A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 20
Perdão




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–Eu já volto minhas tchucas. –Alex disse antes de se levantar e sair.

Brenda e eu estávamos fazendo o desenho de um vestido que era pra ser usado durante uma festa, acontece que no final das contas o resultado foi um vestido vitoriano bem chamativo.

–Acho que o professor não vai aceitar isso. –Falei.

–Não temos culpa se somos duas bonecas e gostamos de roupas assim. –Ela me chamava de boneca pois diz que pareço uma e ela se veste como uma, mais do que eu até.

Quando a aula acabou Alex fez com que eu esperasse por ele.

–Vamos tchuca. –Ele disse pegando minha mão.

–Vamos pra onde?

–Na hora em que eu sai da aula era porque o seu boymagia estava me chamando.

–Meu o que? –Preciso de um dicionário quando estou com o Alex.

–Ai garota! O Henry tinha me chamado. Ele pediu para quando terminasse a aula eu te levasse pra sala dele.

–Eu não quero ir! Você sabe muito bem o que aconteceu antes. Não preciso de mais humilhação.

–Você acha mesmo que eu iria te levar até lá se fosse pra você ser humilhada? Pelo amor né Margot. Me respeita!

Nós paramos enfrente ao prédio de tecnologia e Alex soltou a minha mão e fez um gesto para que eu entrasse. Eu não queria entrar mas pelo jeito não tinha escolha.

Todas as salas estavam fechada. Na frente da porta da sala do Henry tinha um cara de costas usando um sobretudo preto.

–Com licença. Por acaso você viu um cara de cabelo cumprido por aqui? –Quando o rapaz se virou eu não acreditei do que vi.

Era o Henry. Ele tirou o gorro e eu vi seu longo cabelo mas o seu rosto não era o de sempre. Henry tinha desenhado uma caveira mexicana parecida com a minha.

–Vem. –Ele pegou a minha mão e entramos na sala. –Eu só vou falar uma vez. O próximo que mexer com a Margot vai ter que se ver comigo e eu acho que ninguém aqui quer isso. –Todos estavam nos olhando.

–Pra que isso cara? –Um menino falou.

–Cala a boca verme! Eu também estou de caveira mexicana quero ver quem vai ser o idiota de ver até aqui e me chamar de aberração. –Todos abaixaram a cabeça. –Foi o que eu pensei. Espero que estejamos entendidos. –Nós saímos da sala e Henry me abraçou.

–O que foi isso? –Perguntei.

–Desculpas não ter feito nada antes. Eu não sabia que eles iam fazer isso Margot, eu sinto muito, muito mesmo.

–Está tudo bem.

Dentro do carro nós finalmente voltamos a conversar.

–Não vai me dizer que isso ai é de verdade. –Falei.

–Não. É só maquiagem, mas eu precisava fazer mesmo assim.

–Obrigada por ter feito isso.

–Não foi nada Margot. Eu disse que ia estar sempre com você lembra?

–Lembro. –Falei enquanto segurava a pulseira que ele me deu.

Assim que entramos em casa ajudei Henry a tirar aquele desenho do rosto. Em um dos momentos em que ele estava sentado e eu estava em pé na frente dele tirano aquele desenhos, Henry fechou os olhos e começou a sorrir conforme eu passava o pano húmido em seu rosto. Mas quando olhei no relógio já eram seis horas, Samuel viria as sete. O difícil ia ser avisar para o Henry.

–Eu preciso te contar uma coisa.

–Pode falar.

–Eu vou sair. –Eu não conseguia olhar no rosto dele.

–Que bom! Vai com a Brenda ou com o Alex?

–Na verdade eu vou com o Samuel. Ele me chamou para ir a um parque de diversão.

–Tá bom, então se divirta. –Ele não parecia ter ficado bravo.

–Tudo bem eu ir?

–Sim. Não esquece de trancar a porta. –Henry passou do meu lado e subiu para o quarto dele.

Subi para o meu quarto para me vestir. Coloquei uma saia preta, meias finas pretas e uma camisa branca de manga longa com bordados em preto. Prendi a parte da frente do meu cabelo e coloquei um sapato preto com riscos no salto em branco.

Quando sai do quarto Henry estava encostado na parede me olhando.

–Você vai de saia em um parque de diversão? –Ele estava rindo.

–Me recuso a usar calça. –Quando ouvimos o som da buzina Henry parou de rir na hora e ficou sério. – Tchau Henry! –Falei enquanto descia as escadas.

Samuel estava parado encostado no carro me esperando. Ele usava uma calça jeans, uma camiseta vinho, coturnos pretos, e uma touca preta que ficava um pouco solta na parte de trás do seu cabelo.

–Está pronta? –Ele falou abrindo a porta do carro.

–Estou. –Enquanto Samuel passava pela frente do carro olhei pela janela e vi Henry parado nos olhando através do vidro.

Eu estava me sentindo um pouco mau em deixar ele lá sozinho, mas eu não poderia ter recusado um convite deste. Sempre quis ir em um parque de diversão, era mais uma das coisas que eu via em filme mas que nunca tinha feito, e eu não via ninguém melhor para me acompanhar.

Samuel também é diferente das pessoas. Sua aparência é diferente então quando alguém me olha estranho eu não ligo, porque ele está do meu lado então tenho alguém pra ser esquisito comigo.

Se Henry estivesse aqui iria ser diferente. Todos iriam olhar e iriam procurar entender, “como que um cara lindo como ele poderia estar ao lado de uma pessoa como eu?!” Por isso me sinto confortável com o Samuel.

No caminho nos conversamos e ele me mostrou algumas musicas que ele gostava, um estilo meio rock dos anos 80, eu até que gostei de algumas musicas. Conversamos sobre a época em que éramos crianças e eu até contei sobre Edgard, não contei tudo mas o suficiente para ele entender a minha história de vida.

Paramos perto de vários outros carros e antes de sairmos Samuel falou:

–Tudo bem ficar de saia?

–Não se preocupe, sou uma dama, sei como me comportar.

–Ótimo. Então agora chega de falar e vamos curtir!

Eu não acreditava no tanto de luz que tinha ali iluminando cada pedacinho do lugar. Crianças correndo, casais andando de mãos dadas e todos, exatamente todos, estavam sorrindo. Até eu estava sorrindo.


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