'O Sole Mio escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 9
Discussões e Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Título em inglês para variar, mas eu sempre esqueço de por em italiano :)
Proa Vi que ta acordada até agora só pra ler este capítulo, você vai amar.
Godere.



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Emma tinha uma estranha sorte conspirando a seu favor, pensava ela, porque chegara exatamente dois minutos adiantados em relação ao Dr. Idest e foi exatamente o tempo necessário para ela se sentar em sua cadeira e ver Marsha acenar para ela e olhá-la de cima a baixo, que pelo estado que Emma se encontrava depois de disparar do carro para dentro da universidade, desconfiava ser uma figura interessante, seu cabelo que antes estava solto agora deveria estar totalmente bagunçado pelo vento e a única coisa que pode fazer era enrolá-lo em um coque frouxo e havia também agora as gotículas de suor em seu pescoço e testa por causa do esforço anterior até ali, com certeza uma imagem que passaria uma impressão muito boa sobre ela e o que tinha feito no horário de almoço.

A palestra teria sido catalogada por Emma como a melhor até o momento, ela tentava não perder uma palavra do dr. Pascal e não podia deixar de imaginar como aquilo se encaixava em seu texto, o mesmo que ela abandonara a uma hora para poder chegar ali, essa empolgação fez com que ela gastasse todo o intervalo revendo o texto começado em seu notebook e incrementar as ainda poucas linhas com as informações ainda frescas em sua mente. Poderia ter passado o resto da tarde assim, mas o sinal bateu e a programação de palestras continuou enquanto Emma permanecia ali com uma alta taxa de adrenalina no sangue.

De mal grado ela se levantou quando chegou ao fim e percebeu como se levantar de seu lugar a mostrava que as cinco horas sentada a haviam deixado fraca e dolorida. Era isso que Emma estava, dolorida e fraca, sem se importar com a ordem. Pegou seu material e caminhou para fora da sala amaldiçoando a ideia idiota que teve quando resolveu por botas de salto naquela manhã, teria ainda reclamado se houvesse alguém para conversar, mas todos já tinham ido aproveitar a sexta a noite em Florença, exceto por ela ao que parecia.

Na frente do portão da faculdade ela se encostou em um banco e ficou quase a deriva, sentia-se muito fraca e indisposta, seu estômago doía de um modo que Emma quase nunca havia sentido e isso fez com que ela demorasse a descobrir a causa disso, seu raciocínio também estava mais lento e ela começou a temer, quando seus olhos começaram a ficar pesados, que ela fosse desmaiar.

Talvez tenha ficado a beira de um desmaio, mas os acontecimentos não permitiram que aquilo fosse a diante. Não ouviu a buzina do carro de Raoul, estava tão voltada para si mesma que parecia tornar o mundo exterior algo alheio a ela e foi por isso que o motorista resolveu descer e ver se ela realmente estava bem, Raoul toucou-lhe o ombro e Emma sentiu a leve pressão do ato, mas precisou que ele a chacoalhasse com leveza para recobrar os sentido e perceber que ele dizia seu nome várias vezes.

Oh Emma, stai bene?– Ele perguntou ao ver ela abrir os olhos e piscar algumas vezes.

Debole, ma bene.– Fraca, mas bem. - Mesmo sendo uma cena extravagante, ninguém realmente parou para observar, e logo Raoul ajudava Emma a ir até o carro com ela apoiada em seus ombros, resolveu pô-la no banco do passageiro onde estaria ao seu alcance já que não podia nem suspeitar do que estava conhecendo com ela.

Ho bisogno di arrivare a un ospedale? – Preciso te levar a um hospital? - Ele perguntou.

Niente ospedali. – Nada de hospitais - falou primeiro e negou juntamente com a cabeça como uma criança - eu só estou fraca.

Hai mangiato niente oggi? – Você comeu alguma coisa hoje? - Raoul disse depois de ponderar sobre a resposta dela e achando uma pergunta que condissesse com o estado de Emma, perguntava como fazia um enfermeiro - pensou ela com o humor que o topor lhe dava - mas não a olhava, em vez disso colocava o carro em movimento.

– Sim, brownies e café com vocês, depois eu tomei um frapê de manhã... - A voz de Emma morreu ao perceber que não consumirá nada depois disso, o que explicava porque seu estômago se retorcia frequentemente e seu raciocínio estava afetado.

– Você não almoçou?

Non– quase disse que não tivera tempo para isso, mas como Raoul não desconfiava que ela estava invadindo a sala de arquivos com Ignazio no horário do almoço, se limitou a dizer que passou o resto dos intervalos trabalhando na introdução de sua tese e quando parou, foi para ir a biblioteca, já que estava mentindo resolveu acrescentar a última parte sem se sentir nem um pouco culpada.

Emma encostou a cabeça no banco ouvindo Raoul a repreender pela atitude infantil e irresponsável, mas com a dose de adrenalina, Emma nunca teria sido capaz de sentir fome como em um dia normal, porém agora não havia mais nenhuma quantidade dentro de si e a fome a deixava completamente tonta. Sentiu os sintomas voltarem, os olhos pesarem e o som da voz dele ficar distante e em um gesto de desespero agarrou o braço dele e a camisa salmão chamando atenção para ela antes de desmaiar. Novamente ele a sacudiu levemente até ela conseguir se recuperar, mas menos que da primeira vez, agora ela estava completamente grogue, mas acordada.

– Ainda faltam vinte minutos até em casa nesse trânsito, você não vai aguentar, não é? - E Emma assentiu porque não encontrava mais o comando da fala. - Mas pode aguentar mais dois minutos? Há um restaurante aqui perto. - Novamente ela assentiu mas não deixou que ele tirasse a mão de seu ombro e o obrigou a continuar cutucando-a e falando com ela para que não se entregasse ao topor de novo.

Estacionaram o carro em frente de um restaurante e logo Raoul ajudava Emma a sair do carro e se equilibrar na calçada e quando entraram ela parecia quase em seu estado normal, por mais que suas pernas fraquejassem com o cheiro de carne assada, massa e molhos daquele lugar.

Raoul disse que sim quando o garçom perguntou se era só um casal e encontrou para eles uma mesa mais reservada ao lado de uma janela e ele precisou também ajudar Emma a se sentar e abriu a janela deixando que a brisa batesse contra o rosto dela. Emma deu total liberdade para que ele fizesse o pedido, nunca teria permitido tal coisa se não estivesse tão ruim, mas ele pareceu não querer ofender, pediu primeiro duas saladas com frango para eles - uma jogada quase clássica para um primeiro encontro, mesmo não sendo o caso - dois sucos de laranja, e para o prato principal, nhoque ao molho sugo, outro prato que agrada a todos normalmente, afinal ele não sabia quase nada sobre o que Emma gostava de comer e aquela não era exatamente sua intenção, afinal, essa não era uma ocasião normal.

Os sucos chegaram junto com uma pequena cesta de torradas e pates que Emma atacou prontamente, sentir algo em seu estômago foi quase animador se ainda não estivesse morrendo de fome, e Raoul pediu ao garçom que apressassem a entrada. As pernas de Emma pararam de tremer, coisa que fizeram o tempo todo, as vezes como espasmos musculares outras como realmente uma tremedeira, a mente dela também ficou mais clara e os sentidos mais aguçados.

Grazie. - Emma disse em meio ao silêncio que tinha se instalado entre eles.

– Hãn? - Ele disse primeiro como se fosse arrancado de algum pensamento. - Não foi nada, afinal, você estava prestes a desmaiar.

– Anche così, grazie. – Mesmo assim, obrigada. - Disse Emma, e naquele momento soube que de uma forma estranha e difícil de explicar, ela estaria em dívida com ele. A partir daquele momento não podia nem pensar em repetir algo como fez na noite anterior, eles não estavam mais equiparados, ela estava no negativo e ele com um saldo positivo com ela.

– Se me dá licença, acho que tenho que ligar para Dona Mantovani e explicar que nem eu nem você vamos jantar em casa. - Proclamou nervoso e pegou o celular, mas não se levantou ao ouvir a resposta de Emma.

– Uma pena, eu amo a comida da sua mamma, mas me deixe falar com ela, se puder. - Primeiro se pode ouvir um grito de alívio de Dona Mantovani, ela parecia saber quando algo acontecia com alguém querido e depois que Raoul tentou explicar inutilmente que aquilo não era um encontro ou algo assim, Emma fez um gesto para que lhe passasse o bendito aparelho e Dona Mantovani parou de reclamar e então ralhou com Emma por ela ter ficado sem comer durante quase todo o dia e isso fez ela até se sentir melhor, Dona Mantovani era realmente como uma mãe.

Pronto. - devolveu o celular - Falando em família, onde está Danilo?

– Ele vai passar o fim de semana na casa de Bianca, isso acontece quase sempre. - Respondeu com tédio.

As entradas chegaram naquele momento para a sorte deles que estavam em um silêncio que teria sido constrangedor senão por aquela interrupção e também para a felicidade quase definitivamente do estômago de Emma.

Ok roseo, è buona. – Está bem corada, isso é bom. - Observou Raoul.

– Penso che sia a causa del vento freddo della finestra, penso che pioverà in caso di prolungato nel tempo. – Acho que é por causa do vento frio da janela, acho que vai chover se continuar assim o tempo.

Depois de devorar mais da metade do prato - e continuar no fatídico debate sobre o tempo - resolveu que estava boa o suficiente para ir ao banheiro sozinha encima daqueles saltos.

Pela primeira vez se perguntou com seriedade o que ela fazia ali, afinal agora ela não estava mais debilitada, mas continuaria ali com Raoul provavelmente pela próxima hora, seria como um encontro? Não, se detestavam de mais para isso em como ele disse, Raoul precisou fazer isso ao ver ela quase desmaiar duas vezes. Não, nada parecido com um encontro, o que faria então? Conversaria com ele? Ou só ficaria em silêncio até estarem prontos para irem? Resolveu não optar por nenhuma me simplesmente retornar para a mesa e ver o que faria.

– Si arriva a questo posto? – Você vem muito a esse lugar? - Perguntou Emma ao observar a arquitetura, o lugar era todo feito em tons pastéis e havia granito no chão, mas o que a interessava era o telhado feito de madeira de uma forma que parecia desafiar a arquitetura comum.

A volte, quando ci sono ospiti in azienda. – As vezes, quando há visitantes na empresa. - Raoul respondeu vendo chegar o prato principal.

– Ma anche così conoscere molto bene scegliere i piatti per un singolo. - Mas mesmo assim sabe escolher muito bem os pratos para um solteiro. - Ela sorriu.

Come? - A testa já se enrugava com o arquear de suas sobrancelhas.

– Estou dizendo que escolheu pratos clássicos em vez do que você gosta ou achou que eu poderia gostar, foi uma escolha sensata ao sugo. - Riram do trocadilho gostosamente.

– Tem a língua tão afiada que gostaria de saber o que diria se eu perguntasse pro que ainda está solteira, afinal sabe como fazer as escolhas dos pratos em um restaurante.

– Quando se está em um encontro, o que nem de longe é o nosso caso, você tem a escolha do que outro vai comer como uma adaga no seu pescoço, primeiro porque vocês tem que comer a mesma coisa com o mínimo de variação se puder, ou não há futuro, segundo que a escolha errada, caso a pessoa não goste de um ingrediente ou tenha alergia a algo do prato quer dizer que você provavelmente nunca mais vão sair a não ser que aconteça um milagre. Por fim sobra a parte do meus estado civil, permaneço solteira, porque mesmo depois de ouvir os conselhos da mamma, acho que ainda não encontrei o homem certo para mim.

– Penso em algo que desfaça sua teoria, se hipoteticamente isso fosse um encontro e como eu acertei nos pratos nós provavelmente teríamos um segundo e é claro que você já acertou os pratos de muitos jantares e mesmo assim não conheceu a pessoa certa, isso não faz uma coisa invalidar a outra? - Raoul parecia intrigado em confrontar a teoria dela.

– Não, eu não acertei tantos pratos assim e nem encontrei tantos que acertassem s pratos e por isso as teorias não se anulam e caso acontecesse, hipoteticamente, teria que levar em conta que as duas teorias tratam de coisas diferentes, para mim pode existir um relacionamento infrutífero mesmo com o acerto de pratos, mas não um relacionamento como o que desejo sem esse acerto em um jantar. Pronto, isso derruba seu contra-argumento.

– E um debate sobre a sobremesa, o que me diz?

– Aceito, desde que não sejam brownies. - Emma riu levemente ao pensar em Raoul com a cara coberta de farinha.

Assim que eles atravessaram as portas Emma quis ter trazido seu casaco e então Raoul ofereceu o paletó, na verdade ela nem tinha notado que ele o usava, a última vez que reparara na roupa que ele usava foi quando segurou o tecido da camisa antes de desmaiar, ele deve tê-lo vestido antes de abrir a porta do carro para ajudá-la, mas nem disso ela se lembrava e agora somente aceitava o terno algumas vezes maior que o tamanho dela para impedir que o vento e a garoa batessem em seus braços descobertos pela blusa de alças.

Ho detto che stava per piovere. – Eu disse que iria chover. - Contatou por último antes de chegar ao lado do passageiro no carro.

A viagem de volta tinha sido silenciosa, novamente Raoul deixou que ela tirasse os sapatos de salto e ela se aconchegava no banco de um modo que era questão de tempo até que ela adormecesse, mas que por fim não aconteceu, e ela saiu do carro completamente grogue novamente. Sentia-se quase morta, depois daquele dia poderia facilmente dormir tempo o suficiente para que uma das meninas fosse atrás dela checar sua pulsação, não pensou em como o chão estava frio pelo fato de estar sem sapato ou que estava estranhamente indecisa sobre devolver ou não o terno de Raoul, mas o fez ainda na cozinha, antes de ir atrás de alguém na sala e avisar que estava tudo bem e que ela só precisava descansar.

Non posso credere che hai dimenticato le scarpe nella mia macchina. – Não acredito que você esqueceu de novo seus sapatos no meu carro. - Disse Raoul ao perceber quando ela entregou o terno, sabia que algo havia sido esquecido.

– Eu não irei voltar buscar, a única coisa que vai me fazer andar agora é o meu objetivo de deitar na minha cama.

– Olha, nunca mais deixo tirar seus sapatos no carro, não para ter que ouvir que preciso voltar buscar eu mesmo o que é seu. - Ele resmungou como da primeira vez.

– Sabe Raoul, você deve ter algum problema, é perfeccionista de mais, regrado ao extremo! Já pensou em desistir um pouco de você e viver? Não sei como pode se aguentar, porque minha cota diária de paciência se esgotou. - Disse com a voz cada vez mais alterada, mesmo que não gritasse.

Emma saiu batendo os pés na escada e fazendo assim para ser vista pelos outros que estavam na sala, subiu direto para o quarto e então foi para o banheiro, deixando um Raoul confuso e estacado na soleira do corredor, mal podendo imaginar que depois de tudo ouviria isso dela.

Quando Emma saiu do banho que se obrigou a tomar antes de desabar na cama, subiu novamente as escadas languidamente já que estava esgotada, talvez gritar com Raoul não tivesse sido um bom ato, mas ela sabia que isso teria acontecido com qualquer um que a contrariasse naquele momento.

O último, golpe depois que percebeu como gostara do perfume do paletó, foi encontrar suas botas encostadas perfeitamente no rodapé ao lado de sua porta, mesmo depois de Emma gritar com Raoul ele fizera a gentileza de devolver os sapatos que poderiam muito bem ter parado em uma lixeira. Talvez depois de tudo, ele não fosse tão ruim como a mente de Emma sempre o pintava - todas as manchas e maus traços mais evidente que qualquer bom - e ela sabia a dias que vinha fazendo errado, mas não conseguia desfazer-se dessas impressões.

{♥♥}

Se recusando a levantar cedo, Emma perdeu o café da manhã, primeiro porque se sentia exausta de tudo o que havia passado e depois porque a última coisa que queria fazer era encarar Raoul em frente a todos os outros. Emma não era estúpida, sabia bem que tinha que se desculpar e que o que tinha feito era o suficiente para mesmo desculpando-a eles não voltassem a se falar pelo resto do tempo que ela permanecesse ali. Mesmo assim ela precisava tentar se desculpar, quase como uma questão de honra e consciência do que tinha feito e como tinha sido ingrata, mas para se desculpar ela precisava encontrá-lo só e não haveria oportunidade como ela esperava.

Foi a batida na porta do quarto que fez Emma sair da confusão de pesamentos que tinha ali ainda deitada na cama. Abriu a,porta e se deparou com Francesca que trazia uma xícara de café e um bolinho para Emma.

Buongiorno– Disse Emma primeiramente antes de perceber que Francesca lhe oferecia a xícara.

Quasi "Buon pomeriggio", quindi sì – Quase "boa tarde" isso sim - disse entrando no quarto - é melhor comer isso e trocar de roupa, temos muito que fazer ainda.

Come? - Perguntou Emma ainda sonolenta.

– Hoje a tarde eu e as meninas precisamos decidir com a Bianca os últimos detalhes do casamento e isso nos dá menos de três horas para mexer nas caixas que eu trouxe do sótão. Vamos Emma, se apresse ragazza!- Tentou incentivar.

Mesmo sem fazer muito sentido, Emma engoliu o bolinho junto com o café com leite e devolveu a xícara para Francesca. Faltava agora encontrar alguma peça de roupa para substituir as antigas roupas que ela usava como pijama, pediu para Francesca fechar a porta ao encontrar o sutiã e ouvir então passos no corredor. Em um recorde de quinze minutos, sendo nove gastos no banheiro, Emma estava o suficientemente ajeitada para começar o dia.

Preferiram por não descer e deixar os outros fingindo que Emma tinha dormido até o almoço e assim se dirigiram sorrateiras para o quarto de Francesca, o primeiro passo foi trancar a porta e então sentaram-se no chão, embaixo da janela e começaram a desbravar as caixas escondidas sob a cama.

Havia muitas fotos, cartas, certidões de nascimento e casamento e até de óbito, alguns diários, mas nada extremamente importante além da árvore genealógica.

È completo? - Está completa? - Emma perguntou vendo que só havia uma linha principal.

No, se fosse messo tutto non sarebbe adatta in qualsiasi ruolo, quindi ha solo la famiglia che ha ereditato la proprietà. – Não, se fosse posto tudo não caberia em qualquer papel, por isso só tem a família dos que herdaram a propriedade.

– E cosa accadrà quando il Dona Marilia non è qui? – E o que vai acontecer quando a Dona Marília não estiver mais aqui? - Perguntou de súbito vendo como era grande a penúltima linha. - Quem herdará?

– Non ha molta importanza, dal momento che non divide il paese. I miei fratelli e io penso meglio pensarci solo quando non possiamo più rimandare fino ad allora saremo uniti. – Não importa muito, desde que não dividam a terra. Eu e meus irmãos achamos melhor pensar isso somente quando não pudermos mais adiar, até lá ficaremos unidos.

Emma passou mais uma hora separando o que lhe parecia interessante e promissor, haviam várias fotos que seriam ideiais para complementar o texto, fotos do vinhedo ainda em 1940, casamentos, fotos em que uma geração se reunia por inteira. Porém nenhuma tinha data posterior a década de 80, e Emma não hesitou em perguntar para Francesca que a ajudava a separar o material.

– Nessuna foto poi perché sono con me. Vieni a vedere. – Não há fotos depois disso porque elas estão comigo. Venha ver. - Disse se levantando e puxando uma pequena caixa da primeira gaveta do criado-mudo. Emma recebia as fotos que Francesca separava entre as várias, havia pelo menos sete fotos que eram como as da caixa, várias pessoas bem arrumadas e sorridentes paradas na frente do casarão esperando que a foto fosse tirada. - Esta sou eu ainda de cabelos escuros, Pietra, Ignazio, Gianluca, ssi que não psrece com ele, mas acredite, é ele, aqui o Raoul e o Danilo, acho que eles tinha brigado feio poucos minutos antes da foto e oor isso estão com essa cara, aqui mia mamma e mio babbo.– Disse apontando em uma das fotos e repetindo conforme as fotos passavam.

Chi è questo? – Quem é essa? - Emma perguntou, mesmo não conhecendo Louise e Amanda, a moça que estava junto na foto não se parecia com nenhuma das duas nas fotos anteriores.

– É... Hum... - Francesca enroscou na fala - na verdade essa é Angelina, ela foi a noiva do Raoul.

E cosa è successo? – E o que aconteceu? - Emma olhava para o homem ao lado dela na foto pequena, precisou buscar algum traço que realmente confirmasse que se tratava de Raoul, mas se não fosse pelas sobrancelhas e cabelos escuros, aquele homem um com sorriso estampado no rosto não pareceria quem realmente é.

Come?

Qualcosa è successo a loro non sposarsi, giusto? Essi sembrano più felici semplicemente avere rotto il fidanzamento. – Algo aconteceu para eles não se casarem, não? Eles parecdm felizes de mais para simplesmente terem rompido o noivado. - Agora analisava a moça e percebeu que misteriosamente tanto ela como Emma compartilhavam dos traços principais, nariz arrebitado, olhos redondos e azuis, cabelos castanhos, mas não se pareciam, na verdade as diferenças entre elas se fosse preciso comparar eram muito grandes, mas havia uma vaga lembrança entre elas.

Beh, parlare è noioso, ma che Angelina non era una brava persona, era con Raoul perché aveva appena assunto la società, questa era la prima foto fino a dopo myo babo morto. – Bem, é chato falar, mas essa Angelina não era uma boa pessoa, ele estava com o Raoul porque ele tinha acabado de assumir a empresa, essa foi até a primeira foto depois que mio babo morreu.

Siamo spiacenti, avrebbe dovuto insistere su di esso, né sapere che ha attraversato la mia testa. – Desculpe, não devia ter insistido no assunto, nem sei o que, passou na minha cabeça. - Ela sabia sim, era tão fácil ver agora o porque Raoul a olhou com curiosidade na primeira vez que se viram e que foi necessário pouco para se odiarem, por assim dizer, e novamente a culpa que Emma carregava por ter brigado com ele pesava, mais densa e agoniante.

– Só vou tirar essa foto daqui e por nessa caixa que a gente ja checou, melhor ninguém encontrar ela de novo pela próxima década. Pelo menos fomos somente nós duas. - disse fechando a caixa onde pôs a foto. - Nós ainda temos mais uma hora para terminar isso e são só mais duas caixas, Emma, você se importaria de fazer isso sozinha, eu tenho que me organizar para sair a tarde.

– Lógico que não, faça o que precisa, eu me viro bem aqui, o máximo que eu posso precisar é de um dicionário. - Deu um sorriso incentivador e voltou a se sentar no chão e abrir as últimas caixas.

Enquanto isso Francesca ia e vinha pelo quarto, primeiro colocando várias coisas na bolsa, então procurando por uma roupa adequada - isso sem ignorar Emma, toda vez que encontrava duas coisas que poderia usar, pedia a amiga sua opinião - e no fim ela usava uma calça em um tom de vermelho escuro, saltos e uma regata com renda branca por cima. No final a que permanecia sentada no chão tinha se distraído com um diário antigo e ficara totalmente alheia ao comentário de Francesca.

– Emma, você está entretida com esse caderno ou ficou cansada de me ouvir falar sobre algo que você não foi convidada? - Perguntou sentada de frente a penteadera, mas sem deixar de observado a outra pelo espelho.

– Não, o diário realmente me pareceu interessante, outra, nem sei ao certo o que é que você vai fazer hoje.

– Eu, a Pietra, a mamma, a Stella e a Suzzana vamos pegar a Bianca e iremos ver a decoração do casamento.

– Ainda bem que não fui chamada, não suportaria passar o dia vendo cor de toalhas e modelos de cadeira e arranjos de flor. - Emma disse sincera. - Tenho pena do Danilo, ele foi passar o final de semana com a noiva e vai ter que se meter nisso. - Deu uma risada, a maioria dos homens já não gostava do trabalho que um casamento dá, quando isso acontece no dia de folga então é fulminante.

– Não seja tão condescendente com mio fratello, ele é o fidanzato! Sem contar que acho que ele já se acostumou, faz uns dois meses que roubamos Bianca dele só para provar o vestido, sem contar o resto.

– Muito más, vocês! Ainda bem que não faço parte da família, ou fugiria na primeira tentativa de vocês em me fazer ficar provando vestidos sendo que são todos brancos!

Non parte perché è così testardo quando Raoul, si forma una bella coppia!– Não faz parte porque é tão teimosa quando Raoul, vocês formariam um casal adorável! - Francesca falou, ams logo se arrependeu de ter viajado em meios aos planos que fazia, Emma era a irmã que ela queria ter e com certeza a nora ideal para Dona Mantovani.

Lo sapevo! – Sabia! - Gritou Emma. - Vocês estão tramando contra mim e pensando coisas totalmente sem nexo!

Nessuno sta tramando nulla, basta avere una diversa opinione sullo stato della vostra. – Ninguém está tramando nada, só temos uma opinião sobre a situação diferente da sua.

Ci sono fino a? E questo cocktail? – Não estão tramando? E aquele coquetel? - Pergunta com escárnio.

Smettere di girare il passato e di essere tranquilla perché quello che è successo ieri non era colpa nostra. – Pare de revirar o passado e fique quietinha porque o que aconteceu ontem não foi nossa culpa. - Rebateu.

Era inevitabile quello che è successo ieri. – Foi uma fatalidade o que aconteceu ontem.

Ok, credo.

– Ma è ...

– Calma, olha, só porque eu, mia sorella e mia mamma achamos que há algo promissor entre vocês, não quer dizer que é uma verdade absoluta e não tratamos exatamente para fazer vocês ficarem juntos, então finja que nada aconteceu e que você não sabe nem vê nada, problema resolvido.

– Ok. - Suspirou depois de um tempo pensando no que a amiga disse e voltou para os papéis.

Não sabia se queria realmente se desculpar com Raoul depois daquilo, desde que chegou naquela casa havia algo que sempre fazia os dois colidirem, quase como se ele fossem dois centros de força e o resto desprezível, tudo que acontecia com Emma envolvia de uma estranha forma Raoul também. Se pedisse desculpas eles voltariam para o zero à zero, talvez voltassem ou não a se falar, agora se ela permanecesse daquele jeito, com certeza nunca mais se falariam. Mas havia também aquele senso de justiça que martelava dentro de sua mente, quanto tempo até que aquilo a enlouquecesse e pedisse desculpas? Era realmente só uma questão de tempo. Então ela pediria agora, ou quando não aguentasse mais? Nem ela sabia o que fazer.

A batida na porta seguida pela voz de Ignazio dize do que sabia que as duas estavam ali foi o sinal para parem com tudo o que faziam e viessem se socializar no andar de baixo como se nada acontecesse ou seria questão de tempo até serem pegas. Arrumaram tudo o que foi necessário e desceram as escadas enquanto Emma tentava tirar o pouco de pó que tinha em sua calça principalmente.

Francesca disse para Emma ficar um pouco na sala enquanto ela veria como estava a mamma na cozinha e obedecendo Em a se sentou no sofá junto de Joana e Pierro que viam desenho animado. Ela não costumava ter qualquer tipo de apreço por crianças, dizia a si mesma que a explicação era que não era mãe, mas também havia o fato que tivera uma infância solitária e as memórias que tinha dessa época eram tão distantes que ela afirmava a si mesma serem pouca para o esforço de recuperá-las. Mas não odiava crianças, só não tinha o "costume", tanto que se sentiu no começo deslocada ali no sofá, mas em pouco tempo os dois falavam com ela e explicavam o desenho que passava, em meia hora parecia como uma irmã mais velha muito querida de ambos e se arrependeu de não ter se aproximado das crianças antes.

I bambini ti è piaciuto e guardare che non è comune, diventano così eccitato come lo sono. – As crianças gostaram de você e olha que não é comum elas ficarem tão entusiasmadas como estão. - Disse Ignazio largando o notebook no aparador e abraçando a filha. - Se você não fosse sair hoje com as mulheres te pediria para ficar de babá um pouquinho para mim.

– Eu não vou com as outras, mas preciso mexer no meu trabalho do curso, posso ficar com eles se eles toparem se comportar. - Eles responderiam com acenos positivos, sorrisos e gritinhos de crianças levadas, mas prometeram não fazer bagunça.

O almoço passou rápido, Emma não tirou os olhos do prato, não se precisasse virar a cabeça para a esquerda para não correr qualquer risco de ver Raoul e talvez descobrir o que ele estava pensando dela, realmente não queria que a expressão dele se fechasse só por ser ela, então ouviu as mulheres falando dos preparativos e as crianças sorrindo para ela quando seus olhos passaram pelos pequenos no outro lado da mesa.

A comida estava uma delicia mesmo Emma não suspeitando o que era, afinal, italianos não comiam apenas massas, mas faziam misturas entre molhos, vegetais e então sim havia a massa para integrar o prato, comiam frutos-do-mar, carnes e cereais em grande quantidade também e com bastante tempero.

Com o fim do almoço as mulheres saíram deixando Emma, os homens e as bambinis para passar a tarde como bem entendessem. Joana pegou alguns brinquedos e trouxe para sala enquanto Emma se instalava com suas anotações e o notebook em uma mesa da copa que aparentemente nunca era usada, de lá ela tinha uma vista perfeita da janela que dava para os campos repletos de parceiras e a estrada que ligava a casa a casa de vinhos e a entrada da propriedade, do lado oposto a janela havia Joana e a casinha de bonecas no chão da sala enquanto na tv passava um filme infantil.

Não sabe quando tempo passou ali, talvez umas três horas bastante lucrativas, e só foi interrompida por Joana que perguntava se Emma podia fazer um sanduíche para ela e como se seu estômago entendesse que se tratava de comida, começou a roncar também.

Non voglio fare un panino – Não vou fazer um sanduíche - disse a Joana - vou fazer dois ou até três! - Brincou e a levou a cozinha onde Joana falava o que queria e onde ela encontraria essas coisas. - E Pierro, onde está? - Perguntou Emma, se dando conta que não vira o menino desde o almoço.

– Ou ele foi com o zio Gianluca até a casa de vinos ou foi com o zio Raoul cavalgar por aí.

– Cavalgar? - Perguntou erguendo uma sobrancelha, nunca imaginou que Raoul cavalgasse.

– Sim, o zio Raoul cavalga sempre que pode, ele adora cavalgar e é muito bom nisso. - Respondeu a bambina.

Elas comeram o sanduíche Emma ia voltar ao trabalho quando a menina perguntou se poderiam ficar no jardim em vez da sala e Emma concordou, voltando para pegar o computador e os papéis que deixara lá e pô-los em uma mesa que sabia haver no jardim. E logo se arrependeu daquilo, dos cavalos passavam montados de pouco em pouco no gramado próximo ao caminho de pedra lisa e Pierro fazia com que Raoul parasse para que ele mostrar como cavalgava bem e receber um sorriso dela para o menino, mas sorri era quase desagradável, na verdade seria um incentivo que ela sempre faria àquelas crianças, mas de uma forma ou outra, na visão de Emma Raoul tomava foco também, por mais que ela evitasse vê-lo. Com o tempo isso foi quase um lembrete persistente do fato que ela precisava pedir desculpas a ele.

Foi quando o bambino se cansou de cavalgar que Raoul desceu do cavalo também e se aproximou da mesa e da sobrinha fazendo Emma fechar o computador e sumir com os papéis rapidamente, não, ele não podia ver. Quando Raoul se afastou para levar os cavalos de volta ao estábulo foi que algo que Emma não soube como aflorou a fez gritar que precisava falar com ele e perguntar se podia acompanhá-lo.

Mi scusa. – Me desculpe. - Emma disse depois de tomar da mesma coragem que antes fez ela estar ali. Vendo que ele permanecia em silêncio ela continuou. - Me desculpe, Raoul, pelo que eu disse ontem quando chegamos em casa, eu realmente estava cansada e acabo sendo desagradável quando alguém me importuna...

Così ho tormentato – Então eu a importunei. - Disse ele com desgosto.

Non è così, è solo con il caso di scarpe. – Não é isso, foi só com o caso dos sapatos. - Tentou explicar.

– Ah, . - Disse secamente. - Vejo que foram apenas os sapatos, mas pelo que vejo também, você acredita que está certo o que me disse.

Per favore, não venha com essa, Raoul. Eu tenho lá minhas opiniões e mesmo expressando elas muito mal como foi o caso, você sabe que é verdade, você é perfeccionista e genioso, é muita regra pra pouca coisa.

– Claro que sei.

– Vai me desculpar por falar aquelas coisas daquele jeito depois do favor que você me fez ou não? Eu fui meio ingrata e o fato é que eu não sou simples, me desculpe por ter estourado com você. Mas não espere eu dizer que você é meigo, amável e fácil de lidar! Isso eu não posso dizer.

– E você definitivamente é geniosa, trabalhosa e completamente impossível de lidar.

– Disso eu sei. E quer saber? Concordo, pode acrescentar na lista ainda: neurótica, egoísta e extremamente chata, eu não ligo! Mas mesmo que você não acredite, eu venho tentando melhorar desde que aceitei que eu sou assim e acho que estou fazendo um bom trabalho. Tanto que mesmo depois de quase discutir com você de novo, isso enquanto eu tentava pedir desculpas, eu vou agradecer antes de ir embora, por ter deixado minhas botas no lado da porta em vez de tê-las jogado fora ou não sei o quê. Grazie e buon pomeriggio, Raoul.

Emma se virou e voltou para o lugar onde deixara as crianças eo seu trabalho sem ao menos olhar para trás, mas tslvez soubesse que novamente deixou um Raoul estupefato para trás.


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Notas finais do capítulo

Ta finalmente arrumado, já que eu resolvi liberar ele antes para a Vi ler e poder ir dormir, espero que tenham gostado, 2700 palavras em um dia e um capítulo é bastante para mim!
Vou tentar postar algo enquanto tiver viajando, mas não prometo e antes do meu aniversário eu já não sei também, porém eu volto. Beijos e Ciau