Dead or Alive escrita por itsspn


Capítulo 4
Nathália




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– Você disse que três mulheres, sem nada em comum, desapareceram na mesma semana? – confirmei.

– Sim – disse Sam. – Nunca vimos algo igual.

– Pode ser Crowley tentando achar o novo profeta. – sugeriu Dean, comendo um pedaço de chocolate.

– Não. – falei. – Crowley ainda está muito fraco, e, como os demônios obedecem apenas Abaddon, a maioria deles, especifico, não iriam fazer o que Crowley pedisse.

Ficamos em silêncio por um bom tempo. Escutei a rádio dos anjos, e todos estavam procurando por Castiel.

– O que nos resta é visitar a família de cada mulher desaparecida e perguntar sobre elas. – concluiu Sam.

– Ótima ideia. Posso dar uma carona para vocês. – falei.

Dean piscou para mim e foi pegar uma cerveja. Sam abaixou o computador, sentou-se no sofá e colocou as mãos na cabeça.

Aproximei-me dele. – Sinto que está tenso. – observei.

– É, sim – disse Sam, passando as mãos nos olhos para enxugar as lágrimas.

– O que te deixa tão mal? – perguntei.

– É a Jullie – fiz cara de quem não entendeu nada – Minha namorada – esclareceu ele. – Ela está com tumor cerebral de quarto grau. Eu não sei o que fazer, e isso me dá muita raiva... Já perdi duas mulheres que amei muito!

– Sinto muito, Sam. – falei.

– Eu também.

Alguns minutos depois, Dean volta e se senta na poltrona de couro rasgada.

– O que aconteceu? – perguntou ele.

– Sam está mal por causa da namorada – expliquei, e Sam assentiu com a cabeça.

Dean suspirou e deu sua cerveja para Sam, que rejeitou.

– Não, obrigado. Preciso ficar sóbrio. – disse ele. – Vocês terão responsabilidade sobre esse caso. Não poderei acompanhar vocês porque estarei cuidando da Jullie.

– Tudo bem – falei, me levantando – Dean e eu daremos conta, né, Dean?

Ele parecia estar desligado, como um robô.

– Dean?

Ele balançou a cabeça e bebeu um pouco de cerveja.

– Estou aqui. Ahn, o que disseram?

– Sam vai ficar aqui, cuidando da Jullie. Nós dois iremos cuidar desse caso. – expliquei.

– Até que não é uma má ideia – falou Dean, com um sorriso malicioso.

Sam se levantou e pegou a chave do carro.

– Bom, vou indo – disse ele, colocando as mãos no bolso. – Sintam-se em casa. Dean, tem uma chave reserva, dentro daquela caixa de madeira, do lado do telefone. Pode pegar ela, se quiser. – e saiu da casa, cabisbaixo.

Dean e eu ficamos em silêncio por um tempo, até que o celular dele tocou. Ele foi até a cozinha atender, depois voltou para a sala, colocando o celular no bolso.

– Um policial local acha que tem pistas sobre o desaparecimento da Joanna.

– Vamos lá – falei.

– Espera – ele deu uma risadinha – Você precisa de um distintivo da FBI. Não temos como fazer um agora, me leve até lá só.

– Você acha o que? Castiel me explicou tudo sobre vocês. Óbvio que eu já tenho o meu distintivo e meu uniforme. Me preparei antes de vir para cá.

Ele deu um sorriso malicioso.

– Quando vamos transar mesmo?

– Dean, foco no trabalho, ok? – pedi, revirando os olhos.

– Sou o agente Young, esta é a minha parceira, agente Grace. – disse Dean, enquanto mostrávamos nossos distintivos para o policial, que nos olhava atentamente.

– Prazer. Sou o policial que recebeu uma ligação anônima ontem à noite que dizia a respeito do desaparecimento da professora Joanna.

Sentamos nas duas únicas cadeiras estofadas que tinham na delegacia.

– E o que disseram nessa ligação? – perguntou Dean. Abri um bloquinho de notas e comecei a anotar o que o policial dizia.

– Era a voz de uma mulher – disse o policial, bufando. – que alegava ser Joanna. Dizia que estava em um galpão abandonado, naquele bairro onde havia muitas indústrias no século vinte, que agora estão abandonadas. Ela pedia socorro, dizendo que um homem de olhos pretos queria tritura-la. Mesmo parecendo um trote, eu e meus parceiros fomos até o local, mas nada foi encontrado.

Dean e eu nos olhamos.

– Bom, obrigada pela sua ajuda, policial... – olhei o crachá dele. – Robson. Se houver alguma outra coisa estranha relacionada ao caso da Joanna, nos ligue, por favor.

– Claro.

Dean virou de costas.

– Ah, policial – disse Dean, virando-se para o policial. – Você tem o endereço de algum parente dela?

– Sim, ela morava com a avó. – ele pegou um papel e me entregou.

Saímos da delegacia e resolvemos ir a pé para a casa da avó de Joanna e, no meio do caminho, Dean avistou uma cafeteria com uma torta na vitrine.

– Que torta bem boa! – disse ele com a boca cheia.

Uma garçonete se aproximou da mesa:

– Vai querer alguma coisa, moça? – perguntou ela, sem tirar os olhos de Dean.

– Não, obrigada. – respondi, encarando Dean.

A garçonete saiu e Dean terminou de comer a torta.

– Me dê uma licença - falou ele, caminhando na direção da garçonete. Cochichou algo no ouvido dela e os dois foram para uma sala que tinha no fim do corredor.

Comecei a folhear uma revista que tinha no canto da mesa. Ali falava sobre o amor dos famosos, os filhos, notícias “bombásticas” do mês...

– Nathália – disse uma voz masculina.

– Oi, Odisseu. – respondi, fechando a revista e colocando-a no canto.

– O que você está fazendo nessa... Cafeteria fajuta?

– Estou ajudando Dean Winchester.

– E onde ele se encontra? – perguntou Odisseu, olhando para os lados.

– Odisseu, não lhe devo explicações. – retruquei.

Ele riu.

– Nathália, tão ingênua... Sempre com uma resposta na ponta da língua!

Revirei os olhos.

– Odisseu, se você veio aqui para me incomodar, por favor, se retire. – pedi.

– Se esqueceu de que eu posso ficar onde eu quiser? Afinal, sou muito mais velho que você.

– Até pode ser, mas isso não importa. – falei, apertando as embalagens de ketchup.

– Claro que importa – disse ele. – fui um rei muito bom para Ítaca, na Era em que os deuses do Olimpo governavam o mundo. Deus me escolheu para viver eternamente depois de tudo que passei para voltar para casa.

– A religião católica nem existia nessa época, Odisseu.

– Deus se fez de mendigo e começou a falar comigo, explicando suas intenções...

– Odisseu – interrompi-o. – Que seja! Isso não me interessa! Quero saber por que você veio aqui.

Ele sorriu, triunfado.

– Quero notícias de Castiel.

– Não posso dá-las para você. – falei. – Até porque não sei do paradeiro de Castiel. Ninguém sabe.

– Você sabe sim. Pare de se fazer!

– Você não é nada parecido com o que Homero dissera na Odisseia. – falei.

– Homero era um vidente. Às vezes escriba de Deus, mas depois que decidiu virar um mero humano, Metatron o substituiu. – disse ele, se vangloriando. – Fui o escolhido para ter minha grande história narrada. E você, foi o que? Uma mera servinha da Idade Média que orava para Deus todos os dias.

– Chega, Odisseu, CHEGA! – exclamei. – Vá embora. – falei, e ele desaparecera no mesmo instante.

Fiquei sentada, olhando para o prato vazio de Dean, e me veio à memória as lembranças que eu tinha quando era humana, já que Odisseu tocara no assunto. Meu irmão, Frederic, tentando seduzir as filhas dos burgueses; meus pais, pobres servos, trabalhadores; meu pai, Adolph, me ensinando a cultivar mandioca, milho, e outros diversos alimentos; minha mãe, Mariah, me ensinando a fazer o melhor pão do feudo.

Lembrei-me não só das coisas boas, mas também das ruins. O Rei do feudo, Trigon II, queria que eu me casasse com ele, mesmo sendo uma simples serva de 15 anos. Lembro-me dele segurando meu braço e dizendo-me: “Casei comigo, pobre serva. Terás uma vida de rainha! Expulsarei a rainha Helena do castelo, e você tomará o lugar dela! Esqueça-se de tua pobre e miserável família, venha morar comigo!”. Trigon II tinha quase sessenta anos. Eu nunca me casaria com ele, por questão de princípios. Minha vida era ajudar a minha família, e só. Até que um dia eu recusei-o, e, quando acordei no dia seguinte, minha casa estava vazia. Procurei pelos meus pais, e eles não me respondiam. Caminhei até a praça, onde os vi amarrados em uma fogueira. Além deles, meu irmão estava junto. Vi o Rei, dizendo que eles que me impediram de casar, e por isso deveriam morrer em nome de Deus. Tentei impedir, mas o rei acendeu a fogueira mesmo assim. Meus pais gritavam de dor e me mandavam fugir. Meu irmão me olhava com ódio. Corri para o lugar mais distante que pude. Parei na beira de um lago, com fome e com sede. “Estava perdida”, pensava. Até que um anjo veio até mim e conversou comigo. Senti a presença de meus pais e aceitei o convite. Fui a única humana que se tornou anjo na história.

Nunca gostei de lembrar da minha história. Meus pais e meu irmão foram mortos por minha causa.

Comecei a chorar.

– O que houve? – perguntou Dean, ajeitando as calças e se aproximando de mim. – Não sabia que anjos choravam.

– Prefiro não falar – respondi, passando as mãos nos olhos. – Sou meio humana, então eu sinto algumas necessidades que vocês têm. Vamos lá?

Dean deu de ombros.

Enquanto caminhávamos na rua, indo para a casa da avó de Joanna, passou um carro parecido com uma Ferrari.

– Nossa – disse Dean. – Não sei como as pessoas gostam desse tipo de carro.

– Dean – falei, parando e encarando-o. – O que você e aquela garçonete fizeram?

Ele deu um sorrisinho.

– Ela estava dando mole para mim... Coloquei meu amigo para funcionar! – e deu um sorriso malicioso.

Dei um sorriso triste.

– O que foi? Ficou com ciúmes? – perguntou ele, com um sorriso torto.

– Não. Só acho que hoje em dia vocês fazem sexo somente por fazer. Não tem mais aquele... Cuidado, sei lá. Não sei explicar. – falei, cabisbaixa.

Ficamos em silêncio até chegar na casa da avó de Joanna.


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Notas finais do capítulo

Odisseu (ou Ulisses) é um personagem criado por Homero no livro "A Odisseia". O que fora dito na história de ele (Odisseu) ter sido rei de Ítaca na Era que os Deuses do Olimpo governavam e de ter dificuldade para regressar para casa é veredicto do livro. Homero não fora escriba de Deus nem vidente, e Odisseu não virou anjo, isso fora totalmente de minha invenção.



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