O dia estava claro, minhas criadas entraram alegres, tudo estava normal. Exceto por aquele não ser um dia normal. Pra mim não tinha nada de normal em ser entrevistada, principalmente pela Rainha.

Sei que a irmã dela disse que quando o numero de selecionadas diminuísse ela se aproximaria mais da gente e pude ver que isso é verdade. Ela sempre aparece no salão das mulheres quando pode e etc. Mas eu não imaginava que isso incluía uma entrevista.

Negar que estou nervosa seria uma mentira enorme. Mas não sei o porquê me sinto assim. O porque quero tanto a aprovação da Rainha Amberly. Apenas não preciso de outra pessoa aqui contra mim. E ela é sempre um amor com todos... No fundo só quero que ela goste de mim.

Me preocupo com as perguntas que ela vai fazer. Imagina só: ‘ America, se você pudesse escolher entre meu filho e o fim das castas, o que escolheria?’ ‘ Porque deveríamos continuar deixando você aqui depois do estrago que você quase fez no Jornal de Illeá?’

A Celeste me pareceu bem confiante depois do anuncio da entrevista. Não pude ver a reação de Kriss e Elise, pois quando olhei para elas, estavam concentradas em uma conversa. Me aparentavam despreocupadas. O que me deixou mais nervosa ainda.

Anne, Mary e Lucy perceberam a minha inquietação naquela manhã.

– Aconteceu algo senhorita America? – Mary perguntou antes de receber um olhar repreendedor de Anne.

– Apenas estou nervosa com essa entrevista – Fui sincera.

– Vocês vão ser entrevistadas novamente para o jornal? – Lucy perguntou

– Na verdade não – Sorri – Vamos ser entrevistadas pela rainha.

As garotas me pareceram surpresas e olhavam entre si.

– A Rainha vai falar com vocês? – Anne disse demonstrando interesse. Assenti com a cabeça – Isso é perfeito.

– Perfeito? Não sei se vocês já perceberam o quanto eu sou ruim em falar em publico. E quando falo não costumo agradar a realeza.

– Calma senhorita America – Anne tentava me tranqüilizar. – Tudo vai dar certo. Basta ser você mesma, foi assim que nós gostamos da senhorita e tenho certeza que a rainha também gostará. – E sorriu para mim.

Não sei se meu verdadeiro eu agradaria a Rainha, mas não vejo outra escolha. Não é meu feitio tentar ser alguém que não sou.

O vestido que as minhas criadas trouxeram pelo menos fez eu me sentir melhor. ‘Estou apresentável’ pensei. Ele não era longo, justo até a cintura depois abria em uma saia meio rodada. Era verde de alças. Achei muito bonito, principalmente por ser dia.

Desci determinada. Determinada a encantar a rainha. Pude sentir até um pouquinho de confiança sendo formada dentro de mim.

Confiança essa que foi destruída assim que entrei no Salão das mulheres. As outras selecionadas estavam com vestidos de dia longos belíssimos e todas com ar de normalidade. Torci para que meu nervosismo não transparecesse. A rainha está sempre tão elegante, queria ser assim.

Logo me sento em uma mesa que foi posta no Salão das mulheres, porque iríamos tomar café lá, e vários criados entram com o café da manhã;

– Bom dia Senhoritas! – Silvia e a Rainha chegaram.

– Vou sentar naquela poltrona no fim do salão e quando for sua vez Silvia a chamará, entendido? – Diz a Rainha animada.

– Entendido – Todas respondemos. Uníssono.

A primeira a ser chamada foi Celeste. Não demorou muito para que voltasse.

– Já voltou?! Que rápida. – Elise olhou na direção de Celeste dando uma risadinha.

‘Ela não conseguiu aguentar seu veneno?’ – pensei

– Não tenho culpa, as pessoas gostam de mim de cara! – exclamou Celeste. – Boa sorte pra vocês, ela já me ama.

Elise foi a próxima. Ela, assim como Celeste, voltou logo.

Eu seria a ultima. Então assim que Elise se sentou e Silvia deu o sinal, Kriss se dirigiu ao lugar.

Estava chegando minha vez e as palmas da minhas mãos começaram a suar. Kriss estava demorando mais do que as outras garotas. Olho pras duas e vejo que elas também perceberam.

– O que ela pergunta? – Pergunto a Elise numa tentativa de aliviar a ansiedade.

Mais antes que Elise pudesse me dizer algo Kriss volta e recebo o sinal para ir.

Passo a mão na saia do meu vestido e me dirijo para o local aonde a rainha esta.

– Bom dia Majestade – Digo em meio a uma reverência atrapalhada.

–Ah... Apenas Amberly aqui, por favor – O sorriso que ela solta após dizer isso me tranqüiliza – Sente-se por favor.

Assim que me acomodei Amberly me olhou por uns momentos antes de começar.

– America, você faz parte da Elite e uma de vocês será escolhida pelo meu filho. Por esse motivo resolvi conhecer vocês melhor. Não podia fazer isso antes, existia muitas ainda. Então farei algumas perguntas. Preciso e espero que você as responda sinceramente. Não existe resposta correta ou errada, tendo em vista que isso não vai levar a nenhuma eliminação. Está pronta?!

Não respondo, apenas assinto com a cabeça.

– O que você gosta de fazer no tempo livre?

Aquela pergunta simples me fez sorrir. Sabia exatamente a resposta e naquele momento me senti conversando com uma pessoa normal.

– Gosto de tocar – Sorri orgulhosa pelo meu raciocínio rápido.

– Você toca muito bem aliais. – Ela disse. – Lembro do aniversario da Kriss.

– Obrigada – Sinto minhas bochechas queimarem.

Ela perguntou sobre minha família, coisas que fazia antes da seleção e etc. Até que chegou a vez de perguntar sobre o Maxon.

– Se o meu filho um dia fosse rebaixado a casta 6 ou 8 vocês ainda ficariam juntos?

– Claro! – Disse – Na verdade seria até mais simples, melhor.

Uma ponta de curiosidade apareceu em seu rosto, então apressei para explicar-me.

– Bem, é que eu sou uma 5; quer dizer eu era uma 5. Participar da seleção nunca foi parte dos meus planos, mais aconteceu; E Maxon me faz querer ficar. Me faz querer lutar. Mas ainda tenho medo da coroa – Ela rir e me permito da um leve sorriso também

– Tenho medo de não da conta, de não ser o que esperam. Tenho medo de ser princesa – Confesso.

Ela rir e aperta a minha mão, como se quisesse me passar segurança. Graças a Deus ela não se aprofundou no assunto. Não saberia explicar como queria Maxon, mas não queria a coroa.

– Você realmente gosta do meu filho?

– Antes de vim para cá, tinha uma visão errada do Maxon. Mais com o passar do tempo ela foi mudando. Ele teve paciência comigo e pude ver o verdadeiro Maxon. – Me peguei imaginando seu sorriso doce. ‘Acorda America, não é hora de ficar babando pelo Maxon, apenas responda a rainha’ pensei.

– Depois de tudo que vi e convivi aqui, posso dizer com todas as palavras, que eu realmente gosto do Maxon.

– Muito obrigada pelo seu tempo America. – Aquela foi a deixa para dizer que nossa entrevista chegou ao fim.

Quando me levantei a rainha me disse algo antes de sair.

– Você sempre foi a favorita do Maxon – Corei totalmente nesse momento. – Agora sei o porque. – E piscou pra mim.

Depois que voltei para o lugar houve um pequeno alvoroço. Elise e Celeste não entendia o porque da entrevista de Kriss e a minha terem sido mais longas do que as delas. Eu desconfiava de algo porém não falei nada. Silvia falou alguma coisa sobre a aula que eu já não lembro mais e nos dispensou.

Estava passando em um dos corredores, em direção ao meu quarto, imersa em meus pensamentos.

‘O que ela quis dizer com aquilo? Será que era ela dizendo que gostou de mim?’ – Imaginava

Só sai disso quando uma mão firme envolveu minha cintura.

– É bem difícil te achar, sabia? – Maxon sorria de uma forma boba

– Não sabia que estava sendo procurada – Provoquei

– Sempre!

– Me procurava só pra me ver ou tem algo a me dizer?

– Um pouco dos dois; – Sorriu e me puxou mais para perto – Meu professor de astronomia me contou que terá varias estrelas cadentes na noite de hoje. Estava aqui a me perguntar se a senhorita não me daria a honra da sua presença? – E me olha com olhos que gatos fazem quando querem algo.

Enlaço meus braços em seu pescoço e o beijo.

– Uau! Acho que isso foi um sim.

Mordi o lábio para não rir.

– Sim Alteza – Disse – Isso foi um sim.