Familia Caixão escrita por Deuzalow


Capítulo 3
Um homem chega em minha casa


Notas iniciais do capítulo

Nesse capitulo, Cassandra vai chorar um pouco. E uma pessoa vai entrar na vida dela, mas ainda vai ser desconhecida.....



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Visão Cassandra:

Eu não preciso ressaltar que o meu dia estava indo de mal a pior. Nada parecia dar certo. Realmente eu estava cansada de ficar com meu irmão na mansão, ele ainda é pequeno e tem certas coisas que ele não entende. Chego à casa do Don e ele faz a mesma coisa de sempre, joga aquele papinho e depois me enrola dizendo que é melhor esperar para marcar a data do casamento. Dessa vez eu não argumentei muito porque a situação não estava favorável para o meu lado e eu não estava com cabeça para esse tipo de problema. O momento parecia perfeito estava somente eu e Don até que a campainha toca. Percebo que ele fica furioso, mas não posso fazer nada. Estava sentada no sofá a espera dele. Percebo que ele está demorando muito, então resolvo ir até lá para ver o que está acontecendo mesmo que ele não queira. Quando chego lá percebo que a bomba se estoura. Vejo-o aos beijos com a Ruiva magricela. Nem é necessário dizer que ele estava gostando e se divertindo com ela, talvez estivesse de gozação pra cima de mim. Pra mim isso foi o fim de tudo não dava para continuar sendo iludida. Várias perguntas se passam pela minha cabeça. Há quanto tempo ele está me traindo? Será que só existe uma? O sangue já estava fervendo no meu corpo quando eu resolvo falar alguma coisa.

Cass: Don, como eu pude ignorar o que as pessoas falavam sobre você? E justo com essa anorexa. Eu to chocada. Você fez juras falsas de amor para mim esse tempo todo e a otária aqui caia em tudo. O que você pretendia com isso?

Eu estava desenrolando a falar sem pausas. Ele olhava como se tudo fosse surpresa para ele também. Sai correndo de lá ao choro sem querer olhar na cara de nenhum dos dois malandros. Me senti de novo como uma menininha de dez anos que precisa do pai para defende-la de seus próprios medos.

Don: Cass volta aqui eu posso explicar. Era essa piranha que estava me agarrando sem do nem piedade. Eu não tive nada ver com isso.

Nina: Don até parece que um beijo pode ser feito com apenas uma pessoa.

Nina tinha que provoca- lo com suas palavras de grande sabedoria. Nina falou se arrastando pra cima dele. Eu estava com tanto ódio dos dois que nem fiquei para ouvir o resto da conversa.

Don: Nina sua vadia sai daqui e me deixa em paz, acabou pra você também!

Eu não estava em condições de andar de carro, mas era preciso. Sentei no lado do motorista, respirei fundo e coloquei a chave do carro na ignição. Senti certa dificuldade para acertar o buraco do cinto já que meu corpo tremia bastante. Tinha que buscar o Alexandre na casa do seu amiguinho já tinha passado da hora e estava ficando tarde. Meu deus que vergonha eu não tinha ouvido um garoto de onze anos e agora estava na maior foça da minha vida. Coloco minhas mãos tremulas sobre o volante do carro e vou conduzindo devagar pelas ruas da cidade. Minha visão já estava turva de tanto chorar, os edifícios agora não passavam de imensos borrões que refletiam sobre o para-brisa. Para minha sorte começa a chover, não são pequenos chuviscos, mas sim um pé d’água o que dificulta ainda mais o trajeto a ser percorrido. O amigo de Alexandre morava em um bairro mais simples comparado ao nosso. Eu sinceramente não estava muito confortável indo sozinha busca-lo de carro. As ruas eram estreitas e chovia de mais. Como as ruas eram de lama muitos buracos começaram a aparecer trepidando ainda mais o veiculo. O bairro era marcado por seus famosos bares com homens de família, porém bêbados que jogam sinuca até o amanhecer. Esses homens com saco cheio da cobrança de suas esposas em casa se encontravam com os amigos para encher a cara e jogar conversa fora nesses botequins de péssima qualidade. As casas eram apertadas umas coladas nas outras como um imenso cortiço. Tinha pensões e albergues espalhados por toda parte. Ando mais uns cem metros adentro de uma rua mal iluminada e chego à casa descrita por Alexandre. Uma casa pintada com um amarelo desbotado e que tinha um Fiat estacionado na garagem. Eu tinha que pensar que a amizade não tinha classe social e nem preconceitos, apesar do medo que estava sentindo. Quando sai do carro senti olhares masculinos sobre mim como se eu fosse algo raro de se ver pela região. Alguns caras que seguravam uma garrafa de agua ardente na mão soltavam risos discretos em minha direção. Tentei ignorar a cena, porém era constrangedor. Dava para sentir o bafo de álcool da boca deles saindo a uma grande distancia. Soltei um olhar reprovador para eles que não surtiu muito efeito, mas espantou algumas pessoas que estava ali por perto. Respiro fundo e crio coragem de apertar a companhia.

Mulher: olá, o que a senhorita deseja?

Cass: Vim buscar meu irmão o Alexandre.

Mulher: Certo, vou mandar chama-lo. Você deseja entrar?

Cass: Não obrigada, eu não posso demorar.

A mulher adentrou a sua casa e começou a chamar pelos meninos. Eles se despediram e eu entrei no carro com o Alexandre. Olhei fixamente em seus em seus olhos, que pareciam estar cheios de preocupação. Eu não queria contar nada do acontecido para ele, não pela vergonha, mas sim para não criar um clima ruim entre nós. Fui dirigindo para casa em pleno silencio, logo percebi que Alexandre encostou sua cabeça no vidro do carro e adormeceu. A chuva ainda caia com certa força e não parecia que ai parar ainda hoje. Ao chegar em casa estaciono o carro e levo Alexandre em meu colo para seu quarto com cuidado pra que não acorde. Ele se revira algumas vezes em quanto eu subo as escadas, mas por minha sorte ele não acorda. Coloco ele sobre a cama e o cubro com uma manta já que essa noite estava mais fria. Beijo sua testa e lhe dou boa noite. Vejo como ele dormia serena e tranquilamente e sem preocupações. Essa era a vida de uma criança pensar somente em escola e casa. Eu estou esgotada e não consigo nem lembrar de tudo que estou passando essa semana. Resolvo tomar um banho para relaxar. Coloco meu pijama e vou me deitar, porém demoro a pegar no sono. A cena de agora pouco ainda estava clara na minha mente e isso me perturbava. Era como se eu fosse uma ingênua, boba que acredita que um dia vai ser feliz e construir uma família. Meu coração doía muito, uma parte dele foi rasgada com força e jogada dentro de uma lata de lixo como se não valesse um centavo. Eu estava crente que nunca mais ia confiar em alguém novamente.

Acordo com um barulho estridente do despertador. Dou um soco nele, que cai rapidamente no chão fazendo um estardalhaço. Esse já era quarto despertador que eu comprava. Fiz minha higiene matinal e fui acordar Alexandre para ir para escola. Quando chego em seu quarto vejo ele caído no chão roncando profundamente. Resolvo me aproximar dele na intenção de acorda-lo.

Cass: Ei, Alexandre acorde ta na hora do café.

Alex: Hum O que você disse?

Cass: Bom.. Porque você está dormindo no chão?

Alex: Devo ter caído durante a noite. Pode ir que eu vou me trocar para ir para escola.

A situação era meio engraçada, mas eu não quis constranger meu irmão então desci para preparar o café. Quando ele chega à mesa já esta aposto e estou sentada a sua espera. Percebo que ele quer iniciar uma conversa que pelo jeito não ia escapar. Ele prepara seu chocolate e começa a falar.

Alex: Eu te conheço Cass, você não está nada bem. Quase não fala, mal tocou na comida e está com esse olhar triste. Aposto que não é só sobre o papai.

Alex podia ter só onze anos, mas era um garoto muito esperto e bastante maduro pra idade dele. Eu sabia que não ia conseguir esconder por muito tempo meus problemas, entretanto tentava adiar essa conversa.

Cass: Você tem razão. Mas você não devia se preocupar com essas coisas.

Eu estava tentando ser discreta e sincera ao mesmo tempo. Lancei um olhar calmo e acolhedor para ele, na intensão de que nosso papo acabasse por ali. Não queria que meu irmão se envolvesse com minhas burradas.

Alex: Cass pare de bancar a durona. Eu sei que no fundo você está se roendo de dor e sofrimento. Se sempre se preocupa com os outros e acaba deixando de pensar mais em você. Eu posso ser apenas uma criança, mas sou sua única família agora e você sabe que pode contar comigo. E com o seu noivo ne?

Cass: Valeu Alex você está me ajudando muito com tudo. E o Don já era eu terminei com ele.

Assim que eu falei sobre o Don, um sorriso espontâneo se abriu rosto de Alexandre. Eu sabia bem o que isso significava.

Cass: Me desculpa por não ter te ouvido. Ele realmente não era de confiança. Eu o peguei com outra mulher. Ele só estava me usando para conseguir o que queria.

Nesse momento eu não aguentei e desabei em lágrimas, era como se toda cena se passasse como um filme na minha mente. Aquelas palavras falsas pedindo para eu voltar.

Alex: Vai ficar tudo bem Cass. Um dia você vai encontrar alguém que te valorize como você realmente é não pelo seu dinheiro ou status.

Eu levantei e fui em direção ao Alexandre. Pedi que me abrasasse com força, quem sabe isso afugentava todos os meus pensamentos negativos. Estávamos tendo nosso raro momento em família, quando a campainha toca. Desvencilhei-me devagar do seu abraço não querendo encarar quem estivesse na porta. Assim que eu abro a porta me surpreendo vendo que não é o Don. Era um homem mais ou menos da minha idade, moreno, de cabelos pretos e barba mal feita. Ele tinha um corpo atlético, aparentava ser bem fino e educado. Ele trajava terno e gravata. Segurava com firmeza uma pasta de couro como se alguém fosse rouba-lo. Eu estava curiosa para saber quem ele era e o que estava fazendo em minha casa. Alexandre continuava imóvel sem saber o que fazer ou como reagir.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a todos que estão lendo essa história. Espero que estejam gostando. Comentem o que vocês acham da história e deixem suas opiniões. Vlw povo.



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