A Caçadora - A Supremacia escrita por jduarte


Capítulo 13
Emocionalmente Instável - Parte 1 - £


Notas iniciais do capítulo

Atenção, atenção! Isso é um especial de aniversário! Mais especificamente, o meu!!!
Espero que gostem tanto quanto eu!
Beijoooos,
Ju!



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Peguei o carro e dirigi pelas ruas, morrendo de medo que o pneu resolvesse derrapar. Minhas mãos chacoalhavam. Era uma das primeiras vezes que eu pegava um carro para dirigir depois do acidente.

Olhei pelo retrovisor e vi um carro estranho me seguindo. Parei no farol, ainda com a pulga atrás da orelha, e me senti tentada a correr um pouco para lhe despistar.

Não corra, lembrei à mim mesma.

Com o coração aos pulos, estacionei o carro na rua e saí de dentro dele, vendo meu perseguidor parar alguns metros atrás de mim. Se pudessem ouvir meus batimentos cardíacos, com certeza pareceria com a hélice de um helicóptero. O carro passou por mim em uma velocidade tremendamente lenta e eu reconheci a pessoa atrás do volante, indo devagar demais.

O motorista me olhou, e eu prendi o ar.

Polux! Minha mente gritava, extasiada.

Sem pensar duas vezes, corri e me joguei na frente do carro, para fazê-lo parar. Uma das ideias mais idiotas que fiz na vida, pois o carro freou bruscamente, a tempo de não encostar-se a mim e o motorista gritou depois de abrir a janela e enfiar a cabeça para fora dela.

– Está querendo se matar, garota? Saia do meio da rua! Sua louca!

Seu tom de voz era rude, mas ao mesmo tempo preocupado.

Minha mente era de completa confusão. Fui até sua janela e olhei em seu rosto. O homem de meia idade e cabelos pretos tingidos se afastou como se estivesse tentado a me bater para que eu voltasse à sanidade. Revirei o carro com os olhos, procurando por algo que pudesse ter criado a imagem de Polux em minha mente.

Pisquei várias vezes contra a neve que insistia em cair em meu rosto, congelando-o onde quer que o tocasse e balbuciei uma desculpa qualquer, deixando o homem dirigir para longe de mim com o olhar confuso e esquisito.

Circundei meu corpo com meus braços, tentando espantar o frio que quase me corroía por dentro e entrei em casa, sendo pega desprevenida por Jason que me abraçou fortemente.

– Pensei que estivesse machucada! – ele disse.

Um traço de confusão passou por meu rosto.

– E por que estaria?

Ele apertou-me ainda mais.

– Houve um acidente na boate que vocês estavam. Um homem foi morto, sangue completamente drenado do corpo. Achamos que pode ter sido Kaus.

Balancei a cabeça, me afastando dele.

Kaus não tinha feito aquilo.

– Que horas o ataque aconteceu? – perguntei, ainda cética.

– Faz uma hora, mais ou menos.

– Não foi Kaus. – minha voz saiu com confiança.

Edward surgiu na sala, segurando um prato vazio.

– E como sabe disso, Helena? – Jason perguntou.

Desviei meus olhos para o chão, e apertei o blazer ao redor do corpo.

– Porque Kaus estava comigo.

Isso custou um ofegar de Jason. Eu podia sentir o desgosto crescendo no peito de Edward, e talvez fora isso que me impulsionara a correr a seu encontro, e abraça-lo, sussurrando desculpas e lhe contando o que tinha acontecido.

Se antes eu pretendia manter meu encontro e de Kaus em segredo, agora tinha certeza de que, pela manhã, todos já saberiam o que tinha acontecido.

Amaldiçoei-me mentalmente por minha grande boca.

Edward me abraçou de volta, entregando o prato para Nate, que nos encarava completamente fascinado. Estava tão ocupada com meus próprios problemas, que nem ao menos tinha visto todos os metamorfos parados dentro de minha cozinha, que parecia ter encolhido de tamanho.

– Ele tentou te morder, Helena? – Edward pegou meu rosto entre as mãos, e eu fechei os olhos, assentindo. Eu não precisava levantar o rosto para saber que sua mandíbula estava trincada e ele provavelmente estava fazendo uma força fora do normal para não se transformar. Minha mente estava livre para o acesso de qualquer pessoa. Principalmente Edward.

– Kaus não me reconheceu. Ele disse que não sabia quem eu era.

Ondas de raiva passaram por seu corpo.

– Ele vai pagar por isso. – sussurrou, me abraçando mais um pouco.

Afundei a cabeça em seu peito.

– Desculpe por tudo. – o impedi de continuar a formular o pensamento. Isso pareceu o calar. – Não deveríamos ter brigado e sim, você tem completa e total razão no que disse.

Ele riu de leve e beijou o topo de minha cabeça.

– Eu sei que tenho. Agora troque de roupa e jogue esse blazer fora. – Edward inspirou e torceu o nariz. Eu não achava que ele estivesse brincando. – Ele fede.

Sorri de leve.

O antigo Edward falante e completamente irritado somente pelo fato de eu ter estado perto de Kaus, estava de volta, e isso acendia uma chama de esperança em meu coração.

Entrei em meu quarto e tudo o que pude sentir foi um peso grande em minhas costas. Isso vinha a acontecer cada dia mais, e de certo modo, tentava empurrar esse sentimento para longe de minha mente.

Eu tinha que continuar a viver, por mim. Por meu irmão. Por Edward. Por Fitch. E principalmente por Polux.

Então, quando o dia clareou, e eu nem ao menos tinha pregado o olho na noite anterior, peguei o telefone e liguei para Sally. Eu precisava vê-la. Ela era a única parte da família que eu tinha certeza que não me abominava.

– Sally? É Helena. Estou pensando em passar aí daqui alguns minutos. Preciso de sua ajuda. – fui breve, e sua resposta também.

Ela me ajudaria.

Mas tinha um porém: para completar o que eu tinha em mente, uma mentora só não bastaria. Eu precisaria também da ajuda de Sierra.

Respirei fundo e arrumei forças para me arrumar para pelo menos ficar apresentável, e bati na porta do quarto de Edward. Jason estava dormindo na sala e não tive coragem de o acordar. Depois de não ter falado comigo direito ontem a noite, eu duvidava que ele gostaria de me ver tão cedo.

A cabeça do grande lobo de Edward se levantou para ver quem era o intruso em seu quarto, e ele pareceu suspirar aliviado, deixando as orelhas baixarem e o corpo relaxar.

– Vou até Sally. Vai querer ir comigo? – perguntei.

Ele se levantou com dificuldade e se apoiou em uma das patas, gemendo de dor. Isso me deixou em alerta.

– O que aconteceu com você? – tentei novamente, e o lobo simplesmente pareceu dar de ombros. – Edward... – eu sussurrei agonizada. – Não quero você machucado...

Ele passou por mim e encostou o focinho em minha cintura. Por instinto passei os dedos por suas orelhas caídas, e sorri quando ele não se afastou.

– Fique aqui hoje, prometo não causar problemas para ninguém. – me agachei e beijei seu nariz gelado. Havia um cheiro de sangue em seu corpo, o que indicava que ele tinha caçado recentemente, mas não era sangue animal. Parecia com sangue humano. – Não se meta em encrencas. – avisei e saí do quarto, fazendo questão de pegar minha arma em meu quarto antes de sair de casa.

A rua estava tão branca e escorregadia quanto antes, e minhas mãos suavam.

Merda, não gosto de dirigir na neve, pensei, extasiada.

Meu celular tocava insistentemente e eu fazia questão de ignorar cada chamada. Poderia ser de qualquer um, mas a insistência me deixava saber que era Claire. Ela nunca deixaria de me contar o que tinha acontecido na noite passada, mas no momento eu não estava com vontade de saber se ele era bom de beijo ou se tinha uma pegada que a “tinha deixado com vontade de quero mais”. Claire era previsível. Eu sabia exatamente o que ela iria dizer.

Sentei-me atrás da direção e agarrei o volante com uma das mãos, forçando-me a girar a chave na ignição com a outra. Meus dedos escorregavam pelo tecido do volante, mas me mantive aparentemente calma. Tudo o que eu queria era chegar a segurança da casa de Sally.

O carro andava tão lentamente pelas ruas gélidas que eu fiquei surpresa por não ter sido xingada mais do que duas vezes por motoristas impacientes que passavam voando por mim. De relance vi um papelzinho no console do carro e o peguei com os dedos trêmulos.

“Tão impossível como tentar apagar o lume com neve é tentar apagar o fogo da paixão com palavras – William Shakespeare”

Algo naquelas palavras fez meu coração bater mais rápido, quando olhei para frente novamente, uma sombra se postou na frente do carro, forçando-me a pisar no freio fortemente. O carro rodou na pista por conta do gelo, e eu me agarrei o mais forte que pude no volante para tentar deixar o carro estável.

– Merda! – gritei socando o painel do carro.

O cervo na frente do carro me olhava com os olhos grandes e assustados. E então ele se dissipou no ar como poeira. Meus braços tremiam assim como minhas pernas haviam virado gelatina. A arma embaixo de meu braço parecia mais rígida do que nunca e chegava a cutucar o lado de meus seios.

Respirei fundo e fiz questão de continuar a viagem de maneira mais lenta do que antes.

O cervo fora somente uma visão esquisita, e não verdade. Não tinha cervos naquela região, muito menos daquele jeito. Ele era enorme e negro, com manchas loiras e um rasgo profundo do lado do corpo, que gotejava sangue. Seu sangue tinha deixado um rastro pela neve.

Cheguei à Sally em poucos minutos, e mesmo depois de ter estacionado o carro na frente de sua loja eu ainda tremia a ponto de estar à beira de um colapso nervoso.

Abri a porta e fui engolfada por uma lufada de ar quente e reconfortante, assim como o cheiro de biscoitos frescos. Pessoas conversavam animadamente, com suas grandes xícaras de chá, chocolate quente e café.

– Helena, querida! Quanto tempo faz que não nos vemos? – Sally veio a meu encontro e não se fez de rogada, abraçando-me animadamente. Percebendo meu corpo trêmulo, ela me segurou à uma distância favorável para me observar melhor e seus olhos se apertaram me analisando. – Venha. Vamos lá para cima conversar melhor. Sierra está a sua espera também. Temos notícias de Emma.

Essa frase fez com que meu mundo girasse ainda mais e lágrimas corressem por meus olhos.

E eu nem ao menos sabia o por quê de estar chorando.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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