A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 32
Presa




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Henry estava com a cabeça apoiada em cima de uma pilha de anotações, ele acabou dormindo depois de tantas horas enfiado neste laboratório fazendo pesquisa. Já eu por outro lado, não consigo nem fechar os olhos.

Já fazem dois dias que eu não saio de casa ou faço qualquer outra coisa que costumava fazer. Não tenho sono, fome, ou vontade de fazer qualquer coisa além de ficar no laboratório. Ultimamente Henry tem ficado mais grudado do que nunca, sempre que estamos perto ele me toca e eu não gosto disso porque junto com o toque inúmeras imagens começam a aparecer na minha cabeça, todas elas relacionada a minha criação.

–Henry. –Falei me aproximando dele. –É melhor você ir para a cama, vai acabar ficando com dores por dormir todo torto. –Ele levantou o rosto e sorriu.

–Não devia ter me acordado. Estava tento um sonho muito bom. –Ele esticou os braços para se espreguiçar e se levantou. –Você estava me abraçando de novo. – Ele se aproximou e eu já sabia o que esperar, dor. –Boa noite. –Henry apenas falou e saiu, ele não me tocou.

Provavelmente já percebeu que o toque dele não é algo necessário pra mim. Eu deixava ele me tocar para assim quem sabe ele ter um pouco de conforto. Não quero que ele tenha a imagem da boneca de novo, prefiro quando ele me vê como a quase humana de antes, assim a cara de decepção dele ficaria um pouco melhor.

Aproveitei que Henry tinha saído pra poder começar a dar um basta na vida antiga. Liguei para a faculdade a tranquei a minha matrícula. A próxima coisa iria ser me despedir de Alex e Brenda.

Peguei o numero deles na lista de contato e fiz a ligação.

–Oi tchuca!

–Oi Alex.

–Por que não foi pra aula em? Menina a gente precisa conversar. Você está bem? E que babado foi aquele da festa?

–Alex, eu liguei pra dizer que não vou mais pra faculdade e pra dizer que acho melhor a gente não se ver mais.

–Como assim? Você ta fazendo uma piada não é possível.

–Eu já falei o que precisava. Avisa a Brenda por mim. Adeus. –Então desliguei.

Ninguém seria capaz de entender o que está acontecendo, mas não culpo por isso. Não sinto mais a necessidade de ter eles por perto como antes, na verdade eu nem se quer lembro o que sentia quando tinha eles por perto. Tudo está como antes, um enorme vazio.

Eu já tinha visto todos os vídeos e lido todos os livros possíveis para saber o que tinha acontecido, mas não achei nada. Tudo o que eu tenho por enquanto é a certeza de que foi a bebida que me fez “desligar” e que eu sou a mesma boneca de antes.

Cheguei a pensar em ir até algum cientista e contar a minha história, mas lembrei de todo o trabalho que Edgard teve em me fazer, e me entregar de bandeja assim para um cientista vai ser a porta para o sucesso dele por um trabalho de Edgard. Irei ter que fazer tudo sozinha.

Fui até a cozinha e preparei algo para o Henry comer quando acordasse, ultimamente a ideia dele viver aqui tem me incomodado, não quero mais ter que cozinhar pra ele, é como ter um bichinho de estimação. Pra que um cachorro se você pode ter um ser humano?!

Preparei alguns ovos com uma salada de fruta e deixei tudo na geladeira onde ele poderia ver. Achei que nessas horas uma pessoa iria me entender, então liguei a televisão para poder ouvir Emily cantar. Afinal de contas a morte está em nós duas.

Já tinham se passado cinco horas desde que Henry tinha ido dormir. Fui para o meu quarto tomar um banho e por uma roupa nova. Até cheguei a deitar na cama na tentativa de conseguir dormir, mas não obtive sucesso.

Alguns minutos depois ouvi um barulho vindo do corredor, Henry devia estar acordado. Levantei e fui até o corredor, mas a porta do quarto dele estava fechada.

–Henry. –Falei. Mas nenhum sinal dele.

Quando abri a porta do quarto vi Henry deitado em sua cama ainda dormindo e em pé ao lado dele estava um homem careca que tinha em uma das mãos uma arma apontada para a cabeça do Henry.

Com a outra mão o homem careca grandalhão fez um sinal de silencio pra mim. Balancei a cabeça para concordar com ele, não queria os lençóis sujos de sangue, ainda mais de fossem do Henry, ele não merece a morte.

Dois outros homens enormes apareceram atrás de mim e me pegaram pelo braço. Achei melhor não discutir com eles, apenas deixei que me levassem, e para a minha surpresa eles me levaram para o laboratório.

O lugar havia sido tomado por várias pessoas usando jalecos brancos e máquinas enormes e modernas haviam tomado conta do lugar.

Os dois grandalhões me soltaram e uma mulher baixinha de óculos veio ao meu encontro. Ela me olhava com fascinação. Suas mãos começaram a passear pelo rosto e depois ela anotou alguma coisa em uma pasta que estava segurando.

–Podem coloca-la alí. –A mulher disse.

Os dois grandões obedeceram e me levaram até uma cruz enorme de metal.

–Tire as roupas. –Um dos grandalhões disse.

–Não. –Respondi.

–Eu não perguntei se você quer, eu mandei você tirar. –Com uma única mão ele conseguiu fazer o contorno todo do meu pescoço para aperta-lo e me fazer a começar perder o ar.

–Ok. –falei completamente ofegante e tentado tirar a mão dele de mim.

Tirei meu vestido e me posicionei na cruz de metal. Braços esticados, pernas e pés juntos. Cinco pessoas se aproximaram de mim e começaram a analisar meu corpo. Eu ouvia os comentários sobre como eu tinha sido bem costura ou “como que ele fez isso?”.

Essas pessoas sabiam que eu não sou como elas e isso as fascinava. Nunca pensei que alguém fosse descobrir sobre o meu segredo mas alguém sábia e por isso contratou essas pessoas, para poder me estudar e ganhar dinheiro. O ser humano é um ser ridículo quando o assunto é dinheiro.

–Pois bem. Vamos começar a trabalhar pessoal?! – Uma voz fina surgiu no meio da multidão, eu conhecia essa voz. Depois a figura veio até mim. –Olá Margot. –Era Angelina.


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