Um Sonho Real escrita por Anjinha Lima


Capítulo 10
Capítulo 10 - O começo da nossa aproximação




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Só de estarmos conversando já era estranho, fazer uma pergunta dessas, pedir para ele contar já era demais. No final das contas eu preferi arriscar. O silêncio depois da pergunta foi tão grande que eu comecei a me arrepender.

–Mas não precisa dizer se não quiser.

Falei quebrando aquele silêncio desconfortável. Junior continuou calado, mas ele ficava olhando em volta, como se procurasse uma resposta. Percebi que ele estava decidindo se falava ou não.

– Tudo bem se você ainda não confia em mim o suficiente... – eu disse um pouco triste – Só por que você veio aqui pedir desculpas não quer dizer que agora somos amigos, não é?

Ele levantou a cabeça e olhou para o teto.

– Depois que eu e o Marco fomos embora, naquele dia na praça, nós conversamos mais um pouco e ele disse que talvez não fosse tão ruim deixar você se aproximar. – ele olhou para mim – Ele disse que essa poderia ser uma ótima chance.

– Chance de que?

– De fazer algum amigo. Esse tempo todo eu tenho me afastado de todos, mas recentemente eu comecei a mudar de idéia. Acho que já está na hora de deixar de ser tão infantil.

– Então você está dizendo que...?

– Que... Talvez... – ele ficou um pouco envergonhado – Talvez nós possamos ser... Ser amigos.

– Sério? Você mudou de idéia tão rápido? – eu perguntei animada

– Não foi tão rápido... Na verdade já faz um tempinho. Eu já tinha conversado algumas vezes com o Marco sobre isso.

– Então ele já sabia quem eu era?

Ele balançou a cabeça em sinal de não.

– Só pelo que eu falei de você.

– Entendi. – eu sorri

– Natasha...

– Sim?

– O que exatamente o meu pai te disse quando ele nos apresentou? Depois que eu fui embora, quando você prometeu para ele que não iria desistir.

– Bom, ele disse que você era um garoto solitário, mas que nem sempre foi assim, ele também disse que não sabia o que fez você mudar.

– Como eu pensei, ele não sabe de nada. – ele falou meio chateado

– Mas o que era para ele saber?

– Pelo menos a razão da minha mudança de comportamento.

– Qual foi a razão?

Ele respirou fundo.

– Ainda não temos esse nível de amizade...

Fiquei um pouco triste, mas entendi, ele ainda não confiava em mim. Mesmo falando tantas coisas, que na verdade, era mais como se ele não estivesse falando nada. Ele realmente não estava falando nada. Mas eu sentia que um dia ele iria me contar tudo, afinal o primeiro passo já fora dado, nós finalmente podíamos ser amigos.

– Então... Depois disso o que vai acontecer? Quer dizer, como vai ser da próxima vez que nos encontrarmos?

– A-acho que talvez u-um “bom dia” seria um b-bom começo. – ele ficou um pouco corado – Pra você vai ser fácil, não é?

– Quem sabe? E eu posso saber o porquê de você estar gaguejando? – eu ri – Seria talvez porque você ficou tímido?

– Cala a boca. – ele falou meio sem jeito – Não tenho que explicar nada. Pare de brincar com a minha cara.

– Certo certo. Não estou brincando com a tua cara, pelo menos não pretendia. É só que é algo que eu ainda não tinha visto.

– Bom, eu já disse tudo o que pretendia dizer e um pouco mais. Já está na hora de eu ir embora. – ele se levantou

– Mas já? – falei enquanto me levantava também – Ah... Tudo bem. Afinal temos um booom tempo para conversar ainda. – eu sorri

Levei-o até a porta e me despedi. Ele ainda estava meio sem jeito. “Acho que ele não faz isso a um bom tempo, se é que já fez.” Pensei. Assim que ele saiu, eu fui correndo ligar para a Lucy e contar o que aconteceu, ela disse que só acreditaria vendo, então marcamos de ir para a Shibusen juntas no dia seguinte. Então lá fomos nós. Chegamos um pouquinho mais cedo para ficarmos esperando o Junior chegar.

– Lá vem ele! – eu avisei – Rápido, se prepara.

Nós nos misturamos com as outras pessoas e deixamos ele passar na frente e só então entrar também. Dei uma acelerada no passo e fui até ele.

– Junior! – chamei e ele parou e olhou para mim – Bom dia!

Ele corou e desviou um pouco o olhar, mas logo voltou a olhar para mim.

– B-bom dia.

– Esse foi um ótimo começo. – eu ri

– Não brinque com a minha cara. – ele saiu andando

– Desculpa, não foi minha intenção.

Eu continuava sorrindo já que era inevitável. Fiz sinal para a Lucy se juntar a nós, ela estava alguns passos atrás da gente. Apressamos de novo o passo ficamos ao lado do Junior andando até as salas. Eu fiz uma cara de “eu não te disse?” para a Lucy e ela me devolveu dando língua.

– Depois do “bom dia” vem o que? – perguntei

– Não sei...

– Tudo bem, mas digo logo que já demos um bom passo.

– Até quando você pretende me seguir? – ele perguntou parando de andar

Eu olhei em volta e estávamos quase em frente à sala onde o Junior iria ter a primeira aula.

– Desculpe, maus hábitos... – ele disse – O que eu quis dizer foi que...

– Tudo bem. Eu entendi. – eu ri – Até depois.

– Até.

– Até depois. – Lucy também se despediu

– Espera. – Junior chamou antes que eu e Lucy fossemos embora – N-no intervalo... – ele parecia ter dificuldade para falar o que queria – Você, eu... E a Lucy se ela quiser...

– Então está marcado. – eu disse fazendo sinal de sim com a mão e piscando o olho para ele – Nós três vamos passar o intervalo juntos, certo Lucy?

– Certo! – ela confirmou

– Certo Junior?

– C-certo.

Junior entrou na sala e eu e Lucy fomos para as nossas. Lucy e eu estávamos em salas diferentes também, afinal eu estava na turma iniciante e ela na intermediária.


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Notas finais do capítulo

Para o próximo capítulo: a história ainda está girando em torno deles dois, Natasha e Junior.



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