Três Vassouras escrita por Amanda


Capítulo 43
Me desculpa?


Notas iniciais do capítulo

Olá, aí está como prometido.



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Em alguns minutos passados, Rose descia as escadas em direção ao Salão Principal, sempre vazio durante as manhãs de sábados. Lily remexia em seu prato servido de mingau cor de marfim, o rosto inchado contrastava com os olhos, fazendo a ruivinha parecer um zumbi de seriados.

—Bom dia. —Beijou animadamente a bochecha da prima e sentou-se de costas para a mesa da Sonserina.

—Acabou aquele trabalho que você falou? —Lily perguntou entre um longo bocejo.

—Quase, faltou apenas uma runa. —Sibilou entortando os lábios.

—Oi Al. — Falou com a voz animada e aveludada.

Rose virou-se.

—Qual é Lily, eu queria assustar a Rose. —Bateu as mãos nas pernas e sentou-se ao lado da irmã, jogando um bolinho na boca.

—Então ruiva, conte-me como anda a vida sem seu amigo Sonserino e sem o seu amado primo. —Alvo era para quem Rose contava os segredos e confidencias, mesmo sendo mais novo, mas naquele ano andaram um tanto separados.

—Estou bem. Como queria que eu estivesse? —Perguntou mastigando uma banana cortada junto de outras frutas.

—Sei lá, mas acho que conversar apenas com Lily não é muito saudável. —Rose riu da provocação.

—Eu estou bem Al. — Respondeu procurando por alguma fruta em especial.

—Certo, mas e Tiago?

—Eu, bem. Não sei como iniciar uma conversa com ele, tenho medo que fique falando sozinha enquanto ele esbarra no meu ombro de novo. —Suspirou fechando os olhos. — Sinto falta de conversar com ele.

Alvo e Lily trocaram um olhar maroto, cujo ambos herdaram da mãe.

Rose despedaçava um bolo com as mãos nervosas.

—Rô, você sente falta do Scorpius? —A ruiva fez uma careta como se quisesse mudar de assunto. —É que você não fala muito dele.

Lily disfarçava o riso enfiando uma torrada no fundo da boca.

—Vamos lá Rose! —Lily falou em meio à mastigação.

—Certo, eu sinto falta dele, me acostumei a conversar com aquela doninha. —Deu-se por derrotada. —Felizes?

Nenhum dos dois respondeu, caíram na gargalhada antes que pensassem em algo inteligente para responder. As risadas seguiram incessáveis por mais uns cinco segundos, até que Rose compreendeu o motivo.

—Ele está atrás de mim, não é? —Sua voz saiu abafada, já que havia enterrado seu rosto nos braços cruzados sobre a mesa de madeira, para esconder o rosto altamente corado.

Lily com um sorriso preso nos lábios apenas assentiu quando a ruiva espiou por uma brecha entre os braços.

Rose levantou a cabeça e inspirou, com o corpo ainda travado, virou-se para o loiro e a imagem lhe deixou com o ar trancado por mais alguns minutos. Scorpius estava na sua frente, as mãos enfiadas, até o fim dos bolsos da calça, o cabelo loiro um tanto bagunçado e o sorriso, sorriso que tanto lhe atraia, aquele de lado, tão cafajeste quanto sua personalidade.

—Podemos conversar? —Perguntou calmamente, e a ruiva podia jurar que estava roxa quando voltou a respirar. Saíra de seus devaneios com um solavanco exagerado, se pondo de pé.

—Jardim? —O rapaz assentiu enquanto a mesma tomava iniciativa de caminhar na frente. Assim que chegou, alguns alunos saíram, como se fosse algo combinado. Ajeitou-se no banco de pedra e puxou para trás da orelha uma mecha.

—Eu queria me desculpar pelo o que eu disse naquele dia. Eu não deveria, mas eu perdi a cabeça e deixei que a raiva me levasse a esse ponto de falar... Bem, você sabe. —Rose o ouvia atentamente. —E eu só queria que soubesse que esses dias foram muito entediantes. —Sentou-se ao lado da garota. —Quantas vezes eu reprimi o hábito de te provocar ou deixar alguma cueca no banheiro apenas para te ouvir gritando e bufando.

Um silêncio momentâneo corroia ambos.

—Eu, na verdade, também devo me desculpar. Eu te chamei de filho de ex-comensal... —Scorpius tentou interromper, mas Rose o cortara rapidamente. —E não ouse me atrapalhar Malfoy, se não eu juro que lhe enfeitiço. Continuando, eu sei que não devia metê-lo em assuntos passados e fora do nosso interessa. Me desculpa?

—Você me desculpa? —Perguntou aproximando-se da ruiva.

—Sim.

Scorpius não respondeu, apenas abraçou-a, quase como uma necessidade, como se Rose fosse seu oxigênio e precisasse muito daquilo. Afundou o rosto nas madeixas arruivadas e inalou o aroma do shampoo de morango. Rose colocou o rosto na curvatura do pescoço do rapaz, suas pernas repousaram no colo do loiro que a puxava cada vez mais para perto.

Um pigarreio chamou sua atenção.

—Hey, sei que fizeram as pazes e fico feliz por isso, mas precisa ficar agarrado com a minha prima? —Alvo apareceu ao lado da irmã risonha, quebrando todo e qualquer clima que tivesse nascido ali.

—Obrigado por estragar o momento, Potter. —Scorpius soltou Rose um tanto corada. —E se lhe tranquiliza, somos amigos.

—Sério? Parecia bem mais que isso. —Lily recebeu um olhar feio de Rose.

—Eu vou na biblioteca, vejo vocês mais tarde. —A ruiva falou já quase correndo para fora do jardim.

—Hey posso ir com você? —Scorpius ficou de pé, ignorando friamente um coro de “hum” de Alvo e Lily.

—Estou indo estudar, vai achar entediante. —Scorpius assentiu e Rose saiu em passos trôpegos.

Apressada como na maioria das vezes, passou pelas prateleiras como um turbilhão, até encontrar os livros de que tanto precisava. Perdeu a manhã no local fechado, já amaldiçoara a professora milhares de vezes, até que na ultima página do livro, encontrou o significado. Anotou em um pedaço de pergaminho e correu até o Salão Principal. Com sorte pegaria o final do almoço, mas ao entrar parou bruscamente na porta, pois não acreditou no que vira. Scorpius sentado ao lado de Hugo, olhavam atentamente para um tabuleiro de xadrez bruxo. Foi aproximando-se lentamente, passo por passo.

—Hey Rose, venha almoçar. —Lily abanava descontroladamente, apontando para um prato. Serviu-se de uma pequena porção.

—Quem você acha que vai ganhar Rose? —Hugo perguntou sem olhar diretamente para a irmã.

—Esqueceu que eu não entendo de xadrez? —Bebericou o suco. —Boa sorte para os dois. —Voltou a colocar o garfo na boca e mastigar a batata. —Onde está Luke?

—Dormindo, cavalo na H4. —Respondeu Scorpius, dando o comando e comendo uma peça branca. —Porque ele você chama pelo nome e comigo usa o sobrenome?

—Ora, porque eu prefiro assim. —Deu de ombros empurrando o prato em sinal de satisfação. Levantou-se apressada novamente.

—Aonde vai Rô? Você mal digeriu a comida. —Ralhou Lily, como uma verdadeira mãe.

—Eu só vou ler, mamãe. —Rose não pode deixar de rir da expressão que Lily fazia toda a vez que usavam sarcasmo com ela, o que era motivo para incomoda-la de propósito.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Até loguinho