It Never Dies escrita por Nyuu D


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/44747/chapter/1

 

Naquela noite, Zoro estava de vigília no alto do mastro, lá no “ninho do corvo”. Ou quase, uma vez que seus olhos cerrados denunciavam o fato de estar embargado num de seus sonos profundos. Tudo bem, porque caso alguma coisa acontecesse, ele seria despertado. Ou não. Mas o espadachim parecia ter um sexto sentido que o permitia despertar na hora exata. Agora, ele apenas dormia sentado, pacificamente, com as costas meio tortas, encostado no banco que circundava o local.

O caso específico de ter Luffy caindo em sua barriga, seu sexto sentido não acusou. Acordou desnorteado, olhando para o capitão, que ajeitava seu chapéu de palha no alto da cabeça. Sentava em lótus em cima do abdômen de Zoro, aparentemente não ligando de tê-lo acordado de maneira tão brusca. – Luffy. Por que não está dormindo?

– Ah, eu perdi o sono.

Ele havia perdido o sono? Zoro meneou de leve a cabeça de forma negativa, descrente da afirmação do garoto-borracha. Luffy abriu um de seus sorrisos e permaneceu sentado em cima da barriga do espadachim. Quando o maior moveu-se um pouco para se ajeitar sentado, Luffy escorregou e sentou nas coxas dele.

– Sei. – Suspirou, deitando a cabeça para trás e fechando os olhos novamente.

– Posso ficar por aqui, com você?

– E por que não poderia?

O moreninho deu uma risada e cruzou os braços em cima das pernas, mantendo o olhar no espadachim.

Ambos tinham um bom relacionamento, como era de se esperar, uma vez que Zoro foi seu primeiro nakama e era certamente seu melhor amigo. Ali dentro, assim pensava o maior, não podia haver pessoa que se preocupasse mais com Luffy, ou que zelasse mais pelo capitão do que ele mesmo. E tinha orgulho disso. Sabia da importância do garoto para todos os membros do bando, porém, Zoro sempre olhou por Luffy como a coisa mais importante.

Talvez, como o capitão protegia seu chapéu de palha, Zoro protegeria Luffy. Era seu sol... Ele iluminava sua vida. Trouxe alegria aos dias que, agora, o espadachim passava com o bando dos Mugiwara.

Permaneceu com os olhos fechados, uma vez que queria dormir, e o capitão não havia dito que queria conversar; só pediu para ficar por ali. Mas claro que se ele não estivesse dormindo ou comendo, estaria falando pelos cotovelos.

– Ei, Zoro.

– Hum?

– Você já beijou alguém?

– Quê? – O espadachim abriu um dos olhos e espiou a expressão sorridente de Luffy. Suas sobrancelhas, instintivamente, franziram no rosto. – Por que isso, de repente?

– É que hoje, mais cedo, a Robin estava lendo um livro... Era algo como... Romance de romance?

– Romance romântico?

– Isso! – Ele riu. – Que repetitivo. Bom, ela estava lendo e eu dei uma espiada, porque não tinha nada melhor pra fazer. E tinha duas pessoas se beijando nele. – Explicou, movendo a cabeça suavemente para demonstrar o tal interesse no assunto. Zoro pigarreou ruidosamente, mostrando-se desconfortável com a pergunta, mas Luffy não pareceu ligar. Só então é que o espadachim lembrou que se tratava do moreninho, e que “dicas” não iriam servir de nada.

Aliás, desde quando Luffy se interessava por livros?!

– Então ela me explicou o que era. Daí eu queria saber, se você já beijou alguém?

– Não.

– Nem eu. – O capitão fez um bico. Zoro assentiu quase imperceptivelmente para o outro, mostrando que compreendia a situação do moreno. Não tinha muito que falar, realmente, portanto apenas voltou a fechar os dois olhos e jogou as mãos para trás da cabeça. O silêncio permaneceu.

O espadachim estava quase pegando no sono novamente quando a voz de Luffy fez-se ouvir mais uma vez.

– Ei, Zoro.

– Hum?

– Posso te beijar?

– Haa?! – Ele abriu os olhos repentinamente, sentindo o rosto esquentar. – Acho que não, Luffy... – Resmungou.

– E por que não?! – Um novo bico curvou os lábios do garoto-borracha, que se mostrou visivelmente aborrecido.

– Porque somos dois homens...

– E daí?

– Bom... – Zoro levou a mão à testa e coçou de leve. Não havia explicação plausível para aquilo, ao menos não para fazer Luffy entender completamente, já que o moreno era demasiado inocente para entender esse tipo de conceito de sociedade. Para ele, qualquer um era passível de ser amado. Até um esqueleto falante.

– Bom?! – Insistiu.

– Por que você quer me beijar?

– Porque você é o Zoro! – Exclamou Luffy como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e Zoro fosse um completo idiota por não saber. – É meu primeiro nakama, meu parceiro. E também, eu queria saber como é.

– Hum... – O espadachim estreitou os olhos, visivelmente constrangido.

– Será que é tão bom quanto, sei lá, comer carne? – Indagou com uma expressão pensativa. – No livro descrevia como algo super bom!

Zoro deu um longo suspiro. Não tinha muito que dizer, mais uma vez. Não havia beijado outra pessoa, realmente, para saber o que falar. Respirou fundo e fechou os olhos, preferiu ser evasivo. Sabia, no fundo, que isso não funcionaria com Luffy, mas não custava tentar.

Cinco segundos depois, ele sentia as pontas dos dedos indicadores do capitão cutucarem-lhe as bochechas. – Ei, Zoro!

– O quê? – Manteve os olhos fechados.

– Deixa eu beijar você!

Reabriu os orbes escuros, encarando os olhos brilhantes de Luffy. Assentiu de leve para o capitão, sustentando o olhar no dele. Dobrando o tamanho de seu já largo sorriso, o moreninho segurou o rosto cheio de fortes traços de Zoro, ajeitou-se de forma ansiosa e aproximou o rosto do dele.

Sentindo o coração disparar repentinamente, o espadachim engoliu seco e buscou por um pouco de ar. Luffy tocou a boca de seu nakama com a própria, sem sequer fechar os olhos. A suave troca de calor de um lábio para o outro fez Zoro sentir os pêlos de seu corpo se arrepiarem, todos, em cada canto. De qualquer forma, a expressão inocente de Luffy o impedia de sequer tirar suas mãos da própria cabeça para segurá-lo propriamente.

Após alguns instantes, o capitão afastou-se do parceiro e apertou os lábios, parecendo nervoso. – E então? – Indagou Zoro com uma expressão calma no rosto.

– Foi engraçado. Faz cócegas. – Luffy deu uma risada gostosa e Zoro curvou os lábios num sorriso fechado.

Tirou as mãos da parte de trás da cabeça e levou-as uma delas à cintura do capitão, e a outra, ao rosto do moreno. Seu polegar passeava calmamente pela cicatriz que ele tinha no rosto, e seus olhos acompanhavam os traços dele. Luffy era tão bonitinho. Tinha, agora, um sorriso curioso, esperando que Zoro falasse ou fizesse alguma coisa.

– Luffy...

– Que é, Zoro?

O espadachim subiu a mão do rosto do capitão para o alto de sua cabeça, empurrando o chapéu de palha para trás. Logo em seguida, voltou a mão aos cabelos escuros de Luffy e moveu os dedos de leve, sentindo os fios emaranharem-se entre as fendas. O garoto-borracha mantinha sua expressão. Trouxe o moreno em sua direção, abraçando-o carinhosamente pela cintura.

– Zoro?

Luffy afastou a cabeça, ou ao menos o quanto pôde sem esticar o pescoço. Eles se olharam por um instante e, desta vez, foi Zoro quem aproximou os rostos, tocando os lábios do capitão. Manteve os olhos abertos, estendendo o toque das bocas, até que Luffy acabou cerrando as pestanas. Assim, o espadachim fechou as próprias, também. Moveram os lábios num beijo leve, ainda sem coragem para unirem as línguas.

Mesmo assim, a movimentação suave permitia que selinhos estalassem com pouco ruído, mas de forma macia, deixando os dois perdidos em seus pensamentos enquanto trocavam aquele carinho mais uma vez.

Sentindo-se confortável e seguro o suficiente, Zoro deu-se ao luxo de afastar um pouco os lábios e pedir passagem nos de Luffy com a língua. Aparentemente confuso, o capitão apertou os olhos um pouco até que, timidamente, abriu a boca e deixou que Zoro o beijasse como deveria. Ou quase, já que o garoto não parecia saber bem o que estava fazendo.

Trocaram o beijo por algum tempo, já que a calmaria toda os impedia de cansar com facilidade. Assim que o momento foi propício, o beijo partiu, devagar. Luffy não parecia querer afastar-se do nakama, mantendo-se unido a ele em insistentes beijinhos que distribuía tanto na boca de Zoro, quanto nos cantos.

Quando finalmente o capitão se afastou, Zoro reabriu seus olhos e encarou o menor. Tinha uma expressão séria no rosto, o que causou um sério constrangimento ao espadachim. Só via Luffy com aquela cara quando ele estava diante de uma luta muito séria. Sonorizou um “tch”, soando incomodado, e tirou as mãos de Luffy, levando-as ao rosto.

Acabara tão envolvido na situação que nem pensou duas vezes antes de querer beijar seu capitão de novo. Zoro, por vezes, não entendia como podia sentir algo do tipo por Luffy. Ou talvez, as respostas fossem apenas muito mais simples do que ele imaginava e a justificativa para seus sentimentos a respeito do capitão fossem mais óbvias do que o esperado.

De repente, Luffy deu sua típica risada baixinha. – Acho que é melhor que comer carne!

Zoro espiou por entre as fendas de seus dedos. Luffy tinha os orbes cerrados e sorria, cheio de vitalidade. Voltaram a se encarar após alguns instantes e o menor segurou-se nos ombros do espadachim, tendo sua cintura abraçada com calma novamente. – Ei, Luffy...

– O que é, Zoro?

– O que acontecia no livro, depois que o casal se beijava?

– Hum? Não sei, não terminei de ler. – Ele tombou a cabeça para o lado, mostrando-se confuso. Zoro curvou os lábios num sorriso pacífico. Curvou as costas um tanto e alcançou o pescoço do capitão, tocando-lhe os lábios ali e arrancando uma risada dele. – Ei, isso arrepia!

– Eu sei... – Suspirou. – Amanhã, peça à Robin que te mostre o que acontece depois, para que possamos fazer igual... – Sussurrou perto do ouvido do capitão, fazendo-o agitar-se um pouco em seu colo novamente por causa do arrepio que lhe desceu pela espinha. Zoro não pôde evitar uma risada nasalada e encolheu os ombros um tanto, aconchegando o capitão em seus braços.

– Do que você tá falando?! – Indagou um Luffy visivelmente confuso.

– Você vai entender...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!