Acordando na enfermaria-Diário de Clove

Depois de ter aquela briga com Katherine e de ter levado aquela injeção para dormir, acordei na enfermaria do centro,todos os meus cortes e machucados estavam com curativos, e não doíam mais,achei que ficaria com algumas pequenas cicatrizes,mas pouco me importava com isso, eu estava na cama mais ao fundo que tinha, e colocaram Katherine na cama mais longe de mim,dormindo, e um garoto que eu não conhecia deitado na cama do meio, que também, havia tantas perguntas na minha cabeça,como, "o que vai acontecer comigo?", "vão me dar alguma punição?", "por que Kaylee não interrompeu a briga?", e a que estava me fazendo ficar mais preocupada, "o que Cato ta pensando de mim?", aquelas duvidam estavam quase me matando.

Esperei mais ou menos uns 25 minutos, esperando alguém, decidi não sair da cama, não queria criar mais confusão, até que um enfermeira entrou e começou a verificar os machucados de Katherine, sem notar que eu estava acordada, ela só notou isso quando foi em direção a cama do garoto, ela apenas olhou em meus olhos,seu rosto era inexpressível,e sem dizer nada e saiu do quarto ,um minuto depois, Cato entrou, olhou em direção a cama de Katherine e veio caminhando até a minha.

–O que fez?, pequena- eu não via raiva em sua voz, apenas preocupação, e isso ao mesmo tempo me acalmou e me fez ficar mais preocupada.

–Eu....eu.....odeio ela, você viu o que aconteceu, você sabe por quê - então Cato respirou profundamente e olhou em meus olhos.

–É....normalmente, quando alguém comete uma tão grande irregularidade, Kaylee não a indica para a colheita, para....se voluntariar.

–Mas, mesmo ela não me indicando, eu posso me voluntariar em alguma colheita, mesmo sendo contra as regras, aliás eles não vão poder fazer nada se eu quebrar essa regra.

–Hm, Clove , acho que você não sabe, ah claro que você não sabe, mas quando Kaylee indica as pessoas para a colheita, ela convence a Rain- (Rain era a que sorteava os nomes nas colheitas)- a chamar quem ela pediu, só que as vezes Rain se confundia com tantas pessoas no meio da multidão -aquilo foi como um soco no meu estômago, nunca tinha imaginado isso, mesmo parecendo tão óbvio, como nunca tinha pensado naquilo?

–Então...isso quer dizer que -fiquei tão triste que mal consegui terminar a frase

–Provavelmente você não vai para os jogos, sinto muito.

Eu queria ir para os jogos, eu queria muito dar um motivo pro meu pai se orgulhar de mim, para Cato se orgulhar de mim, de honrar meu distrito, "pelo menos tem um lado bom", eu pensava, mas queria tanto ir para os jogos que não conseguia me acalmar.Então uma lágrima rolou por minha bochecha, seguida de mais outras.

–Ei, pequena, não chore - eu via em seu tom de voz que ele estava muito triste, o que me fez chorar mais ainda, naquele momento tinha até esquecido a promessa que tinha feito a mim mesma de não chorar mais, mas Cato era uma das poucas pessoas que eu não importava se me visse chorando.

Então ele sentou do meu lado na cama e me abraçou, e fiquei com minha cabeça recostada no ombro dele.

–Eu machuquei muito ela? -disse tentando desviar meus pensamentos

–Ela ta bem mais machucada com você - pensei que ele começaria a brigar comigo mais apenas continuou - ela não sabia lutar com facas, e você é muito boa usando elas, e luta muito bem, queria saber como você aprendeu tão rápido, até imagino como você seria na.... -ele ia dizer, na arena, mas aí lembrou da situação- é...desculpe

–Tudo b...- e quando ia falar um barulho me interrompeu, era enfermeira pisando fortemente no chão, provavelmente pra chamar nossa atenção, não tinha entendido de primeiro, mas logo percebi que era por que eu e Cato estávamos abraçados, então sentindo minha bochecha corar me soltei do abraço dele.

–Você já pode ir Srt.Clove - ela disse pra mim, e depois se virando pra Cato disse -e o senhor também.

–Eu já posso ir assim?, não vai trocar meus curativos nem nada do tipo?

–Seus curativos já foram trocados e agora isso será responsabilidade de seus pais, não minha, seu caso não é tão grave quando o da senhorita Katherine -aquela última frase me causou um arrepio na espinha.

–Vem, pequena -disse Cato me puxando em direção a porta, e quando passei por Katherine, eu vi os machucados e cortes nela, a enfermeira tinha razão, ela estava bem pior que eu, eu gostaria de falar que senti culpa ou tristeza,mais isso seria mentira, eu queria sentir culpa pelo que fiz, acho que o fato de não ter sentido isso me faz meio....malvada.

Depois de tudo Cato me levou até em casa e me deu boa sorte, por causa dos meus pais, eles literalmente ficaram falando a noite comigo, sobre como fui irresponsável, e muitas outras coisas, quando aquilo acabou (o que demorou) eu tomei coragem e falei pro meu pai sobre a história de que era bem possível que eu não fosse nos jogos, eu estava quase chorando, e ele me olhou nos olhos e disse:

–Acredite Clove, você vai sim -então começou a piscar rapidamente, virou seu rosto e foi andando rapidamente para o seu quarto.

Eu não tinha entendido aquilo, e acho que nunca vou entender.

Um pensamento que veio a minha mente: Acho que as vezes há tanta angustia e sofrimento dentro de nós, que a única maneira que encontramos de expulsá-las são através das lágrimas,embora acho que seja uma tentativa inútil.