A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 36
Fogo




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Todos os rosto se voltaram para a maquina, inclusive o meu. As linhas estavam retas de novo, sem sinal de batimentos, mas eu estava ciente de que todos naquela sala ouviram o meu coração bater.

–Se eu soubesse que era só trazes eles aqui teria sido bem mais fácil. –Angelina falou.

–O que você está fazendo com ela? –Henry falou com um tom bravo.

–Estamos apenas nos conhecendo. Ela é uma pessoa incrível!-Angelina respondeu.

–Tchuca, mesmo nua e machucada você ainda é diva! –Alex falou e eu me segurei para não dar risada. Só agora eu percebi o como senti falta deles.

–Tudo bem então, meninos por favor, coloquem os quatro sentados de frente par a nossa convidada de honra. –Os homens obedeceram Angelina.

Eu podia ver o desespero e o medo nos olhos de cada um deles, eu queria que eles não me vissem daquele jeito, é uma cena bem traumatizante ver a sua amiga sendo torturada, mas sei que eles são fortes.

–Podemos voltar ao trabalho? –A japonesa falou, tenho criado um ódio particular por ela.

–Ah claro. –Angelina voltou a ficar do meu lado e pegou novamente a furadeira.

–O que você vai fazer com ela? –Brenda gritou. Ela tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

–Quero ver o que se passa na cabeça dela, simples assim.

–Doutora, não querendo contrariar, mas isso já é passar dos limites.- Killan disse. –Abrir a cabeça dela na frente dos amigos é um ato de crueldade, e isso foge das nossas intenções médicas.

–Você não é pago para me questionar. –Ela se virou para os outros médicos. –Todos aqui pensam como ele? Porque se pensarem, podem sair, não preciso de gente inútil.

Para a minha surpresa a maioria dos médicos saíram. Ficando apenas, Angelina, a japonesa, o velho e o Killan. Sabia que Killan estava ali não para me ver sofrer, mas para tentar me ajudar.

–Vamos deixar a sua cabeça para depois, meu foco agora é ver se você tem sentimentos- Angelina estalou os dedos e dois homens foram até Henry e prenderam seus braços e pernas.

–O que vai fazer com ele? –Perguntei.

–Amarrem ela mais forte. –Angelina gritou.

A japonesa se aproximou e apertou ainda mais as pulseiras que prendiam meus braços e as tornozeleiras que prendiam minhas pernas.

Angelina pegou um pedaço de gilete e foi até o Henry. Ela rasgou a blusa que ele usava e começou a passar os dedos no peito dele.

–Sabe Margot, pior do que sentir dor, é ver quem a gente ama sentindo dor. –E então ela passou o gilete no ombro do Henry fazendo um corte não muito fundo, mas foi o suficiente para ele gritar e o sangue escorrer.

–Seu problema é comigo. Eles não tem nada haver. –Falei tentando esconder tudo que eu estava sentindo, nem eu conseguia entender o que estava sentindo.

–Você é completamente louca. –Henry falou. –E muito ruim de cama também. –Alex e Samuel deram uma risadinha e Angelina então fez um corte no braço de cada um deles.

–CHEGA! –Ela gritou. –Eu vou provar que o meu pai foi o maioral e depois disso tudo vou levar a Margot comigo, para o mundo inteiro ver do que meu pai foi capaz de criar. – Ela foi novamente até o Henry e então passou fundo o gilete em seu peito, fazendo uma linha que ia de um ombro até o outro.

–Para, por favor para! –Gritei. A maquina começou novamente a apitar mostrando meus batimentos. –Me corta em pedaços, arranca meu braço, faz o que quiser. Mas não machuca ele, por favor. –Eu podia sentir um liquido escorrendo dos meus olhos e embaçando a minha visão.

–Estão vendo isso? Todos estão vendo isso? A boneca está chorando com dó do seu amado! –Angelina começou a pular e dar uns gritinhos. –Tudo bem então querida. Pode deixar que não vou mais machucar eles. Tenho algo novo pra você.

–Você está bem? –Perguntei com a voz mole.

–Não. Só vou estar bem quando te abraçar de novo. –Henry respondeu.

–Me desculpem por ter sido tão idiota. –Aquela água continuava escorrendo dos meus olhos pelo rosto.

–Ahhh tchuca, não se preocupe. A gente ama você mesmo assim. –Alex falou.

–Isso, você é a minha melhor amiga! –Brenda falou, ela também tinha água saindo pelos olhos.

–Estamos aqui e não vamos te abandonar. –Samuel como sempre tinha aquele sorriso tão bonito.

–Ai que cena mais linda! Mas agora chega. –Angelina colocou novos fios, um em cada mão. Tentei ver até onde eles iam mas não consegui enxergar nada.

–Pra que isso? –O velho perguntou.

–Já assistiram Frankenstein? Pois bem, Margot é igual a ele, só que mais bonita. E como que o médico fez aquela criatura viver? –Angelina falou.

–Com uma carga enorme de eletricidade. –A japonesa respondeu.

–Muito bem! É isso que vamos fazer. Quero ver até onde o coração da nossa boneca aguenta.

–Isso irá mata-la. –Killan disse.

–Ela não pode morrer. –Angelina falou e foi até o outro lado da sala, onde eu vi o painel de energia.

–Na verdade doutora, uma carga muito grande pode sim mata-la.- A japonesa disse.

–Calem a boca! Eu sei o que estou fazendo, e não admito que simples idiotas como vocês me contrariem.

–Eu amo vocês. –Falei e depois disso senti uma dor pior que a dos cortes.

Eu gritava mas parecia não adiantar. Meu corpo inteiro estava dolorido, eu sentia meu corpo se debatar involuntariamente, como reflexo da enorme carga de energia. Perdia a visão e a audição durante o tempo em que a corrente eletrica tomava conta de mim, e então comecei um cheiro de queimado começou a surgir etudo apagou

Eu tentava abrir os olhos mas não conseguia por muito tempo. As poucas vezes que consegui via fogo por toda a parte. O laboratório completamente em chamas. Consegui ver Henry e Samuel tentando me soltar e senti a dor quando suas mãos tocaram meus pulsos machucados. Eu ouvia gritos e sentia o calor, parecia que estávamos dentro de um forno.

–Cadê a Angelina? –Perguntei com dificuldades.

–Nós já estamos saindo, fica calma. –Eu sabia que era a voz do Henry mas não conseguia ver o rosto dele.

Ouvi quando alguém disse para ter cuidado porque eu estava muito machuca. Senti também quando alguém tocou algumas da feridas, tanto as velhas quanto as novas.

Virei um pouco a cabeça e abri os olhos. Minha ultima visão foi da casa onde eu passei boa parte da minha vida, ser engolida pelo fogo. Meus olhos estavam pesado, tudo que eu queria era fecha-los, mesmo com alguém gritando para eu não fazer isso. Não resisti.

Fechei os olhos e tudo pareceu ficar bem, como se a paz tivesse tomado conta de mim e dos meus problemas.


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