—Corra! Corra! Eles estão logo atrás de nós!—ordenou.

O menino correu atropelando todos os móveis da mansão. Ao virar-se para trás notou que Netun não estava o acompanhando.

—Netun, Netun...!—gritou desesperadamente—Apareça Netun!

Uma pequena e ardente lágrima escorreu... O garoto viu o seu herói pulando sobre os zumbis e os rasgando ao meio com uma simples faca. Usou as mãos para fechar os olhos e tentou se refugiar de todo aquele cenário assustador. "Saia logo daqui, eu vou ficar bem!", o garoto escutava.

O discurso de Netun não caia bem, seu pescoço havia sido mordido e mesmo assim continuava a lutar... Enquanto que o garoto sem reação mergulhava nos sons dos gritos.

O menino então toma uma atitude e bate em retirada, olhando às vezes sobre os ombros aquela cena que com certeza nunca mais iria se esquecer... O homem que salvou sua vida...

Alguns meses atrás.

—Posso entrar?—Uma voz feminina veio de trás da porta.

Ele olhou para a porta e viu sua irmã entrar, como se fosse dona a do lugar. O coitado ainda estava colocando uma cueca, e ela nem ligou em ver toda aquela imagem.

—Eu estou pelado. —gritou cobrindo com uma toalha que estava ao seu lado.

—Netun—ela riu—você já tem 17, vai se acostumando com mulheres olhando seu corpo.

—É, mas não a minha irmã. Sai do meu quarto Nanna.

Ela sentou-se em uma cadeira a frente de um caderno. Mudou totalmente o tom de voz.

—Netun, eu estou preocupado com o Water.

—O que aconteceu? —Pegou a cueca e colocou em uma velocidade quase que instantânea.

—Acho que ele está usando algum tipo de...
A porta bateu interrompendo-a. Era o próprio Water, estava sem fôlego.

—Precisam ver isto!

Sem recusar Netun coloca uma roupa e o acompanha. "Se ele previu o que eu ia falar, provavelmente ele vai nos mostrar onde guarda as drogas.", Nanna pensava preocupada.

Andaram alguns quarteirões de sua casa, chegando a um depósito antigo em que Netun e Water costumavam brincar quando criança.

—Ninguém pode ver isso, ok?—Water virou-se e começou a destrancar o cadeado da porta da frente.

—Se é para ninguém ver então porquê vai mostrar?—Nanna questionou.

Ele apenas olhou para ela com um olhar arrogante, logo depois abriu um pequeno sorriso como pedido de desculpas.

Entraram no imenso depósito, caminhando calmamente e Water os levou até uma porta. Na frente da mesma havia um armário pesado, correntes e cadeados, tudo para prende-la.Tiraram toda àquela proteção e abriram.

—Eu e o Guilhermo prendemos ele aqui.

No centro da sala, à meia luz, sentado em uma cadeira toda cheia de correntes, algo rosnava.

—Meu deus...—Nanna e Netun quase tiveram um infarto.

Water ascendeu as luzes e ficou claro o que era... Um homem com pele cinzenta, cheio de ferimentos e sangue escorrendo pelo corpo. Era totalmente hostil; seus olhos em cor vermelha; sua boca espumando...

—O que é isso?—Nanna murmurou em cima de Water.—Então era por isso que você estava vindo pra ca.

—Mas fica tranquila ele está bem preso, e outra, O Guilhermo está vigiando.—respondeu.

Netun olhou para além da cadeira, notou algo:

—Water—fez uma pausa—Se o Guilhermo está vigiando... então cadê ele?

Water olhou friamente para o mesmo lado que Netun, e viu lá no fundo da sala um par de olhos em vermelho.

—Saiam já daqui!

Correram o mais rápido possível até a porta, fecharam-na e colocaram o armário na frente.

Começaram a empurrar contra o mesmo na tentativa de conte-lo.

—Droga, ele estava brincando com o zumbi, tenho certeza.—Water concluiu.

Uma pancada na porta. Guilhermo está dando murros.

—Aquilo é um zumbi?—Netun perguntou com esforço.

—Eu não sei. Foi o nome que nós damos.

Outra pancada forte, a porta iria ser quebrada facilmente.

—Parem de querer dar nomes àquelas coisas.—Nanna gritou—Tudo o que sabemos é que aquele não é mais o Guilhermo.—fez uma pausa—No três corremos para a entrada, ok?—continuou.—um, dois... três! Vai!

Correram o mais rápido que puderam até o portão de entrada. Chegando lá, Water, com dificuldade começou a abri-lo. E da maldita sala ouviu-se um enorme estrondo.

—O armário caiu!—Nanna gritou.—Não dá tempo, vamos pular a cerca.

Nanna ofereceu a mão para que os outros subissem.

—Não, você vai primeiro.—Water ordenou.

—Vai você, eu te julguei mais cedo. É o pagamento.

Netun rasgou toda a sua volta com os olhos.

—Vão primeiro, eu passo por debaixo daquela falha. Sou o menor de nós.—disse confiante

Botaram fé em seu plano, ele estendeu seu braço para servir como escada. Os dois subiram e ficaram em cima da cerca.

O zumbi estava caminhando para fora e ao ver Netun começou a correr atrás do pobre garoto.

Olhou com bravura nos olhos do zumbi e gritou:

—Ei Guilhermo! Chupe minhas bolas!

Netun não seguiu o plano, pegou um cano de ferro que estava ao seu lado e correu na direção do zumbi.

—NEEETUUUN!—Nanna gritou—Siga o plano!

Ele pegou o cano e golpeou com toda a força que tinha o braço do zumbi. O mesmo foi arremessado a metros dali. Mesmo assim o monstro continuou a correr atrás.

Então Nanna saltou da cerca de dois metros e caiu ao lado de Netun, ela pegou um outro pedaço de cano que havia ali perto e golpeou o zumbi.

—O que está fazendo Nanna?—Water gritou.

—Abra o portão!—ordenou.

O mesmo saltou para fora da cerca e começou a tentar abrir.Sentia ódio de si mesmo por ser tão cuidadoso.

—Netun, lembra no "ZombieAssholes"?—Water murmurou—O ponto fraco deles...

—Mas é claro... Nanna golpeie na cabeça!

Ela correu na direção dele e com a ponta do cano botou toda a força na cabeça do zumbi, atravessando-a de maneira sangrenta. O mesmo caiu no chão.

—Acabou...—Ela cambaleou.

Respiraram fundo. Talvez a melhor coisa a se fazer seria matar o que estava dentro da sala também, é o que pensavam.

Water olhou para Nanna que estava agachada ao lado do corpo de Guilhermo. Segurando as lágrimas...

—Você é uma mulher forte.—Netun tentou consola-la.

—Amava ele, não é?—o outro perguntou.

Apenas enxugou os olhos, e concordou balançando a cabeça.

Começou a passar a mão sobre seu corpo, por cima de suas feridas, até chegar aos lábios do pobre rapaz. Tocou todo o rosto (que sobrou).

—CUIDADO!

O zumbi saltou sobre a menina e a arrancou um enorme pedaço de seu ombro.

Os dois correram para cima dele e o encheram de golpes na cabeça.

Netun pegou-a no colo tomado pelo desespero, sentou-se no chão. Se mergulhou em lágrimas; teus olhos ficaram fixos aos dela; iria perder a irmã.

—Por que o golpe na cabeça não funcionou?—Water rosnou.

—NANNA—gritou Netun como um trovejo de raiva.—Eu vou te salvar! Sei que vou. Aguente.

Mas a única coisa que ela ouvia era um zumbido, sua visão turva ficava cada vez pior, e agora não dava mais para voltar...