50 Coisas que eu Odeio em Você escrita por Mayy Chan


Capítulo 25
Eu odeio suas mentiras.


Notas iniciais do capítulo

Gente, não me odeiem e.e. Houve um problema com o meu notebook, e ele foi pro concerto. Ok, eu já estava com um capítulo pronto até o momento. Só que o carinha lá não colocou o Word, então não tinha como abrir o documento. Nem precisa de falar que eu morri de raiva, né? Aí eu acessei meus contatos e fiz meu migs arrumar pra mim o/ Bem, eu disse que ia deixar um creditozinho pra ele aqui, então vamos para o discurso que ele disse pra vocês: "... Ahn?...". Obrigada pela sua filosofia, você é um ser adorável.
Agora, bem, eu devo já avisar que esse é um dos últimos capítulos. Não sei bem quantos serão, até porque eu já dei uma começadinha no próximo e pensei completar trinta até o momento. Mas, se não der pra acabar até o momento... bem, teremos que pensar.
Pelo encarecidamente que deixem seus comentários nem que seja para me motivar a continuar. Admito que ando bem... mal com muitos lances que acabaram acontecendo recentemente e, depois de pensar muito, decidi que tomei decisões erradas na minha vida e preciso de vocês mais que nunca. Amo tooodas vocês, muito mesmo, e agradeço por tudo.

XOXO, Mayy



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No meu primeiro treino, me lembro claramente do treinador Hedge fazer a pergunta que mudaria minha vida por todos aqueles anos: “Vocês jogam pela bola, ou pelos prazeres que ela te dá?”. Desde pequeno, jogara porque aquilo me dava um prazer, uma forma de esquecer todo mundo ao meu redor. Nada podia ocupar minha mente enquanto eu estava esquivando de todos os meus adversários. Uma vez na vida, eu era invencível, o melhor do time.

Mas, por outro lado, não era nada fácil estar lá dentro. Você pode achar que é fácil simplesmente pelo fato da fama repentina que, ao se tornar titular, você ganha. Só que, ao pisar naquela grama, só um fato é irrevogável: você tem que ser o mais rápido. Isso tudo em meio aos gritos, o peso insuportável do equipamento, e sendo o capitão do time, você sabe que a responsabilidade sempre iria parar nos seus ombros.

Foi com esse peso que eu havia entrado no campo mais cedo. O peso de um líder, o peso de ganhar as estaduais.

E depois eu entendi que nem sempre adianta carregar o mundo.

Flashback

Enruguei o nariz quando vi Annabeth com aquela roupa. Não que ela não estivesse bonita nela, até porque na verdade ela estava simplesmente gostosa, mas não me era agradável imaginar todos aqueles meninos olhando para suas pernas e decote. Engoli seco, pensando que isso me traria sérios problemas mais tarde.

— Está me encarando por qual motivo? — Arqueou as sobrancelhas, enquanto penteava o cabelo em frente ao meu espelho.

— Tem certeza que você é minha namorada?

— Ao menos é isso que meu estado-civil do Facebook me diz. — Sorriu pra mim, procurando um laço qualquer para prender os cabelos loiros. — Não fique assim! Temos uma humilhação pública minha daqui uns dias. E fora que hoje é o grande dia, você deve aproveitar como... bem, como os jogadores geralmente fazem.

— Acredite, se você soubesse o afeito que essa saia está tendo sobre mim, com certeza não iria falar isso. — Dei um sorriso malicioso que me rendeu um olhar de indignação.

— Você é um ogro. — Revirou os olhos.

— Seu pai não estranha de você vir pra minha casa todos os dias? Se eu fosse pai, não deixaria minha filha ir pra casa do namorado com essa frequência abusiva.

Annie se sentou do meu lado, já com o cabelo preso e completamente arrumada. Controlei bem meus olhos para se manterem nos dela, e não em como essa blusa caía bem nela. Droga, saudade da época que eu tinha facilidade em controlar isso, e não parecia um garoto de catorze anos que acabou de descobrir o efeito que uma mulher pode ter.

— Na verdade, ele acha que é um método mais seguro pelo fato de sua mãe ficar aqui quase o tempo todo, enquanto minha casa... bem, é praticamente a Fortaleza da Solidão.

— Antes-de-ontem minha mãe deu o maior discurso quando contei que nunca havíamos passado dos amassos. Ela meio que não acredita, devido ao fato de que...

— Que...?

— Bem, vamos dizer que eu geralmente pulo a parte dos amassos.

— E eu sou a sua nova namorada brochante. — Deu um sorriso divertido e me beijou no canto da boca como provocação.

— A graça é a expectativa.

Sorri de volta e a puxei pra mim, passando a mão por trás do seu pescoço para intensificar o beijo com mais facilidade. Me inclinei, colocando metade do meu corpo sobre o dela. Quando coloquei a mão em sua cintura sob o tecido da camiseta, não houveram protestos, o que era bom porque não é como se realmente fosse querer acabar com esse momento tão cedo. O rabo foi facilmente desfeito, e seus cabelos caíram perfeitamente sobre minha colcha azulada.

O impressionante é que, depois de um tempo, isso se tornara um hábito quase impossível de se acostumar. Cada beijo parecia ser uma surpresa, algo diferente que jamais havia provado. Um arrepio diferente, um sentimento mais forte... Não sabia bem como denominar isso, mas era bom demais para simplesmente se aderir a uma palavra.

Minha mão livre rapidamente foi parar em sua coxa e, quando achei que estava tomando o controle sobre as coisas, ela se colocou sobre mim, me surpreendendo. É meio claro pela minha feição que geralmente não fazia isso, entretanto não me importei. As coisas só estavam se tornando mais intensas, mesmo com seu cabelo caindo desajeitadamente sobre as extremidades da minha cabeça. Aproveitando que não tinha mais como manter-me como antes, coloquei uma mão em sua cintura e outra sobre sua nuca, assim que coloquei todo o cabelo de um só lado, deixando seu pescoço livre para ser explorado pelos meus lábios.

Foi quando tive uma visão agradável demais do seu sutiã por causa da forma em que a sua blusa caiu quando ela se inclinou, que interrompi o beijo e me sentei na cama tentando controlar minha respiração.

— Melhor pararmos.

— Vou considerar um elogio. — Respondeu também ofegante.

— Acredite, é um elogio enorme.

— Pode usar o elogio pra você também.

— “Gostosa” não é bem um elogio que eu gostaria de aderir pra mim, obrigado. — Dei um sorriso divertido que a fez corar um pouco. — E, falando nisso, adorei a tonalidade azul do seu sutiã, milady. — Sussurrei.

Quando me afastei novamente, suas bochechas passaram do rosa para o escarlate. Em um movimento impensado, ela pegou meu travesseiro e tentou me bateu com ele com uma força que mal sabia que ela tinha. Sem querer revidar, a puxei pra mim e afundei seu rosto em meu peito, em um abraço bem apertado.

— Não fale mais sobre minhas roupas íntimas, Jackson. — Sua voz foi abafada pelo pano da minha camiseta. — É um jogo injusto.

— Então vamos tornar justo. A minha cueca de hoje também é azul, só que de um tom mais escuro. Isso só mostra o quanto estamos em perfeita sintonia com o mundo e tudo mais.

— Você é um merda. — me mostrou o dedo do meio, sem desmanchar o abraço.

— Obrigada pelo elogio, gentil senhorita.

A soltei, e me coloquei em pé para arrumar minha camiseta, de forma que não aparecesse tão amassada. Hoje era o dia do meu jogo, não podia me deixar distrair em nenhum momento, principalmente por não conseguir parar de pensar na minha sessão de amassos com minha namorada.

Naquele momento, meu irmão entrou no meu quarto sem bater na porta. Normalmente, essa seria uma coisa comum, porém essa era minha família e posso te garantir que a presença do meu irmão significava a presença do meu pai essa noite após o jogo. Pensei ter notado um sorriso malicioso, entretanto rapidamente tirei essa ideia da minha cabeça ao ouvir a voz aveludada de Annabeth.

— Hey, Tyson.

— Bom dia, minha adorável milady. Vim aos aposentos nada reais do meu irmão para lhe lembrar que, bem, se desejar uma experiência com alguém menos experiente, estou sempre à disposição.

Céus, como eu quis mostrar pro meu irmão o poder que o futebol americano tem sobre a anatomia humana. Sempre que se viam, mesmo que por um espaço-tempo de pouco mais de três minutos, não houvera uma em que não fui obrigado a ouvir alguma espécie de paquera direcionada para a minha garota.

— Bem... acho que por momento estou devidamente satisfeita.

— Espero que tenha certeza de sua decisão, senhorita Chase, porque eu posso ser alguém completamente inacessível quando quero. Sabe como é, tem muitas na lista de espera para... usufruírem do meu charme. Seria difícil te passar na frente depois, mas se não demorar muito, acho que posso te dar uma preferência por causa desses seus olhos cinzentos. Eles são extremamente sexys.

— Cacete, moleque. — me coloquei na sua frente e dei um murro leve no topo da sua cabeça. — Quantos anos você tem? Treze?

— Catorze. — enrugou o nariz e bagunçou ainda mais os cabelos.

— Viu? O que sabe sobre a sensualidade feminina?

— O suficiente para saber que você não namorou a Drew por causa “dos belos olhos e traços perfeitamente orientais”. — revirou os olhos, puxando uma risada tanto minha quanto de Annabeth.

Me levantei, curvando sobre meu irmão e dando uma chave de braço de leve, enquanto afanava seus cabelos. Como alguém com aquela idade tão... inferior poderia ser tão madura e atrevida ao mesmo tempo? Aposto que naquela época já tinha um senso de... respeito pelos mais velhos muito mais aguçado. Não que se pudesse esperar uma atitude diferente dessa vindo de alguém criado pelo meu pai.

Ele facilmente se livrou dos meus braços, resmungando baixo o suficiente para que eu não pudesse ouvi-lo.

— Papai me contou do jogo de hoje. Vai jogar contra qual escola?

— Albert Einstein High School. Ela ganhou primeiro lugar em todas as etapas até agora, e realmente tenho esperanças que sejamos a exceção da regra de que todas as escolas devem perder pra grande AEHG.

Albert Einstein High School era, definitivamente, uma escola da elite. Não falo de pessoas ricas, como o pai de Percy, e sim como os filhos do Presidente da República, estrelas da música e cinema, e afins. Aparentemente, uma realidade distante demais de nós, meros mortais que estudavam na escola que sempre permaneceria em terceiro lugar como a melhor do estado.

— Ouvi dizer que eles são uns monstros.

— No último jogo, um cara saiu com a clavícula quebrada, o que é realmente surpreendente porque não sabia que se podia quebrar uma clavícula jogando futebol americano. — respondeu Annabeth para Tyson.

— Como você sabe disso? Não que eu esteja reclamando e tal, até porque ouvir sua namorada falar de fraturas do futebol americano é algo extremamente sexy, mas também é algo que te faz questionar... muitas coisas.

— Você é um idiota, Perceus Jackson. — ela revirou os olhos, e se jogou deitada na minha cama. Essa não era exatamente uma situação que poderia explicar facilmente o sentimento que me veio ao ver essa cena. — Estou ansiosa pra te ver jogar hoje.

— Vou ganhar por você, sabidinha. — me curvo sobre seu corpo, depositando um selinho rápido em sua boca, me levantando novamente assim que ouvi um pigarreio de nojo da parte do meu irmão. — Sabe, você não é exatamente obrigado a ficar aqui. Ou melhor, essa é uma boa questão. O que veio fazer aqui em casa no meio do semestre?

— Nosso pai veio resolver uns negócios na cidade e eu vim junto para passar o fim de semana. Talvez ele possa não te ver jogar, mas eu estarei lá na primeira fila, ocupado demais com as roupas das líderes de torcida para me importar com o seu desempenho. — deu um sorriso lateral, e por um momento me fez notar como éramos parecidos.

Fim do flashback

Senti uma dor aguda tomar conta do meu corpo, como se uma chama atravessasse a parede das minhas veias, deixando uma sensação horrivelmente quente sob a minha pele. Cada minuto apenas tornava minha respiração mais difícil que a outra, coisa que só se tornava pior com o fato de que todas minhas células pareciam latejar e se fundir em forma de fumaça.

Já não podia mais sentir minha perna, apenas sabia que devia ter algo destroçado naquela região. Minha visão, ainda turva, não ajudava em nada na minha tentativa de descobrir o que acontecia ao redor.

Minhas últimas lembranças eram envoltas de uma briga, uns pedaços soltos do jogo, e por fim, um clarão. Pude ver alguém correndo do meu lado, segurando minha mão com força. Ainda enxergando pouco, poderia facilmente distinguir o cabelo da minha mãe, logo seguida por uma garota loira. Annabeth. Algo dentro de mim, me fazia querer gritar seu nome até minha voz não mais aguentar. E foi isso que fiz, até apagar.

x-x-x

Abri os olhos, sentindo uma claridade horrível vinda da janela. Esperei minha visão se acostumar, para então me sentar. Era fácil identificar o leito do hospital, principalmente pelo fato de passar um bom tempo aqui com ossos quebrados quando era menor. Poucos minutos depois, Grover entrou na sala com uma bandeja repleta de coisas desde gelatina a brownies.

— E a Bela Adormecida resolve das as caras no baile. — indaga com a boca cheia. — Sua mãe vai arrancar meus rins ao descobrir que você foi acordar logo na hora que eu vim fazer uma visita básica.

— Cadê ela?

— Liberei pra poder comer e tomar um banho. Ela passou a noite aqui.

— Fez bem. E Annabeth?

— Ahn... você não se lembra?

— Lembrar do que?

— Da briga, oras. Ela queria te impedir de jogar por um motivo que não sei qual, mas você não ouviu e... bem, olha onde estamos agora. Ao menos a comida daqui é melhor do que a do acampamento.

— Tá tudo bem com ela? — disse, já me levantando. — Cadê o seu celular, tenho que...

— Cara, só se acalma. Até onde eu sei, ela foi pra casa do pai pegar umas roupas. Todos esperávamos que você não acordasse tão cedo.

— Anda, me dá o celular — resmunguei, estendendo a mão.

— Aqui. — revirou os olhos e me entregou.

Rapidamente, disquei os números que já sabia de cor e, depois de três toques, pude ouvir sua voz aveludada:

Grover?

— É o Percy, eu acabei de acordar. Onde você tá?

Céus, eu estava tão preocupada! Acordou melhor? Está sentindo alguma dor?

— Não, está tudo bem comigo, mas... Você estava chorando?

Claro que sim! Imagina o quanto me preocupei quando te vi caindo naquele campo, todo ensanguentado... e o pior, sabendo que foi tudo minha culpa. Eu sinto tanto, Percy. — sua voz ficou mais embargada que antes. — Eu sempre soube que o Nico era um pouco revoltado, mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto por causa de Thalia e o pior de tudo é que... Céus, eu estava tão preocupada. — um barulho de choro se misturou a suas palavras, me dando uma sensação horrível no estômago. — Você é um idiota, Jackson, o rei dos idiotas. Devia ter ouvido o que eu te disse desde o início e...

— Annie, tudo bem, baby... já passou. Não chora, tudo bem? — falei enquanto observava Grover fingir vomitar. — E o que Nico tem a ver com isso? E o pior de tudo, é que não faço ideia do que você está falando. É como se todo o meu dia tenha sido um borrão...

— Nico te esmurrou no meio do jogo, não lembra?... — porém sua voz foi se perdendo a medida que tudo parecia se tornar claro em minha mente.

Flashback

Abri meu armário e peguei um pouco de água. Era impressionante a pressão que um campeonato dessa importância tinha. Simplesmente, sentia como se estivesse sendo esmagado pelo peso dos céus. Não bastava eu me destacar, tinha que levar nosso time a vitória em nome de nossa honra. Vez ou outra, havia cogitado a ideia de simplesmente desistir, porém para isso havia trago uma foto que tirara de Annabeth no nosso terceiro encontro. Ela, com seu sorriso estonteante e cabelos ao vento iluminados pelo Sol, era tudo que eu precisava para ter uma motivação de ganhar isso.

— Pensando na namorada, Percy? — indagou Nico com um sorriso aberto.

— Coisas belas foram feitas para serem admiradas, di Ângelo. — dei um pequeno sorriso.

— Só vim aqui te avisar que o senhor Quíron está na porta querendo falar com você sobre uma coisa de um trabalho. Não entendi bem o que ele quis dizer, mas acho que você iria.

— Bem que eu estava estranhando essa demora. Obrigada por avisar, cara.

Saí rapidamente do lugar abafado, encontrando logo o meu professor de redação em sua cadeira de rodas do lado de fora. Era impressionante como, em todos os meus anos aqui, tudo poderia mudar menos a aparência habitual do cadeirante. Me abaixei, me colocando sobre um joelho e disse:

— Ouvi dizer que estava aqui de fora implorando para ter um acesso a minha beleza, professor.

— Só ouvi falar que o meu trabalho deu mais frutos que imaginava. Duvidei um pouco quando ouvi Hera contar sobre o episódio na sala dela, mas não imaginava que seria algo tão sério.

— Os três meses mais agradáveis da minha vida, se quer saber. Tudo bem que vez ou outra discutimos, principalmente quando ela começa achar aceitável a ideia de sair andando por aí com uma saia que eu detesto, ou... bem, temos uma briguinha vez ou outra, e nem somos cafonas. Um relacionamento calmo, diria eu.

— Bem, então acho que fiz um bom trabalho. Mas, de qualquer forma, isso tem a ver com o que quero te falar, mas não é bem o ponto.

— O que foi então? — questionei já sentindo um ponto de preocupação.

— Eu e o pai de Annabeth somos amigos há um bom tempo, como já deve imaginar. Queria te falar... bem, só não a deixe sair muito do controle, sabe? Desde que a mãe a abandonou com o pai, por causa da arritma dela...

— Espera. Você está me dizendo que o motivo da mãe de Annabeth ter a deixado para morar com o pai foi a droga de uma coisa que não era culpa dela?

Era fácil sentir o meu sangue fervilhar. Isso era tão horrível, que chegava a parecer desumano. Não se abandonava uma pessoa assim, principalmente por causa de uma coisa tão... superficial.

— Não é como se eles tivessem dinheiro para pagar o tratamento. E, sabe, agora Atena está muito melhor de vida.

— Mas eu falei com um médico e...

— Você realmente acreditou que seria fácil assim, Percy? É um problema de verdade, algo que precisa de uma atenção.

— Eu posso dar a atenção que ela precisar, senhor Quíron. Achei que isso estivesse claro.

— Perceus, meu filho, me desculpe por ser a pessoa que tem que te contar isso, mas como fui eu que comecei tudo... Atena me ligou, já sabia que a filha estava em uma espécie de relacionamento. Mas, por causa da sua saúde, o melhor pra ela agora seria... simplesmente ir pra casa. Não se preocupe, logo logo ela voltará, mas... não sei o que te falar.

Engoli seco, me lembrando da promessa que havia feito para Annabeth. Se eu ganhasse esse jogo, ela iria cantar aquela música estúpida. Parecia uma coisa idiota, mas havíamos planos, promessas a serem cumpridas... Me lembro como demorei para notar sua doença, e agora simplesmente sentia como se tivesse perdido tudo isso. Respirei fundo. Acima das promessas e do que quer que eu sentisse pela Annie, me preocupava mais ainda com sua saúde. Qual seria a vantagem de ainda tê-la se soubesse que seu estado só se agravaria, e ainda por cima a culpa sendo minha?

— Tenho um jogo, senhor.

— Me desculpe.

Fui embora para o vestiário, sem esperar para lhe dar uma resposta. Pensei em ligar para Annabeth, mas quando cheguei ela estava no vestiário absorta em uma discussão sussurrada com Nico. Ambos pareciam prestes a perder a cabeça, então me coloquei levemente sobre a frente da minha namorada.

— Algum problema?

— Vamos pra casa, Percy. — disse Annie exasperada, olhando para o garoto com uma feição assustada.

— Eu vou jogar. — respondi confuso.

— Mas...

— Você ouviu o que ele disse, Chase.

Rapidamente, ela saiu do vestiário. Porém, antes, parou do meu lado e sussurrou bem baixo algo que não pude ouvir. Tentei ir atrás dela, mas Nico me parou com uma cara decepcionada. É impressão minha, ou esse dia estaria mais estranho do que normalmente? Bufei e fui dar as ordens pro time. Havia planejado uma estratégia para essa final desde o começo, e sinceramente esperava que nada saísse do controle.

Ao entrarmos na quadra, os gritos se tornaram ensurdecedores. Na primeira fila, identifiquei meu pai ao lado de uma mulher que eu não sabia o nome, e minha mãe junto com Tyson. Só depois que a cabeleira loira de Annabeth se juntara com a deles, me deixando automaticamente mais calmo.

Ergui a bola em minhas mãos e a multidão apenas se animou mais. Aquele era o jogo da temporada. Ao chegar no meio da quadra, me agachei e coloquei a mão sobre a bola, fazendo uma cruz com os dedos sobre ela, um ritual que tinha desde meu primeiro jogo.

Alguns anos depois de começar com a experiência em campo, ficou algo tão... impregnado na minha alma que já nem mais precisava pensar sobre meus movimentos. A adrenalina simplesmente poderia entrar em minhas veias, fazendo os gritos excitados da multidão entrassem em mim em forma de combustível. A sensação era de simplesmente ser invencível, coisa que poderia me sentir dentro daquele uniforme.

Segurava as bolas, corria jardas e mais jardas, entorpecido pela emoção. Touchdowns eram feitos e a cada um meu coração parecia simplesmente sair de dentro da minha alma. Nosso placar, porém, não jogava muito ao nosso favor. Éramos ótimos, porém o outro time era simplesmente... espetacular. Tínhamos que nos superar.

E, de repente, sem nenhum motivo, apenas senti uma dor latejante e minha visão de desfez...

Fim do flashback

Percy, tá me ouvindo? — a voz de Annie do outro lado da linha me trouxe a realidade.

— O que você me disse antes de eu entrar em campo?

Percy...

— Por que merda você simplesmente não me contou que ia se mudar para a casa da sua mãe?

Eu...

— O que Nico tem a ver com isso tudo? Acho que não notou, mas ele é... bem, ele é meu parceiro.

Chego aí em quinze minutos.

Desligou o telefone, me deixando do outro lado da linha simplesmente furioso com tudo que havia ouvido. Respirei fundo, tentando me controlar, mas tudo que fiz foi pegar uma caneta e um papel, e segurando lágrimas de ódio, escrevi em garranchos provavelmente irreconhecíveis.

Eu odeio suas mentiras

Senhor Quíron, eu poderia facilmente falar todas as razões por qual simplesmente amo Annabeth Chase. Talvez seja o seu sorriso encantador, ou simplesmente o talento dela de ser ninguém além de ela mesma... mas, a coisa que mais me deixa furioso é a cadeia de mentiras que ela insiste em manter.

Doenças, família, problemas, medos, gostos... sinto como se ela tivesse cada pedaço de mim desde sempre e, infelizmente, ainda não conheço a real Annabeth Chase. Talvez esteja apaixonado por simplesmente mais uma de suas intermináveis facetas... e, céus, eu não sei como simplesmente sair dessa bola de neve em que me enfiei.

Não tê-la é simplesmente... perder o lado de mim que mais gosto. Mas do que adiantaria a prender comigo, se jamais poderia saber quem seria aquela com quem estava convivendo? O pior de tudo, é que me entorpeci tanto por meus sentimentos, que no fim mal notara que não sabia nada sobre aquela com quem, em meus sonhos, era minha todos os dias.

Sim, em algum momento passei a fantasiar-nos casando, tendo um futuro de verdade. Pensava que, um dia, simplesmente faria sumir seus medos e fantasmas.

Mas, aparentemente, estou preso sobre uma mentira.

E, senhor Quíron, eu odeio isso. Mas odiaria a ponto de acabar com o que mais me fizera feliz em anos por causa disso? Seria precipitado, já que toda a verdade caíra sobre mim tão repentinamente?

E, assim que vi Grover sair em busca de algumas enchiladas, deixei as lágrimas caírem livres.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, meus bombomzinhos *corações brilhantes*
Até o próximo.
Mayy