Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 10
Sacrificio


Notas iniciais do capítulo

Galera, vocês são demais! Obrigada pelos comentários fofos e pelas ideias tá? Todas são lidas e avaliadas com carinho. Falando em ideias, usei nesse cap parte do que a Senhorita M sugeriu.
Então gente, esse cap aqui é diferente, pra vocês entenderem melhor o que passa pela cabeça de James.
(Esse cap não está no diário de Anne).
Boa leitura!



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P. D. V. James

– Não vou contar nada aos pais de vocês. E se não quiser realmente causar problemas, basta se afastar dela. – Nikola alertou.

Senti muita raiva daquele mauricinho. Minha vontade era de quebrar sua cara em milhões de pedaços até ficar irreconhecível, mas controlei-me, a garota ingênua que estava na cozinha não merecia ver esta cena. Pelo menos não novamente.

Anne com seu semblante confuso o encarava, ela sabia muito bem o tamanho da gravidade daquela simples ameaça. Se ele fizesse realmente o que disse, certamente o senhor Roberts a afastaria de mim. De todos. Ela poderia ir pra qualquer lugar, e com certeza pararia em um internato, eu não queria causar a ela qualquer tipo de dor, eu a amava muito. Quando a vi praticamente beijando meu melhor amigo na sua ultima noite na fazenda, percebi o quanto esse sentimento era perigoso e traiçoeiro. Meu sangue foi até a cabeça e meu corpo todo queimou quando vi a cena. O que mais me irritava era que Mauri sabia dos meus sentimentos por ela, desde os doze anos de idade, antes mesmo de meu pai morrer naquele acidente de carro. Eu também sabia que ele gostava dela, e o nosso trato era que nenhum dos dois nunca ficasse com ela. Ele quebrou o tratado. Mereceu que eu quebrasse seu nariz, não me arrependi, afinal, eu faria novamente.

Flash Back ONN

Vi Anne se levantar indo em direção ao celeiro, ela caminhou lentamente até sumir na escuridão. Sem delongas, Mauri se levanta tentando disfarçar, fingi não prestar atenção e continuei conversando com as pessoas que estavam ao redor da fogueira. Passado uns três minutos fui em direção ao lugar onde vi os dois irem, um em seguida o outro. Chegando lá me deparei com a pior de todas as cenas, aquilo me doeu como se estivessem enfiando-me algum punhal ou espada afiada como agulhas. Sem pensar antes de agir, puxei o loiro antes que ele pudesse beija-la intensamente, a raiva era tanta que me controlei para não dar mais de um soco em seu rosto, porém, foi suficiente para o loiro ir ao chão. O encarava incrédulo e cheio de raiva, eu estava me sentindo um idiota. Sempre acreditei em Mauri, nunca achei que ele pudesse me apunhalar pelas costas. Meu melhor amigo! Que raiva que eu sentia de mim por ter confiado tanto! Tantas vezes tive oportunidade de ficar com ela, mas não fiz por causa dele. Idiota! Cai na realidade quando vi Anne de joelhos perto do garoto que tinha o nariz sangrando, foi então que percebi o quão precipitado eu fui, ela deveria estar pensando que eu era um louco. Encarei o chão envergonhado pela minha atitude, mas não arrependido. Foi então que ela caminhou lentamente em minha direção.

– O que foi isso? – ela disse incrédula.

O tom da sua voz era acusador, eu me senti um monstro. Relaxei os músculos quando nem havia percebido que estavam enrijecidos, mas permaneci com os punhos fechados. Meus olhos marejavam e eu lutava contra o choro, mas aquilo estava doendo tanto...

Olhei para ela, diretamente em seus olhos, ela estava estática em minha frente esperando uma resposta.

Será que ela nunca percebeu que eu sempre fui apaixonado por ela? Eu não acredito que ela não sente nada por mim, como ela pôde ainda me questionar, será que nocautear meu melhor amigo já não foi uma prova suficiente para a fixa cair de uma vez? Não! Na realidade quem criou esse “romance” e quem o vive é só você. Annelise Roberts te ama apenas como irmão, e você fantasiou tudo! Essa era a verdade.

Assenti em negativa respondendo minhas próprias perguntas e abaixei a cabeça. Chegando perto da porta olhei para Mauri sentado no chão com o rosto ensanguentado, ele massageava o queixo, pedi desculpas pelo ocorrido, por parecer um idiota. Ele disse que estava tudo bem, afinal, ele sabia que tinha sua parcela de culpa. Ali fizemos as pazes. Estupido! Eu praguejei aquela noite mentalmente.

Na manhã seguinte tentei ignora-la, mas não tive sucesso, antes de ir embora fui até a varanda. Ela estava de costas para mim admirando a paisagem.

– Vou sentir sua falta. – sussurrei ao pé de seu ouvido.

Ela virou-se chorando e me abraçou com urgência, como se não quisesse largar nunca. Seu rosto parou em meu peitoral, mas ela não disse nenhuma palavra. Eu não quis quebrar o silêncio, o que eu precisava naquele momento era apenas sentir seu cheiro de rosas e guarda-lo em minha memória. Acariciei seus cabelos macios e envolvi sua fina cintura com os braços, ela parecia uma boneca de tão perfeita com seus traços tão bem delineados. Tudo em Anne era perfeito, mas eu precisava tomar uma decisão. Tinha que a esquecer, aquele realmente era o abraço da despedida.

***

Anne foi embora e eu decidi evita-la de todas as maneiras desde então. Não ligava e nem mandava recados, sempre inventava uma desculpa para não conversar com ela ao telefone, minha mãe ficava intrigada e não entendia o porquê eu fazia aquilo, mas era o melhor para mim, era o melhor para nós. Eu sabia que nunca poderíamos ficar juntos e que certamente ela nunca corresponderia a esse sentimento. Fiquei com algumas garotas que moravam na cidade vizinha, telefonava para elas e passava a maior parte do tempo ocupando minha mente com as tarefas da fazenda e com essas garotas. Elas eram muito bonitas e cobiçadas, nem sei o que elas viam em mim, afinal, eu era um “caipira”. Minha mãe dizia que Anne mandava recados, eu fingia não me importar e ela acreditava que era por causa das “namoradinhas”. E sim, era isso que eu queria que ela pensasse e, assim as semanas foram passando, mas pela madrugada em meus sonhos só existia Anne.

Certo dia Emm ligou e insistiu em falar comigo.

– Diga Emm. – falei quando a senhora Roberts me passou o telefone.

– Querido, quero que venha ver a peça que sua irmã vai apresentar. Quero fazer uma surpresa a ela! – dizia Emm animada ao outro lado da linha.

Aquela era uma ótima oportunidade para revê-la, porém todo o tormento iria voltar novamente e eu não sabia se dessa vez eu aguentaria. Doeu muito e eu não queria que doesse novamente. Covarde, sim, eu era um covarde.

– Não vai dá Emm. – disse curto e grosso.

– James! – Emm me repreendeu – depois que começou a namorar mudou muito. Nem te reconheço mais! Anne estar namorando e não mudou como...

– O que? – gritei interrompendo-a – Anne esta namorando?

Eu não acreditei quando ouvi, e a ferida que se cicatrizava devagar abriu de uma só vez. Fiquei pasmo, como assim? Odiei esse desconhecido com todas as forças de minha alma.

– Não exatamente. Mas esta quase lá, agora faça o favor de não comentar com o seu pai senão ele nos mata! Você vem ou não James?

Eu não queria, mas era mais forte que eu. Talvez fosse melhor eu ficar, mas... Perder sem lutar? Chega de covardia.

– Vou sim tia Emm.

Flash Back OFF

Saí daquele local soltando fogo pela garganta, cheguei à sala e me sentei no sofá. Tentei relaxar, refletir, pensar. Não demorou e eu ouvi aquela voz doce e serena invadir o ambiente.

– Trouxe sobremesa pra você. – ela falou delicadamente sentando-se ao meu lado.

Abri meus olhos e me acomodei no sofá, sem delongas despejei o que estava entalado na garganta.

– Eu sabia que aquele moleque não era boa peça. Já está mostrando as unhas.

Ela sorriu. Como ela ficava linda quando sorria.

– Ele estava brincando James – ela disse estendendo a mão para me entregar a sobremesa.

Eu não entendia o porquê de toda sua calma repentina. Ela parecia serena, tão calma, tão linda quanto um anjo. Na realidade ela era igual a um anjo. Seus cabelos cacheados e loirinhos, bem loirinhos. Sua boca rosada e bem desenhada, e seus olhos azuis como o céu em dia de verão. Anne era perfeita. Perfeitamente perfeita.

– Ele nos ameaçou Anne – acordei para a realidade pegando a tacinha que ela estendia para mim – certamente já deve esta falando tudo que viu aos nossos pais.

– Não está...

Porque ela o defendia? Será que ela gosta desse idiota?

– Pode não estar mesmo. Agora! – retruquei – mas mais tarde...

– Não James, ele não vai dizer nada. – ela sorriu – ele estava apenas brincando. Ele não estava com raiva nem nada. Entendeu? Nada.

Sua voz saiu meio seca, e eu a olhei refletindo suas palavras encostando-me ao sofá em seguida voltando à posição inicial.

– Idiota. – bufei.

– Está me chamando de idiota James? Você merece um castigo! Não pode chamar a princesa da floresta verde de idiota.

Ela pôs sua tacinha na mesa e iniciou uma seção de cosquinha, como quando morávamos na fazenda. Tentei me esquivar me controlando para mão ri da garota que gargalhava, mas não foi possível. Deixei minha sobremesa sobre a mesinha de centro e a ataquei. Ela ria que suas bochechas coravam, ela parecia tão feliz. Talvez ela fosse mais feliz comigo apenas como irmão. Amigo, um simples amigo. Depois conversamos sobre diversas coisas, ela me contou sobre tudo que tinha acontecido nas ultimas semanas, eu acho que eu precipitei as coisas mais uma vez. Acho que se eu nunca tivesse tentando beija-la... Mas ela correspondeu. Sim, ela me agarrou, ela quis tanto quanto eu. Mas porque tudo conspirava contra? Talvez, como ela mesma falou nosso destino já esteja traçado. Entretanto, eu precisava ouvir ela me pedindo pra deixa-la, só assim eu teria forças para ir embora pra sempre de sua vida. Nos primeiros anos será difícil, mas logo acostumamos. Eu sabia que não conseguiria ser amigo de Anne Roberts, e essa noite daria um jeito de ela me dispensar, ela terá que me odiar.

***

Ela foi com Nikola e Emm buscar a irmã dele e umas roupas para a festa que teria a noite. Sai com meus pais e tentei não me lembrar dela, mas ela estava tão presente em meus pensamentos. Ela era real e sincera. Tão ingênua e doce, eu não queria faze-la sofrer, mas eu em sua vida de outra maneira só a atrapalharia, eu a amava demais para fazer mal a ela, sendo que de qualquer maneira eu iria fazer... Mas entenda, era um mal para vir o bem. Ela estaria livre de mim e consequentemente livre de internatos ou de ir embora para longe de todos que ela ama.

Afastei-me de meus pais e fiquei perto da maré, deitei-me na areia e fiquei ouvindo as ondas quebrarem e o vento forte que faltava falar aos meus ouvidos.

Eu não deveria ter vindo. Idiota, idiota, idiota!

Eu não fazia ideia do que fazer para afasta-la de mim. Eu não sabia como magoa-la, eu não queria magoa-la. Ela era tão indefesa, não merecia chorar. Se eu tivesse ficado na fazenda eu ainda teria duvidas se ela gostava de mim, eu não teria provado a droga do beijo dela! O beijo dela... Tão sincero e tão inocente...

Monstro. Isso que eu sou, um monstro!

Fechei os olhos com força tentando maquinar uma estratégia para parar essa bola de neve que eu causei.

Depois de um tempo sem nenhuma ideia boa, fui até meus pais que bebiam agua de coco em uma barraquinha de praia toda coberta de palha. Ofereceram-me, mas eu não quis. Passado uns minutos a noite já estava caindo, fomos para a casa de Emm se arrumar para a festa que ela queria tanto ir. Emm sinceramente, nunca envelhecerá. Pelo menos não seu espírito.

Adentrando a casa o cheiro de perfume feminino estava por toda parte, um eu conhecia muito bem, era o cheiro de Anne, cheiro suave que me levava à loucura. O outro também era um cheiro bem meigo – se é que posso dizer que algum cheiro é meigo – mas eu não o conhecia.

Quando olhei para perto da estante onde tinha a TV gigante de Emm me deparei com a menina mais linda do mundo. Eu tentei de todas as maneiras não me deixar fascinar, mas eu já era fascinado por ela. Anne estava linda com um vestido tão delicado quanto ela, toda maquiada não tinha diferença de uma boneca daquelas de porcelanas tão frágeis que qualquer coisa elas... Quebram. Quebrar. Eu tenho que quebra-la. Como aquilo era doído. Foi então que recordei do outro cheiro, até aquele momento nem havia percebido a outra menina, muito linda também. Ela tinha as bochechas levemente rosadas e sua boca estava avermelhada, sua pele era tão pálida quanto à de Anne, mas seus cabelos eram negros e tinham leves curvas nas pontas. Seu sorriso era doce e ela parecia simpática.

Ambas estavam distraídas conversando qualquer outro assunto e rindo. Não haviam notado minha presença ainda.

– Uau! – falei admirado. Mas admirado ainda com a loira de olhos azuis, mas ela não podia saber.

As duas me olharam de uma só vez. Anne sorriu timidamente e suas bochechas coraram. Como ela era linda!

– Quem é ela? – perguntei tentando disfarçar, mas eu estava encantado com ela, com a menina de olhos azuis.

O seu sorriso se desfez quando notou minha atenção para a irmã do Nikola. Ela tentou disfarçar, mas eu sabia que ela estava se irritando.

– Essa Jullie. – falou sem animo.

Fui até a garota cumprimenta-la.

– Sou James, irmão da Anne. – falei dando ênfase a palavra “irmãos” e estendendo minha mão para a garota.

A garota estendeu a mão e sorriu timidamente. Suas bochechas coraram, certamente ficou envergonhada. Aproveitei a fraqueza do meu alvo e pressionei meus lábios em seu rosto, a garota sorriu com o gesto.

– Podemos ir? – Anne disse e eu sentia a fúria em sua voz.

Continuei encarando a garota de olhos castanhos e ela estava ficando desconfortável. Mas aquilo era só o começo, ate que estava sendo divertido ver Anne se roendo de ciúmes, sinal de que ela gosta de mim. Entretanto, não é bom. Não é bom pra ela.

Não demorou muito Anne saiu irada da sala e a sua amiga acompanhou a cena sem entender nada. A loirinha passou pelos pais sem nem cumprimenta-los, como se eles não estivessem na porta.

– O que aconteceu? – Jullie perguntou confusa.

– Não sei. – disse cínico soltando sua mão e parando com meu teatro.

– Essa menina está com os hormônios muito agitados. Quando morava na fazenda não era assim. Eu disse que Emm faria mal a ela. – meu pai resmungou.

– Dion! – retrucou minha mãe – temos visita! Seja educado.

Meu pai revirou os olhos.

Depois de apresentada para meus pais, Jullie e eu fomos para a festa atrás de Anne. Não podia continuar com a encenação com a menina de olhos castanhos. Enquanto caminhávamos até a praia notei que ela era igual Anne, eu não queria machucar duas ao mesmo tempo. Eu precisava de uma menina sem sentimentos, Anne tinha que acreditar que eu era um cafajeste. Jullie era meiga demais, linda demais, Anne demais.

Chegando à festa tinha mais gente do que eu previa. Procurei-os entre os demais, só que a luz irritante da festa não me permitia enxergar muita coisa. O som era muito alto e aquilo já estava me incomodando. Jullie e eu sentamos em uma mesa, ela também não gostava de dançar e nem da zoada, disse que só veio por insistência do irmão e da loira.

– Ju! – disse uma voz feminina, mesmo com o som alterado estava bem nítida – nem acredito que você esta aqui, não sabia que gostava de festas na praia!

A garota de olhos castanhos sorriu delicadamente levantando-se da cadeira onde estava para abraçar a garota loira de cabelos compridos. Ela era alta, tinha a pele branca, olhos azuis piscina e seus fios eram extremamente lisos. Ela era muito atraente. Usava um vestido preto justo ao corpo e bem curto, era impossível não notar suas pernas. Acho que fiquei tempo demais olhando para elas.

– Prazer, Catherine. – a garota disse fazendo-me sair do transe, ela estava com um copo de bebida, parecia embriagada.

– Sou James! – levantei para cumprimenta-la.

A garota praticamente se jogou em cima de mim envolvendo seus braços em meu pescoço. Seu corpo colou no meu, era impossível não sentir nada com aquele contato tão próximo.

– Ele é irmão da Anne, Cat.

A loira me soltou cambaleando e rindo, de longe se notava que ela não estava em seu juízo perfeito. Deu uma golada em sua bebida segurando-se com uma das mãos em meu ombro.

– Você não parece nenhum pingo com ela! – seu hálito estava forte, eu estava incomodado, mas de longe se percebia que ela era a oportunidade perfeita – você é muito, muito lindo, sabia?

Eu ri fraco do jeito que ela falava.

– Obrigada, Catherine.

– Cat. Você, pode, me chamar de, Cat! – ela falava com dificuldade.

– O que aconteceu com você Cat? – Jullie perguntou preocupada.

– Eu tô ótima! Tá vendo não? – a garota virou-se para mim encostando seu corpo no meu e passando o indicador pela gola de minha camisa – a gente poderia se conhecer melhor...

Era sujo se aproveitar de uma menina embriagada, mas aquela era minha oportunidade. E com certeza ela era amiga da Anne, certamente iria contar para ela. Anne me odiará... Mas será que eu devo fazer isso? Talvez eu esteja me precipitando... Tenho que pensar rápido!


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Quero a opinião de vocês!
Recomendem, favoritem e comentem!
Beijão!



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