O Sacrifício - Jogos Vorazes escrita por Tiago Pereira


Capítulo 17
17


Notas iniciais do capítulo

Aí, galera, um pequeno spoiler, a próxima fic já está com título definido. "A Revanche". Sim, coisas novas coisas estão lhe esperando na continuação. A capa já está feita também.



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Amanheceu de forma nublada. Um dia chuvoso. Ninguém tinha acordado ainda. Olhei para minha calça, lá estava o machucado. Sem doer mais, bem melhor. Não estava cicatrizando, mas já havia melhorado.
Acho melhor eu ir caçar, pensei. Saí do nosso alojamento, silenciosamente. Com a lança da mão, comecei as perscrutar a floresta, lentamente. Ouvi passos. Ríspidos e quase silenciosos. Eu me escondi atrás da arvore. Os passos foram ficando mais audíveis. Era como se estivesse dando saltinhos silenciosos.
Eu saí de trás da árvore. Vi que tinham vários pássaros. Um tordo estava lá. Eu me aproximei dele. Ele fez menção de se afastar. Tordos costumam a repetir o que os outros dizem. Eu assobiei uma simples melodia de duas notas. Ele repetiu. Uma criatura adorável.
Um tiro de canhão. Meus membros travaram. Eu lembrei que as deixei dormindo, indefesas. Eu comecei a ouvir passos. Talvez fossem passos do assassino. Eu comecei a correr na direção do nosso alojamento. Agora eu já estava melhor. Podia correr como na cornucópia.
Corri quando vi a silhueta do tributo, quando se aproximou mais. Os cabelos loiros sacolejando, presos em um rabo de cavalo. BANG. Nós nos trombamos. Ela estava em cima de mim. Apavorada.
"Você está bem?", eu perguntei. "Garoto, você tem que colocar na cabeça que nós somos seus aliados. Você nos matou de susto, mas pelo menos está o.k.", Juniper disse. Ela aproximou seu rosto ao meu, eu senti o calor de seus lábios. Eu pude ouvir os OWWWWN que viam da Capital.
Nós nos erguemos. Ela era um ano mais nova, quase da minha altura. Boa, as vezes durona, corajosa e habilidosa. Nós demos um pequeno pique até nosso alojamento.
Mal havia entrado quando senti algo acertar meu joelho. "Au", eu gemi de dor. Acertaram logo o joelho da perna machucada. "Onde você estava, garoto? Você nos matou de susto, não ouviu o canhão?" Hadrian disse furiosa. Tentei tranquilizá-las contando a história do tordo. Isso amenizou o clima, pelo menos.
Raios e trovões se iniciaram pela parte da tarde. O clima fechou. Uma chuva torrencial começou. Os Idealizadores escureceram o dia. A tarde passou rapidamente, já estava anoitecendo. Comemos a carne crua dos esquilos que elas haviam caçado. Não tínhamos aonde ir. Ficamos quase que presos. O hino começou. A imagem do tributo feminino do 2. Mais uma única morte...
Para tentar esquecer a chuva, nós nos juntamos para dormir. Nós bem que tentamos, mas foi aí que comecei a sentir um úmido na sola da minha bota. Pelo jeito já estava de madrugada. Outra coisa que lembrei, nestes dois dias nós não revezamos a guarda. Estávamos correndo grande risco. A água começou a inundar nosso alojamento.
De qualquer jeito, ninguém sairia nesta tempestade. Saí do alojamento. Coloquei o capuz. De longe, raios caíam, iluminando o céu escuro. De longe, vi algo se formando. Uma ventania que rodopiava, que estava devastando de longe. Entrei no alojamento, acordando Juniper e Hadrian. Nós juntamos as coisas rapidamente e saímos do alojamento.
Começamos a correr, correr pelo nosso máximo. O redemoinho começou a aproximar de nós, os raios poderiam acertar nossa cabeça a qualquer instante.
Nós já estávamos cansando, fadigando. Placidus Naysmith estava nos testando, e nós estávamos indo bem. O redemoinho estava vindo. Foi quando senti os músculos da minha panturrilha direita, a ferida se abriu. As câimbras começaram. Eu fiquei no chão. "Huck, cuidado, seu cabeça dura!", Juniper veio até mim e me arrastou para o lado.
Ela me colocou em pé. Hadrian estava junto. Elas duas me serviram de apoio. Juntos, unidos, nós três deambulamos, apenas esperando o redemoinho sumir. Mais a frente o dia já amanhecia. Nós corremos por uns cinco minutos. O chão estava alagado e escorregadio. Todo cuidado era necessário.
O redemoinho foi perdendo força, os raios também. A luz começou a invadir o nosso caminho. Exaustos, vi de soslaio o redemoinho se aproximar. Já estava em meu pé. Eu já sentia a força me puxando. Eu fiz mais força, mas o machucado na minha perna se abria mais.
"É logo ali na frente, vamos", Juniper instruiu. "Anda, vamos, força, Huck", ajudou Hadrian. "Podem me soltar, eu consigo ir agora", eu disse. Elas me soltaram, sem hesitar. Eu coxeei o mais rápido possível. O redemoinho me forçou para trás. Uma colina a frente, era minha chance. Eu impulsionei o corpo e saltei. Eu vi as meninas descendo a colina. Eu estava rolando colina a baixo, sentindo mais dor do que nunca. A última coisa que ouvi foram os gritos de Hadrian e Juniper, chamando meu nome. A grama verde, flores espalhadas. Árvores. Árvores com folhas verdes. As minhas pálpebras foram se fechando lentamente, eu só desejava não morrer neste momento.


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