Era ótimo que tudo tivesse acabado.

Os acampamentos não tinham se matado, apesar de que todos concordaram que deixá-los separados era a melhor escolha, Octavian havia ‘sumido’ e todos estavam bem.

Menos eu.

Mas claro todos achavam que sim. Afinal Annabeth estava viva. Nós dois estávamos juntos, felizes apesar de tudo. Não vou dizer que não a amo. Sim, eu a amo demais, e faria tudo que fiz por ela de novo.

Mas as pessoas estavam esquecendo-se da outra parte.

Do que precisamos fazer para que tudo estivesse bem como está agora.

Nico havia tomado meu lugar no sacrifício sem hesitar. Seus passos não vacilaram e sua mão não tremia quando me empurrou e correu a minha frente. Não mostrou hesitação nem mesmo quando ele estava cara a cara com seus algozes.

E eu, no meu estado de alívio e torpor, nem consegui me levantar para tentar o impedir. Apenas assisti a vida dele, já sempre tão frágil se esvaindo em líquido e se espalhando por todo o lugar.

Doía. Ainda dói e eu não sei se algum dia vai parar de doer.

Porque mesmo em seu último minuto, mesmo eu tendo feito tudo que fiz a ele, em seu último suspiro, seu último sopro de vida foi direcionado para mim. Foi para mim que ele olhou e sorriu o mesmo sorriso que ele tinha quando nos conhecemos. E mesmo sem fazer som, mesmo sem mudar sua expressão, mesmo sem mover um dedo, eu entendi. Eu entendi tudo que ele guardou por todos esses anos que eu fui cego e nunca notei.

Eu sempre fui lerdo. Mas ali, naquele momento, minha mente era rápida. E ela pegou cada detalhe. O jeito que seus olhos brilhavam quando ele sorria, o jeito fofo com qual as lágrimas caíam. Podia jurar que ele chorava, pois podia ver sua mãe acenando para ele. Não era por mim, disso eu sabia. Pois para mim ele sorria. Aquele sorriso branco e sincero, tão puro e feliz era meu. Nico me amava tanto que deu a própria vida para me mostrar isso, ao invés de me contar.

Se alguma coisa teria mudado?

Não sei. Eu amava Annabeth, mas com ele era diferente. Eu me sentia responsável, como um irmão mais velho para ele, mesmo antes da morte de Bianca. Mas, agora eu vejo, que só tarde demais que nenhum de nós dois estava satisfeito com esse posto. Nós queríamos mais, mas agora já não faz diferença.

Agora vejo que sim, eu faria por ele muito mais do que eu fiz por Annabeth. Eu faria qualquer cosia para que ele pudesse estar ao meu lado agora, dizendo o quão estúpido eu sou por estar falando essas coisas. E eu riria e o abraçaria, dizendo que era culpa dele. E ele também riria e o som de sua risada seria meu mundo.

Mas agora nada disso importa.

Agora é apenas uma doce lembrança que eu sempre guardarei com carinho, pois sei que ele não iria querer que eu me culpasse por nada. Porque mesmo que eu tivesse a chance, eu não a aceitaria. Nico era bom, puro. Eu não o merecia. Eu poderia viver essa vida milhões de vezes, e ainda não o merecer.

Ajoelhado diante de seu túmulo posso dizer com certeza.

Nico Di Angelo foi e sempre será o meu melhor e o meu pior, que ninguém mais poderá ter. Porque naquela noite, onde a lua era vermelha, parte de mim se foi junto ao líquido que rapidamente tomava conta do chão.

Parte de mim era ele.

O melhor que só ele poderia ter.