É, aqui estou eu novamente. Escrevendo no meu pequeno caderno vermelho que papai me dera quando mais nova. Mergulhada em inúmeros pensamentos meus. Definitivamente uma das melhores formas de se expressar é escrevendo. É como se estivéssemos em um mundo mágico com tudo o que se passa em nossa mente. Escrever é o que eu mais gosto de fazer, inclusive por que não falo muito. Sou só eu e a escrita. Mergulhando em um mundo de sonhos que eu realmente gostaria que fosse minha vida na realidade. Pois a minha vida nos sonhos é bem melhor do que o mundo em que vivo. Porém, acho que nem as palavras vão poder expressar o que eu sinto, é tudo tão confuso que nada poderia explicar realmente. Bom, deixe eu finalmente me apresentar: Meu nome é Megan, tenho 16 anos e sou do típico de garota tímida e que é considerada estranha por metade da população. Mas eu não ligo, acho que às vezes é até melhor eu ficar sozinha. Longe da falsidade e mentiras da sociedade.

- Ora ora, se não é a Megan excluída Forks.

- O que você quer Jessica?

- O que você esta escrevendo? Deixe-me ver. – disse pegando meu caderno de minhas mãos –

- Me devolve!

- Hm... “Às vezes é até melhor eu ficar sozinha. Longe de falsidade e de mentiras da sociedade.” Ai coitadinha, é realmente assim que você se sente? Vamos tentar ser mais legais com você, tá bom? – Jessica disse olhando para suas seguidoras Natalie e Ashley que logo começaram a dar altas gargalhadas. – Se manca. – Jogou meu caderno no chão. –

Na mesma hora, pude ouvir uma voz atrás de mim.

- Deixem ela em paz. – disse pegando meu caderno do chão –

Assim que me virei, era possível avistar uma garota nerd que por sinal seria da mesma classe de literatura que eu, embora eu nunca tenha conversado realmente com ela.

Logo notei sua mão estendendo o meu caderno para mim. Assim que o peguei, vi que ele estava um pouco sujo e passei minhas mãos sobre ele para limpá-lo.

Meio sem jeito, sussurrei um obrigado.

- Desde quando você faz parte da proteção aos animais? – perguntou Ashley logo após soltar uma leve gargalhada –

- Vai cuidar da sua vida e deixe-a em paz.

- Vamos meninas, realmente não vale a pena ficar gastando nosso precioso tempo com duas fracassadas. – disse Jessica se virando –

Me virei para a garota nerd – um pouco sem jeito – ela ainda estava encarando Jessica. Cocei a nuca e novamente voltei a lhe agradecer.

- Obrigada, é...

- Olivia. – disse estendendo sua mão -

- Megan. – peguei sua mão dando um breve aperto de mão –

Brevemente era possível ouvir o estrondoso sinal da entrada.

- Bom Megan, tenho que ir para a aula de física. Foi bom te conhecer. – disse pegando seus livros apressada –

- Não, espere! – peguei meu material do chão e corri em sua direção – É minha aula de física também. – disse um pouco corada –

- Ah, certo. Depressa, estamos um pouco atrasadas!

No caminho para a classe ambas se manterão em silêncio. Até que por um descuido, esbarrei em alguém que ainda não enxergara quem.

- Me des... – fui rapidamente interrompida –

- O que as senhoritas estão fazendo fora da aula ainda? – disse a diretora nos encarando fortemente –

- É que eu tropecei ali na escada e a Megan voltou para me ajudar, não é Megan? – disse olhando para mim –

- Sim, diretora. Foi isso mesmo.

- Certo, então entrem para suas classes agora. Não vou puni-las, mas se houver outro atraso eu dou uma advertência para ambas.

- Certo diretora.

Caminhamos até a nossa classe, e então era possível sentir os olhares me encarando. Não sabia do que se tratava, mas não liguei muito. Sentei em meu lugar que não era muito distante de Olivia. E novamente comecei a mergulhar nos meus pensamentos. Eu realmente não estava prestando atenção em nada do que o professor dissera, somente podia ver sua boca se movendo, mas ainda sim não entendia nada. Comecei a pensar em por que alguém me ajudaria, e nas possibilidades para isso. E a cada possibilidade que pensara, eu ia me aprofundando mais em minha mente. Foi aí que uma resposta se formou em minha cabeça, ela é excluída, eu também sou. Provavelmente queria ser minha amiga para não ficar sozinha. Ou seria mais algum plano de nerd que ninguém entende. Eu estava realmente no mundo da lua, até que ouvi uma voz forte e rouca dizendo algo, mas só aos poucos fui entendendo o que.

- E então, Megan?

- Então o que?

- A resposta.

- A segunda guerra mundial?!

- Se estivéssemos falando sobre história, talvez!

Todos reviraram seus olhos para mim e começaram a cair na gargalhada. Mais uma vez, sou motivo de risada. Porém eu não me importo mais. Eu costumava me importar, mas aprendi que se eu ligar para cada piada que surge sobre mim, eu não vivo.

- A resposta é 2,4 x 3,6 cm professor! – disse Olivia, tirando a atenção sobre mim –

Disse um obrigado bem baixinho. E só consegui notar um pequeno sorriso se formar em seu rosto.

Eu estava tão distraída que nem percebi que a aula já havia acabado.

Mais duas aulas se passaram rapidamente, e logo era possível ouvir o sinal do intervalo tocar. Peguei minhas coisas e guardei em meu armário. E assim que fechei o mesmo, levei um susto porque Olivia estava atrás de mim.

- Oi! – disse animada –

- Oi. – disse um pouco assustada – Você me assustou.

- Me desculpe, não foi minha intenção. – coçou a nuca envergonhada – Posso sentar com você no refeitório?

- Pode claro.

Não conseguia entender o porquê da tal aproximação, fiquei surpresa. Mas apenas aceitei. Peguei minha comida e com o olhar distraído fui caminhando em direção a uma mesa qualquer, perto da porta da saída. Desastrada, novamente esbarrei em alguém derrubando toda a minha comida sobre o mesmo.

- Ai me desculpa!

Logo percebi que eu havia esbarrado em Kaitlyn Johnson, uma das meninas mais duronas da escola.

- Desculpo nada, eu vou quebrar os seus dentes um por um. Quem sabe assim aprenda a olhar por onde anda. – disse socando a mão –

- Calma Kaitlyn, ela não fez por mal. – disseram Alexis e Hailey –

- Não importa, ela esbarrou e pronto. Agora eu vou acabar com ela.

Toda a escola olhava-nos atentos a cada movimento, era como um filme de ação onde brigavam o mocinho e o vilão. Até que era possível ouvir do fundo do refeitório alguém começar a encorajar a briga.

- Briga, briga, briga! – começara a gritar toda a escola –

- Calma aí, Kaitlyn. Eu vi tudo e ela realmente não fez por mal, guarde seu punho para algum tarado idiota por aí. – disse Steve, entrando na minha frente e se metendo na briga –

Não, calma aí digo eu. Como assim Steve Harris – o menino mais bonito da escola – me defendendo? Isso é real? Terra chamando Meg!

Kaitlyn olhou com um olhar desacreditado. Mas abaixou seu punho sem dizer nada e se virou para ir ao banheiro. E logo atrás suas amigas, Alexis e Hailey.

Kaitlyn não olhou para trás nem um segundo se quer. Até que Hailey voltou e parou em minha frente, e então disse:

- Desculpa por isso, tá? É que hoje ela está muito nervosa.

- Não, tudo bem.

Um pequeno sorriso se formou em seu rosto, e então se virou novamente para ir atrás de suas amigas.

Virei-me e Steve ainda estava lá parado. Como se quisesse um obrigado.

- É... Obrigada?! – disse um pouco envergonhada e com um sorriso no canto da boca –

- Não há de que. Mas da próxima vez tome um pouquinho mais de cuidado. – retribuiu o sorriso e virou-se em direção a sua mesa –

- Certo.

Olivia observava tudo calada. Só falou quando eu me virei para ela.

- Mas que... Menina, você é demais. Conseguiu fazer o Steve Harris te defender. – disse pasma –

- Deve ser mais alguma pegadinha para me zoarem depois. Mas enfim... Vamos nos sentar.

Peguei a comida novamente e nos sentamos em uma mesa vazia. Dessa vez sem desastres!

Almoçamos e o sinal estrondoso do colégio novamente soou. Hora de ir para a classe!

- Você só se safou por causa do Steve, se não... – disse Kaitlyn enfurecida –

Ainda era possível ouvir cochichos sobre a briga. Não retruquei, apenas me virei para me sentar. E lá estava Steve de novo!

- Oi! – deu um sorriso de orelha a orelha –

Não respondi, e me sentei em meu lugar.

Mais três aulas se passaram e eu fiquei na minha. Mas ainda sim era possível perceber os olhares raivosos de Kaitlyn sobre mim.

- Na próxima você não escapa. Eu prometo. – disse baixinho –

- Eu não tenho medo. – retruquei –

A última aula acabou, peguei minha mochila e joguei sobre meu ombro. Levei meus livros até o meu armário e então os guardei.

Finalmente cheguei em casa depois de um longo dia de colégio. Joguei minha mochila sobre o sofá e subi correndo para meu quarto. E então me joguei sobre a cama e novamente voltei a viajar nos meus incontáveis pensamentos...

- O que será que ele quer com isso? Eu não entendo... Isso nunca aconteceu!

- Calma aí, Kaitlyn. Eu vi tudo e ela realmente não fez por mal, guarde seu punho para algum tarado idiota por aí.

- É... Obrigada!?

- Não há de que. Mas da próxima vez tome um pouquinho mais de cuidado.

Até que meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi uma voz a me chamar.

- Megan!

Era uma voz familiar, mas de quem seria? Eu estava tão distraída que não conseguia me lembrar. Desci as escadas e era possível ver alguém na sala a me esperar.

- Chris? – disse surpresa –

- O que é? Não está lembrando de mim?

- Chris! – disse correndo das escadas e pulando em cima dele –

Chris é meu amigo de infância, ele era meu vizinho desde os meus cinco anos. Mas quando eu havia feito doze anos, os pais dele haviam se divorciado e ele foi morar com a mãe na França. Nunca havia chorado tanto na minha vida.

- O que está fazendo aqui? – disse saindo de cima dele –

- É uma longa história...

- Tenho tempo.

- Minha mãe perdeu o emprego. Ela arrumou outro, mas com o salário dela não tem como continuar pagando a minha escola. Então eu voltei para morar com o meu pai. Ele vai pagar minha escola e a minha faculdade quando eu estiver mais velho. – coçou a nuca –

- Sinto muito pela sua mãe, mas você não tem ideia do quanto eu estou feliz por você ter voltado.

- Imagino... Mas e a escola, como está?

- Sem você está a cada dia pior. Jessica não me deixa em paz um só dia, não para de me atormentar. E você sabe que eu não gosto de briga, porque da última acabou acontecendo o que não devia. Mas hoje, apareceu uma menina para me defender. O nome dela é Olivia, é da mesma classe de física e literatura que eu. E... No refeitório acabei esbarrando na Kaitlyn sem querer, você sabe que eu sou desastrada né?! E agora ela quer me bater, mas não estou com medo. Se não fosse o Steve, ela teria me matado no refeitório mesmo. – soltou uma curta gargalhada –

- Steve?

- Sim, ele entrou na minha frente para me defender. Também não sei por quê. Mas... Você vai voltar para o College McKenna?

- Com certeza. E eu tive que passar aqui só para te avisar.

- Ai, eu não podia estar mais feliz. – disse pulando em cima dele e o abraçando novamente –

- Eu também. Senti saudade pequena! – sorriu – E o seu pai, está aí?

- Não, ele está viajando a negócios e me deixou sozinha aqui, como sempre. – disse sentando no sofá, desanimada –

- Sinto muito Meg. Mas você sabe que ele te ama mesmo assim né?

- Sei. Só que às vezes não parece. Penso que ele prefere o trabalho a estar comigo.

- Não é verdade, ele te ama. E dá duro no trabalho só para te dar uma boa vida e pagar um bom colégio para você. Então por favor, levanta essa carinha triste e dá um sorriso para mim, vai?! – disse levantando meu queixo –

Chris sempre me fizera ficar bem. Sempre me fez sorrir quando eu estava triste. Com certeza é o melhor amigo do mundo. Sorri.

- Você quer dar uma volta? Tenho que te mostrar uma coisa. – sorriu –

- Mostrar o que? – disse confusa –

- Venha. – me puxou pela mão –

Me levara até uma rua familiar. Não era uma rua qualquer, era a rua em que eu e Chris sempre brincávamos quando criança. Havia mudado um pouco, mas eu ainda podia reconhecer aquele lugar que tanto me fez bem.

- O que viemos fazer aqui?

- Me puxou para um terreno que também me era familiar.

- Não acredito! – soltei a mão de Chris –

- Acredite.

- Como você fez isso?

- Eu só troquei as madeiras velhas e a pintei um pouco. – disse sem graça –

- Cara, você é demais. – disse totalmente desacreditada –

- Não é para tanto. Vem, vamos subir. – puxou-me novamente –

Era a nossa casa na árvore. Que nossos pais haviam feito para nós. Eu realmente amava aquele lugar, mas um dia por acidente ela pegou fogo, e não conseguimos reconstruí-la depois. Me senti muito culpada desde então, por que era o nosso lugar preferido. Realmente não pudera acreditar que ela estava lá de novo!

Chris havia subido primeiro, e então estendeu sua mão para me ajudar a subir. Peguei sua mão e ele me puxou para cima. Estava incrível!

- A vista é a mesma.

- Linda né? – disse Chris ao meu lado –

- Absolutamente. – respondeu – Sinto muito ter a estragado quando mais nova. – continuou –

- Não se preocupe, ela está aqui de novo, não está? – sorriu – Sabe o que eu estava lembrando quando eu estava no avião?

- Não, o que?

- De quando a gente subia aqui com John e nos sentíamos os reis do mundo.

- Ah, eu me lembro. Eu sinto tanta falta disso. Sentia sua falta. Sinto falta do John... Como eu queria que tudo isso voltasse.

- Eu também. Mas as coisas mudam, não é? Mas você se lembra da promessa que eu te fiz antes de ir embora?

- Claro que eu lembro, nunca poderia esquecer. “Eu volto, Meg. E quando eu voltar nunca mais vou te abandonar.”

- Eu estou aqui para cumprir minha promessa. – deu um sorriu sem jeito –

Ficamos ali sentados o resto da tarde, conversando sobre os bons e velhos tempos. Como seria bom se tudo voltasse ao que era, o John, sempre brincalhão, nunca me esquecerei dele. Espero que um dia nós nos encontremos. Naquela noite, antes de dormir, depois daquele dia fantástico com o meu melhor amigo, me toquei que no dia seguinte teria aula, e a realidade voltaria para me atacar. Mas naquele momento me lembrei que meu melhor amigo estaria lá para me ajudar, e assim um sorriso calmo brotou no meu rosto.