Priston Tale escrita por Yokichan


Capítulo 31
Capítulo 28 - Fim


Notas iniciais do capítulo

Uhu, aqui está o final da fic, menines.
Obrigado a quem acompanhou e a quem comentou. q
Nos vemos por aí, bgs. ;*



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Electro POV On.

 

 

         Simplesmente, eu senti que estava bem. Estava confortável, e certamente os olhos dela estavam sobre os meus, ainda fechados para seu desespero. Não que eu gostasse de vê-la aflita, mas eram raros os momentos em que aquilo acontecia.

 

 

“Mystic, perdoe-me por isso.”

 

 

         E quando meus lábios traçaram uma curva de sorriso em meu rosto livre da soturna máscara, senti que podia então abrir os olhos. A claridade ofuscante alcançou-me, deixando-me hesitante por alguns momentos. A claridade parecia real, o que indicava que eu estava realmente bem. Eu não havia sido levado para sempre, afinal.

 

- Electro, está me ouvindo? – a voz dela surgiu, fina e arrastada.

 

         Lentamente, pude encarar o cenário diante de meus olhos. Um teto agradavelmente conhecido, a maciez calorosa de uma cama por mim já experimentada, a sensação de paz e tensão misturando-se em minha mente. Aquele era realmente um lugar conhecido por mim. Oh, como eu poderia esquecer-me do quarto de Mystic?

         Ali estava ela, sentada na beira da cama ao meu lado, fitando-me como se eu fosse uma taça de cristal fino que por pouco não se quebrara derradeiramente. Ali estava ela, solícita junto de mim, minha doce e corajosa Mystic.

 

- Ei, que cara é essa? – perguntei ao abrir um sorriso tímido e gracioso.

 

         Não entendi o que foi aquilo, e muito menos se poderia de fato ser real. Estava eu sonhando, afinal? Não, pois as lágrimas que caíram sobre minha mão foram mornas. Lágrimas doces. Ao notar meu sorriso tolo, Mystic desencadeou em uma série de convulsões internas, que logo tornaram-se soluços, e enfim as lágrimas escorriam por seus olhos azuis. Entre suas mãos trêmulas, estava a minha, protetoramente apertada entre seus dedos pequenos. Minha mão, molhada por seu pranto. Ela, que nunca havia chorado diante de alguém, agora desabava perante mim.

 

- Mystic..? – murmurei, segurando com força uma de suas mãos na minha.

 

- V... Você é um idiota, Electro. – ela sibilou entre soluços que não podia segurar, e eu sabia que aquilo era um desabafo de alívio, de felicidade.

 

- Desculpe. – fitei-a profundamente nos olhos úmidos e reluzentes – Eu sou realmente um idiota. O maior de todos eles. – afirmei, encarando-a com pesar.

 

- Me diga, seu cretino... – ela suspirou cabisbaixa, e eu sequei suas lágrimas com minha mão quente – Me diga o que eu faço com você. – pediu ela.

 

- Me dê um beijo. – respondi, abrindo um largo e apaixonado sorriso.

 

         Meu sorriso, unicamente para ela. Seu sorriso, unicamente para mim. E como se tudo estivesse perdoado e esquecido, ela lançou-se sobre meu peito com impaciência e desespero, abraçando-me e depositando com volúpia seus lábios nos meus. Quentes, aqueles lábios eram tão quentes...

        

- Papai, você voltou! – festejou uma voz fininha e animada na direção da porta.

 

         E uma pequenina correu até a cama, premiando-me com seu sorriso de diamantes e seu amor maior que o mundo. Minha Justine, minha minúscula Justine. Se eu tivesse que um dia ter um fim, que fosse ali, naquele momento. E então eu poderia dizer que, sim, que eu acabei feliz.

 

 

 

Electro POV Off. Lady Die POV On.

 

 

         A manhã despertara luminosa, a primeira manhã do recomeço. A primeira manhã depois da vitória. Tudo havia acabado, o mal fora exterminado por completo, e então Priston voltara a ser um continente pacífico. As pessoas não mais temeriam caminhar pelas ruas das cidades, sorrir para o sol, contemplar a lua. Tudo no seu lugar, como deveria ser.

        

- Curtindo seu momento nostalgia, Lady? – aquela voz provocou-me, como sempre fazia, e tinha tanto gosto em eriçar-me.

 

- Isso não é para mim. – neguei abrindo um sorriso vil, o mais divertido que uma predadora como eu poderia esboçar. Uma predadora que aliara-se à própria presa. Oh, como aquilo era divertido.

 

- Se importa que eu me junte à você, então? – ele sondou, aproximando-se.

 

         Sorri, lasciva. Afastei por breves momentos os cotovelos do cercado da varanda de minha casa, girando o corpo para trás no intuito de poder fitar aquele que me dirigia a palavra. Murdoc acabara de sair pela porta de minha, agora nossa, casa. Avançou na minha direção sem que seus olhos acastanhados abandonassem os meus e enfim alcançou-me, agradavelmente. Recuei um passo, escorando-me no cercado de madeira e inclinando o tronco para trás, voltando então a apoiar os cotovelos na viga envernizada. Ele, minha aliciante presa, encurralou-me como tanto gostava de fazer. Apoiou as mãos no cercado, prendendo-me entre seus braços fortes. Oh, como eu adorava aquela volúpia.

         Seus olhos nos meus, tão perto, tão perigosamente profundos.

 

- E por que eu me importaria? – sorri, sentindo o hálito de Murdoc tocando meus lábios. Nosso eterno jogo de amor.

 

- Ora, não vai resistir? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas, irônico.

 

- Não mais. – toquei levemente meus lábios corados no canto de sua boca, deixando que meus olhos se fechassem junto aos dele.

 

- Isso quer dizer que posso ficar? – ele pousou uma das mãos em minha cintura, demonstrando nada sutilmente que eu era dele, e que ele me possuiria.

 

- Sempre que quiser. – assenti, abrindo um último sorriso antes que ele me silenciasse com seu beijo avassalador.

 

         Os primeiros raios de sol dourado tocaram-nos, graciosamente na varanda da casa. E a luz da manhã abençoou-nos, como se confirmasse que aquele seria oficialmente o primeiro dia de nossas vidas, o primeiro enlace.

 

 

 

Lady Die POV Off. Ariel POV On.

 

 

         O nascer do sol era o chamado que eu não desejava receber, não naquele momento. Não quando o que eu mais queria era continuar ao lado dele, até que a noite chegasse, e então depois de um jantar nós voltássemos para nosso ninho de amor. Não quando ele me abraçava tão docemente durante os sonhos, protegendo-me com seu coração quente e palpitante. Mas a aurora me chamava. Havia algo que apenas eu poderia fazer, algo de que eu era encarregada. Afinal, o SOD de Priston não seria o mesmo sem mim.

         Seth ainda dormia graciosamente ao meu lado naquela cama que em poucos dias seria por direito minha também. Nosso casamento, nosso juramento. Nosso amor, inabalável. Cuidadosamente, abandonei os lençóis pálidos, descobrindo meu corpo frágil em busca de roupas. Enquanto as vestia, ao pé da grandiosa cama, observava como era encantador o sono de meu amado. Jamais teria ousada coragem para lhe despertar de um momento tão cândido e belo como aquele.

 

 

“Espero que nossos futuros filhos sejam como você, Seth.”

 

 

         Quando voltei do banheiro, já pronta para o deixar na quietude sonolenta do quarto, o encontrei meramente desperto. Sorri, aproximando-me da cama que parecia me atrair vigorosamente. E em meio a lentas piscadelas preguiçosas, ele segurou-me pelo pulso e me conduziu para junto de si, entre os travesseiros.

 

- Fique comigo um pouco mais. – ele pediu em um sussurro, acolhendo-me entre seus braços nus e quentes.

 

- Preciso ir para Navisko, amor. – sorri, lamentando a privação – Olhe, já está nascendo o sol. – lancei um breve olhar à janela iluminada.

 

- Esse é o problema de amar uma Guardiã. – ele sorriu divertido, acariciando-me as longas ondas de cabelo azul. – Mas eu agüento isso. – assentiu seguro.

 

- Hum, é mesmo, caro noivo? – brinquei com o sorriso, afagando levemente seus cabelos desalinhados.

 

- Por você. – ele afirmou, invadindo-me o olhar.

 

- Por nós. – sorri, depositando um breve beijo em seus lábios elegantes.

 

         Porque daquele dia em diante, seríamos um só.

 

 

 

Ariel POV Off. Alec POV On.

 

 

         Eu saí sorridente pela porta de tecido da púrpura barraca, observando como eram belos os primeiros tons avermelhados da manhã no Battle Castle. Não era como o amanhecer pálido e luminoso de Pillai, ou quente e ofuscante de Richarten, mas era tão firme e elegante como nenhum outro. Ela saiu atrás de mim, abraçando-me pelas costas, enlaçando meu peito com seus finos braços. Ela, minha adorável musa. Ela, minha Shellby.

 

- Não é um amanhecer muito clássico, não é? – ela sorriu com o rosto em minhas costas.

 

- Nem por isso me desagrada. – sorri, acariciando seus braços em frente ao meu peito quente.

 

- Não vá ainda, Alec. – ela pediu com a voz doce, e eu precisei virar-me para fitá-la nos olhos.

 

- Combinei de encontrar um amigo hoje cedo em Richarten, amor. Não posso faltar, vamos negociar um item valioso. – expliquei ao pousar delicadamente as mãos nos ombros frágeis dela, sorrindo-lhe.

 

- Tudo bem. Um dia ainda vou ter você comigo durante toda a manhã. – prometeu ela, como se aquilo fosse um desafio.

 

- Isso só depende de você, eu lhe disse, querida. – sorri arqueando uma das sobrancelhas para ela, lembrando-a de nossa conversa da noite passada.

 

- Ah, Alec. – ela suspirou sorridente – Eu não sei se posso fazer isso. Largar o Battle Castle, assim de uma hora para outra. – ela argumentou, duvidosa.

 

- Tenho certeza que Verkan tem uma ótima aprendiz para ocupar seu lugar. – deslizei a mão pelo contorno delicado de seu rosto pálido.

 

- Mas, tem certeza que isso dará certo? – ela mordeu levemente o canto do lábio, encarando-me com sutileza.

 

- Eu a quero comigo, Shellby. Não há certeza maior que essa. – assenti.

 

- Eu também, eu... – ela começou, mas eu suavemente pousei o dedo indicador sobre seus lábios corados, calando-a docemente.

 

- Estou lhe esperando em casa. Não demore. – avisei sorridente, depositando um macio beijo no canto de sua boca pequena.

 

         Ela calou-se, observando-me enquanto eu me afastava. Pude sentir seu sorriso caloroso sobre meus ombros, acompanhando-me carinhosamente. Aquele coração era como o meu, batia como tal, vivia como tal. Eu não precisava esperar por resposta alguma, pois sabia que no final daquela tarde ela chegaria na porta da casa que seria nossa e correria para os meus braços. E então, ninguém nos afastaria antes que a manhã se completasse.

 

 

 

Alec POV Off.

 

 

Seis meses depois.

 

 

Mizu POV On.

 

 

         Ela ainda dormia, pacificamente como um anjo em seu repouso. Lentamente, seu rosto de porcelana voltava a tomar cores vivas, depois de algumas horas em extrema palidez. Nunca imaginei que um dia eu a veria passar por aquela tensão exultante, por tamanha dor, por tão doce sofrimento, e agora que a via deitada adormecida naquela cama descomposta, eu entendia o sentido de seu sacrifício. Hakuna não se importara com a dor, pois sabia que quando ela passasse, a felicidade maior lhe alcançaria. A felicidade maior estava em meus braços. Oh, como era bela a felicidade.

         Aquela criança minúscula, praticamente um fiapo de gente, era capaz de me transformar completamente. Em meus braços, estava adormecido meu filho, meu pequeno broto de luz. Dominic era seu nome, o nome que eu e Hakuna havíamos lhe dado. Envolto no pálido manto, meu menino dormia, embalado por meu leve caminhar pelo pequeno quarto da casa. Dominic, meu pequeno Dominic.

 

- Mizu? – uma fina voz sussurrou com cautela pela fresta da porta.

 

         Percebi quando a mulher de cabelos acinzentados entrou lentamente no quarto, dirigindo seu olhar cuidadoso primeiramente para Hakuna na cama, e então para o recém-nascido em meus braços. A parteira espiou para o pequeno rosto de Dominic, então abrindo um sorriso satisfatório para mim.

 

- É um lindo menino. – sussurrou ela muito baixo para que ninguém fosse acordado. – Parabéns. – desejou ela.

 

- Obrigado, senhora. – assenti cordial – Eles estão bem mesmo? – sondei, assegurando-me de que minha amada e meu filho não haviam sofrido danos.

 

- Não se preocupe. Logo sua mulher acordará, apenas deve permanecer alguns dias na cama para recuperar as forças. Se não precisa mais de mim, irei me retirar. – disse a simpática mulher.

 

- Obrigado por tudo, senhora. Se precisar, volto a lhe chamar. – sorri educadamente, assentindo.

 

         Com copiosa cautela de outrora, a parteira saiu pela porta sem provocar um mínimo ruído. Fitei a expressão inocente de Dominic, não controlando um sorriso rendido que surgiu em meus lábios. O menino se parecia muito com Hakuna, exceto pela cor muito branca dos ralos cabelos. A doçura cândida, no entanto, era a mesma.

 

- Querido... – chamou-me uma conhecida voz, e eu surpreendi-me por encontrar minha frágil esposa já acordada a me observar de seu leito.

 

- Como se sente? – perguntei em tom de voz ainda baixo, aproximando-me sorridente da cama e sentando-me na beira da mesma com o pequeno embrulho humano em meus braços. – Descanse, Hakuna. – assenti, terno.

 

- Deixe-me segurá-lo um pouco, Mizu. – ela sibilou, estendendo os braços frágeis na minha direção, braços vazios que aguardavam a chegada de Dominic. – Deixe-me tocar nosso filho. – e seus olhos rosados brilharam emocionados.

 

- Veja, Hakuna. Veja como é pequeno nosso menino. – sorri comovido, entregando o recém-nascido em seus braços.

 

- Dominic... – ela sussurrou em lágrimas de felicidade, acolhendo com cuidado nosso pequeno em seus braços maternos.

 

         Eu apenas observei, não conseguindo explicar o que era aquele sentimento imenso que tomava conta de mim. Naquele momento, Dominic abriu lentamente seus pequenos olhos, revelando um par de gotas marinhas, tão azuis quanto o esplendor do céu daquele dia. O pequeno olhou silenciosamente para o mundo ao seu redor, pousando os olhos em sua doce mãe, a qual tratou de memorizar imediatamente. As mãos minúsculas e pálidas alcançaram o rosto de Hakuna, sentindo o quão macia era aquela pele. Então, Dominic voltou a fechar os olhos, adormecendo após um resmungo abafado.

         Sinceramente, eu não me importei que meu menino não se parecesse comigo ou que não tivesse o meu sangue em seu corpo. Ele seria eternamente meu filho, e assim eu o amaria para o resto de minha vida. Dominic, para mim, seria sempre a estrela prateada no fundo de meu coração.

         Com um sorriso no rosto, afastei-me da cama e fui em direção à porta. A voz suave de Hakuna parou-me, e eu voltei-me para olhá-la com todo o orgulho que se manifestava em meu semblante naquele momento.

 

- Onde vai, querido? – ela perguntou-me, curiosa.

 

- Pegar um livro de história para ler para Dominic quando ele for dormir esta noite. Afinal, não posso deixar de ler para nosso menino o conto de Priston. – sorri, saindo radiante pela porta.

 

- Priston Tale me parece um bom começo. – comentou ela com doçura, acariciando nosso filho.


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