Eu perdi minha cabeça. Não sabia o que estava fazendo. Só precisava socar a cara daquele imbecil. Mas eu não só dei uns bons socos nele como levei uns também. É claro que ele não ia apanhar calado.

Zabini me puxava e pedia ajuda aos outros. Alguém veio ajudá-lo. Ele me arrancou de cima dele.

– Vocês perderam o juízo? – Perguntava o rapaz que puxou Lysander. – Se a diretora pega é detenção na certa.

– Foi esse idiota... Que veio... Puxar briga. – Lysander arfava.

– Vai se danar! – Eu me soltei do aperto do Zabini.

Sai andando. Meio dolorido por causa dos socos que levei na barriga. Mas muito satisfeito. E perturbado também. Rose namorou com ele. Por 5 meses. Isso foi um choque pra mim.

– Cara, você perdeu a noção de vez? – Luke falava enquanto caminhávamos.

– Me erra Zabini. – Comecei a caminhar mais rápido. Deixei-o para trás.

– Isso. Deixa seus amigos para trás! Belo amigo você é! – Ele gritava ao longe.

***

Narrado por Rose Weasley.

Eu queria ver meu loiro. Quero dizer o Scorpius. Estou com saudades daquela boca. Do beijo. Da pegada dele. Nossa Rose, você pensando assim, fica até estranho.

Mas era a pura verdade. Eu gostava de ficar com ele, do beijo dele, de tudo que ele fazia. E ainda mais do que eu me tornava quando eu estava com ele.

Eu me sinto bem quando estou ao lado dele. Eu me transformo. Me sinto livre. Não sei explicar. Só sei que é muito bom. Deixo de ser a Rose que só pensa em estudar e se esquece de viver sua vida de adolescente como todos os outros. E passo a me importar mais comigo mesma.

Eu estava sentada na poltrona de sempre na sala comunal. Agarrada com um livro, mas eu não tinha lido nenhuma página se quer. O que é muito estranho, pois eu não leio um livro, eu devoro em horas ou minutos.

Eu estava tão quieta, mas sempre aparece alguém pra te roubar a paciência. E esse alguém era ninguém mais, ninguém menos que Dominique. Não que ela me roube à paciência, pois eu gosto muito de conversar com ela, mas conversar coisas normais. Ela só pensa em falar do Luke. Isso já tá chato.

– Ele disse que ia pensar! – Falei antes que ela pudesse se quer falar algo.

– Nossa Rose, posso nem sentar primeiro. – Ela fez beicinho.

– É brincadeira. Vai senta aí! – Indiquei a cadeira com uma das mãos.

– Ok. – Ela sentou. – Luke veio falar comigo! – Ela abriu um sorriso que daria pra ver até de costas.

– Oh. – Exclamei me esquivando para ficar mais perto dela. – Me conta tudo.

– Eu estava nos jardins, daí ele veio puxar assunto. Me chamou para sair. Assim que as férias de natal chegar. – Ela parou. Ficou pensando. – Acho que o convidarei para ir comigo ao jantar de natal da nossa família.

– Mas é um jantar de família! – Semicerrei os olhos.

– Idaí? Quem liga? Todo mundo leva algum convidado. E eu vou levá-lo. – Ela falou decidida. E essas veelas quando tomam uma decisão só Deus para tirar da cabeça.

– Tudo bem. Sim, mas você aceitou sair com ele? – Perguntei curiosa.

– Claro Rose Weasley!

Começamos a rir juntas.

***

De manhã eu desci para o Saguão de Entrada para esperar Scorpius. Queria vê-lo. Agora.

Avistei uma cabeleira loira descendo as escadas, mas não era ele. Era Lysander. Quando ele se aproximou mais não pude deixar de perceber que ele tinha um olho roxo. “Céus, mas o que aconteceu com ele?”. Eu me perguntava.

Ele me lançou um olhar. Não soube identificar que tipo de sentimento ele expressava com aquele olhar. Baixei minha cabeça. Ele foi embora.

– Bom dia flor do dia! – Era Scorpius. Me deu um selinho. – Eu sei, muito clichê.

– Eu achei fofo! – Sorri pra ele. Retribui o selinho.

– Mesa das cobras? – Ele perguntou.

– Não. Mesa dos leões. – Agarrei sua mão e sai com ele.

Ele não hesitou em pegar minha mão. Mas eu mesma achei esse ato inesperado. Eu, Rose Weasley, odiava Malfoy até um tempo desses. E de uma hora para outra eu começo a ficar com ele 24 horas por dia. Andar de mãos dadas com ele. Dar selinho em público. É, se eu fosse alguém de fora ia achar que eu ou ele estávamos sobre a maldição Imperio.

Assim que entramos no Salão Principal. Senti olhares de todas as mesas se voltando para nós. Eu tentei ignorar, mas confesso, tava muito difícil.

– Rose? – Scorpius me chamou. – Tá todo mundo nos olhando.

– E você liga? – Tentei parecer segura.

– Não.

– Ótimo, então só ignora. – Dei os ombros e continuei andando.

Sentei com ele na mesa da Grifinória. Todos meus primos nos encaravam. Mas meu irmão é que tinha nos olhos uma expressão não de surpresa, mas de ódio, revolta. Ele vai aprontar. Eu conheço esse moleque. Ele só faz essa cara quando mamãe proíbe algo e mesmo assim ele faz. O quê é o que eu não sei.

– Bom dia! – Falei ignorando a cara feia dele.

– Não tem nada de bom nesse dia. – Ele falou azedo.

– O meu já começou maravilhoso, não é Scorpius? – E ao falar isso. Me virei para ele e dei um beijo naquela boca.

Ele se assustou com minha atitude. Mas correspondeu. Pude ver Hugo se levantar abruptamente da mesa. Pensei que ele fosse me arrancar da mesa. Porém ele não fez. Simplesmente agarrou sua mochila e saiu pisando duro.

Me afastei de Scorpius a tempo de ver Hugo saindo pela porta.

– Rose... Ele está furioso. – Foi Lily quem se pronunciou. – Ele ficou com raiva.

– É duas: a de ficar e a de passar. Não se preocupe. – Tentei tranquilizar minha prima, mas eu mesma sabia que Hugo com raiva não pensava nos próprios atos. Por hora não me preocuparei com isso.

***

Narrado por Hugo Weasley

Eu não podia acreditar que minha irmã tava ficando com aquele banana do Malfoy. Eu não podia mais ficar engolindo essa história. Não mesmo.

– Vou dar um basta nisso! – Falava enquanto escrevia uma carta para meu pai. – Eu não. Meu pai vai.

Escrevia cada palavra com raiva. Quase rasguei o pergaminho umas duas vezes de tanta força que colocava.

– Agora Pichi, você leva essa carta para meu pai. E só volte com a resposta dele. – Enrolei a carta na perna da coruja. – Pode ir, vá!