Lass voltou para perto de seus amigos.

— Ora, ora...

Ele parou de imediato com o ecoar da voz; contudo, não se virou.

— Não sabia que era tão parecido com o Lupus... A ponto de trair sua namoradinha fofinha por outra!

— Do que está falando?

Rey caminhou para frente de Lass.

— Eu bem vi você e aquela garotinha de vestido azul. – Disse num tom maldoso.

— E o que tem você a ver com a minha vida?

— Eu só estou dizendo que isso é desagradável, não acha?

— Desagradável é estar perdendo meu tempo conversando com você. Seu relacionamento com o Lupus não diz respeito a mim.

— Ah... É aí que você se engana, querido.

“Eu amo uma pessoa. [...] E ela corre perigo de vida.”

Lass elevou seus pensamentos na conversa recente com seu irmão. Quem seria essa pessoa?

— Você foi trocada, Rey? – Lass sorriu de canto.

A menina fechou o semblante.

— É por isso que veio até mim para contar suas dores e acha que pode me ameaçar? Olha, o que você e o Lupus vivem não é problema meu e, se não for pedir muito, finge que eu não estou aqui. Você conseguiu viver assim por anos. E outra: não venha de chantagem sobre o que você viu entre mim e a amiga de Ronan, porque eu te conheço.

Lass não esperou pela resposta de Rey e foi se encontrar com Arme.

Ao se aproximar da baixinha, a mesma indagou:

— Por que estava conversando com aquela garota? Não gosto muito dela...

— Nem eu.

— Então por que estava conversando com ela?

— Ela que se aproximou de mim, por causa do Lupus... Sabe como são essas garotas...

*

Rey respirou fundo.

— A senhorita deseja alguma bebida?

— A mais forte que tiver, porque hoje eu não quero estar sóbria para o que vai acontecer esta noite.

*

Azin estava há alguns metros distante de Rey. Via a falta de limites que pouco se preocuparam em colocar na garota. Por um momento seus olhares se cruzaram, Rey bebeu um gole da bebida e indicou, virando o rosto, para onde ele olhasse. Quando desviou sua atenção, um sorriso brincou em seus lábios.

Ele se aproximava e aproveitava os tantos de convidados para não ser visto, apenas para esperar o momento certo. Calculando os movimentos da pessoa que lhe interessava, não demorou muito para a oportunidade de causar um esbarrão.

—Perdão! – Amy andava distraída procurando alguém.

—Ora! Olá... Que prazer em revê-la, milady. – Cortês, Azin pegou a mão da rosada e depositou um beijo enquanto fazia uma reverência.

—O que faz aqui? – Surpresa, Amy não sabia o que fazer. Ficou olhando para todos os lados, desta vez, preocupada. -Você... – Ela parou e o olhou de cima a baixo. – veio de penetra?

—Não, - disse o menino rindo da reação da rosada. – estou de acompanhante.

Depois de um tempo, Amy percebeu que ele ainda segurava sua mão, e a puxou de volta.

—Ah... E não acha descortês deixar tua dama sozinha?

—Não, ela está se sentindo bem à vontade. – O sorriso cínico tomava forma no rosto do rapaz. – Entretanto, seu cavaleiro deveria se preocupar em deixar uma dama tão linda sozinha por aí.

Amy não se intimidava, sabia que Azin estava gostando de provocar e certamente gostaria de chamar a atenção de Jin. Ele gosta de holofotes apontando para si. Amy lhe dirigiu um sorriso forçado.

—Se me dá licença, - Amy levantou seu vestido e fez uma rápida reverência. – eu tenho onde ir. – E virou-se para onde tinha vindo.

Azin estufou o peito.

—Perdoe-me! – Amy suspirou pesado antes de virar-se para o olhar novamente. – É que não sei como se comportar diante a sua presença.

Azin atentou-se para alguém atrás da rosada, que, quando percebeu, fechou os olhos para desejar mentalmente que nada acontecesse.

—Olá, velho amigo.

O semblante de Jin fechou imediatamente. Antes que pudesse reagir, Amy virou-se em sua direção e, olhando em seus olhos, fez que Jin lê-se um não em seus lábios. O ruivo entendeu o recado e apenas cumprimentou Azin com a cabeça. Amy segurou nas mãos do ruivo e já o puxava para fora dali, mas o rapaz de cabelos de brancos queria conversar.

—Vejo que reivindicou a mão da bela dama. – O menino se divertia com o controle que o casal tentava mostrar diante sua presença. – Como conquistou a bela dama? Gostaria de tentar!

—Talvez esteja tentando com a dama errada. – Amy não fez questão de esperar qualquer palavra sair da boca do garoto e, simplesmente, puxou Jin para longe dali.

Após se afastarem, Jin e Amy tiveram uma rápida conversa. Jin estava preocupado. Lembrou-se de quando Azin visitou o colégio. Onde aquele garoto estava, tinha confusão, seja com ou sem a atenção de terceiros. Amy tentava mostrar que não havia com o que se preocupar. Se ele tentasse algo não teria como não ser visto e, imediatamente, detido. Jin ainda estava incomodado, mas não alongou a discussão. Amy tornou a procurar a Srª Erudon, pois gostaria de saber quanto aos preparativos da apresentação que se aproximava.

—Eu não estaria tão certo quanto à sua vitória.

Jin suspirou. “Estava demorando”, ele pensou.

—Você é um bom lutador, Azin. Como tal deve se conformar com as derrotas também.

—Ah... Então há uma luta aqui.

O ruivo sentiu um arrepio correr pela espinha. Era um mal pressentimento...

—Fique longe dos meus amigos... – Jin o olhou diretamente nos olhos e se afastou novamente de Azin.

*

Lass puxou Arme para irem para a mesa junto com Lire e Ryan.

— Ryan, vamos atrás do Ronan, ainda nem vi esse garoto.

Arme se sentou, mas levantou-se rapidamente.

— Lire, vamos atrás da Elesis!

O quarteto novamente se separou.

— Ei, ei! – Ryan parou de seguir Lass – Você está estranho, cara. Eu até entendo você não querer tirar foto, mas caçar o Ronan na festa dele também nunca foi o seu forte.

— Tem algo estranho.

— Hã? Além do fato de você estar vestido com roupas de séculos atrás, não tem nada estranho. Se bem que tem um salgado de frango que está regado de pimenta.

Lass riu.

— Só... Vamos procurar o Ronan.

— Lass, você é quem está estranho.

*

Enquanto Azin ia para um lado, Rey avistou seu alvo no outro. Tão sozinha. Tão indefesa...

—Esta festa poderia ficar um pouco mais divertida, não acha? - Edel levou uma de suas mãos para o peito. O susto foi inevitável. – Desculpe. - Rey riu divertida, tentando ser simpática.

—Tudo bem... – Edel soltou um ar pesado. – Eu só estava distraída.

—Sim, eu sei. – Rey ainda ria como quem iria aprontar. Mas logo voltou à sua pose nobre. – Mas então. O que achou do namorado da roxinha?

Edel se surpreendeu com a pergunta. Definitivamente, aquela garota entendeu nada.

—Olha, Rey, eu acho que você entendeu a história errada... Eu...

—Ah, não. – Rey a interrompeu. – Não venha me dizer que eu vi coisas demais, que não tem alguém aqui que você ache interessante.

A cada minuto que conhecia alguém, se surpreendia cada vez mais com o povo daquela cidade.

—Vamos lá, Edel. Desde que eu te vi percebi que temos muito em comum, sabia? Você é bonita, tem classe, é inteligente, parece ter atitude e é ousada.

—Acho que você está enganada. – Edel riu tímida.

—Sinto que, definitivamente, eu não estou. – Rey tinha um olhar penetrante e, com ele, conseguia total atenção de qualquer um. E isso também se aplicava à Edel. – Vou lhe dar uma dica valiosa: se você está interessada em alguém, tem que chamar a atenção dele. Pode ser que eles esteja olhando tão cegamente para um ponto fixo que esquece de olhar ao redor e ver que tem pessoas muito mais interessantes.

Edel sorriu, surpresa e admirada, mesmo que Rey tenha cismado estar certa.

—Obrigada. Eu vou lembrar disso quando for necessário.

—Disponha, lindinha. A vida é muito curta para ficar olhando para o mesmo ponto pelo resto dela.

Rey não percebeu, as acabara de dar um “Touché”. Aquelas palavras, para Edel, significavam muito mais do que Rey achava. Edel concordava que a vida realmente poderia ser muito curta para algumas pessoas...

*

Ronan e Elesis se entreolharam e sorriram.

— O tempo poderia parar agora.

— Não mesmo.

— Por que não? – Ronan riu, já esperando pela resposta da ruiva.

— Imagine eu ficar com esse vestido o tempo todo? Tá maluco! – Elesis se afastou um pouco do menino e olhou para si – Apesar de ele ser muito lindo, eu... Não combina comigo.

— Eu já acho o contrário...

— Não pedi sua opinião.

Ronan arregalou os olhos.

— Ai... – Colocou a mão no peito – Essa não só doeu, mas humilhou...

Elesis riu.

— É só para te lembrar com quem você está falando, tá bom?

— Ah... Eu sei bem.

Ronan suspirou.

— O que foi?

— Você não precisou mudar para eu gostar mais de você. Esse seu jeito sempre me encantou.

— Para um menino bem de vida. – Elesis olhou ao seu redor – E que vive como um príncipe num palácio, porque só essa festa aqui...

Ronan riu.

— Eu fico surpresa de você me aceitar do jeito que sou. Se bem que o mais difícil é aceitar do jeito que você é, né? Porque isso aqui ainda foge do comum.

Os dois riram.

— Preciso comer algo... – Elesis passou a mão na barriga.

— Eu também.

Ronan intentou ir junto com a menina, mas viu que Lire e Arme se aproximavam deles e aproveitou para deixar as meninas sozinhas.

*

Com o jardim amontoado de convidados, Lass se aproximou mais da casa de Ronan, onde a movimentação era apenas dos funcionários.

— Sabe aquela menina que está aqui na casa de Ronan?

— Hm... – Ryan fez menção de lembrar.

— É essa mesma. Eu preciso descobrir quem ela é. E o que ela pretende.

— Peraí... Deixa eu ver se entendi: Você me chamou para um canto longe da falação e da comida para falar de uma pessoa que eu mal conheço como se ela fosse a Angelina Jolie no filme Salt e ainda me diz que precisa descobrir quem ela é e o que pretende? É isso?

— É... É por aí... – Lass estreitou os olhos – Que filme é esse?

— É bem bacana, depois marcamos para ver no Netflix, convenci meu pai a pagar pra mim.

Lass arqueou a sobrancelha.

— De qualquer forma, é mais ou menos isso o que você falou. Essa menina tem algo misterioso no olhar.

— Igual você, meu amigo, e não é por isso que eu vou chamando o Ronan pra conversar, porque precisamos descobrir sobre você.

— Se tentarem fazer isso... – Lass parou um pouco – Vocês não conseguiriam fazer isso. – E riu.

— Já fomos agentes 007 um dia, não se esqueça disso.

— Para com essas maluquices que o assunto é sério.

— Não, para de ser maluco você. Acho que você foi solto e eu vou ligar para o primeiro hospício para te internar. Farei isso porque te amo e quero te ver bem. Só fica aqui pertinho de mim.

Lass balançou a cabeça negativamente.

— É sério, Ryan.

— Eu sei, só um minuto. – Ryan pegou o celular.

Lass tomou o aparelho de sua mão.

— Preciso encontrar o Ronan.

— Agora não dá...

— Por quê?

— Olha.

Ambos olharam para a cerimonialista, que anunciava as valsas tradicionais da noite.

*

Como era de costume, os primeiros a dançar eram a Sra. e o Sr. Erudon.

As luzes foram apagadas. Os lustres que haviam no jardim permaneceram acesos e o globo de vidro que o DJ colocara dava um efeito devido a luz da lua e dos lustres. A Valsa do Imperador foi tocada por uma orquestra que ali se prontificavam.

Os dois se aproximaram e dançaram juntos. Havia uma lembrança enquanto os dois dançavam. E a lembrança vinha da Sra. Erudon, que graciosamente bailava com a melodia da valsa.

— Ai... Ela está tão linda! Quando eu crescer, quero ser como ela! Olha o vestido da Sra. Erudon! E o balançar dos cabelos! Nossa! – Amy falava com Jin, que ainda estava disperso após o encontro com Azin.

A rosada pegou seu IPhone e começou a gravar aquele momento.

A valsa estava no seu término e, como de costume, alguns casais mais velhos também se reuniam junto com os anfitriões para terminaram a dança.

Aplausos se ouviram harmoniosamente após o encerramento.

*

Arme e Lire foram até o DJ, a baixinha tinha um pen drive na mão.

— O senhor colocará qual música agora?

— Perdão?

Arme se aproximou mais do DJ e perguntou novamente:

— Qual é a música agora?

— É outra valsa, para o aniversariante.

— Eu vim a mando da Sra. Erudon. – No momento em que Arme falou isso, Lire abriu a boca – E ela pediu para mudar.

— Mas todo ano é a mesma coisa.

— Esse ano não. Se você não percebeu, a princesa desse ano é outra.

O DJ espreitou os olhos para a pista e viu Elesis indo de encontro a Ronan.

— É... Não é mais aquela rosada.

— Então, eu sou amiga daquela ruiva e a mãe do aniversariante pediu para que eu viesse aqui lhe dar a música que mais combina com esse casal. – A baixinha riu e olhou para Lire, que também ria.

— Essa música é para firmar o relacionamento dos dois. – Lire encerrou o convencimento.

O DJ pegou o pen drive e Arme só faltou pular. As duas amigas se afastaram.

— Arme, tem certeza que você escolheu a música certa?

— Lire, eu ouvi essa música e achei a cara deles. E eu vi a tradução, tá bom? – A baixinha cruzou os braços.

— Tudo bem, confio em você.

Arme soltou um sorriso de que teria algo a mais.

— Será que o Sr. e a Sra. Erudon se importariam de a música ter algo a mais no final?

— Bem... Você trocou a valsa tradicional... Mas... Que surpresa seria essa, Arme?

A baixinha riu mais ainda.

*

A cerimonialista novamente fez o anúncio, agora, chamando Ronan. Seus amigos gritaram.

— Lindo! Divo! – Bradou Amy, olhando para Jin e sussurrando “Eu te amo, tá?”.

Ronan fez sua entrada até o meio do jardim, Lass e Ryan também foram para mais perto dos convidados.

— Estou me sentindo o Brad Pit novo. – Disse Ronan, jogando o cabelo pro lado.

— Tá mais pra Justin Bieber. – Brincou Ryan, arrancando gargalhadas dos amigos. 

Ronan negou com a cabeça, mas riu também.

Elesis estava se aproximando mais do local da dança e um frio lhe tomava a barriga.

*

Rey não perdeu tempo após a conversa que teve com Edel. Avistou Azin e piscou para ele.

A menina se aproximou da ruiva, que andava se equilibrando no salto e distraída. Foi o momento perfeito para Rey esbarrar em Elesis e derruba-la.

— Qual é o sabor de ser derrubada por alguém e perder o momento triunfal da sua vida? – Rey parou de frente para Elesis e se referia ao campeonato que perdera.

A ruiva não entendeu de imediato, até que Azin apareceu, segurando o braço da menina ainda no chão, impedindo-a de se levantar.

Como os convidados estavam focando na entrada de Ronan, não perceberam a menina. Um garçom que vinha servindo, deixou a bandeja numa mesa para ajudar Elesis, mas Azin avisou que já estava ajudando-a.

Elesis estava perdida.

— Solte-me! – Puxou seu braço para si, mas Azin foi mais forte.

Assim que o garçom se retirou, o rapaz que segurava Elesis deu um soco forte em sua perna, na altura do tornozelo.

A ruiva mordeu os lábios pela dor e olhou para frente, surpreendendo-se com quem assistia a cena sem fazer nada.

— Isso dói, não é? Eu me senti assim também quando você abriu a boca para me desclassificar. Agora quero ver você dançar com a perninha machucada.

Azin puxou Elesis para ficar de pé.  A ruiva se segurava com a dor para não chorar.

— Se quiser, eu a ajudo a tirar esse salto, porque... Se eu te soltar... – E assim agiu, soltando Elesis – Você cai.

A ruiva se desiquilibrou e caiu.

— Idiotas! – Socou o chão, após a queda.

Rey olhou para a menina caída e ria.

— Ah, outro aviso: Isso é para dificultar a sua aproximação de Ronan. Caso o contrário... – Rey se agachou de frente para Elesis – Eu terei que machucar a outra perna.

A ruiva recuou a perna que ainda estava boa e, por impulso, deu um chute em Rey, que também caiu no chão.

Azin socorreu a menina, que se levantou furiosa.

— Não me provoque! – Disse Rey, ajeitando o penteado e o vestido.

— Acho que a dor que ela está sentindo é pouca. – Azin ameaçou machucar Elesis, mas Rey o segurou.

— Deixa estar. O recado já foi dado. Ela não pertence a esse meio. O seu lugar, queridinha, - Rey falou diretamente olhando nos olhos de Elesis – É no chão, longe da realeza.

A ruiva não olhou Rey e Azin indo embora, mas, sim, para a pessoa que estava ao longe.

*

Jin estava incomodado, não pela euforia de sua namorada, mas por não ver Elesis ali por perto, pois seu nome já seria anunciado.

— Já volto. – Avisou a Amy, que apenas se virou ao ver Jin sair de seu lado.

Jin foi pedindo licença para passar, pois o pessoal estava atento ao discurso de Ronan, agradecendo pelo último aniversário que era comemorado daquela forma, já que atingira uma idade de “independência”. Preocupado com a irmã, levou um esbarrão, mas nem se atentou, até que ouviu a voz.

— Ora, ora... Se você está aqui, então a rosada está sozinha... – Implicou Azin.

— Não tenho mais tempo para falar contigo.

Azin deu um sorrisinho que irritou Jin.

— Não me provoque, pois não terei piedade em te dar uma surra aqui. E seria muito descortês com essa festa. – Avisou o ruivo – Ah, e fique longe de Amy.

Azin esperou Jin se virar.

— Pode deixar que com a Amy eu serei carinhoso, ao contrário de sua irmã...

Jin sentiu seu peito apertar e começou a correr. Ao sair da multidão, viu Elesis tentando se apoiar na mesa para levantar e apressou-se em ajuda-la.

— O que houve?

— Aquela idiota da Rey! Droga! – Elesis se apoiou no irmão, que a colocou sentada na cadeira.

— O que ela te fez?

Elesis puxou o vestido e Jin viu que a perna de sua irmã estava com hematoma.

— Está roxo isso aí! – Colocou as mãos na cabeça – Foi quem? Ela ou ele?

Elesis temeu dizer.

— Foi ele, né? Covarde!

—Ei, ei! Fale baixo.

— Quando o Ronan terminar os agradecimentos, eles nos chamarão. E agora?

— Chama a Arme e a Lire pra mim, por favor. Você não vai conseguir me ajudar nervoso desse jeito.

— Eu vou acabar com a vida dele! – Jin cerrou o punho.

— Ou! Calma. – Elesis estava nervosa, mas tentava tranquilizar o irmão – Volta para perto da Amy, nunca se sabe o que eles são capazes de fazer...

— Pensei nunca mais ver aquele garoto na minha frente! Ele deve ter ficado com mais raiva depois do que eu disse a ele.

— Pera... Vocês já se encontraram?

Jin assentiu.

— Então já estava marcado.

— O quê?

— O pai do Ronan viu toda a cena e não se moveu para vir me ajudar, deixou-me caída no chão e deu as costas.

— Elesis... – Jin suspirou, pois lembrava da conversa com Amy, mas não podia contar – A melhor coisa é você terminar com o Ronan. Depois dessa...

— Não! É isso que eles querem! O Ronan não tem nada a ver com isso!

Os dois se entreolharam.

— Papai me deixou com a responsabilidade de cuidar de você e eu não vou falhar, mesmo que para isso...

— Ei! Ninguém fará nada comigo. Eu tive um pequeno descuido. Era para eu ter ficado perto do pessoal. Já foi. Mas não envolva o Ronan nisso, está me ouvindo? Agora chama a Arme, por favor.

Jin correu para atender ao pedido de sua irmã.

Ao se aproximar de onde a baixinha estava, fez um sinal com a cabeça, para que ela fosse ao seu encontro.

— O que houve? – Perguntou a baixinha.

— Jin! – Amy o puxou para si – Por que me deixou sozinha? Iremos dançar!

O ruivo se aproximou rápido de Arme e falou ao seu ouvido. A baixinha levou a mão até a boca.

— Vai logo, por favor.

Arme levantou o vestido e se apressou.

— O que foi isso, Jin? – Amy cruzou os braços.

— Nada, nada... Coisa de Elesis. – Disfarçou o ruivo.

Amy não levou aquilo muito a sério, mas assentiu em concordância, puxando o menino para onde estavam.

*

Ronan estava chamando os amigos para agradecer e presenteá-los.

— É aquele porta-retrato de festa de 15 anos? – Indagou Ryan, ao se aproximar do amigo para receber o presente.

Lass riu.

Ronan balançou a cabeça reprovando aquela pergunta.

— Também vai ficar sem presente!

E, ao invés de dar para Ryan, entregou para Lass.

— Poxa, cara... Tantos anos de amizade e você vai me deixar sem presente?

Ronan abraçou Ryan de lado, juntamente com Lass para tirarem foto e Ryan riu largo.

Assim que a foto bateu, Ronan falou com o amigo.

— Vou te deixar sem presente. – E cruzou os braços.

— Criança. – Revidou Ryan – Eu vou falar com a sua mãe. A tia Helena vai brigar com você, idiota! – E balançou a cabeça no final.

*

— Elesis! – Arme correu até a amiga – O que houve? Jin falou que precisava de mim e que estava afastada do grupo.

— Eu torci meu pé com esse salto. – Elesis olhou para o salto ainda no seu pé, mentiu para Arme, pois sabia que a história era longa e também era melhor não envolver mais ninguém.

— Não consegue ficar de pé?

A ruiva negou.

Arme colocou a mão na cintura.

— Eles já vão te chamar para a dança.

— Eu preciso dançar, Arme, me ajuda.

A baixinha arregalou os olhos.

— Uau... A última coisa que eu pensaria ouvir de você era essa frase.

— Arme! – Elesis a chamou com pressa.

— Calma! Preciso pensar! – Arme passou a mão na cabeça e depois bateu em suas bochechas – Já sei! Eu trouxe meu tênis.

— Por que você trouxe um tênis?

— Na verdade... – Arme sorriu – Eu trouxe uma mala...

— Hã? Arme!?

— Eu estava pensando em outra festa do pijama na casa da Lire, poxinha...

— Só você mesmo... – Elesis riu.

— Está perto de nossa mesa, pegarei para você.

A ruiva assentiu e esperou.

Arme correu até sua mala debaixo da mesa e procurou pelo tênis, por sorte, estava sobre as roupas, dentro de uma sacola. E voltou ligeiramente até a mesa onde Elesis estava.

— Prontinho. – Arme entregou o tênis, para Elesis segurar e ajudou a amiga a tirar o salto – O All Star está um pouco sujinho, mas o vestido irá tampar.

Elesis riu.

— Será que conseguirei levantar?

— Bem... Se torceu o pé, você sentirá dor, mas de salto você não conseguirá dar dois passos até o centro da pista de dança. No entanto, coloque o tênis e eu te ajudarei chegar lá, depois você se apoia no Ronan.

— Bem pensado.

As duas ouviram o nome de Elesis sendo anunciado.

— Rápido, rápido! – Arme ficou nervosa, vendo Elesis calçando os tênis.

Pela demora, a cerimonialista brincou que a princesa havia ido embora por dar meia noite.

Rey riu de um lado. O Sr. Erudon já havia voltado para perto de sua esposa e permanecia sério. Ronan olhava para seus amigos e reparou que Arme não estava ao lado de Lire. Edel também observava a situação preocupada. Jin tentou sair de perto de Amy, mas a menina o segurou.

Assim que Elesis se calçou, pediu ajuda a Arme para se pôr de pé.

A baixinha a olhou, assentindo e ajudando Elesis como apoio e começaram a andar. Elesis dava passos longos e tentava não forçar a perna machucada.

À medida que Elesis se aproximava, os convidados davam passagem. Jin viu sua irmã e que Arme a ajudava e saiu de perto de Amy, que nem pôde impedir.

— Deixa comigo agora, senão ficará óbvio que ela está machucada.

Arme assentiu.

— Anda devagar, eles nem notarão. – Aconselhou Jin e Elesis concordou.

Ronan ainda não conseguia ver Elesis, mas sentiu seu coração disparar, pois as pessoas se movimentavam.

— Aí vem ela, gente! – Anunciou a cerimonialista – A donzela desta noite ao encontro de seu Príncipe! - Todos estavam esperando pela valsa e aplaudiam, até que o DJ colocou a música. Arme olhou para Lire e as duas olharam para os pais de Ronan.

Assim que Ronan viu Elesis, logo reparou que havia algo diferente e começou a caminhar até ela, mas Elesis esticou o braço, pedindo para ele parar.  E assim ele fez. A Sra. Erudon olhou para seu marido e ambos para o DJ, que estava ligado em como a música entrava em harmonia com a cena.

“Há algumas coisas sobre as quais não falamos

Melhor continuarmos sem

E simplesmente segurar o sorriso

Apaixonado e desapaixonando

Envergonhado e orgulhoso

Juntos todo tempo”

Jin a entregou para Ronan.

— Cuida dela agora. – O ruivo disse num tom gélido, o que fez com que Ronan tivesse certeza de que algo acontecera.

Jin se afastou.

Elesis rapidamente se apoiou em Ronan, que sentiu a força que a ruiva jogou em seu corpo para ficar de pé.

Ronan a abraçou.

Imagine que você é a rainha de tudo

Na medida em que os olhos podem ver

Sob seu comando

Eu serei o seu guardião

Quando tudo estiver desmoronando

Vou segurar firme a sua mão

— Eu não esperava por essa música...

— Nem eu... – Disse Ronan – Elesis...

— Shiu... Não perca esse momento, porque ele nunca mais vai acontecer.

— Nunca?

Elesis negou com a cabeça. Ronan a acomodou mais em seus braços.

— Tá bom...

Do mesmo modo que ocorreu com a valsa, Jin e Amy se aproximaram perto do final da música para dançarem também. Jin já não estava mais preocupado com a dança, mas, sim, com a sua irmã.

Assim que terminou a música, começou uma batida mais agitada. Arme achou o momento perfeito para a saída de Ronan e Elesis, sem que alguém suspeitasse de algo.

— Uhul! – A baixinha puxou Lire para o meio da pista.

“This is living now”

Lire chamou Ryan, que saiu correndo para junto delas. Lass só observava, mas logo foi puxado pela baixinha. A mãe de Ronan riu graciosamente, vendo que todos estavam acompanhando aquela alegria juvenil contagiante.

*

Mari não se limitou a tocar a campainha, respirando pesadamente.

— Se Amy estivesse aqui, ela me faria focar mais em minhas ações quando ele abrir a porta do que sofrer por antecipação, como aquele livro descreve. Droga... O que estou fazendo?

Sieg abriu a porta. Ficara surpreso com a visita inesperada.

— Falando sozinha, Mari?

— Peço desculpas, antes de tudo. – Mari entrou, sem esperar que o moreno desse passagem, empurrando-o para dentro, ficou em frente a porta e foi se encostando até fecha-la – Mas não posso mais esperar.