Já viu uma fujoshi sem dinheiro? SEM DINHEIRO NENHUM PARA COMPRAR UM MANGÁ YAOI? É… esse é o meu caso, e das minhas três amigas: Paula, Carla e Kim.

Isso tudo começou quando estávamos na porta da minha casa, esperando um ônibus chegar para irmos até uma sorveteria que a Kim disse que sempre tinha um casal gay por lá, e é CLARO que nós aceitamos né? Quando ela nos falou, nós ficamos dançando a música “Jump on It” de Apache. Mas na sorveteria só dava para entrar pagando (Frescura desse povo que… meu senhor, A GENTE PODE PAGAR QUANDO LANCHAR NÉ?) Mas ok, tava indo tudo bem

Adivinha o que aconteceu. Estávamos com o resto da nossa mesada, para comprar o sorvetes (não apenas para disfarçar, a gente também tava com fome!), entramos no ônibus e… acontece um assalto. Foi tenso! Porque o ladrão focou mais em nós do que em qualquer outra pessoa, eu olhava para ele com a cara tipo aquela menininha que virou mene no Facebook, acho que se chama Chloe. E pior, o ladrão foi até a Carla.

— PASSA A BOLSA! — Gritou o ladrão. Ele estava com uma touca cobrindo o rosto , só dava para ver o óculos Juliete, um moletom preto e calças jeans rasgadas.

— Não tô afim. — Retrucou Carla. Olhou com uma cara tipo: “Troll face” para o ladrão.

— PASSA LOGO SUA VADIA! — Gritou o ladrão, de novo. Sua arma estava apontada para a cabeça dela

— Não, e sabia que você parece ser aqueles ukes revoltados porque perdeu o seme pra uma mulher? — Perguntou Carla, rindo bastante. Sim, ela é BASTANTE sem noção! Ela nunca leva nada à sério, a única coisa que ela leva à sério são as fanfics yaois e lemons.

Nós seguramos o riso, mas não aguentamos cara. ELA SÓ FALOU VERDADES CARA! Todo mundo olhou para a gente, estranhando claro! (Ainda bem que) Ninguém sabe o que significa uke (é aquela coisa fofa e estuprável, rçrçrçrçrç, adólu)

O único problema e coisa boa ao mesmo tempo, é que o ladrão nos deixou viva, mas arrancou a bolsa da Carla, que tinha todo o nosso dinheiro e… ADEUS SORVETES YAOIS! *chora*. Mas tinha alguma coisa estava, um fio branco perto da Paula, e o ladrão viu esse fio branco, que parece ser um fone de ouvido. Paula começou a tremer desesperada. Ela não fez nada, mas ele arrancou o celular da mão da Paula,como se tivesse puxando uma corda

— Por favor… não… tira… o… fone… — Pediu Paula com as mãos tremendo e suando um pouco

O ladrão não a obedeceu, riu da cara dela e arrancou o fone com força, quase quebrando. após ele tirar o fone, no volume alto, havia alguns gemidos, e falas em japonês… As pessoas só focavam nela, cochichando para outras, enquanto ela ria nervosamente. Puxei ela pelo braço e sussurrei:

— Paula, você estava ouvindo um CD Drama AQUI?!

— Foi mal… eu não podia esperar, sabe? — Lamentou Paula — Eu achava que o ônibus seria o melhor lugar de re-ouvir meus CD Dramas!

Suspirei, tentando manter a calma, Kim e Carla estavam abraçadas e quase chorando de medo mesmo com a expressão meio “WTF?!” por causa do caso do CD Drama… MAS VÉI, QUEM NÃO FARIA O MESMO?

Nós acabamos saindo no ponto do ônibus, não era perto de nossa casa mas, não tinha jeito. Depois de ter roubado a bolsa da Carla, todo mundo foi roubado, uma pessoa quase levou um tiro, daí policiais vieram e prenderam eles. Mas ficamos com tanto medo de acontecesse mais alguma coisa, saímos correndo do ônibus (na verdade quebramos a janela e corremos mesmo, quase levei um tiro.)

— Ótimo… estamos aqui, no meio do nada… sem fazer NADA! E sem saber o caminho de casa! — Paula gritou desesperada. — EU NÃO POSSO MORRER AGORA, ANO QUE VEM VAI LANÇAR TERCEIRA TEMPORADA DE JUNJOU ROMANTICA!

— MENINA! ACALME ESSES CABELOS ROSA! — Todo mundo fala isso para ela, porque ela tem cabelos rosas (AVÁ!) e eles são… bem rebeldes! Qualquer sacudida já bagunçou. — Nós temos que encontrar um jeito de sair daqui! Não é Kim? Cristina? — Disse Carla, ajeitando o cabelo cacheado e loiro com a mão

— Mas… não tem nada que se possa fazer… teremos que andar, andar, andar até achar algum lugar seguro para ficar, ai nós esperamos alguém nos salvar aqui — Respondi de cabeça baixa. — Mas tem uma coisa muito pior… nós não vamos ter mais a noite da limonada!

Todas gritaram e ficaram correndo em círculos, eu fiz a mesma coisa porque… A NOITE DA LIMONADA NUNCA É PRA SER QUEBRADA MANO!

Para quem não sabe, a noite da limonada é tipo assim: Quando as meninas dormem lá em casa, ou nós vamos para casa de uma delas, na 00:00 nós sorteamos cada nome de um Lemon para assistir (Apenas a dona da casa que sorteia) e só fá para assistir SEM CENSURA!

Nós iriamos talvez, assistir Boku no Pico (esperanças… nós esperamos tanto por isso! *olhos brilham*) mas por causa desse imprevisto maluco, nós ficamos presas numa estrada estranha.

— POR QUE? POOOOR QUEEE? EU SÓ QUERIA VER YAOI NUMA SORVETERIA, É PEDIR DEMAIS? — Kim caiu no chão, se batendo na estrada feito louca e gritando feito um bebê! Mas isso realmente seria a reação de todas nós, PORQUE NÉ? PERDER A NOITE DA LIMONADA PARECE SER PECADO MANO!

— Mas, muita calma agora, temos que achar algum lugar para… ficar pelo menos uma noite, tudo bem? Amanhã faremos a noite da limonada. — Tentei deixar as meninas calmas, esmo sendo um momento muito tenso porque nós estamos perdidas e não soubemos o que fazer

Andamos por muito tempo na rua, procurando pelo menos até uma ponte para ficar! Porque hotel nem daria, porque estamos sem dinheiro. Não dá para andar de taxi pelo mesmo motivo. E estávamos muito cansadas.

Quando notamos que não havia mais jeito, sentamos na calçada com as mãos posicionadas para o queixo, pensando em… absolutamente nada. Apenas imaginando o que aconteceria se nada disso tivesse acontecido. Até que ouvimos passos chegando até nós, viramos rapidamente e vimos um garoto.

O garoto parecia ter nossa idade (15 anos) e estava usando ma roupa de tipo… empregado. (Não, não era de Maid! Hahaha! Eu até queria que fosse… porque ukes vestidos de Maid é vida cara!) Mas tipo aqueles que limpam as coisas e tudo mais. O cabelo dele era castanho claro e liso, mesmo um pouco bagunçado. Seus olhos eram castanhos bem escuros, mas pareciam bem cansados.

— O que vocês estão fazendo no meio da calçada? — Perguntou o garoto levantando uma sombrancelha

— Gente, que bonitinho! Ele parece ser uke, né? — Sussurrou Carla.

— Parece ser seke, sei lá — Respondeu Carla, sussurrando de volta

— Não, ele tem cara de seme — Discordou Kim, balançando a cabeça como um gesto de não.

— Se a bundinha dele for branca vocês vão me pagar dez reais! — Ordenou Carla, sussurrando um pouco mais alto mas (felizmente) ele não conseguiu ouvir (eu acho…)

— Gente! Pera ai né? — Falei. — A gente ainda não respondeu a pergunta dele! Mas enfim, um ônibus foi assaltado e estamos perdidas aqui, teremos que dormir na rua por um tempo

O garoto se agachou, olhando diretamente para nós, com uma expressão de pena. Tipo: “Aff cara, que coisa chata… quer ir na minha casa assistir hard lemon e comer pizza?”.

— Cara… que coisa, hein? — Disse o garoto. — Que tal vocês ficarem na minha antiga confeitaria por um tempo. Mesmo que uma de vocês tenham falado da minha bunda.

Todos os olhos se viraram para Carla. Ela deu uma risada nervosa, até que todos nós rimos junto também, até que notamos a sugestão do garoto. Eu e as meninas fizemos a nossa batida de sempre e comemoramos, não vamos mais dormir na rua! (Garoto abençoado cara! Deve ser uke).

O lugar era enorme, era cheio de caixas, um pouco empoeirado (parece que ele estava limpando) e essas coisas mas… era perfeito para ficar por uma noite, melhor que a rua fria e suja. Ficamos sentadas nas caixas e para compensar a noite da limonada, acabamos falando de yaoi por quase a noite inteira (o garoto quase ficou traumatizado. Sei…).

— Enfim carinha-que-nos-ajudou, qual o seu nome? — Perguntei.

— Meu nome é Lucas. E… vocês são muito… pervertidas! — Comentou Lucas, apertando os dedos com força. Rimos bastante e concordamos com a cabeça, metade das coisas que nós começamos a discutir era sobre a sexualidade do Lucas.

— Mas meninas, só uma coisa. Precisamos de dinheiro para conseguirmos ir para casa, então, o que faremos? — Perguntou Kim, esfregando a mão no queixo.

Ficamos pensativas por um tempo, o Lucas também pensou um pouco sobre isso. Vieram várias sujestões, e a vantagem era: A confeitaria estava abandonada, iam vender ela porque parou de fazer sucesso (eu lembrei que vim aqui quando era pequena, e eu acho que tinha visto ele, sei lá). Então poderíamos usar o lugar para…

— Pessoal! Eu tive uma idéia! — Exclamou Carla. — Que tal, a gente fazer um Maid Café?