Tudo Por Você escrita por Renata Leal


Capítulo 21
Agora ou nunca


Notas iniciais do capítulo

Não me matem. Nunca demorei tanto para escrever um capítulo. Estava tão sem ânimo. As aulas começaram... Não estou muito legal esses dias, mas mesmo tendo coisa para estudar, arranjei um tempinho para a história e para a fic



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5 ligações perdidas. Breno. Breno. Breno. Breno. Breno.

Retornei.

– Até que em fim!

– O que foi? – perguntei.

– Tenho uma notícia não muito boa... – ele disse.

– Aconteceu alguma coisa?

– Sim... – ele disse. – Minha mãe quer que eu faça intercâmbio esse ano. E ela quer que seja daqui a alguns dias.

– Isso é ótimo! – me animei. – Conhecer um novo país, uma nova língua... Por que não está feliz? É uma oportunidade e tanto para você!

– Não estou feliz porque vou estar longe de você.

Aquilo partiu meu coração. Por que ele tinha que falar aquilo? Como eu vou falar para ele que não podemos mais continuar porque eu gosto do Rodrigo? Como eu vou dizer isso para ele? Não vou conseguir.

– Oh, Breno... A gente vai se ver depois.

– O intercâmbio é de um ano... A minha mãe quer que eu fique um ano nos Estados Unidos. Acha que aguenta ficar longe de mim?

– Verdade... É muito tempo. Mas, pensa bem... É um tempo bom para pensar...

– Pensar em que?

Droga. Por que eu disse isso?

– Pensar em você? – ele perguntou. – Pensar em você... E sentir saudades. E querer te beijar... – ele disse. Tenho certeza de que se essa conversa fosse pessoalmente, ele me beijaria agora.

Eu. Não. Posso. Continuar. Com. Isso.

– Podemos conversar mais tarde? A gente se encontra. Eu preciso desligar agora. – falei depressa.

– Aconteceu alguma coisa? Você parece nervosa... – ele disse. Sim, estou, realmente, muito, mas muito, nervosa.

– Não... Nada demais. A gente se ver mais tarde? Te ligo para marcar. – falei tentando disfarçar a minha voz de quem estava querendo chorar.

– Tudo bem – ele disse. – Tchau. Beijos. – ele disse. Sussurrei um “beijo” e desliguei caindo na cama e encharcando o edredom de lágrimas.

Eu nunca quis sofrer. Sempre reclamei que eu só sofria por amor. E agora? Vou fazer uma pessoa sofrer. Nossa. Isso é pior ainda.

Mas, infelizmente, eu tenho que arranjar um jeito de dizer para ele que não vai dar certo... Eu não posso deixa-lo ir para o intercâmbio e pensar que, ao voltar, estarei de braços abertos, morrendo de saudade e louca para beijá-lo. Sim, estarei morrendo de saudades, mas essa saudade não será na visão de uma namorada. Sim, de uma amiga.

Eu não vou conseguir falar isso. Eu não vou... Eu tenho que conseguir, mas... Como? Meu Deus, como eu vou fazer isso? Não existe uma forma delicada de terminar um relacionamento.

Não está dando certo... Eu queria continuar, mas não está dando pra mim. A gente precisa de um tempo. Um em cada canto. Eu sinto muito. Não queria fazer isso, mas eu preciso. Não vou aguentar ver você pensando que estou bem, quando não estou. Você foi um namorado perfeito, mas eu não posso mais continuar... O problema não é você, eu juro (que clichê). Eu que não te mereço... Eu que preciso de um tempo pra pensar. Não consigo mais.

Uma palavra para tudo isso: drama.

Não precisava de tanto drama. Bastaria um: preciso de um tempo para pensar, não dá mais para continuar... Desculpe-me. Não posso mais continuar. Fim de papo.

Mas não é tão fácil falar isso. Nem enviar uma mensagem, por favor! Enviar mensagem seria o cúmulo do ridículo.

Liguei para a Letícia e para a Lisa. Chamada de voz com as três... É disso que eu preciso.

– O Breno vai fazer intercâmbio.

– Ferrou – a Lisa disse.

– Total – a Letícia completou.

– Tenho que falar para ele... Não posso mais continuar com ele. Muito menos deixa-lo ir com a cabeça pensando que tem uma namorada feliz com o relacionamento.

– Você tem razão – a Letícia disse. – Você tem que terminar.

– Não dá! Não é tão fácil... – falei.

– Mas você precisa, Gabriela. Ele vai sofrer, mas é melhor ser agora, porque depois vai ser pior! Vocês terão mais tempo juntos e isso vai doer mais ainda nele... – a Lisa sugeriu. Isso é verdade...

Respirei fundo.

– O que eu falo pra ele? – perguntei.

۞

Liguei para o Breno e ele logo atendeu. Marcamos na pracinha de sempre. Ele achou esquisito eu ter pedido para me encontrar com ele às 19h, mas eu precisava...

– Breno... Sinto muito. – comecei. Estava gaguejando. Droga... Por que “sinto muito”? Ah, credo, não sei nem falar.

– O que aconteceu? – ele me perguntou com uma cara de preocupado.

– Eu não posso... Não posso mais continuar com você. – falei rápido.

Como assim? O que aconteceu? Por que isso agora? Estávamos tão bem... Estava tudo dando certo... E...

– Você vai para o intercambio... Vai conhecer novas pessoas... Você pode encontrar alguém bem melhor que eu, por favor. Eu sinto muito. Mas, não posso mais continuar... Quero... Quero que cada um siga o seu rumo porque... Porque vai ser melhor. Para você e para mim.

– Como assim vai ser melhor pra mim? Pra você eu já não sei... Mas, tenha certeza de que isso não é bom pra mim – ele disse. Meus olhos se encheram de lágrimas. Os dele também. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Ele olhou para o alto. Respirou fundo. Encarei a lua. – O que eu fiz de errado?

– Nada. Absolutamente nada.

– Então, por que quer terminar? Eu te amo...

– Não diz isso. Isso me dói tanto...

– Se dói... Por que quer fazer isso? – ele perguntou. Eu realmente precisava sair dali. Eu queria sumir.

– Porque eu preciso. Não dá mais pra mim.

– Não vem com desculpas... Você não sente mais amor por mim, não é? - ele perguntou.

– Claro que sinto...

CLARO QUE NÃO SENTE, GABRIELA... – ele começou a falar mais alto. – Se sentisse, - ele se acalmou – não estaria fazendo isso com a gente... Comigo.

– ME DESCULPA BRENO! – eu desabei. Comecei a chorar em prantos. Não conseguia parar. Ele me olhou preocupado.

– Calma. Por favor. – ele disse. Silêncio. Silêncio. Silêncio. Tentei respirar, mas cadê o ar? Cadê o ar? – Eu só não entendo porque você está terminando comigo...

– Porque não dá mais pra mim. Fui muito feliz com você. Mas, vejo que você está sendo perfeito demais pra mim... Não consigo suportar o que sinto. Estou em dúvidas do que sinto por você. Eu quero ser uma amiga para você.

– Amiga? – ele riu – Amiga, Gabriela? – ele parou de rir. – Não queira ser minha amiga...

– Eu quero... – falei chorando ainda.

– Não queira. Eu não quero que você seja minha amiga.

EU SOU UMA IDIOTA. PRA QUE EU FUI DIZER ESSA COISA DE AMIZADE?

– Chega – ele disse.

– Por que não terminamos bem?

– Porque não tem motivos para terminarmos bem. Acabou pra você? Tudo bem... Pra mim também. – ele disse. – Eu me entreguei pra você. Nunca namorei com ninguém, nunca fiquei com menina nenhuma e você foi a única menina que me identifiquei... Que eu me apaixonei. Você foi a primeira menina da minha vida... A primeira menina que eu pude sentir... Amor. E agora? A primeira menina com quem eu me decepcionei.

Aquilo doeu. Doeu demais.

Ele foi embora. Sussurrou um “tchau” que quase não consegui escutar. Eu não conseguia dizer mais nada. Minha voz não saia. Meu corpo estava tremendo. Nem sei como consegui andar até minha casa. Não sei como consegui me deitar para dormir.

۞

Não sei fui pro colégio. Acordei às 13h. Almocei e subi. Tinha uma ligação perdida. Letícia. Retornei.

– E então? – a Letícia me perguntou por telefone.

– Disse o que vocês me aconselharam...

– Não exagerou, né? Espero que não...

– Acho que não. As palavras saiam da minha boca sem permissão. Eu não conseguia controlar o que dizer.

– Entendo – ela disse. Fez uma pausa. Respirou fundo. Já vi que tinha alguma coisa nova por ai. – Desculpa, Gabi.

– Tudo bem... Um dia ele volta ao normal comigo... Eu acho.

– Não... Sim... Por isso também, mas não é só por isso.

– Pelo que então?

– Por ter falado para a Paula...

– Você, o que?

– Ela queria ajuda no dever... Ninguém estava conseguindo fazer. Eu sei que eu deveria ter ficado com a boca fechada, mas eu não aguentei. Ela precisava saber... Ela é nossa amiga. É amiga do Rodrigo. E sabe de muita coisa nossa.

– Tudo bem... Isso é o que eu menos tenho que me preocupar. Deixa pra lá. – falei. Não precisava me irritar com a Letícia. Ela me ajudou muito.

– Ela disse que era pra você ligar para ela... Sabe... Pra saber se está tudo bem.

– Certo.

Despedi-me da Letícia e liguei para a Paula.

– Você ligou na hora exata.

– O que foi?

– O Rodrigo está indo para Belo Horizonte agora. Ele está muito mal... Disse tanta coisa pra mim... Tentei ligar para o celular dele para falar que você e o Breno... Terminaram... Mas ele não atende. Gabi. O voo dele é as 14h30.


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Notas finais do capítulo

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