Virou Simplesmente Amor escrita por Mary e Mimym


Capítulo 12
Acontece


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: estamos tristes pela demora da atualização, mas a nossa vida mudou tanto, que conciliar tudo está sendo bem difícil mesmo.
Segundo: temos comentários para responder e iremos #OperaçãoRespondeTudo está firme e forte, mas temos que ter um tempo para isso, pois tanto eu como a Iasmym gostamos de responder direito, não escrever qualquer coisa para vocês.
Terceiro: não iremos atualizar mais rápido agora, mas estejam cientes que TODAS as histórias serão concluídas.
Quarto: Estamos com saudades de estarmos mais presentes aqui, infelizmente a vida é imprevisível e estamos afastadas, mas esperamos mudar isso com o tempo.
Quinto: Um capítulo grande para compensar a demora.
Sexto: É isso, boa leitura ;)



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–POLÊMICA!

O silêncio tomou o local.

–POLÊMICA!

Arme lançaram seu desafio para Elesis e permaneceu de braços cruzados encarando a mesma.

–POLÊMICA!

A ruiva e Ronan entraram em estado de choque.

–POLÊÊÊÊÊÊMICAAAAAAA!!!

Lass surpreendera-se com o desafio ousado de sua namorada e Lire ficou surpresa também, entretanto ocupou-se tentando parar Ryan que, apesar de um pouco ignorado, corria pela sala gritando “Polêmica”.

Lire conseguiu fazer Ryan se sentar, depois de muito esforço tentando pegar o pé do menino. Ronan, totalmente corado, tentava se afastar da roda sem chamar muita atenção. Lass, depois de se dar conta de onde estava sentado, tentava olhar, pelo canto do olho, para Elesis e o amigo, estava entre eles e analisava se era melhor permanecer onde estava ou sair imediatamente. Elesis encarava o chão no meio da roda para não olhar para ninguém, principalmente sua amiga baixinha que a fitava sem desviar nenhuma vez e até fingia bocejar de tanto esperar.

–Eu não vou fazer isso. – Disse depois de muito tempo absorvendo o desafio.

–Ah, Elesis! Qual é? – Reclamou a baixinha. – Lass, segura o Ronan que tá querendo fugir!

–Mas eu não to fazendo nada! – Protestou o menino que ficou chocado por saber que Arme percebeu ele se distanciando.

–Eu só acho que, se o desafio é pra mim, não deveria envolver nem o Ronan e nem ninguém!

–Acontece, Elesis, que lançar este desafio para o Ronan é muito fácil, afinal, ele já fez uma vez sem ser desafio, ou estou errada?

O silêncio se instalara novamente. Antes que Ryan pudesse gritar, Lire tapou sua boca sem tirar os olhos das amigas.

Isso não vai prestar.– Pensou a loira.

–Não sei do que está falando... – Soltou Elesis.

Ronan chocou. Como assim Elesis não se lembrava do acontecido no campeonato? Não era possível que ela já houvesse esquecido. Estava blefando, Ronan sabia disso e Arme também.

–Elesis, terei que te lembrar?

–Sinto muito, Arme. Não vou cumprir este desafio. – Disse a ruiva levantando-se e provocando uma reação em cadeia.

–Olha, eu disse que “verdade” tinha que cair com as amigas, mas não me ouviu e resolveu escolher desafio... – Ryan expressou sua opinião, que foi ignorada mesmo recebendo olhares.

–Elesis, é só um beijo...

A ruiva suspirou. Arme olhou para Lass que entendeu o recado e trocou de lugar com Ronan, fazendo questão de segurar o ombro do amigo para o mesmo não protestar. O menino olhou para Lass e Ryan ambos lhe dirigiam sorrisos maliciosos. Logicamente, ficou espantado, mais ainda com Lass. Olhou para o teto, estava nervoso, mexia muito as mãos abrindo e fechando. Elesis o olhou pelo canto do olho, de cabeça baixa, e logo voltou seu olhar para o chão. Seu coração estava acelerado, muito.

–Elesis, se quiser, a gente pode se virar ou ficar ali no corredor pra você não se preocupar com plateia. – Disse Lire que recebeu, imediatamente, um olhar de negação da baixinha. – Se você realmente quiser que ela faça o desafio, concorde comigo. – Sussurrou para a amiga.

Elevou a cabeça e não viu suas amigas a sua frente. Elas já haviam se retirado junto com Ryan e Lass. Olhou para o lado onde Ronan estava e, percebendo o ato, olhou para a garota também. Ele sabia que seus amigos estavam os observando em algum lugar fora do campo de visão da ruiva. Com toda certeza, ele iria levar umas broncas principalmente de Arme, mas não resistiu em dizer para Elesis.

–Se você não quiser, tá tudo bem. Sei que a Arme força um pouco, mas... – Ele foi interrompido.

Elesis o agarrou forte pela gola da camisa e o beijou. Sua mente estava vazia, ela estava fora de si, agiu por impulso. Ronan se assustou, mas deixou rolar. Quando Elesis parou, largou a gola do garoto e deixou seus braços despencarem e a franja esconder seu rosto totalmente corado e quente. Ela ficou ali. Parada. Sem saber o que fazer. Ronan a observava com um sorriso terno. Levou sua mão até o queixo da amada para levantar o rosto e lhe devolveu um beijo carinhoso.

***

–Lupus! – Lin saiu de seus braços e ficou encarando-o. Levou dois dedos até seus lábios, tocando-os para saber se realmente havia acontecido aquele beijo.

–Oi. – Lupus se fez de desentendido.

–Você está me confundindo... – Ela deu um passo para trás e virou-se – Eu não sei mais o que sentir por você.

–Ódio ou amor, tanto faz.

Lin não entendeu e, ao voltar na direção de Lupus, surpreendeu-se.

–Abaixa essa arma! – Pediu, com os olhos esbugalhados.

–Desculpa. – Lupus abaixou o rosto e atirou.

A menina não soube o que fazer. E nada fez. Sua força interior agiu por conta própria. Um par de asas surgiu – branca e negra – e seu cabelo cresceu. Os desenhos ornamentaram suas pernas. Uma com o esboço azul; a outra, preto.

Uma mana dourada e branca a envolveu, fazendo com que a bala da arma se quebrasse em vários pedacinhos ao tentar encostar-se a Lin.

Lupus sorriu.

A menina também.

Uma aura negra e vermelha a dominou.

–Você pensou em me ferir? – Perguntou com certo sarcasmo na voz.

–Te ferir? – Repetiu Lupus, dando passos para trás – Só um pouco. – Continuou sorrindo.

Lin começou a andar e, à medida que se aproximava, Lupus atirava nela. Em alguns momentos, a magia da Luz se sobressaía mais que das trevas; porém, ainda era duvidoso.

Lupus acabou encurralado com a parede no final da quadra. Abaixou a arma.

–Fim da linha. – Avisou Lin.

–Será?

Lupus largou sua Scarlet no chão e abriu os braços.

–Se for, mate-me agora.

–Com prazer. – Lin já estava preparando uma magia e se aproximava ante a Lupus.

Ao parar a frente do menino, fechou os olhos e a asa negra foi desfeita. As linhas em suas pernas também sumiram. Seu cabelo voltou ao normal e a última visão que teve foram os lábios de Lupus nos seus.

Depois, nada.

***

Após ver Ronan observando Elesis e aquele clima todo romântico na sala, Arme chamou seus amigos para subirem até o quarto.

–Vocês viram? Vocês viram? – Perguntava a baixinha toda empolgada. – Agora eu sei que vai.

–Tá, Arme. Depois dessa, acho que pode começar a cobrar seus serviços de “cupida”. – Lire riu após seu comentário.

–Fala sério, Arme, vocêé danada, hein! – Brincou Ryan.

Arme sorriu toda agitada e deu um beijo na bochecha de Lass, depois pegou uma pelúcia do chão e ficou girando com ela até cair em sua cama. Os amigos apenas observavam a alegria da amiga.

–Por que vocês estão aqui em cima?

Todos os olhares se dirigiram para a porta do quarto.

–Ér... Ronan, onde está Elesis? – Arme se apoiou na cama com os cotovelos.

–Ela... Foi embora... - Murmurou num tom audível soltando um longo suspiro.

Arme se sentou e ficou encarando o menino assim como os três em pé.

–O que vamos fazer agora?

Os quatro, que encaravam Ronan, se entreolharam e voltaram a encarar o amigo na porta.

–Bom, - Ninguém resolvia se pronunciar, então sobrou para a baixinha, que mostrava estar com a situação sob controle. - despois desse desafio, eu já esperava que esse encontro fosse acabar. Lire irá dormir aqui e Ryan e Lass vão para suas respectivas casas. E acho que você, Ronan, - Ela pausou para quase gritar a última frase. - Deveria ir atrás da Elesis!

Ronan deu um passo para trás depois dessa. Observou o quarteto: Lass de cabeça baixa com a mão no rosto, pensava em como o Ronan era um idiota por não ter percebido o plano. Arme o olhava emburrada. Ryan sorria com dois polegares para frente, estava apoiando o que a amiga dissera. E Lire estava de braços cruzados apenas esperando que ele fizesse algo.

–Cara, vai logo. - Aconselhou Lass.

–Talvez ela queira ficar sozinha, gente... - Ronan soltou com um ar tristonho.

– É? Assim como no campeonato?

–Ronan, sabemos que você gosta dela. E parece que só você não percebeu que ela gosta de você. Do jeito dela, mas gosta. - Lire disse tentando "acordar" Ronan.

–E você sabe que a Elesis é orgulhosa demais para tomar uma atitude dessas. - Completou Arme. - Ainda mais em situações que ela fica exposta.

–Então, sobrou para você. - Ryan finalizou sem tirar seu largo sorriso.

–Você deve tomar a atitude. - Lass se aproximou, virou o amigo... - Então vai atrás dela! - E empurrou, levemente, Ronan em direção da escada.

Ronan parou, olhou para o amigo, encheu seus pulmões, e desceu decidido.

Saiu correndo da casa de Arme. A noite já havia chegado há algum tempo, talvez fosse por volta das 19 horas. O céu estava estrelado e a noite estava fresca. Ao chegar à casa de Elesis, bateu na porta e, por garantia, também gritou o nome da ruiva. Sem resposta. Olhou para a janela do quarto de Elesis e a luz estava acesa.

Chamou pela segunda vez, batendo também na porta. Jin atendeu a porta e Ronan hesitou um pouco. Respirou fundo.

–Oi, Ronan... - O ruivo se encostou na porta deixando um espaço.

–Jin, eu vou pedir sua irmã em namoro. - Ronan soltou rapidamente e disparou para dentro da casa.

–Ué? Esses dois ainda não estão juntos? - Fechou a porta revirando os olhos e se jogou no sofá.

Ronan se posicionou na porta de Elesis e começou a bater freneticamente. Novamente Elesis não respondeu. Ele voltou a bater, dessa vez, bateu três vezes devagar e pesado. Esperou.

Elesis estava parada de frente à porta. Esperou que Ronan batesse pela terceira vez, mas nada. Permaneceu encarando sua mão na maçaneta até que girou. Seu coração estava acelerado e parecia que cada batimento era cada vez mais doloroso. Por fim, abriu a porta iluminando o corredor e viu Ronan em frente à mesma, sentado no chão, encostado na parede com seu cabelo escondendo o rosto.

–O que faz aqui?

–Esqueceu de me deixar o sapatinho, Cinderela. - Ronan se levantou ainda com a cabeça baixa. - A parte boa é que não preciso procurá-la por todo o reino.

Elesis corou com a comparação, mas ainda ficou com sua pose de orgulhosa.

–Ainda não disse o que faz aqui. Empurrão da Arme? - Cruzou os braços.

–Na verdade... - Ele finalmente levantou a cabeça e sorria enquanto se lembrava. - Empurrão do Lass e um "acorda" da Lire. E eu concordo com eles. Ainda não caiu a ficha do que foi aquilo, mas não podia deixar você sair correndo.

–Aquilo foi um desafio de uma brincadeira que se chama "Jogo da Verdade". E o que aconteceu lá, fica por lá.

–Eu concordaria, se o jogo tivesse terminado.

–O jogo acabou! - Elesis exclamou com raiva, mesmo sem saber o porquê daquilo.

–Foi abandonado, mas eu não vim falar do jogo, vim falar sobre o que aconteceu nele. - O garoto percebeu que Elesis iria dizer algo que, com certeza, não o deixaria dar continuidade. Sua escolha foi emendar uma bomba. - Elesis, você gosta de mim?

A garota deu um passo para trás, sem deixar de encarar Ronan. Suspirou e deu sua resposta:

–Não.

Ronan estava sério quando perguntou e permaneceu assim ao ouvir a resposta. Deu também um passo para trás, encostando novamente na parede, com os braços cruzados.

–Não acredito.

Elesis coçou a cabeça e depois, com a mesma mão esfregou o rosto.

–Ronan...

O mesmo ergueu uma sobrancelha, estranharia toda vez que ela o chamasse pelo nome. Percebendo o reação e voltando à sua pose de sempre, recomeçou:

–Idiota! Eu estou com sono, estou cansada, a gente se fala amanhã. - Já ia fechando a porta quando o garoto impediu.

–Não saio daqui até saber a verdade, porque eu gosto muito de você e estou sofrendo por não saber o seu lado.

Elesis o olhou incrédula e começou a lançar perguntas:

–Vocé está sofrendo? Se você está sofrendo, o que está acontecendo comigo? Porque eu juro que não sei. Isso... - Apontou para onde fica o coração. - É uma sensação horrível... Agonizante... É uma dor que a única forma de ignorar é arrancando, mas não posso fazer isso.

–Você acha que não sinto essa dor? Talvez eu não demonstre porque ela passa toda vez que estou com você. Mas ela volta quando nos separamos. Sentiu isso acontecendo com você?

–Não sei o que faço.

–Então vou te apresentar uma solução: - Ronan pegou a mão de Elesis e levou até seu peito. Ela agora sentia a agitação do menino. - Namora comigo.

Ela ficou sem graça com o pedido. Seu rosto esquentou e não fez nada, apenas disse:

–Não sei sobre essas coisas de namoro.

–Só precisa prometer que você será minha... Minha Elesis.

Ela olhou para sua mão no peito de Ronan e olhou para o rapaz. Por fim, o abraçou balançando a cabeça positivamente.

–Sou sua Elesis.

Uma felicidade sem tamanho descritível invadiu a alma, o coração de Ronan. A garota que o conquistou de um jeito diferente com uma personalidade única. Sua garota.

–Minha ruivinha... Minha Elesis... Minha "Cinderelesis"... - A garota afastou um pouco sem desfazer o abraço.

–Se me chamar de "Cinderelesis" em público...

–Você me bate e eu gamo.

Elesis riu e o abraçou novamente.

***

Lupus tocou a campainha da casa e foi atendido por uma senhora.

–O que houve com ela, meu Deus?

Lupus ficou em silêncio, esperou a senhora dar passagem e adentrou a casa. Colocou Lin deitada no sofá e ficou olhando para o rosto sereno da menina.

–Você deve ser um dos rapazes que estão ajudando-a, não é?

Lupus balançou a cabeça positivamente.

–O gato comeu a sua língua, meu filho?

Ele negou com a cabeça.

A senhora ergueu as sobrancelhas.

–É... O gato não comeu a sua língua, arrancou de uma vez, isso, sim. – Disse e riu da própria piada.

Lupus permaneceu sério.

–Pode deixar que eu cuidarei dela. – Avisou a senhora.

Ele suspirou e se retirou da casa. Deu uma olhada por cima do ombro para ver Lin e depois desapareceu das vistas da senhora.

–Essa conversa com esse menino foi muito produtiva. – Murmurou com ironia.

Foi para a cozinha e preparou um chá para Lin, sabia que a menina acordaria com dor de cabeça e não lembraria o que havia acontecido.

***

Ronan voltou para casa com um sorriso encantador no rosto. Nem acreditara que realmente fizera aquilo tudo. Pediu a Elesis em namoro!

Nossa... A vida estava começando a fazer sentido. O prazer de amar estava sendo recompensado depois de tudo que passou para conquistar aquela ruiva.

Valeu a pena. Cada segundo ao lado dela valeu a pena.

Entrou em casa e se deparou com um silêncio maravilhoso. Até começar a subir os degraus dos desentendimentos.

–Qual foi o nosso combinado, Ronan Erudon?

O menino parou no meio da escada e olhou para trás, vendo seu pai de braços cruzados no primeiro degrau da escadaria.

–Do que o senhor está falando? – Virou-se para o pai.

–Do que eu estou falando? – O Sr. Erudno deu um sorriso cético – Edel Frost te lembra de alguma conversa entre nós dois?

Ronan fez uma careta e depois abriu a boca.

–Ér... Eu deveria ficar com ela, né?

–E isso não se sucedeu, não foi? Acho que havia feito uma promessa para mim.

–Eu avisei à minha mãe que eu iria para a casa da Arme.

–E por que não levou a nossa hóspede?

–Porque... Ora, porque ela não conhece meus amigos, pai. – Ronan elevou a voz – E passar 24 horas com ela não dá, né?

–Passará a conhecer seus amigos, então. Pois não quero que deixe a Edel sozinha nem por um mísero segundo, ouviu bem, Ronan Erudon?

–O senhor não vai conseguir estragar o meu dia, pai. – Ronan continuou a subir os degraus – E pode deixar, eu ouvi bem.

Foi para o seu quarto e bateu a porta ao entrar. Pulou na cama e encarou o teto. O sorriso lhe brotou no rosto de novo.

Elesis. Minha Elesis.

Tateou a cama até achar o controle do Home Theater. Ligou e ouviu a primeira música que tocou. “Leave out all the rest”. Linkin Park.

Fechou os olhos e um filme dos momentos entre eles se passou em sua mente.

“A ruiva se virava na direção de Jin e foi interrompida por Ronan, que esbarrou nela.

–Desculpa. – o azulado segurou Elesis, que se desequilibrou.

–Seu idiota! Olha para onde anda! – disse a ruiva bem nervosa se soltando das mãos do menino, fechando os punhos.

–Ei, ei, eu pedi desculpas! – Ronan se afastou um pouco dela.

–Que seja! – ela deu um soco no braço dele.

–Ai! Nervosinha você, hein? – o menino passava a mão onde Elesis havia atingido com um soco. – Nem parece uma menina.

–Como é que é?! – a ruiva fechava as mãos novamente como se fosse bater nele.

–Eu quis dizer que... – o azulado se afastava mais ainda com receio de levar outro soco.

–Não diga nada!

–Elesis, calma! Foi sem querer. – Lire tentava acalmar a nova aluna.

–É claro que não foi! O espaço é enorme e ele esbarrou justamente em mim! – a menina o encarava.

–Eu já pedi desculpa! E foi sim sem querer, você é muito... – Arme interrompeu Ronan.

–Ela é um pouco estressadinha, na verdade ela é totalmente estressada.

Nesse momento Elesis lançou um olhar fatal para Arme que se escondeu atrás do Ronan. Quando o azulado foi continuar a falar com Elesis, foi impedido pela Amy que o abraçou por trás e deu-lhe um beijo na bochecha.”

Ronan respirou fundo, a melodia se encaixava perfeitamente com seus pensamentos.

Ao sair correndo, Ronan encontrou algo que atrasaria sua fuga de Amy. Algo não, alguém: Elesis. Eles se esbarraram novamente.

–É você de novo?! O que foi? Cismou comigo?! – Elesis se equilibrou para não cair.

–Ai... Desculpa ruivinha, mas eu tenho que ir. Estou com pressa! – Ronan tentava passar, mas Elesis o impedia, ficando na sua frente.

–Então eu acho que você vai se atrasar para o seu compromisso. – Elesis deu um sorriso bem rápido para o azulado.

–Não é exatamente um compromisso... Eu diria uma fuga. – Ronan parecia bem desesperado, não querendo encontrar a rosada.

–Mas de mim você não vai fugir! – Elesis continuava parada na frente dele.

–Ruivinha, me deixa passar! - Ronan gritou com ela e não estava brincando, ele queria passar.”

Ouviu seu pai chamar, mas ignorou. Continuou submerso em suas lembranças de como tudo começara.

“–Eu não posso ser punido pelo atrevimento da ruivinha com a senhora! – Ronan começou.

–Ah! Seu idiota! Eu não fui atrevida! A culpa é sua de me irritar! – Elesis fechava as mãos.

–E o que eu fiz?! – Ronan se indignou.

–Você não olha para onde anda!

–Elesis, a culpa é sua mesmo, menina mais estressada! – Jin falou olhando para a irmã com raiva.

–Legal! Agora a culpa é toda minha! Vocês são duas mariquinhas que só sabem reclamar! – Elesis parecia ter se revoltado com os dois.

–E você é uma garota... uma garota... Argh! – Ronan não conseguiu revidar.

–Não tem palavras nem para discutir, é um idiota mesmo! – Elesis sorria vitoriosa por ter deixado Ronan sem palavras.

(...)

–Você deveria ter mais educação, ruivinha!

–E você deveria calar a boca, azulado metido!

Os dois ficaram se encarando até Lothos finalmente se pronunciar.

–Chega! Eu quero silêncio! Onde pensam que estão? Numa feira?! - Lothos se levantou e encarou os dois.

–Desculpa... – Elesis e Ronan disseram juntos com a voz baixa.

(...)

–Quem diria que um Erudon iria se meter em brigas escolares. Ronan, você é um menino excelente e nunca me deu problemas. – Disse a diretora.

–Desculpa. – o azulado respirou fundo e depois soltou todo o ar.

–Como isso aconteceu? – Lothos estava um pouco curiosa.

Quando Elesis ia começar a falar o azulado a impediu, sabendo que ela poderia começar outra discussão.

–Eu esbarrei na aluna nova... – Ronan não lembrava o nome da ruiva, por isso sempre a chamava daquele jeito. De ruiva.

–Elesis. – Jin não entendia o que Ronan estava fazendo, mas resolveu ajuda-lo.

–Isso! Na Elesis e acabei derrubando-a, eu estava correndo no corredor e devo tê-la machucando, foi tão de repente, ela me bateu e eu mereci, não deveria correr ali, me desculpe. – o menino nem olhou para Elesis, que não tinha reação naquele momento.”

–Ronan!

Abriu os olhos e sentou na cama. Seu pai entrou no quarto. O menino deixou o som no mudo e olhou para o pai.

–Eu não sei onde ou com quem está aprendendo esses modos tão desobedientes. – Jogou uma indireta.

–O que eu fiz? – Ronan encolheu os ombros.

–Quer mesmo que eu diga, Ronan? – O Sr. Erudon deu uns passos para frente – Notou que o seu aniversário está chegando e parece que nem está animado com isso?

–Bem, se não fosse a Elesis dançando comigo, eu realmente não estaria animado.

–Elesis, Elesis, Elesis... Essa garota parece ter enfeitiçado você. Acho que precisa olhar ao seu redor e ver que há meninas mais... – O pai de Ronan tentou achar uma palavra que não ofendesse – Delicadas. – Não conseguiu.

Ronan se levantou.

–Elesis é tudo para mim. Do jeitinho que ela é. – Disse, encarando o pai – Será a minha dama. A minha namorada. O amor da minha vida.

O Sr. Erudon riu.

–Amor da sua vida? Não acha que está exagerando, meu filho?

Ronan começou a balançar a cabeça.

–Estou sendo sincero, pai. E espero que o senhor esqueça de vez que eu não ficarei com ela, porque “ela me atrasa”. Tanto que...

–Que? – O Sr. Erudon temeu o pior.

–Eu a pedi em namoro. – Ronan sorriu.

O pior, para o pai dele, aconteceu.

–Por quê?

–Preciso soletrar que a amo?

–Espero que ela tenha pensado muito bem na sua vida antes de ter respondido a este pedido insano.

–Se ela pensou em me fazer feliz como eu a farei; está perfeito para mim. Porque ela aceitou. – Ronan sorriu.

–Espero que tenha contado ao “amor da sua vida” – Fez as aspas com os dedos – que não ficará por tanto tempo na cidade.

–Por que eu sairia daqui?

–Porque você tem um futuro, Ronan, um futuro que não começa aqui. Talvez onde Edel more...

–O quê? Por que está dizendo isso? Eu pensei que Edel havia vindo para cá por causa de um problema de família e não que veio para me buscar. Até porque, se foi isso, saiba que não irei a lugar algum!

Ronan olhou bastante indignado para o pai e depois desviou o olhar para a porta. Edel estava ali, segurava uma sacola pequena de alguma loja de CDs.

Ronan engoliu em seco. Viu a menina sair de sua porta com uma expressão decepcionada.

–Edel. Edel! Espera. – Encarou o pai e depois saiu do quarto às pressas.

O Sr. Erudon sorriu.

–Ei! – Segurou o braço da menina antes de ela entrar em seu quarto – Desculpa, eu não queria...

–Eu não vim para te buscar, Ronan. Eu juro. – Abaixou o rosto. Mentiu para ele. Mentia para si mesmo. Mas era preciso.

–Tudo bem... Eu acredito em você... Eu só... – Ronan a soltou – Eu me exaltei. É que... – Virou o rosto para o lado – Meu pai está conseguindo me tirar do sério ultimamente.

Edel sorriu.

–Imagino como deve ser passar por isso.

–Acho que não... – Ronan a olhou – Você não conhece o meu pai. Quando ele cisma com algo, nossa! Agora mesmo ele estava inventando uma história de querer que eu viaje... Tipo... Loucura total.

Edel conhecia muito bem esse gene do Sr. Erudon, mas não poderia contar nada, então apenas balançou a cabeça concordando com Ronan.

–Mas eu não queria te incluir nessa, desculpa. Minha cabeça está a mil.

–Tudo bem... – Edel suspirou – Eu também estaria assim se fosse você.

–Mas você não fica atrás, afinal, seu irmão está...

–É. Mas vamos deixar isso de lado. – Mudou de assunto e Ronan entendeu – Eu não quero te comprar com um presente – Riu –, mas achei apropriado te dar isso. Afinal, venho te perturbando desde que cheguei.

–Ah... – Ronan passou a mão na nuca – Não precisava.

–Eu vi sua prateleira de CDs e percebi que faltava um da coletânea do Linkin Park. – Entregou a sacola.

–Puxa! – Ronan abriu um largo sorriso – Mal nos conhecemos e você já sabe meu gosto musical. – Riu e pegou o presente, seus olhos chegaram a brilhar quando pegou o CD – É lindo... Você e Elesis se darão muito bem.

–Elesis? – Edel, que tinha um sorriso no rosto, ficou séria.

–Sim. Ela é minha namorada agora. – Ronan guardou o presente e continuava com o sorriso no rosto – Tudo aconteceu hoje, sabe? Ainda é bem recente. Nem contei aos meus pais. Quer dizer... Eu falei para meu pai, mas aí aconteceu aquele lance todo da viagem, então eu nem pude contar direito.

–Entendo. – Disse, de forma amarga.

–Bem, valeu mesmo. – Ronan ameaçou abraçar a menina, mas se conteve – Até que meu pai estava certo em chamar minha atenção. – Pensou alto.

–Como assim?

–Tipo, era para eu ficar ao seu lado o tempo todo quando chegasse aqui, mas acabei te deixando sozinha hoje. Acho que você se daria bem com meus amigos.

Edel soltou um sorriso envergonhado.

–No próximo encontro você irá comigo, combinado? – Ronan estendeu a mão livre.

Edel estendeu a sua também e os dois concretizaram o acordo.

–Espero mesmo que eles gostem de mim.

–Meiga do jeito que você é, duvido que não gostem. – Ronan deu um sorriso, se despediu e voltou para seu quarto.

Seu pai não estava mais lá. Porém, havia deixado alguma coisa em cima de sua cama. Ronan colocou o presente de Edel na cadeira e foi ver o que tinha em sua cama. Ao se aproximar, deparou-se com um panfleto de uma escola de Esgrima.

–Ele não pode estar levando isso a sério. Não pode mesmo... – Murmurou para si – Não serei farei isso...

Amassou o panfleto e jogou em qualquer canto de seu quarto.

***

Edel, ao entrar em seu quarto, tampou o rosto com as mãos e soltou um grito silencioso.

–Não acredito que estou gostando dele! Não acredito! – Murmurou com raiva de si mesmo.

***

Depois da saída de Ronan, os meninos também foram para suas respectivas casas. Lire havia combinado de dormir na casa da Arme.

–Sala arrumada, roupas trocadas, camas prontas... - Arme virou-se para Lire sorrindo. - Festa do Pijama!

–Emprestado, né?

–Detalhes a parte.

Lire sentou-se no colchão inflável, arrumado especialmente para ela, e ficou encarando o nada abraçando suas pernas enquanto Arme colocava algumas coisas, que estavam no chão, mais próximas da parede. Quando terminou, sentou-se na cama pegando a coberta para as pernas. Percebeu que a amiga estava mais quieta que o normal. Sua feição era triste, seu nariz estava avermelhado e seus olhos marejados.

–Lire? - A amiga olhou para a baixinha acordando do transe. - Tudo bem?

A loira balançou a cabeça positivamente e se cobriu com sua colcha.

–Se você pensa que vai dormir agora, está errada, mocinha! - Arme pegou uma almofada que estava acima de seu travesseiro e atacou em Lire que nada fez, permaneceu deitada de costas para Arme.

Não satisfeita, a baixinha pegou seu travesseiro, saiu da cama dando a volta já em posição para dar uma "travesseirada" na loira.

–Nem tenta começar uma guerra de travesseiros, porque eu não vou revidar.

–Eu sei, só o Ryan revida.

–É... o Ryan...

Arme suspirou já entendendo tudo. Largou o travesseiro no chão e sentou no colchão de Lire puxando a colcha para descobrir a loira. Ela levantou um pouco para olhar a baixinha e voltou à sua posição inicial pronta para dormir.

–Ah não! Lire... senta e me conta. – Resmungava Arme balançando a perna da amiga.

Relutou um pouco, mas não dava para dizer não à roxinha, ainda mais quando se quer dormir. Sentou-se e contou que as atitudes de Ryan estavam a incomodando. O jeito que falava com ela, que tratava, até evitando estava. Também contou que pensa ser um pouco chata e que ele talvez só queira um pouco de espaço.

Arme apenas disse que eles precisavam conversar para que assim descobrisse o que de fato acontecia, e acrescentou que caso fosse preciso ela poderia ajudar, mas Lire recusou pelo simples fato de conhecer sua amiga e saber que seu jeito de resolver as coisas pode ser um pouco... exagerado.

–Se sente melhor em ter desabafado?

–Um pouco... Obrigada, Arme. - Lire suspirou. Realmente, havia tirado um peso. - Só me prometa que você não fará nada...

–Nada desnecessário. - Sorriu travessa.

–Arme... - Suspirou.

–Ok. Ok. Não farei. - "Antes que ela tome uma providencia...", pensou.

Após a conversa, verificaram no celular o chat do grupo Elesis, haviam acabado de lembrar a última que a baixinha aprontara. Última visualização às 18:34, era o que dizia, a hora que ainda estavam lá. O jeito seria esperar até o dia seguinte, já que era pouco provável que Elesis estaria acordada ainda às duas da manhã.

***

Já à noite, o pai de Ronan estava inquieto em seu escritório, murmurando nomes e possíveis acontecimentos futuros.

–Querido? – Bateu na porta a Sra. Erudon.

O pai de Ronan parou de andar pela pequena sala e olhou para a esposa, esperando que ela prosseguisse.

–Soube que Ronan está namorando, ele te contou? – Ela entrou e fechou a porta.

–Infelizmente, sim, ele me contou.

–Não seja tão duro com nosso filho. Sabia que ele era apaixonado por essa menina.

–Mas ele não poderia continuar apaixonado pela Amy? Uma menina linda e que nos ajudaria muito? – O Sr. Erudon se aproximou da mulher – Eu só quero o melhor para Ronan, mas ele está fazendo tudo errado.

–O seu melhor, meu amor, não deve ser o que o nosso filho acha que é melhor. Afinal, não é errado amar. E dá para ver de longe que é verdadeiro. – A voz da mãe de Ronan era suave e despreocupada, diferente da de seu marido.

–Como sabe? A tal da Elesis não parecia gostar do nosso filho. – O Sr. Erudon se virou com as mãos nas costas – Há tantas garotas que se dariam bem com o nosso Ronan.

–Fala da Edel? – A mãe de Ronan deu uma pausa, porém não permitiu que seu marido respondesse – Seja lá o que está pensando; esqueça. Não coloque essa inocente garota no meio de seus planos e deixe, por Deus, o nosso filho seguir a vida dele.

A Sra. Erudon resolveu sair do escritório depois da quietude do pai de Ronan, que suspirou ao ter a porta fechada e uma frase de sua mulher:

–Estou cansada de discutir isso com você.

–Tarde demais, minha queria... Tarde demais. – Disse ele sozinho para o nada.

***

Edel estava subindo as escadas quando deu de frente com a mãe de Ronan.

–Está tudo bem? – A menina quis saber.

–Sim, meu anjo. – A Sra. Erudon forçou um sorriso – Você viu o Ronan por aí?

–Eu acho que ele está no quarto. Eu estava na piscina, então...

–Ah sim. Fico feliz que não tenha nos pedido para nadar.

Edel sorriu e, ao ver que a mãe do azulado continuaria a descer, impediu-a com uma pergunta:

–Senhora Erudon, eu posso te pedir uma coisa?

–Claro. – Ela segurou no corrimão e se virou para Edel.

–Eu estava pensando, se for da permissão de vocês, em fazer o almoço amanhã. Em agradecimento por me hospedarem neste momento em que eu mais preciso.

–Tudo bem, meu anjo. Mas... – A mãe de Ronan uniu as sobrancelhas – Já temos um cozinheiro, é só pedir a ele o prato que deseja.

–Não... – Edel fez uma careta – Eu estava querendo fazer eu mesma.

–Como quiser. – A Sra. Erudon sorriu e teve uma ideia – Sabe o que seria bom? Convidar a Amy e a Elesis, junto com o irmão dela, assim já aviso sobre a festa do Ronan.

–Desculpa. – Edel estava por fora do assunto.

–Temos uma tradição na família que, antes de se completar 18 anos, as festas precisam ter características de bailes de época.

–Uau! Isso deve ser maravilhoso! – Edel colocou as mãos na boca, pela surpresa – Quase não vejo bailes assim hoje eu dia.

–Sim.

–E quando é o aniversário de Ronan?

–Daqui a uma semana.

–Mas já está tão perto!

–Eu sei. – A Sra. Erudon riu – Mas já está tudo organizado. Só falta um almoço para apresentar os pares de uma dança.

–Dança?

–É, os casais dançam na festa antes dos parabéns. Ronan odeia isso, mas faz parte da nossa família.

–Eu acharia lindo participar de algo assim.

–E participará, pois será nossa convidada.

–Fico lisonjeada, senhora Erudon.

A mãe de Ronan sorriu e voltou a descer a escada e, já no piso da sala, avisou:

–Sobre o almoço, fale com nosso cozinheiro e a cozinha será toda sua amanhã.

Edel sorriu grandiosamente, até se lembrar de que Elesis estaria com eles. Foi para o seu quarto, mas, antes, parou e ficou encarando a porta fechada do quarto de Ronan. Suspirou e se trancou no seu.

A noite não tardou para passar. Ronan recebeu a notícia do almoço pela sua mãe logo pela manhã, quando foi acordado pela mesma. Ela contou que teve a ideia conversando com Edel e que comunicou ao pai de Ronan antes de eles dormirem.

–Nem acredito que meu pai aceitou.

–Talvez ele queira dar uma chance para Elesis.

–Duvido. – Ronan se sentou na cama, com o lençol ainda cobrindo sua perna. Coçou os olhos e olhou para a mãe – Obrigado.

–Dará tudo certo, meu filho. – Ela lhe deu um beijo na testa e se levantou da cama – Ah, - lembrou-se – Edel quem fará o almoço.

Foi até a porta e completou:

–Avise à Elesis para chamar o irmão dela, pois ligarei para Amy. Quero ver como estão os casais para a dança.

–Ainda acho isso desnecessariamente desnecessário.

A mãe de Ronan riu.

Assim que ela saiu do quarto, Ronan jogou seu travesseiro para cima.

–Meu Deus! – Gritou e pegou o travesseiro – Nem acredito que estou namorando a garota mais perfeita do mundo!

Deitou-se na cama com um sorriso lindo no rosto e o cabelo todo bagunçado.

Esperou uns cinco minutos e se lembrou que tinha de ligar para a ruiva. Levantou-se. Pegou seu celular em cima da cadeira e sentou na mesma. Discou o número de casa da ruiva e bocejou.

–Preciso escovar os dentes. – Disse Ronan, sem perceber que a outra linha havia sido atendida.

Oi? – Perguntou uma voz masculina.

–Ah! – Acabou andando com a cadeira de rodinhas para trás – Foi mal, Jin. – Riu – Eu estava falando sozinho.

–Claro... Pois eu nunca vi ninguém ligar para outra pessoa e falar sobre sua higiene bucal.

Ronan riu de novo.

Mas, e aí? Por que me ligou?

–Na verdade... – Ronan coçou a cabeça – Eu liguei para a Elesis.

Ah é, esqueci-me do namoro relâmpago e mal educado de vocês.

–Não foi mal educado. – Ronan franziu a testa.

–Sim, sim... É super normal alguém passar pelo irmão mais velho de uma garota já avisando que vai namorá-la.

–Qual foi? Eu tinha que pedir permissão? – Ronan trocou o celular de uma orelha para a outra.

Claro. – Disse o ruivo, com uma voz de superioridade.

–Para de ser brega, Jin.

Queria ver se fosse com meu pai.

Ronan engoliu em seco, nem se lembrara desse detalhe de pedir aos pais da ruiva para namorá-la.

–Enfim, - Ronan voltou ao assunto inicial – como eu dizia, queria falar com a Elesis, mas já posso te adiantar o assunto.

–E qual seria? – Jin, no outro lado da linha, estava preparando seu café da manhã para, depois, caminhar.

–É sobre meu aniversário e a dança...

Cara, eu quero te matar por isso.

–Se quiser, estou aceitando morrer envenenado só para não passar por isso de dançar.

Jin riu.

Amy está bem animada para essa festa, então te deixarei viver e... Agora você é namorado da minha irmã, não posso dar esse desgosto para ela.

–Até parece que Elesis iria ficar triste. – Ronan riu – Por ela eu já teria morrido de várias maneiras possíveis.

Os dois riram.

De qualquer forma, não é um pedido meu, a minha mãe quem quer vê-los para um almoço aqui em casa.

Sei não, Ronan... Eu e Elesis não estamos acostumados com isso. – Jin tinha uma voz de poucos amigos – Acho melhor não.

–Por favor. – Ronan tinha um tom quase de imploração – Será uma grande chance para eu apresentar a Elesis aos meus pais.

Jin suspirou.

Tudo bem, irei acordá-la e tentar convencer a Elesis.

–Eu vou ficar te devendo uma se você conseguir.

Ronan desligou o celular e ficou encarando o aparelho.

–Acho que preciso de uma foto da Elesis... – Sorriu – Comigo.

De tanto encarar a tela do celular, se ligou na hora e deu um pulo da cadeira. Pegou uma roupa confortável para ficar em casa e foi tomar banho. E escovar os dentes.

Quando desceu, foi direto para a cozinha ver o que tinha para o café da manhã. Estava com o celular em mãos, pois conversava com Lass e tentava ligar para o Ryan para acordá-lo. De tanto persistir, conseguiu e, assim que Ryan entrou no chat com os meninos, os xingou de tudo que era nome, pois ainda era bem cedo e, segundo Ryan, era imoral e uma falta de respeito com a humanidade acordar quem está de férias àquela hora.

Ao entrar na cozinha, deparou-se com Edel.

–Bom dia, Ronan. – Disse ela sorrindo.

O menino olhou de relance para ela e depois para o aparelho em suas mãos, mas, quando se deu conta de quem estava ali, a olhou novamente.

–O que você faz aqui, senhorita Frost?

Ela riu.

–Eu pedi à sua mãe que me deixasse cozinhar hoje.

–Está querendo roubar o emprego do nosso chefe? – Ronan riu e sentou-se em um dos bancos próximos à bancada da “cozinha americana” – Olha que a comida dele é uma delícia, acho que não tem como competir.

–Não, não. – Edel tornou a rir – Era só como uma forma de agradecimento e... – A menina suspirou e terminou de lavar alguns legumes, sacudindo as mãos na pia e depois as enxugando – Cozinhar me lembra do meu irmão.

–Ah... – Ronan sentiu que Edel ficara desanimada e mudou de assunto – O que está preparando?

–Risoto de camarão.

–Opa! – Ronan colocou o celular sobre o balcão e esfregou uma mão na outra – Se superou, pois pensei que fosse fazer arroz com ovo.

Edel jogou um pano de prato em Ronan, que agarrou antes de atingi-lo.

–Não faço esse tipo de comida para agradecer alguém, só quando estou com preguiça de cozinhar.

Os dois riram juntos. Edel mergulhou na risada de Ronan e ficou olhando-o.

–Então, acho que outras pessoas além de mim e meus pais experimentarão sua comida. – Ronan voltou ao assunto.

–É, - Edel “despertou” – sua mãe me contou ontem.

Ronan sorriu feito criança.

–Agora eu sinto que ficaremos juntos para sempre. – Ele se referiu à Elesis.

–Sempre é uma palavra muito forte. – Edel soltou sem nem ao menos ter noção do que disse e voltou com os alimentos na pia.

–O quê? – Ronan sentiu seu celular vibrar e o pegou.

–Hã? – A menina o olhou acima do ombro, sem deixar de enxaguar o restante dos legumes para a salada.

Ronan digitou algumas coisas para Lass e Ryan, pois contara de seu feito em namorar a Elesis e depois olhou para Edel.

–Você disse: “sempre é uma palavra muito forte”.

–Disse? – Ela se espantou.

–Aham. – Ronan balançou a cabeça em um sim.

–Desculpa, é que eu tive umas conversas com... – Edel se calou – Enfim, falei sei pensar – Riu abafado.

Ronan ficou de boca aberta até sentir sua barriga reclamar de fome.

–Sabe se um senhor que cuida das plantas comprou pão?

–Na verdade... Eu fui com Sebastian na padaria.

–Nossa, já estão íntimos assim? – Brincou Ronan, rindo.

Edel também riu, pegou uma travessa e foi cortando os legumes.

–Deixarei o mais fácil pronto, assim só terei olhos para o risoto. – Comentou para si.

Ronan preferiu não intrometer e foi preparar seu café da manhã.

***

Rey acordara com Mary latindo sem parar. Assim que se levantou da cama, foi direto para a sacada, pois era para onde a cachorrinha latia sem cessar.

–O que foi, queridinha? – Olhou para Mary e depois para a varanda de sua casa – Nossa... Hoje ele acordou irritadinho.

A cena que vira fora de um canto do jardim destruído e o carro de Dio amassado.

–Pensei que entraria em seu quarto e veria as compras jogadas. – Disse Dio, dando um susto em Rey, que se virou com a mão no busto ao ouvir a voz do rapaz.

–O que faz aqui?!

A cachorrinha começou a latir para Dio, mas recebeu um olhar severo e acabou saindo do quarto.

–Adoro quando cachorrinhas me obedecem apenas pelo olhar. – Dio sorriu maleficamente.

–Você é desprezível, sabia? – Rey voltou para seu quarto, fechando a porta de correr da varanda – O que deu em você? Seu carro está amassado.

Dio suspirou e saiu do quarto.

–Ei! – Rey o chamou, mas ele não quis dar atenção.

–Não posso deixar que Rey descubra tudo e que eu acabe cedendo à ela. – Murmurou para si ao voltar para seu quarto.

A menina ficou estática com o fato de Dio a ignorar. Sentou em sua cama com raiva.

–Mas que coisa! – Cruzou os braços e as pernas – O que esses homens têm na cabeça para me tratarem assim?

Olhou para seu celular.

–Terei que mostrar quem é que manda... – Levantou-se e pegou o aparelho. Foi na discagem rápida. Lupus.

Deixou tocar até a terceira vez, mas Lupus não atendeu.

–É... – Desligou o aparelho – Acho que terei de fazer uma visitinha a ele. Já estava querendo resolver o meu problema pendente com a Elesis mesmo.

Levantou-se e chamou seu mordomo, para preparar o carro.

***

Lire recebeu uma mensagem de Ryan para se encontrarem em uma lanchonete. A menina relutou um pouco. Acabara de sair da casa de Arme, mesmo a baixinha insistindo para que ela ficasse. Como recebeu a mensagem na rua, sentiu-se aliviada por Arme não estar por perto.

Ainda era cedo, o que fez a menina estranhar o fato de Ryan estar falando com ela. Mesmo assim, Lire se apressou para chegar em casa para tomar um banho e colocar uma roupa agradável para aquele dia.

Avisou à mãe e saiu de casa depois de ter comido um pacote de biscoito recheado. Era de se esperar levar uma bronca de sua mãe, pois a menina chegou e logo depois saiu.

A lanchonete era mais perto de sua casa do que da de Ryan, por isso – e pela ansiedade também – acabou chegando primeiro. Pediu um suco de morango ao leite e um salgado de forno.

–Bom dia. – Disse Ryan, ao chegar, com um sorriso no rosto.

–Oi. – Lire estava indiferente.

O menino se sentou. Já esperava por isso.

–Olha, eu sei que ultimamente estamos nos afastamos e eu a chamei para falarmos sobre isso.

O coração da menina deu um salto no peito de machuca-la. Acelerou de uma forma bruta, mas Lire não demonstrou nenhuma dor, manteve-se séria e compreensiva ao que Ryan estava por falar.

Um rapaz atendeu a mesa assim que viu Ryan chegar e anotou o pedido dele, chegou até se espantar pela quantidade de coisa logo numa manhã.

Ryan esperou o rapaz sair para ter toda a atenção de Lire. Ele tinha que fazer isso. Tinha que deixar a menina confusa e, até mesmo, deixar que ela acreditasse em um possível término de relacionamento.

Ronan e Lass, conversando com ele mais cedo, disseram que Ryan estava exagerando, mas o menino, ainda assim, estava firme e forte em sua decisão de saber até onde o amor de Lire iria pelos dois, pois a surpresa que ele estava preparando contava com isso.

A menina suspirou e teve o foco de Ryan.

–Seja lá o que você tenha em mente, - Avisou Lire – por favor, seja breve.

–Não quero tomar seu tempo, tampouco te magoar de alguma forma, mas...

Lire tomou um pouco de seu suco, era inevitável segurar as lágrimas, contudo ela prendia de todas as formas.

–Mas você já deve ter percebido que andamos muito distantes um do outro. Eu não sei como reagir a isso e estou pensando na melhor maneira de acabarmos com esse atrito entre nós.

O pedido de Ryan chegou e os dois se silenciaram. Assim que o rapaz se retirou novamente, Ryan continuou:

–De todas as formas que eu pensei, a mais viável foi...

–Espera! – Lire apontou a palma da mão para Ryan, como um pedido que ele parasse. Olhou para qualquer outro ponto da lanchonete que não fosse o menino – Eu acho que fui uma namorada muito chata, ou acabei te irritando com alguma coisa, mas... Ryan, – Ela o olhou e seus olhos estavam brilhando com o mar refletindo a luz do sol – eu não quero te perder. Eu não quero ver nossa amizade se esvaindo como pó.

Ryan uniu as sobrancelhas, ficara impressionado e comovido com a voz suave e tão magoada de Lire. Ele não queria feri-la, mas tinha um preço a se pagar fazendo aquilo.

–Não é nada disso. Você não foi chata comigo, pelo contrário, eu que... – Respirou fundo, não poderia dar o braço a torcer. Não poderia - Olha, Lire, eu seu que deve ser difícil para você, mas precisamos acabar com isso agora.

A menina estufou o peito tentando manter o ar em seus pulmões.

–E o que você sugere? Que eu fiquei mais bonita quando estou com você? Ou que eu te deixe mais livre? Ou, quem sabe, que eu suma da sua vida?

–Lire! – Ryan, até o presente momento, não havia tocado em seu lanche – Não é isso. Não se trata de me deixar – Isso aliviou a menina de tal maneira, que qualquer pessoa poderia perceber de longe como Lire havia ficado com um semblante mais calmo – muito menos sobre beleza.

–Ryan, pode falar, eu sei que não sou a garota mais linda.

–É sim. Para mim, você é linda demais.

–Então por que estamos assim? Por que essa conversa hoje? – Lire se levantou – Você não quer me magoar, mas já fez isso no momento em que não percebeu a minha tristeza. Estou com isso na cabeça. De não ser suficiente para você.

Agora Ryan estava magoado consigo mesmo. Cada palavra que Lire pronunciava, ele negava com a cabeça.

–Você é linda.

–Depois que começamos nos afastar. Depois do dia na praia... – Lire virou o rosto para a rua – Eu não me sinto tão bonita a ponto de te conquistar todo dia.

–Você é linda, Lire, linda. – Ryan também se levantou.

Agora olhares focavam o casal.

–Eu não sei mais... – A menina o olhou – Eu sei que ainda te amo. E poderia até gritar aqui para todos ouvirem como você fez no dia do baile.

Ryan levantou uma sobrancelha meio confuso, ele não entendeu a reação da Lire.

–Eu falei que gosto de você e...

–E eu respondi que também gosto, você é um grande ami...

–PARA! – Ryan não acreditou que a loirinha não havia entendido, colocou as mãos no rosto desesperado.

–O que foi?! – a menina ficou preocupada.

–Lire, eu gosto de você! – ele tentou mais uma vez.

–Eu sei. – ela riu ainda sem entender.

–Lire! – o alaranjado gritou o nome dela perplexo com a situação.

–Ryan! – a loirinha gritou o nome dele, porque ele gritou o dela.

O menino não conseguia falar, a emoção e a confusão eram tanta, que Ryan ficou em estado de choque. Lire o balançou pelos ombros para ver se ele reagia.

–Você sabe como eu fiquei nervoso para te falar isso?!

–Hã?! – Lire começou a achar que Ryan estava sendo grosseiro.

–Você não entendeu nada! – Ryan não conteve seu momento de raiva.

–Não fala assim comigo! – Lire também não se conteve.

–Desculpa! Mas eu estou muito... muito... – ele começou a abaixar a voz, triste – Por que você não entendeu?

–Entender o que? – a loirinha estava muito confusa com aquilo.

–Lire, EU TE AMO! E você simplesmente não entendeu isso, foi como uma flecha no meu coração. Você é a menina dos meus sonhos, talvez nem goste de mim como eu gosto de você, mas... – Ryan deu uma pausa e olhou para o lado por um instante e depois olhou para ela – Mas eu só queria que você soubesse o que eu sentia, pelo visto eu não sou tão importante assim.

–Para Ryan! Isso não é verdade. – a menina estava paralisada com aquilo tudo e estava meio perdida com a situação.

–É difícil para um homem assumir o que sente e demonstrar isso, mas eu morreria se não te dissesse. Na adolescência tudo é motivo para ser dramático e tal, mas não é isso. Eu te amo e não sei mais o que fazer. Eu estou... – ele abaixou a cabeça e estava triste com os olhos cheios de lágrimas, mas não as deixou cair.”

Os dois se olharam por alguns segundos e, ao mesmo tempo, eles murmuraram “Eu te amo”.

Mais um silêncio entre eles dando espaço para conversas alheias.

–Eu vou entender se você quiser dar um tempo, o clima entre nós está muito estranho. – Por fim, Lire se expressou.

–Mas eu não quero um tempo, quero estar com você a maior parte da hora de cada dia da minha vida.

–Então por que estamos assim? – Lire se abraçou, confusa.

–Como eu disse, não sei lidar com uma relação tão séria assim.

–Eu também sou inexperiente, mas estou vivendo um dia de cada vez, Ryan. – Lire ameaçou se afastar da mesa – Eu quero me olhar no espelho e ver que ainda sou linda para você, mas está sendo difícil depois que começamos a agir de um jeito diferente.

–Você sempre foi linda, pelo amor de Deus. – Ryan estava perdendo seu controle em ver sua amada perder a autoestima.

–Acho que, mesmo ouvindo cem vezes isso, será difícil de acreditar. Porque eu olho em volta e vejo cada menina que poderia ter seu coração.

–Mas nenhuma delas seria capaz disso, porque o meu coração é teu.

Lire sorriu apenas com os lábios, mas era um sorriso fraco e sem alegria.

Ryan suspirou.

A menina se virou e foi embora murmurando um “tchau” em despedida.

Ele voltou a se sentar e fechou os olhos.

–A surpresa precisa dar certo... – Olhou para a rua – Porque eu não vou aguentar vê-la triste comigo...

Depois se voltou para dentro da lanchonete e percebeu que ainda havia olhares em sua direção. Começou a comer e manter seu pensamento em uma única pessoa: Lire.

–Espero que você me perdoe, Lire, mas foi necessário. E ainda preciso fazer mais uma coisa... – Murmurou e começou a comer seu lanche, ignorando os olhares.


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Notas finais do capítulo

Erros? Podem falar, pois o capítulo foi montado e postado, então não temos noção de algum erro (seja gramatical ou de digitação).