Virou Simplesmente Amor escrita por Mary e Mimym


Capítulo 23
Véspera - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Essas notas serão curtinhas. Não demoramos muito Kkkkkk
Esperamos que gostem ^-^
Ah, decidimos partir o capítulo, como puderam ver kkkkk
Tava gigante e.e
Enfim! Boa leitura õ/



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Ronan estava inquieto, ouviu algumas músicas para relaxar, mas a cena de Edel não saía de sua cabeça. Elesis estava para chegar e ele não poderia se dispersar muito.
Fez algumas pesquisas sobre a doença que Edel havia comentado. Preocupou-se demasiadamente. Sentiu na pele a dor, ainda que superficial, que a menina poderia estar sentindo. Mas ainda não entendia muita coisa. Por que só Edel estava agindo? E seus pais? E por que ainda não encontrou um doador capaz de salvar a vida do seu irmão? Mas, de todas as perguntas, Ronan ainda tinha em mente: Por que o seu nome fora cogitado na conversa entre Edel e seu pai?

A ansiedade falou mais alto. Correu para o jardim.

— Filho! - Seu pai chegou e levou um esbarrão por parte do menino.

Sr. Erudon virou-se para ver onde o seu filho ia. Surpreendeu-se ao vê-lo arrancando a camiseta e se jogando na piscina. Sorriu.

— Está tudo bem? - Indagou sua esposa, ao vê-lo chegar.

— Está tudo melhorando... - Murmurou de forma audível.

Aproximou-se para beijar sua esposa.

— O que pretende? Não desistiu dos seus planos, não é?

Sr. Erudon segurou nas mãos da mulher, que abaixou a cabeça.

— Só estou protegendo nosso filho.

Ela negou com a cabeça.

— Aqui não é lugar para ele. Nunca foi.

***

— Ronan! - Edel se espantou com o pulo do menino. 

Ele, por sua vez, nadou até Edel, fazendo-a recuar para a borda.

— Está maluco? Deste-me um grande susto! - Repreendeu a menina, tirando o excesso de água do rosto e jogando o cabelo para trás.

Ronan tomou a mesma ação em jogar seu cabelo para trás. Ao colocar Edel contra a parede da piscina, numa parte onde conseguiam por os pés no chão, se aproximou tanto, que fez o coração da menina disparar.

Ambos ficaram muito próximos, muito além que uma proximidade de abraço. Edel estava ofegante. Seu maiô sintonizava com o respirar do pulmão.

— Edel... - Ronan quebrou aquele súbito silêncio - Eu sinto muito sobre seu irmão.

A menina abaixou o rosto.

— Mas não quero que me esconda o que pretende fazer. Quero ajuda-la.

— Ronan, você não...

— Espera! Eu sei que essa missão é importante para você, porque eu vi como uma pessoa fica por causa desta doença. Vamos achar um doador, seu irmão voltará a ser saudável e você voltará para a sua casa!

— Não é tão simples...

— Como não?

— É preciso ser alguém compatível e... Por mais clichê que seja, é muito difícil encontrar alguém com essa compatibilidade, parece até que essas doenças raras atingem mais as pessoas que tem um acesso mais dificultoso. - Reclamou.

— Mas nós vamos encontrar!

Edel olhou nos olhos de Ronan. Ela tinha um desejo ardente em se aproximar mais dele. Tentou se esquivar pela borda e sair daquela situação, mas Ronan segurou em seu braço.

— O que tanto te incomoda? Pensei que fosse ficar feliz com minha ajuda.

— Solte-me, Ronan!

— Eu quero te entender, Edel.

— Você não conseguiria!

— Explique-me, então!

— Solte-me! - Bateu com o braço na água, espirrando em ambos os rostos.

Ronan já tinha a resposta pronta, comentaria da noite passada em que seu nome fora citado. Mas uma terceira pessoa o interrompeu:

— Você não a escutou, idiota azul, solte-a!

Os dois que estavam na piscina olharam para a borda da outra extremidade.

***

Lothos recebera um telefonema de Zero, perguntando se a diretora estaria no colégio, mas ela respondeu que precisava resolver algumas coisas e não compareceria neste dia. Só na próxima semana antes da volta às aulas.

Estava olhando para a chave de seu carro em cima do balcão de sua cozinha. Suspirou. Havia uma fotografia ao lado.

— Sinto sua falta... Você saberia o que fazer. Mas farei o seu sacrifício não ser em vão... Aliás... - Pegou as chaves - Chega de sacrifícios.

***

O jardineiro da casa se atentou a cena, correu para pegar uma toalha para Ronan. Aproximou-se com a mesma assim que ele e a menina saíram da água.

— Oi! - Alegrou-se Ronan com a presença da ruiva e agradeceu ao jardineiro, que se retirou, mas continuou a observar o trio que se formara.

Elesis olhou para Edel. E depois encarou Ronan.

— Essa era a surpresa, Ronan?

O menino engoliu a seco, sem graça com a situação.

— Não, não... Era para ser... - Ele suspirou.

Edel pegou sua toalha e enxugou seu rosto.

— Não entenda mal, Elesis, Ronan apenas queria me ajudar em um assunto, mas recusei de forma equivocada, por isso chegou em um momento um tanto túrbido aos seus olhos. Mas não se preocupe... - Edel olhou para o rapaz - Está tudo bem. Peço a licença de vocês. - E retirou-se.

A ruiva sentiu-se acanhada por causa de Edel, sua forma culta de falar e agir.

Ronan pegou na mão de Elesis.

— Está tudo bem...

Elesis lhe deu um soco no braço.

— Vai sonhando que está tudo bem!

Ronan passou a mão no local dolorido.

— Acho que não irá rolar nem um beijo, né?

A menina bufou.

— Eu vou embora, idiota!

— Não, não! Por favor! Foi minha mãe quem te chamou para vir aqui.  Não faça isso com ela, apesar de eu tê-la feito ficar com raiva de mim. Mas não foi nada de mais essa cena que viu, eu só... - Ronan fitou o chão - Queria esclarecer umas coisas...

— Sobre o quê? - Perguntou curiosa.

Ronan olhou para atrás e puxou o pulso de Elesis, conduzindo-a até as mesas e cadeiras que se encontravam perto da piscina.

— Promete não contar para ninguém?

— Do que está falando, idiota azul!? - A menina relutou em sentar.

— Só responde se promete não contar.

Elesis  sentou-se e viu que a expressão de Ronan era séria e preocupada. Assentiu com o balançar da cabeça.

***

Edel estava subindo as escadas enquanto o Sr. Erudon descia as mesmas.

— Por que tanta pressa? Pensei que estivesse com Ronan.

— Ele está com a namorada dele.

Sr. Erudon então parou Edel pelo braço.

— Seu irmão piorou, você tem a salvação dele nesta casa e deixa a oportunidade passar por causa de uma garota? Está perdendo seu tempo, Edel, está perdendo seu tempo... - Soltou-a e continuou a descer.

Edel cerrou o punho e continuou a subir correndo.


***

— Bem... - Ronan começou - Aconteceu algo muito estranho noite passada. Tipo, o irmão de Edel está doente e tal, mas descobri hoje que a doença dele é rara e... Preocupante. Tipo, o menino pode morrer! - Ronan sussurrava de forma dramática - Agora eu entendo porque a Edel é tão pensativa e receosa, cada tempo que ela perde aqui é um tempo valioso que o irmão dela perde lá.

— E por que ela veio para cá?

— Deixa eu falar, ué!

Elesis lhe desferiu outro soco, fazendo Ronan reclamar.

— Chata.

A ruiva revirou os olhos.

— É para você aprender que não se levanta o tom para mim.

Ronan abaixou a cabeça.

— Conta logo!

—  Tá bom, tá bom... Enfim, ela veio para cá atrás de um doador. Um doador compatível, como o tipo sanguíneo do irmão dela é raro, exige uma compatibilidade exata. Por isso ela veio para cá em busca desta pessoa. Eu já ouvi Edel ligando para uma série de hospitais, mas é muito difícil. Ainda mais sendo um transplante de uma parada lá.

— Nossa... - A ruiva olhou para a entrada da mansão - Isso deve ser difícil para ela...

— E é... - Ronan suspirou - Mas o pior, eu acho... Foi o que ouvi. Meu pai e Edel estavam conversando.

— Sério?

— Aham! E meu nome foi cogitado!

— O quê?! Você pode ser compatível!?

— Shiiiiu! - Ronan tampou a boca de Elesis - Fale baixo!

A ruiva ameaçou bater em Ronan, mas se conteve.

— Isso é incrível! - Ela disse, expressando bom humor - Você pode fazer algo bom para a sociedade, idiota. - E riu.

— Haha... - Ronan uniu as sobrancelhas - Você não acha isso estranho? Logo eu?

— Bem... Edel só deve estar com medo de te avisar isso. De você responder não... Mas ai de você se negar ajudar a salvar uma vida! - Elesis se levantou com autoridade.

— Não, não é isso! - Ronan também se pôs de pé - Algo soa estranho. Edel anda estranha.

— Como assim?

— É como se ela relutasse em me contar, tanto que, quando você chegou, eu estava entrando nesse assunto.

— Ah... E gritando com ela você acha que conseguiria algo? - Elesis cruzou os braços - Ainda mais tão perto do jeito que estavam. - Virou o rosto.

Ronan sorriu com a ação da ruiva e coçou a cabeça.

— É... Talvez eu tenha me exaltado... - O menino se aproximou mais de Elesis - Então, o que devo fazer para Edel falar comigo?

— Eu não faço a menor ideia... - Elesis respondeu como se não quisesse mais que Ronan falasse com Edel. Preocupou-se com mais uma súbita aproximação.

— Isso está confuso. Acho que tem algo a mais por trás disso tudo.

— Ronan! - Chamou seu pai.

Os dois jovens olharam para a porta da mansão.

— Entre que está esfriando!

Elesis sentiu um calafrio. Ronan segurou a mão da menina e caminharam em direção à casa. A ruiva só sorriu ao ver a Sra. Erudon esperando-a. A mãe de Ronan acalmava o ambiente.

— Olá, pequena Sieghart. Como anda seu pai e seu tio? - Indagou o Sr. Erudon, ao estarem na sala.

Elesis olhou para Ronan. E a senhora Erudon encarou o marido.

— Meu pai está viajando a trabalho. E... Meu tio? Se fala de Sieghart, aquele velho que dá aula, - A ruiva riu - Eu nunca sei o parentesco dele de verdade, é um tremendo idiota! Não sei como faz parte da família...

Elesis conseguiu o inacreditável: arrancar uma risada do pai de Ronan. O menino e sua mãe se surpreenderam. Apesar de a Sra. Erudon desfazer o rosto surpreso em decepcionado em instantes.

— Concordo plenamente com você. - Disse o pai de Ronan.

— Mas por que pergunta de meu pai e do Ecnard? - Elesis acabou fazendo com que o clima da sala voltasse a ser de tensão.

O Sr. Erudon olhou para sua esposa, que permanecia cabisbaixa.

— Curiosidade... - Pigarreou - Já tive a oportunidade de conhecê-los na Faculdade.

— Hum... Meu pai nunca comentou do senhor.

— Deveras não ter tempo com ele para lhe contar histórias... Acredito eu...

Elesis não entendeu a indireta do Sr. Erudon. Como é que ele sabia que Elesis não tinha muito contato com o pai?


Porém, a Sra. Erudon cortou o assunto, chamando a ruiva para irem ao quarto. Elesis estranhou ir ao cômodo íntimo da mãe de Ronan, o que ela não sabia, era que o quarto, na verdade, era um closet.

— Uau!

Ronan estava perto e riu. A Sra. Erudon também e, ao ver que seu filho continuaria a segui-las, impediu-o.

— Você fica. - Disse sua mãe.

— Mas, mãe...

— Sem "mas" nem meio "mas". Você não pode ver. Tradição é tradição, filho.

Elesis enrubesceu. Estava se sentindo incomodada. Nunca pensara, em sua vida, ter que vivenciar um momento desse.

Ronan, então, deu-se por convencido. Aproximou-se de Elesis e lhe deu um beijo na bochecha. E, antes de se retirar, sua mãe lhe fez um pedido:

— Chame Edel para estar aqui conosco.

A ruiva sentiu-se acanhada. Mas respirou fundo e encarou a situação. Ela e Edel poderiam ser amigas... Não, não poderiam não!

A mente de Elesis entrou em conflito.

— Vamos? - Chamou a mãe de Ronan. A ruiva assentiu e entrou no closet.

Em dois minutos, Edel apareceu. Bateu na porta e pediu licença.

— Pode entrar, meu anjo, eu estava contando a Elesis como é a festa tradicional Erudon.

— E é muito diferente de tudo que já vi, diga-se de passagem...

Edel sorriu forçadamente. Algo a incomodava naquele ambiente.

— Bem, quero lhe mostrar uma coisa Elesis; e para você também, Edel. - Levantou-se a mulher da poltrona realeza que tinha naquele cômodo.

Ao fundo do quarto, tinha caixas e mais caixas, a maioria azul e apenas uma vermelha. A Sra. Erudon pegou duas. Assoprou para tirar a poeira e levou para onde as meninas estavam. A mãe de Ronan deu a vermelha para Elesis e uma das azuis para Edel.

— É para vocês. Quero que fiquem com eles. Já não dão mais em mim. - Ela riu simpaticamente.

Edel foi a primeira a abrir e se encantou com o vestido.

— Nossa... É esplêndido tamanha delicadeza. - Colocou a sua frente e olhou-se no espelho - Sinto-me como Julieta de Shakespeare.

Elesis arregalou os olhos. Nunca lera nenhuma obra do autor citado. Mas por ser famoso, e agradeceu por isso, reconheceu, podendo soltar um breve sorriso de entendimento.

 - Graciosa! - A Sra. Erudon sorriu.

Edel pôde suspirar aliviada. Talvez nem soubesse que havia feito tal ação. Elesis, porém, percebeu. Passou em sua mente o que Ronan tinha lhe contado. Teve empatia. Colocou-se no lugar de uma jovem com uma responsabilidade tão grande. "Se fosse o Jin...". Suspirou. Queria poder falar com Edel, apoia-la. Mandar Ronan ir naquele exato momento salvar a vida do menino.

— E você, Elesis, não abrirá a caixa? - A mãe de Ronan parecia ansiosa. Havia motivos para estar.

— Ah... - Despertou-se - Sim, sim, abrirei. - Ao tomar tal ação, surpreendeu-se com o traje que se encontrava na caixa - É lindo... - Foram as únicas palavras que pronunciou.

Retirou da caixa e viu-o por inteiro. A Sra. Erudon admirava a ruiva.

— Não posso usar. - Entregou-lhe.

— Por que  não? É um presente.

— Deve ser caríssimo e ser algo que te traz memórias, não posso ficar.

A Sra. Erudon sorriu para Elesis e não pegou o vestido.

— É seu. Pertence a você. É o único vestido vermelho que tive. Foi a minha primeira festa tradicional, quando os avós de Ronan ainda eram vivos. Antes de eu tê-lo. Eu tinha acabado de concluir a faculdade quando participei.

— Viu?! Não posso! - Elesis recuou e bateu na poltrona.

— Mas ficará lindo em você. Combinará com seus olhos...Seu cabelo. - Edel tentou ajudar.

— Terei que dançar, usar essa roupa e... Não! Chega! Isso é loucura! Essa família não poderia ser normal? - Exaltou-se.

— Olhe pelo lado bom: É o primeiro e último. - Comentou a Sra. Erudon.

Elesis suspirou. Foi para frente do espelho e fez como Edel, colocando o vestido junto ao corpo.

— Está linda... - A mãe de Ronan olhou para a ruiva como se visse a si mesma.

Um silêncio pairou, até que surgiu uma indagação na mente de Elesis:

— Sra. Erudon, por que escolheu vermelho para ser seu primeiro vestido nessas festas?

A mãe de Ronan respirou de forma bruta, mas sorriu ao final. Lembrou-se de seu passado e como se tornara presente. Ela caminhou até a poltrona realeza e se sentou.

— Bem... Na minha juventude eu vivi um romance rubro. - Ela riu - Mas... - Suspirou - Não deu certo. Talvez nunca fosse para dar. Eu só sei que me apaixonei por vermelho  de uma forma intensa.

— Mas e o azul? - Elesis ficou confusa.

— O azul surgiu em minha vida quando conheci meu atual marido de forma mais profunda. Já éramos amigos. Começamos a namorar depois de minha decepção. Então... Vi outra cor que estava começando a me atrair e a me encantar. E o nome "Ronan" foi a confirmação disso.

— Como assim? - Perguntaram Elesis e Edel, juntas.

— Ronan é um nome de origem Irlandesa, e significa  “pequeno selo” ou “garantia”. Além de ter características como o que é simples, sincero, que protege ou aquele que tem responsabilidade.

— Uau... Tem a cara dele... - Edel comentou para si, mas fora ouvida e Elesis a olhou desconfiada, porém, aos mesmo tempo, viu uma oportunidade de Edel poder falar com Ronan sobre aquele assunto.

— Sim, combina com o Ronan. - Afirmou a mãe.

— Quer dizer que você teve um amor antes do pai do idiota azul? - A ruiva balançou a cabeça rapidamente - Digo, do Ronan.

Edel olhou para Elesis e sentiu algo diferente, algo que ela não tinha: intimidade com o Ronan e isso entristeceu o semblante de Edel.

A Sra. Erudon suspirou profundamente e sua mente se voltou ao seu passado. A ruiva percebeu.

— Desculpa... Não queria me intrometer.

— Não, não... Está tudo bem, é passado. Um bom passado. - Sorriu - Eu conheci um rapaz que tinha lindos olhos rubros e um coração que sabia que deveria fazer o certo. Não desgrudava de um amigo... Eu tive pouco tempo ao lado dele, mas foi o suficiente para me apaixonar. Porém, durou pouco. Ele começou a se arriscar em muitas coisas, principalmente com esse amigo dele e... Eu tive medo de perdê-lo de alguma forma. Mas acabou acontecendo o que temia... Tive que me afastar dele por causa de meus pais e foi quando o meu amigo, hoje, o meu marido, aproximou-se de mim.

— Nossa... - Elesis surpreendeu-se.

— Bem, não precisam ficar com essas feições, já passou e agora vocês escreverão suas histórias amorosas.

Edel ficou envergonhada.

— Creio que ambas terão êxito no romance de vocês.

— Isso se eu não explodir em cima do idiota azul, porque às vezes ele me tira do sério.

As três deram gargalhadas, mas Edel cessou primeiro.

***

Lupus segurou na mão de Lin, o que espantou a menina. Arme, por sua vez, também se levantou. Observou que Lass estava se enfurecendo ao ver o irmão. Lembrou-se da última vez que se encontraram e não fora nada bom.

— Lass... Está tudo bem? - Tentou aproximar sua mão com a do menino, mas ele saiu do lugar cerrando ambas as mãos - Lass! - Arme se virou e foi atrás.

Lupus começou a ficar ofegante. 

— Lupus... - Lin sussurrou e sentia a mão do rapaz ficar cada vez mais fria e suada a medida que Lass se aproximava.

Lass apressou-se para ter o encontro com Lupus e bateu com as palmas das mãos no peito de Lupus, fazendo-o desequilibrar para trás, porém, por ter segurado a mão de Lin, teve em quem se apoiar.

— Já disse para ficar longe de mim, seu verme! - Lass estava fora de si e Arme tentou segura-lo.

— Ei, ei! Vai com calma! - Lin foi para frente de Lupus, que não reagia - Quem é você? Um traste da Rey?

— Hã?! - Lass encarou Lupus e riu cético - Você é quem? A nova garota dele? Está trocando de mulher rápido, Lupus. Mas isso é normal pra você, descarta as pessoas como se não fossem nada! 

— Calma, Lass... - Pediu Arme, segurando o braço do menino.

— Ei! Alto lar! - Lin se aproximou mais do menino - Você não o conhece! Não sabe o que ele passou! 

— Eu não sei?! - Lass riu e isso começou a chamar atenção do pessoal que estava na lanchonete e os que passavam na rua - Esse lixo é meu irmão! Se é que ele pode ser chamado assim!

— O quê...? - Lin olhou para atrás e depois se virou para Lass - Mas o que ele te fez para você vir furioso? Vocês se assustaram ao ver um a face do outro.

— Esse idiota acabou com a minha vida... - As veias de Lass pulsavam em sua testa, pescoço e braço - Ele é assassino! Um doente! Que joga crianças às traças da vida! Tendo que lutar para sobreviver! Você está ao lado um monstro! Conte à ela, Lupus! Tira essa máscara de "Dom Juan", conta a verdade! 

Lupus abaixou o rosto e levou a mão até sua cintura.

— Cala a boca. - Sussurrou.

Curiosos prestavam bastante atenção e murmuravam entre si.

— Lass, vamos embora, por favor.

— Não... - Falou para Arme, tentando se soltar - E eu não me calarei! Você já me silenciou por muito tempo, Lupus! 

— Cala a boca! - Apontou a arma para o Lass, passando pelo ombro de Lin, que se virou e encarou Lupus.

O público que assistia começou a pedir por ajuda.

— Abaixe isso, Lupus. - A menina pediu sussurrando, levantando sua mão lentamente até a face do rapaz - Abaixa isso. 

— Não é com você, Lin, não se intrometa.

— Não faça nada, por favor! - Os olhos de Arme começaram a inundar e ela balançava Lass para ele tomar qualquer atitude de sair dali.

— Atira... - Lass o desafiou - Você sempre quis isso... Nunca se conformou comigo... Atira... - Os seus olhos também marejaram.

— Não me provoque!

— Atira! Seu lixo! 

— Bastardo! - Lupus falou entre os dentes e seu dedo indicador já estava preparado para puxar o gatilho.

— Atira! Termina logo o que você começou!

O dono da lanchonete apareceu na entrada de sua loja e avisou que estava ligando para a polícia.

— Eu... - Lupus riu de nervoso - Eu não vou te matar aqui... Não no meio dessa gente.

— É... Você mata em beco, escondido...

— É... Ainda bem que me conhece! - Lupus empurrou Lin, que encostou na parece para não cair.

— Lupus! - Levantou-se rapidamente.

Lupus pegou, com a mão vaga, o braço de Lass e o arrastou para a rua. Arme tentou segurar forte, mas a força que Lupus fazia era sobrenatural.

— Seu selvagem! - Arme bradou, ao ver que Lass ia se afastando de si - Deixe-o em paz! Você é um idiota!

Começou a correr atrás dos dois e Lupus ia andando pela rua cada vez mais rápido. Lass se debatia, mas era frio e não pronunciava uma só palavra.

— Eu não deveria ter te ligado quando Lass estava no hospital! Eu te odeio! - Arme estava se cansando por gritar e correr e chorar.

Lin foi atrás.E também gritava para que Lupus largasse Lass. A rua estava movimentada de carro e Lupus ia costurando a pista. O sinal abriu, Lin e Arme tiveram que parar. A baixinha começou a chorar de soluçar. 

— O que ele fará com o Lass? - Colocou a mão no rosto.

— Nada... Eu espero que nada... - Lin abraçou Arme. A essa altura, elas não tinham muito o que fazer.

Enquanto isso, Lupus apressava mais os passos, até que encontrou uma rua deserta, sem saída. Soltou Lass com força e fez o menino cair no chão. O seu cabelo tampava o rosto . Uma lágrima escorreu.

— Por quê... - Murmurou - Por quê?! - Gritou.

Lupus ameaçou Lass com a arma novamente apontada em sua direção.

— Você só sabe fazer isso, não é? Fica perto de pessoas por interesse e mata! - Lass sentou-se no não - Seu verme! Imundo!

— Já falei que sou seu irmão! 

— Nunca! Não depois do que eu vi e do que me fez passar! Você é um monstro!

— Você não entende... - Lupus também deixou ser levado pela emoção das lembranças - Você não entende... - Caiu de joelhos e abaixou o rosto.

— Como quer que eu entenda aquele que matou meu pai diante dos meus olhos? - Lass também ficou de joelhos - Como você quer que eu entenda uma pessoa que olhou nos meus olhos e disse que me odiava ao me entregar para uma mulher que... Era tão imunda quanto você!? Como?!

Lupus jogou a arma para Lass. 

— Então faça... Faça eu desaparecer da sua vida... - Elevou o rosto. A mistura de lágrima e suor eram visíveis em seu semblante.

Lass se levantou e pegou a arma.

— Você está arrependido? 

Lupus negou.

Lass permitiu que algumas lágrimas descessem.

— Você só aparece em minha vida para destruí-la, por quê?! Eu estava bem sozinho! Eu estava bem sem sequer olhar na sua cara lá na escola, eu estava bem com a minha namorada! Por quê?!

— Não tem porquê, Lass... 

— Você é um cínico detestável. - Apontou a arma para Lupus, mas segurou pelo cano, como se fosse entregar - E eu não te matarei. Meu instrumento de luta não é pistola. 

Lupus não pegou.

— Acaba comigo! Faz com que eu desapareça da sua vida! Você sempre me dá a sua face para eu bater, mas nunca revida! Não faz o mesmo comigo! - Lupus se levantou também - O que você quer também, Lass? 

— Quero que se arrependa... - Insistiu na devolução - Ou então faça comigo como fez com nosso pai. Estamos num lugar perfeito.

— Era para ser feito.

Lass negou com a cabeça.

— Era para ser feito? Era para ser feito!? Só porque ele cuidava de mim? Só porque ele não fez como você e me jogou na rua quando minha mãe morreu?! Você tinha ódio de mim! Esse é o motivo, sempre foi!

Lupus pegou a arma e a colocou na cintura, segurou no braço de Lass e a mão vaga enxugou seu rosto.

— Eu não irei te explicar. Sua mente está mergulhada em algo que acredita, mas nem tudo é verdade. E você está certo, eu te odeio! Te odeio porque nunca soube como cuidar de você. 

— Eu nunca te pedi isso, Lupus... Eu tinha o meu pai!

— Sim... Você o tinha e eu também e ele era o meu herói... Ele era o meu porto seguro até você aparecer.

Lupus olhava para qualquer lugar.

— Você tão pequeno... E meu pai dizia que cuidaria de nós dois... Até que... Até que... Alguém bateu lá em casa cobrando ao nosso pai por uma dívida que sua mãe deixou. Meu pai não tinha. Eu estava em casa e você dormia... E ele falou que te entregaria como o pagamento.

— É mentira! Seu idiota! É mentira! - Lass socava Lupus.

— E eu neguei... Corri para a porta e falei que não te levariam. E meu pai me empurrou, então eu conheci, pela primeira vez, o instinto que corre em nossas veias. Nós não sabemos amar, só aprendemos a sobreviver e o meu herói... O nosso pai... Virou um homem que eu jamais esperei conhecer.

— Para de contar essas coisas, seu mentiroso!

— Lass... Ele te chamou para ir ao parquinho..

— Foi! E você o matou!

— Mas o parquinho era o lado oposto de nossa casa.

— É mentira! 

Os olhos dos dois se inundaram.

— E quando ele percebeu que eu o seguia... 

— Foi por isso que ele entrou naquele beco! Porque você estava seguindo-o!

— Mas ele não sabia que eu estava armado. Ele estava com medo de eu te tirar das mãos dele...

Lass se calou e soluçou.

— Lass... O resto você já sabe... Junte as peças...

— Eu só queria comprar uma roupa com a minha namorada...

— Talvez hoje o dia fosse marcado para isso. - Lupus o soltou - Eu quero te pedir uma coisa.  

Lupus pegou a arma. Lass estava em estado de choque.

— Eu nunca quis te matar. Mas o meu maior erro foi pensar que outras pessoas também não quisessem. Quando eu disse que te odiava, não foi para você.

— Você olhou nos meus olhos quando me deu para aquela mulher...

— Não... Eu me vi nos seus olhos e pronunciei aquilo. E depois daquele dia, pensei que ficaria tudo bem... Mas piorou e só está piorando... 

Lupus entregou a arma ao Lass, que estava surpreso.

— Eu não ficarei com isso!

— Sim, ficará... Eu... - Lupus abaixou a cabeça - Eu entrei numa situação complicada. Tem a Lin e a Rey e uma grande bosta do passado... - Ele preferiu não entrar em detalhes - E, talvez, eu tenha que desaparecer por um tempo...

Lass pegou a arma e caminhou alguns passos para frente, ficando de costas para Lupus.

— E isso é uma garantia para você voltar?

— Não. É uma lembrança caso eu não volte.

Lass olhou para a pistola e começou a andar. 

— Adeus.

Só a voz de Lass ecoou naquele beco.


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Notas finais do capítulo

E então gente? O que acharam?
Beijosss!!! õ/



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