Viva Por Nós Dois escrita por Victória A


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Um daqueles dias em que bate uma depressão por causa do Fred e vc tem que escrever algo sobre isso.
para os que leem IKYWT: To viva!! tomara que amenize a espera. sorry pela demora.
Enjoy!



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- George, querido. - minha mãe bateu outra vez na porta. - Por favor, coma alguma coisa. Eu fiz um sanduiche pra você.

Sanduiche? Era a ultima coisa que eu queria agora. Para falar a verdade eu não queria mais nada. Comer? Tomar banho? Pra que? Abrir a loja? Não mesmo.

Só havia duas coisas que eu queria naquele momento. Uma eu queria mais desesperadamente do que a outra. Eu queria meu irmão de volta. Mais do que tudo que eu já quis na vida, eu queria ele de volta. Daria a outra orelha e muito mais por isso.

Mas isso eu não podia ter então eu queria morrer. Porque só morrendo eu poderia encontra-lo outra vez. Quis morrer naquela maldita guerra assim que senti que algo tinha acontecido. Senti aquilo tão forte que não pude controlar as lagrimas enquanto saia à procura dele no meio daquela bagunça.

Droga! Por que isso doía tanto? Por que eu me sentia tão sozinho em uma família grande como a minha? Isso definitivamente deveria ser mais fácil! Ele está em um lugar melhor agora. Por que as pessoas ficam me dizendo isso o tempo todo? E dai se ele esta em um lugar melhor? Não dói menos saber disso.

Que merda, Fred! Por que você simplesmente morreu e me deixou aqui sozinho com esse monte de gente que não me entende como você me entendia? Por que me deixou aqui tendo que lidar sozinho com as pessoas me dizendo coisas reconfortantes que na verdade não ajudam em nada, tendo que lidar sozinho com a saudade e a dor que foi ir à droga do seu velório "bonito". Devíamos morrer juntos do mesmo jeito que nascemos e fizemos tudo juntos!

Eu não consigo nem ao menos me olhar no espelho! E é claro que ninguém tem gostado muito de olhar para mim também. Então eu me tranquei no quarto escuro e estou aqui a sei lá quanto tempo pensando seriamente em cortar a merda dos pulsos, mesmo sendo a coisa mais idiota que alguém pode fazer.

- George. Você precisa comer! Também sentimos falta dele. Todos nós estamos sofrendo também. Por favor, querido, eu não posso perder outro filho. - a voz dela saiu sufocada dessa vez e eu tive certeza de que estava chorando. Era a primeira vez que alguém chorava por minha causa, geralmente as pessoas riam.

Não queria que mamãe chorasse, mas eu não conseguia. Não conseguia me levantar da cama e viver sem o Fred. Uma metade minha se foi junto com ele e eu não sabia, não sabia viver sem ele porque sempre estivemos juntos e de repente não estamos mais. O que eu vou fazer? Não sei o que fazer! Não consigo, não consigo!

Ai está. Estou chorando de novo.

Não queria ouvir mamãe chorando atrás da porta então me enfiei mais fundo no cobertor e cobri a cabeça, me afogando no meu próprio choro.

Algum tempo depois eu estava quase dormindo e mamãe já havia ido embora. Estava meio sufocante embaixo da coberta então descobri a cabeça para pegar ar. Olhei ao redor do quarto escuro, pousando o olhar por um instante na cama vazia de Fred. Mas ela não estava vazia. Arregalei os olhos e me sentei na cama tão rápido que fiquei tonto.

- Cara eu sei que sou importante e lindo de mais e faço muita falta, mas você esta horrível!

- Fred, seu idiota! Se você já não estivesse morto eu te mataria por morrer! - eu respondi e rapidamente percebi a verdade das minhas palavras. - Droga! Você ta morto!

Pulei da cama e corri para a parede oposta do quarto, bem longe dele.

O fantasma do meu maninho morto começou a rir da minha reação tão alto que eu imaginei se ninguém escutaria. Eu esperava sinceramente que alguém escutasse e eu não estivesse tendo uma alucinação por causa de fome ou algo assim.

Ele se levantou da cama e andou ate parar na minha frente.

- Ora, você fica desse jeito por minha causa, - ele aponta para mim. - mas quando eu apareço você foge?

Observei-o melhor. Parecia o mesmo Fred de sempre, mas estava limpo de mais. Tinha um sorrisinho irônico enquanto olhava meu cabelo. Era mesmo ele? Podia ser? Eu estava acostumado com os fantasmas de Hogwarts, mas era uma experiência completamente diferente quando seu irmão era o fantasma. E ele não se parecia em nada com um fantasma. Parecia bastante sólido. Parecia que estava realmente ali. Vivo.

- Fred?

- Oi.

- É você mesmo?

- É claro que sou eu seu bocó.

Eu não consegui segurar o choro outra vez. Ali estava eu abraçando a mim mesmo encostado na parede e chorando feito uma garotinha. Minha visão estava tão embaçada que eu só conseguia enxergar o vulto de Fred na minha frente enquanto soluçava.

Ele se aproximou e me abraçou. Estava realmente ali. Era sólido, definitivamente não podia ser um fantasma. Agarrei-me a ele como se minha vida dependesse disso, o que, se pensar do meu ponto de vista, dependia mesmo. Não podia deixa-lo ir embora, não de novo.

- Eu não devia estar aqui. - ele sussurrou. - Mas eu não posso mais ver minha família do jeito que está. Você sabe por que estou aqui.

- Vai me dar um sermão.

- Gosto mais de chamar isso de "chutar a bunda do George de volta à realidade".

Esse era Fred, me fazendo rir nos momentos mais inusitados.

Ele se afastou e olhou nos meus olhos. Limpei meu rosto.

- É sério George, você tem que superar.

- Eu não posso, Fred.

- Sim, você pode. E sabe por quê? Porque eu não posso. Você vai ter que fazer isso por nós dois. Vai manter a loja, vai fazer tudo o que sempre tivemos vontade de fazer, vai se casar, ter filhos. Vai viver! Viver por nós dois. Eu não posso, mas você pode então não desperdice isso. Quanto a mim, estarei com você em todos os momentos importantes da sua vida mesmo que você não saiba disso.

- É difícil.

- Acha que pra mim também não é? Sinto falta de vocês do mesmo jeito que sentem de mim. Acha que eu queria que uma maldita pedra rachasse minha cabeça?

- Sempre achei que sua cabeça fosse mais dura que qualquer coisa. - resmunguei.

Ele riu.

- Prometa que vai seguir em frente. Isso não é só sobre você. Mamãe está preocupada com você e com Percy, apavorada na verdade e isso deixa o clima tão tenso que todo mundo fica mal. Se você melhorar, todo mundo vai ficar bem também.

- Percy?

- Ele se sente culpado, está quase tão mal quanto você, mas só ela percebe porque ele disfarça bem.

- Aquele grandessíssimo idiota.

- Sim. Agora prometa.

Era uma promessa difícil de se fazer, principalmente porque eu sabia que ele não estava ali só para fazer uma visita, ele foi atrás daquela promessa e quando a conseguisse iria embora. Eu não queria que ele fosse, mas saber que minha depressão era o motivo do sofrimento da família inteira me fez sentir um pouco culpado e com vontade de por fim naquilo. Eu devia pelo menos tentar.

Balancei a cabeça afirmativamente.

- Vou tentar.

Ele pareceu satisfeito.

- Tentar já é bom o bastante. Sei que vai conseguir.

- Agora é a parte em que você tem que ir embora não é?

- É.

Com um grande suspiro, deslizei as costas pela parede até estar sentado no chão. Um bolo se formou em minha garganta, mas eu não queria chorar de novo.

Ele se abaixou na minha frente e me abraçou outra vez.

- Eu te amo, maninho. Pode dizer isso a mamãe? Que eu a amo também?

Somente assenti. Não seguraria mais as lagrimas se abrisse a boca para falar mais alguma coisa.

Soltou-me outra vez e se virou para a porta, mas antes que desse sequer dois passos a pergunta saiu da minha boca com a minha voz embargada.

- Como é? O outro lado ou seja lá o que for.

Ele olhou para mim, deu de ombros e sorriu.

-Ta ai uma coisa que não posso compartilhar com você. - e voltou a andar, mas parou outra vez antes de chegar à porta. - Acho que devia fazer uma visita a Angelina também.

Dito isso, abriu a porta e olhou para mim uma ultima vez.

- Não tenha pressa para me ver de novo.

No mesmo momento que ele fechou a porta eu abri os olhos e me encontrei deitado na cama outra vez. Era um sonho. A decepção me atingiu como um soco no estomago, mas ao mesmo tempo em que eu sentia outra vez a partida dele eu sabia que não podia continuar naquela cama, não podia decepciona-lo daquela maneira, então levantei e peguei minha varinha na mesa de cabeceira.

- Lumus.

Abri a porta do quarto e sai no corredor escuro d'A Toca. Ao que parecia estava de madrugada e todos estavam dormindo. Andei ate o quarto de Percy e espiei ali dentro. Meus três irmãos mais velhos estavam ali. Gui e Carlinhos em colchões no chão, roncando alto. Percy, silencioso na cama. Eu nem sabia por que Gui e Carlinhos ainda estavam aqui.

Encostei a porta e subi as escadas ate o quarto de Rony sem fazer barulho. Ali eu encontrei algo que não esperava. Ele e Harry não estavam sozinhos. Hermione e Gina estavam ali. Hermione dividindo a cama com Rony e Gina, com Harry. Quando isso aconteceu? Eu estava tão depressivo que nem notei que minha irmãzinha estava com Harry? Nem mesmo que o burro do Rony tinha deixado de burrice e estava com a sabe-tudo? De qualquer forma eu teria uma conversa séria com Harry mais tarde.

Ainda meio incrédulo, desci até o quarto dos meus pais.

Fui até o pé da cama, subi entre os dois como eu já não fazia há tempos e me espremi ali.

- Hum... George? - mamãe sonolenta me perguntou.

- Mãe - sussurrei de volta. - O Fred pediu para dizer que ele te ama. E eu também te amo.

Pude senti-la ficando tensa por um momento, provavelmente achando que eu estava ficando doido, mas logo ela relaxou outra vez.

- Também amo vocês. - ela deu uma fungada e me abraçou.

Sabendo que meu pai também estava acordado resolvi garantir que minha dignidade continuasse intacta.

- É melhor nenhum dos dois comentar com ninguém que vim pra cá.

Mamãe deu uma risadinha e me abraçou mais forte.

- Certo. - murmurou papai.

- Ótimo.


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Notas finais do capítulo

comentários fazem a alegria da autora, recomendações mais ainda!



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