma perseguição de verdade?

Era mesmo só o que me faltava”, ele disse a si mesmo, num misto de ironia e descrença. “Belo jeito de se começar as férias.

Bem, pensou, já que não podia fazer muita coisa longe da direção, preocupou-se em ver a identidade do meliante (e, quem sabe, mais tarde, denunciá-lo e procurar um farmacêutico que lhe indicasse alguns bons remédios para ‘enxaqueca aguda’).

Os olhos procuraram, depois da foto 3x4 do idiota, o nome do mesmo. Ao achá-lo, ergueu a sobrancelha.

Zexion tinha certeza de que já ouvira o nome “Demyx” de algum lugar.


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Notas finais do capítulo

[3] Nome da faixa 9 da OST 2 de Kingdom Hearts I.

[4] Ienzo é, originalmente, o nome de Zexion antes de sua transformação em Nobody. Este nome para seu “irmão” também já foi usado em “Houseki” (Petit Ange).

[5] Mais ou menos quatro dólares americanos.

[6] Mooka é a cidade vizinha da capital de Tochigi, Utsunomiya.