Retirei-me e direcionei-me aos meus aposentos.
Hampton court era um lugar enorme, via os súditos da antiga rainha chorando desesperadamente e correndo pelos salões, esperando a notícia de qual saída ela usaria para deixar o palácio. Ouvia os sussurros, haviam pessoas me crucificando e expelindo veneno pela saliva, sentia a raiva e o ranger de dentes que os católicos fervorosos e leais de Catarina.
Ouvi uma senhora dizer: És a grande prostituta! Em seguida, cuspiu o caminho pelo qual eu havia passado.
Estava já perto do meu quarto quando vi Henrique caminhando depressa pelo corredor com talvez uns seis guardas logo atrás. Estava enfurecido.
– SAIAM! - ele gritou. Os guardas se retiraram.
– Henrique? O que houve? - perguntei habismada.
Ele me jogou contra a parede e não me deixou saída alguma. Seu braço direito socou a parede, próximo ao meu rosto.
– Está me assustando, Majestade. - eu disse tremendo.
– Tens ideia do que acabei de fazer!? - ele disse articulando seu braço esquerdo.
– Livrou-se de um fardo. - eu disse.
– E arranjei o ódio do papa! Rompi com a igreja de Roma, e é definitivo! Os nobres podem me caçar agora! Como poderá se tornar rainha com um rei morto!!!? - ele retirou seus braços ao redor de mim e virou as costas e dando passos largos ia se afastando.
– Henrique! - gritei e ele não se virou. - Henrique! - corri atrás dele e consegui alcançá-lo.
– Achas que não sei dos planos de seu pai? - ele disse. - Pensas que sou tolo? -
– Henrique, não é isso. -
– Não?! - ele riu.
– Henrique, eu te amava, antes e depois de partir! Ainda te amo, e meu amor vai crescendo a cada dia que se passa! - eu disse com minhas mãos acariciando sua barba e seus cabelos.
– Anne, eu te amo. - ele acariciou meu queixo. E me beijou.
– Vou lhe dar um herdeiro. -toquei seu rosto. - Ah sim, Majestade, um forte e viril, como o pai! - Sorri.
– Mas não estais grávida? -
– Eu não queria lhe contar, mas agora vejo como aconteceu por que Deus permitiu uma nova chance. Eu perdi o bebê, há pouco mais de duas semanas. -
– Anne isso é terrível. -
– É sim, meu amado, mas a vida é cheia de surpresas, a maioria é desagradável. Mas não vê? É a oportunidade de meu primogênito ser o próximo rei da Inglaterra. -
– Anne! - ele começou a me beijar, e bom, acidentalmente estávamos na frente da porta de meus aposentos.

–Que assim seja então. - ele continuou.