O céu se apagou, as estrelas cadentes se foram. Ficar com Maxon era tão bom, parece tão certo. Perdemos a noção do tempo e só voltamos a realidade depois um soldado nós avisa que seria melhor entramos devido a hora. Maxon assente com a cabeça.

Relutamos um pouco, queríamos mais tempos juntos. Isso será possível um dia? Poucos minutos depois Maxon se levanta e estende a mão para me ajudar. Me levanto com sua ajuda e dou leves tapas em meu vestido que estava cheio de grama.

Logo estamos caminhando em direção ao castelo, quando maxon desliza suas mãos pela minha cintura. Por um momento acho que ele vai me puxar para si, mas ele me suspende no ar e me gira. No inicio fico surpresa, no momento seguinte, fecho meus olhos para curtir um pouco aquilo. É como se estivéssemos dançando. Imersa naquela pequena “dança” com Maxon, escuto um barulho agudo que me parece distante. Acho que é musica, mais quando sou sugada de volta ao mundo real percebo que o barulho não é distante. É próximo demais até. E não é musica. São as sirenes. Os rebeldes estão aqui.

Tudo foi rápido demais depois que me dei conta do que estava acontecendo. O soldado que veio nos chamar mais cedo, correu para nós acompanhar ao abrigo. Estávamos longe demais do abrigo Real, então o soldado nos guia para um dos abrigos perto da entrada do Jardim. As coisas depois ficam confusas. Só lembro de ver uma porta abrindo, o Maxon e o Rei.

De todas as situações desconfortáveis imagináveis no mundo, eu com certeza estava numa das piores: trancada em um abrigo com Maxon e o rei Clarkson. Um abrigo pequeno demais para o amor e ódio que, respectivamente, eles sentiam por mim.

– Maxon. America. – O rei diz dando um leve cumprimento com a cabeça.

– Boa noite Majestade. – Respondo sem jeito. Apesar de tudo ele ainda é o rei e tenho que trata-lo como tal.

– Andando tão tarde pelo palácio; aconteceu algo pai? – indagou Maxon

– Não, nada de importante. – O rosto do rei me parecia presunçoso – Apenas observando.

– Observando?! – Maxon pareceu incomodado com a ultima fala do rei.

– Observando o meu castelo. Não sabia que era proibido. – Disse com um tom desafiador a Maxon.

– Não disse que era proibido. Apenas é estranho. Você não costuma fazer isso.

– Acostume-se, eu mudo. – Anuncia o rei.

Depois disso Maxon se dirigiu para perto de mim e nos sentamos em uma das camas do abrigo, enquanto o rei senta na outra, que fica no lado oposto.

– Tudo bem com você? Você se machucou no caminho pra cá? – Perguntou a mim. O jeito como Maxon se preocupa comigo, me faz... me sinto como um pequeno cristal que ele nunca quer perder e tem todo cuidado para não quebrar. Me sinto especial.

– Tudo sim e você?

Ele se aproxima e sussurra no meu ouvido.

– Acho que um dos meus cortes abriu. Não sei ao certo mais posso sentir o sangue escorrer pelas minhas costas.

Estava quase me levantando para ir pegar os medicamentos para ir cuidar, quando ele me puxou para si novamente e continuou.

– Aqui não America. Ele não pode descobrir que você sabe disso.

Fico indignada com a situação, mas concordo com ele. Começo a passa a mão pelos seus cabelos, fazendo carinho em sua cabeça. Não é o curativo que ele precisa, mas necessito fazer algo pra tornar a dor menor enquanto estamos aqui.

O rei apenas nos observa.

Pelo relógio que fora posto no abrigo, vejo que já passou uma hora e alguns minutos. Isso estava demorando demais.

Como se meus pensamentos tivessem poder, a porta do abrigo se abre. Sorri ao pensar que finalmente poderia sair do olhar do rei e ajudar Maxon.

Sorriso que logo desapareceu quando o que irrompeu a porta não foram um dos soldados. Eram dois rebeldes. Uma mulher e um homem.

– Alteza – A mulher diz e faz uma reverencia.

Maxon logo se levanta e responde

– O que vocês querem?

– Ela não se referia a você – A voz do homem beirava ao nojo.

Maxon ficou sem compreender.

Então o rebelde olha em minha direção, como que indicando que ela se referia a mim, o que era totalmente impossível.

– America? – Maxon pergunta ao rebelde.

O rebelde não responde, apenas balança a cabeça dizendo que sim. Maxon se afasta um pouco da minha frente e quando faz isso eles me reverenciam novamente.

– Vocês devem estar enganados. Não sou da realeza. Não sou a princesa. – Falo tentando entender o porque daquilo tudo.

– Você pode não ser a princesa desse palácio, mais é certamente o que ele merece.

Antes que pudesse falar qualquer coisa mais, um pequeno dispositivo apita e eles se vão.

Ficamos um minuto em silencio absorvendo aquilo.

Até que a voz do rei toma o silencio impetuosamente.

– Temos que manda-la embora. – Exclamou o rei. – Agora!