Dear Diary - Anne Roberts escrita por Milena Everton


Capítulo 1
Eu, Anne Roberts




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Olá, meu nome é Annelise Roberts, ou, somente Anne como costumam chamar. Escrevi nas folhas de meu diário a linda trágica história de minha adolescência. Não se assuste com o exagero melodramático, afinal, eu era tão boba quanto à ovelha branca sem pastor. Queria eu, voltar alguns anos atrás e avisar para mim o que eu seria hoje. Dei valor a coisas tolas e ignorei o que realmente valia a pena, entretanto minha história foi bonita, talvez apenas nas entrelinhas, todavia foi bonita.

Era uma típica tarde de sol na fazenda do senhor Roberts - meu pai - eu ainda tinha meus dezesseis anos completos, ha exatamente uma semana. Estava na varanda com James, James Roberts, na época ele era meu primo, melhor amigo e capataz da fazenda. James morava na cidade, mudou-se para o campo há mais ou menos cinco anos devido à morte de seu pai Dean Roberts em um acidente de carro deixando o menino de treze anos órfão, sua mãe morreu quando lhe deu a luz e assim meu pai ganhou a guarda do menor.

James completou dezoito anos a pouco tempo, tornou-se um rapaz atraente e determinado, amava cavalos e tinha muito respeito pelos meus pais, os quais o tratavam como se realmente fosse filho deles – de certa forma, qualquer pessoa que não os conhecesse, não sabendo assim da verdadeira história, acharia que James era realmente filho de meu pai, eu acreditava que era devido à semelhança entre os irmãos Dean Roberts e Dion Roberts, mas eu também estranhava, pois James parecia muito mais com meu pai do que eu -.

– Vamos apostar uma corrida até o rio? – disse James, semblante leve e sorridente como de costume, dificilmente James ficava de mau humor.

Alarguei um sorriso e assenti com a cabeça em afirmativa e saí na frente, disparada em direção às árvores próximas a fazenda. Parecia uma criança – na verdade eu era uma criança, entretanto, na época, eu não achava isso – correndo com um vestido quadriculado de cor amarelada como a areia da praia, que marcava na cintura dando a menina que corria uma imagem romântica e delicada, havia o ganhado de Esme Roberts em meu aniversário de dezesseis anos. Passava por galhos e folhas secas, o vento batia em meus cabelos e eu podia sentir a adrenalina que eu tanto amava. Meus pais não gostavam quando James e eu corríamos pela floresta, eu acreditava que era pelos bichos peçonhentos como cobras, aranhas entre outros, mas nós, sempre que tínhamos oportunidade, fazíamos. Árvores e mais árvores, eu lembro-me que mesmo na correria em direção ao rio eu poderia ouvir os gritos de James: “você trapaceou mais uma vez, saiu na frente me deixando em desvantagem” eu sorria sozinha enquanto desfrutava da minha doce quase vitória, já poderia ver o rio esperando-me sorrindo mais azul que nunca, quando vi James em pé perto da margem, braços cruzados e sorriso travesso, meus olhos arregalaram e diminui a velocidade pouco a pouco até chegar até ele.

– Como assim? – perguntei confusa com a mão na cabeça, respiração ofegante – você estava atrás de mim...

–... Já ouviu falar de atalhos? – dizia ele com seu sorriso radiante de vitória – da próxima vez dona Anne, não subestime seu adversário. – disse ele soprando um beijo e caindo em risos.

Ainda confusa com sua tramoia, comecei a distribuir tapas pelos seus ombros enquanto ele ainda sorria do desapontamento estampado em meu rosto.

– Para Anne... – dizia ele entre risos.

– Então. Para. De. Rir! – falei entre dentes.

Ele segurou-me pela cintura ainda em gargalhadas, lembro-me que tropecei em algo quando dei meio passo para trás, nós caímos na terra úmida próxima do rio. Seu corpo estava por cima do meu pesando, afinal, eu era magra e ele tinha um físico definido e grande, sem demoras ele jogou-se para o meu lado pediu desculpas e continuou sorrindo, o lancei um olhar irritado – o problema é que eu não conseguia, realmente, me irritar – ele ajoelhou-se próximo de mim e eu olhei-o ainda deitada, antes mesmo que eu pudesse dizer algo ele começou uma sessão de cosquinha, principalmente na cintura onde, ele sabia que mais me fazia rir – ele sabia tanto de mim que chegava a ser espantoso – gritei em protesto enquanto caíamos, os dois, em gargalhadas frenéticas e sinceras, como foram bons os dias ao lado dele.

Passamos a tarde banhando no rio feito verdadeiras crianças, ficávamos competindo quem nadava mais rápido, quem passava mais tempo dentro da água... Com ele era tudo magnifico e levemente fugiam da realidade, em momentos como aqueles, eu esquecia que no próximo mês iria iniciar minhas aulas em uma escola particular, completamente desconhecida por e mim e o pior, sem James.

***

– Quantas vezes já disse que vocês não devem ir até a floresta? – dizia meu pai andando de um lado para o outro na pequena sala decorada com objetos de madeira, James e eu perdemos a hora naquele dia e chegamos praticamente à noite, meu pai nos deu um sermão e nós nos mantivemos calados, cabeça baixa, afinal, não tinha sentido discutir com o senhor Roberts nem quando estávamos cheios de razão imagine sem ela. Depois de um discurso de várias suposições do que poderia ter acontecido, finalizou seu tagarelar – espero que isso não se repita! – ele sempre dizia isso.

Senhor Roberts se ausentou da sala deixando James e eu sozinhos, talvez, para que pudéssemos refletir sobre nosso erro gravíssimo. Não demorou muito para nós rimos do que havia acontecido.

Os dias correram depressa e tudo parecia igual, James e eu fugíamos, sempre que podíamos, para a floresta, subíamos nas árvores, banhávamos nos rios, etc. durante a manhã, ajudava a minha mãe, Esme Roberts, nas tarefas de casa, a tarde tinha aulas das matérias curriculares com a senhora Halle Foy – certamente iria sentir muita falta de suas aulas interativas e divertidas repletas de conhecimentos, porém, sentiria mais falta ainda de sua amizade, a senhora Foy tinha a idade avançada, porém nossas conversas eram jovens, mas cheias de conhecimento. - À noite, a fogueira era nossa marca registrada, a família se reunia para contar histórias, cantar, contar piadas... Eu sabia que sentiria falta daqueles momentos, mas não sabia que sentiria tanto. Lembro-me como me sentia segura ao redor daquelas pessoas, eu achava-as verdadeiras, unidas, tão... Tão reais. Parecia que eu nunca perderia aquilo, nunca deixaria de ver meu pai reclamando das minhas idas à floresta com James, das reclamações que ele fazia a tia Emily – irmã da minha mãe – de como ele criticava os políticos e de como ele detestava mentiras - talvez por isso eu o amasse tanto -. Minha mãe sempre defendendo minhas travessuras, e me aconselhando. Lembro-me que ela sempre dizia a seguinte frase: “Se a vida lhe der uma rasteira, levante-se e sorria, só vão perceber que você esta caída no chão se continuar, de fato, ali”. O problema é que a vida nos prega cada peça... - Hoje eu sei disso, e sobre isso minha mãe nunca me aconselhou. Aprendi sozinha e da pior maneira... – aquela foi “a noite da despedida”, era minha última noite na fazenda, depois daquele dia eu iria para a cidade grande, para a casa de minha tia Emily – a qual meu pai tinha muito “afeto” e “não” implicava com a mesma de nenhuma maneira (ironia) – claro que o senhor Roberts não estava satisfeito, mas não tínhamos muitas opções, de todas, ela era a mais confiável. O senhor Roberts era um tanto que arcaico, e não gostava do estilo de roupas e da maneira que a tia Emily cortava o cabelo, era meio que repicado com mechas coloridas, roupas largas... Ela se denominava uma “jovem eterna”, eu gostava muito da tia Emm.

Estávamos todos ao redor da fogueira, a noite estava fria, porém o céu estava muito bonito, carregado de estrelas, - Deus sinceramente havia caprichado em minha despedida – do lado oposto ao meu, estava minha mãe com um agasalho e uma saia comprida feita pela minha vó que também estava sentada conosco, exatamente ao lado de minha mãe, juntamente com meu pai, e Mauri que era melhor amigo de James e o ajudava nos afazeres da fazenda, James era o capataz e Mauri seu ajudante. Vez ou outra me jogava umas cantadas, que confesso, eram ruins, embora o menino fosse dotado de beleza nunca havíamos ficado ou coisa assim, mas eu sabia que talvez não tivesse mais oportunidades – e na realidade, eu nunca mais tive depois daquela noite - Carolina do Norte era um pouco longe e a escola me ocuparia muito tempo, talvez, nas férias ficaria um tempo mais longo ali, ainda estávamos no mês de Junho, eu não sabia quando seriam essas férias. Decidi, naquela noite, deixar claro que eu estava afim, eu realmente queria ficar com Mauri, não porque estava apaixonada ou algo assim, eu era BV (boca virgem) e na minha concepção, eu não poderia ir para a cidade grande assim.

Sem delongas o menino notou meus olhares e sorrisos cheios de segundas intenções, meus pais estavam entretidos conversando sobre qualquer outro assunto. Sem perca de tempo, levantei-me e fui em direção ao celeiro, estava escuro e eu sabia que Mauri viria, eu era sem experiência, porém, bem esperta. Fiquei por ali, observando os cavalos, ouvi passos vindos em direção ao local, fingir que não estava percebendo. O garoto de pele branca, porém queimada de sol se aproximou de mim ficando ao meu lado, lembro-me que ele perguntou alguma coisa do tipo “O que esta fazendo uma hora dessas, aqui, sozinha?” - Como se ele já não soubesse – conversamos pouca coisa - afinal, se eu quisesse conversar eu continuaria ao redor da fogueira com todo o resto das pessoas – Mauri começou a enrolar o dedo em uns de meus cachos, depois, delicadamente, colocou alguns fios de cabelo que estavam em meu rosto, para trás da orelha, o rosto dele, lentamente, se aproximava do meu enquanto eu ainda tagarelava sobre algum assunto que nós proseávamos. Recordo daquele momento como se fosse ontem, meu coração estava completamente descompassado, - não pelo fato de estar com sozinha com o melhor amigo do meu melhor amigo - eu estava nervosa, - não porque o garoto estava tão próximo – minhas mãos suavam frio – talvez, devido ao nervosismo que tomava conta de mim a cada segundo - e meus lábios estavam secos. Não tinha muita certeza do que eu estava fazendo naquele dia, eu só queria fazer. Quando somos adolescentes, tudo é realmente uma adrenalina, somos bobos e qualquer coisa – principalmente um simples “primeiro beijo” – é realmente um grande desafio. As narinas do garoto loiro de cabelo ondulado e curto estavam bem próximas das minhas, eu já sentia sua respiração quente, eu segurava a parte desabotoada perto do pescoço de sua camisa quadriculada. Seus lábios já estavam quase tocando os meus. Eu estava tão certa daquilo, e realmente eu achei que algo mudaria na minha vida depois daquele episodio, um leve devaneio de uma garota que acaba de completar dezesseis anos – e por sinal, um dos menos graves que cometi em minha curta adolescência – o belo rapaz segurou meu rosto, delicadamente, com as pontas de seus dedos, inclinando meus lábios para a melhor posição, senti o toque daquela boca que por anos se manteve distante por escolha minha, o garoto que cresceu comigo estava me beijando - confesso que, hoje, eu realmente acho que aquilo fora estranho -. Sem despedidas, seus lábios se afastaram, antes mesmo que o beijo pudesse ficar mais intenso. Eu vi sangue escorrer do canto da boca do menino, seu melhor amigo o nocauteou. Assustada, eu assistia aquela cena de filme passando rapidamente na minha frente, eu não sabia o que fazer, aquilo era surreal. “O que esta fazendo James?” Tremula, eu gritava enquanto minhas mãos iam até a cabeça agarrando meus fios de cabelo, olhos arregalados, eu não sei exatamente o que passou em minha mente naquele momento. Mauri, sentado, jogado perto da porta do celeiro com suas mãos sujas de carmesim, segurava o queixo e parecia esta sentindo dor, fui até o nocauteado ajoelhando-me próximo do mesmo avaliei o tamanho do estrago feito em sua boca, ele dizia “fique tranquila, estou bem” olhei incrédula para James, ele olhava para o chão, talvez arrependido, não sei, levantei indo a sua direção.

– O que foi isso? – o garoto que mordia o lábio inferior não ousou levantar a cabeça, entretanto, seus olhos marejavam enquanto ele reprimia o choro.

Seus olhos castanhos olharam diretamente os meus, ele parecia procurar uma resposta em mim enquanto era eu quem o questionava. Assentiu em negativa, parecia responder uma pergunta particular, alguma pergunta que surgiu, ou, já existia em sua memoria. Abaixou a cabeça e caminhou até porta, fez uma pausa, olhou para o loiro que massageava o queixo, sussurrou qualquer coisa, o menino balançou a cabeça confirmando, “está tudo bem, James” creio que fizeram as pazes naquela hora, o moreno foi embora.

Ajudei Mauri com o ferimento, o acompanhei até a cozinha onde tinha uma caixinha da minha mãe de primeiros socorros, mas aquele pequeno corte precisou apenas de água e um remedinho para que não infeccionasse. Ninguém comentou o ocorrido quando voltamos para a fogueira. Na varanda, me despedi de Mauri e ele disse algo do tipo “aquilo não deveria ter acontecido” achei de principio, que fosse o desentendimento com seu melhor amigo, mas ele deixou claro que falava do “beijo”. O garoto que sempre me cogitou estava arrependido de ter beijado.

Dormi naquela noite cheia de confusão, talvez a única certeza que eu tivesse era que aquilo não deveria, de fato, ter acontecido e que, se eu não fosse tão apressada, meu primeiro beijo não teria sido esse desastre.

Já era manhã e a família estava reunida na cozinha, a simplicidade de sempre e sorrisos que esbanjavam pureza. Mauri estava cuidando dos cavalos, por tanto não participou do “café da despedida”. James fingia sorrir, fingia estar bem, fingia que eu não estava à mesa. Minha mãe me presenteou com um diário, um diário de cor rosa e uma caneta, colorida como o arco-íris, o acompanhava, nele escrevi meus últimos meses na fazenda e meus primeiros anos na cidade grande e agora você esta o lendo, você está lendo o que escrevi nas folhas do presente que ganhei de Esme Roberts. Já minha vó deu-me um beijo, querida vovó, obrigada pelo teu beijo. Meu pai deu-me dinheiro, deu-me dinheiro naquele dia e por muito tempo - ele nunca foi bom com presentes -. A senhora Halle também compareceu com seu carisma e sorriso simpático, deu-me um livro, livro com aulas de canto, eu amava música e amava cantar, consequentemente, amei o presente que tinha a seguinte dedicatória: “Nunca se esqueça de sua “profemiga” e venha visitar o quanto antes, quero vê-la cantando!”. - “Quero vê-la cantando” ah senhora Halle, você sabe que minha voz não era boa! -.

9 h: 00 min

Hora de ir para Raleigh, capital do estado americano Carolina do Norte, é a segunda cidade mais populosa do estado e a 43ª cidade mais populosa do país. Minha tia nunca suportou o campo e quando completou a maior idade viajou com a desculpa de iniciar a faculdade de direito, realmente ela iniciou, mas trancou no segundo período, casou-se com um milionário que faleceu após quatro anos de casamento deixando toda herança no seu nome, minha tia sofreu muito, depois de algum tempo abriu uma loja de grife que deu certo, hoje é uma das lojas mais famosas da cidade.

Minhas malas com objetos pessoais já estavam prontas, - minhas roupas mal encheram a pequena bolsa - achei realmente que James não iria se despedir, e com isso já estava cabisbaixo. Enquanto meu pai levava minhas coisas para a caminhonete eu fui para a varanda contemplar a paisagem verde que ficava lá perto, lembrando-me dos momentos que passei ali, correndo, fugindo, sorrindo, vivendo, ou apenas sendo eu mesma. Uma lágrima desafiou-me escorregando pelo canto dos olhos, deixei-a saborear seu curto tempo de vida antes de mata-la com as costas das mãos.

– Vou sentir sua falta. – ouvi aquela voz rouca ao pé do meu ouvido, o hálito quente perto de mim, as amigas de dona lágrima desceram quando pisquei os olhos. Virei-me para aquela criatura que estava atrás de mim, o abracei, meu rosto parou em seu peitoral. “Vou sentir sua falta, James, vou sentir sua falta...” Eu dizia por dentro, mas nenhuma palavra era pronunciada enquanto o belo rapaz, com os dedos, acariciava meus cabelos e seu braço rodeava minha fina cintura. Aquele momento eu trago comigo até hoje, James, eu nunca esqueci aquele abraço.

Já estava a algum tempo sentada em uma poltrona do avião, o tédio me dominava enquanto um homem careca e fora de forma roncava ao meu lado. Parecia que aquela viagem não acabaria nunca e a imagem de meus pais se despedindo foi o que pensei todo o tempo. Chegando ao local de desembarque caminhei insegura ultrapassando homens, mulheres, crianças, cadeirantes e idosos, eu carregava uma mala e uma bolsa, aquilo era o suficiente para mim. Meus olhos confusos procuravam uma mulher loira de cabelo com mechas de cor... Ah! Era difícil adivinhar de qual cor estaria naquele dia. Várias pessoas com cartazes “Estou aqui, Vânia”, “Mary, a mamãe aqui!”, “Safira...”, “John...” “E você tia Emm, onde esta?” eu pensava. Não demorou muito para que eu avistasse o cartaz mais absurdo do mundo: “Tchuca, HEY, tia EMM aqui BABY”. Era ela. Corri em sua direção e a mulher loira – agora com mechas azuis – me avistou alargou um lindo sorriso e abriu os braços, então, abracei-a.

– Essas são suas malas? – ela não disfarçou o desdém – não se preocupe querida, daremos um jeito nisso. – disse ela erguendo as sobrancelhas com suas mãos em meus ombros. Ela estava com sua roupa de academia, minha tia passava dos quarenta, mas tinha o corpo em forma, amava esportes e verduras, talvez fosse essa a explicação.

Chegamos a sua casa tinha um quarto reservado para mim, era um quarto que tinha uma grande janela de vidro, como dos filmes, sem perca de tempo fui até lá e abri para ver o outro lado enquanto minha tia esvaziava minha mala resmungando dizendo que eu não tinha roupas e que logo ela resolveria isso. Abri as grandes janelas, e o desapontamento foi um pouco que instantâneo. Nada de árvores, nada de rios, nada de nada, apenas uma grande casa, com outra janela, do outro lado, fechada. Dei as costas para a “paisagem” e fui ajudar minha tia, não demoramos muito, afinal, como ela mesma disse, quase não tinha nada para organizar. Fomos para sua cozinha, pequena, e pelo jeito, me acredito, ela quase não ficava por lá, todos os seus alimentos eram instantâneos, enlatados... Coisas assim. Ela confessou que almoçava sempre em algum boteco ou restaurante, e esclareceu que meu almoço era na escola e que nós jantaríamos qualquer coisa, pois isso, segundo ela, não era nenhum problema. Almoçamos uma lasanha deliciosa, na verdade, eu almocei uma lasanha deliciosa, ela comeu uma salada. Enquanto comíamos, Emm me explicava onde era a escola e como era a rotina de lá, graças a Deus eu não teria que pegar nenhum ônibus, pois a escola ficava apenas a uma quadra de distancia. Ela também citou que a vizinha tinha dois filhos, uma menina e um menino, que também estudavam nessa escola, e que eles me acompanhariam no primeiro dia. Uma ansiedade dominou-me, sempre curiosa, eu questionava, “como será estudar em uma escola de verdade?”. Durante aquele resto de tarde, meus pensamentos foram todos voltados para o “grande primeiro dia de aula”, tratei de procurar algo para vestir no dia seguinte, como arrumaria meu cabelo... Peguei uma caixinha onde eu colocava coisas como pompons, presilhas etc. coisa desse tipo foi quando no auge da empolgação encontrei uma palheta, uma palheta não, A Palheta, foi o presente que James me deu de aniversário. Era sua palheta preferida. Certo desanimo veio ao lembrar que James não participaria desses momentos no colegial, peguei o pequeno objeto nas mãos e fiz um buraquinho na parte superior, enfiei uma liga preta e o fiz de pulseira “por onde eu for um pouco de James também irá”.


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Notas finais do capítulo

Sem comentários, sem próximo cap. :(