P.O.V. Carissa:

—Calissa, hola de acordar — Minha irmã falou com a chupeta na boca, ela estava encima de mim batendo na minha cara com a tartaruga de pelúcia que eu dei de presente. Até que enfim sexta-feira.

— Ta bem, já acordei Drika — resmunguei.

— Levanta Calissa, levanta — ela saiu de cima de mim ficando sentada ao meu lado.

—hm... Drika?

— oi — ela falou já sabendo o que eu ia fazer.

— O que... Ãnh... Ta acontecendo o que com a minha mão?!? — eu comecei a entortar a mão entrando na brincadeira.

— Não! — Ela gritou — Socolo, cosquinha não! — ela saiu correndo e gritando.

— Mawhahaha, eu vou te pegar — Eu levantei rapidamente da cama e comecei a correr atrás dela.

—Não Lissa, não! — Ela disse rindo enquanto eu fazia cócegas em sua barriga.

Virei-a de cabeça para baixo e comecei a assoprar em sua barriga, fazendo barulho enquanto ela gargalhava de um jeito gostoso que apenas crianças conseguem.

— Meninas, hora de se arrumar — minha mãe apareceu na porta.

— Já tô indo — falei colocando Drika no chão.

Fiz minha rotina da manhã: tomei banho, escovei os dentes, peguei uma calça jeans escura e uma blusa cinza simples, fiz uma trança básica e fui comer. Quando cheguei à cozinha Drika estava sentada em sua cadeira alta com um pote de mingau a sua frente, trocara o pijama por uma jardineira e os cachos dourados estavam bem penteados. Na mesa me esperava um prato cheio de panquecas com calda de caramelo, deliciosas por sinal.

— O Patrick que fez a panquecas? — Patrick era o meu padrasto, ele já tinha saído pra trabalhar.

— Como você sabe? —Minha mãe me olhou.

— Se você tivesse feito não estariam tão boas mãe, você sabe disso. — Minha mãe era geralmente um desastre na cozinha.

— poxa, assim magoa. — ela fez beicinho.

— ownt, desculpa. — dei um abraço nela.

— Ta desculpada. — ela me abraçou de volta.

. . .

Como de costume cheguei à escola cedo, estacionei o carro, entrei na escola, fui para o meu armário, peguei o que precisava e fui para o armário de Chloe esperar por ela, mas para a minha surpresa ela já tinha chegado.

Chloe parecia cansada, provavelmente pegou a primeira roupa que viu e vestiu, os cabelos dourados estavam presos em um rabo de cavalo desleixado. Quando cheguei perto, ela bateu a porta do armário com força e olhou pra mim com uma cara de sono.

—Bom dia pra você também — eu falei sarcasticamente.

—Hmhum — Chloe resmungou.

—o que deu em você hein? Ta drogada?

—Ontem fiquei até tarde acordada — ela falou arrastado.

— Nossa! Que menina fora da lei. — Eu fiz uma falsa cara de surpresa e Chloe abriu um pequeno sorriso preguiçoso.

Como de costume começamos a andar para o corredor ao lado, onde ficam os armários do Adam e do Andrew, mas fomos interrompidas pelo barulho do sinal indicando que deveríamos ir para a sala de aula.

. . .

—Até que enfim comida

Peguei uma bandeja e entrei na fila como de costume, olhei para trás, para a mesa onde costumo sentar, esperava olha Chloe, Adam, ou até mesmo Andrew, mas Jason estava sentado sozinho na mesa, tentei enrolar na fila e fingir que estava indecisa do que comer para evitar ficar sozinha na mesa com Jason, mas as pessoas atrás de mim na fila começaram a reclamar, pensei na possibilidade de sentar em outra mesa e esperar outra pessoa chegar. Mas fazer isso seria uma completa idiotice.

O clima andava bem estranho entre eu e o Jason, nós não chegamos a conversar direito desde a quarta-feira no parque, onde aconteceu o “quase beijo”, não que Jason não tentasse conversar comigo, o problema era que eu tentava evita-lo ao máximo, eu sabia que alguma hora teríamos que conversar, afinal qual era o problema? O beijo nem chegou a acontecer...

Mas esse era exatamente o problema, eu sempre fui acostumada a ter todos os garotos que eu queria, sempre que um beijo estava prestes a acontecer ele acontecia, algumas vezes eu já fui interrompida antes do beijo realmente acontecer, mas se ele não acontecia, eu provavelmente nunca voltaria a ver o garoto novamente, diferente de Jason que eu tinha que olhar todo dia.

Respirei fundo e sentei na frente de Jason, ele levantou a cabeça e me encarou com aqueles olhos cor de mel, ele me olhava como se não tivesse certeza do que dizer, estava duvidoso em perguntar sobre o parque e eu me afastar de novo. O silencio permaneceu o suficiente para se tornar estranho e desconfortável.

— Se não quiser que eu fale sobre o que aconteceu no parque eu não falo, eu só quero que você volte a conversar normalmente comigo, que não fuja toda vez que eu disser oi — ele falou me encarando.

—Nós não vamos falar do parque, mas não porque eu não quero falar e sim porque nada aconteceu de verdade — falei seria, mesmo sabendo que algo aconteceu sim, eu apenas queria que não tivesse acontecido.

—Ta bom, então. — Jason falou — mas você sabe que isso não é verdade.

Minhas mãos ficaram geladas porque eu não sabia o que falar, então apenas fiquei calada, trazendo novamente o silencio estranho.

—ta vendo? É esse silêncio que eu não quero que aconteça um dia você vai ter que falar comigo sobre o que aconteceu ou não aconteceu na porcaria da roda gigante. —Jason aumentou um pouco o tom de voz e falou irritado.

—desculpa — não sei por qual motivo exatamente eu estava me desculpando, apenas fiz.

Eu acho que nós dois estávamos fazendo muito drama, pra uma coisa tão boba.

—não, eu que peço desculpas, não devia ter me irritado com essa bobeira, eu só quero continuar falando com você normalmente, te conheço á tão pouco tempo e gostaria de te conhecer melhor Carissa — ele falou bem calmamente — eu posso te levar pra algum lugar hoje de tarde? Pra gente conversar?

—Ta bem, que horas? — Falei meio na duvida.

—quatro e meia?

—Pode ser— abri um pequeno sorriso.

. . .

O horário bateu e eu fui uma das primeiras a sair da sala, tinha que encontrar Jason pra perguntar sobre a tarde. Corri para o armário dele onde achei que ele deveria estar, mas não estava. Procurei nos corredores dos lados e ele também não estava lá, tinha que acha-lo antes de ir embora, não queria ter que arranjar um motivo pra ligar pra ele. Por fim fui ao pátio e encontrei-o rodeado por um grupo de pessoas que eu não conhecia, fiquei na dúvida se deveria interromper, mas acabei cutucando sua costa para chamar a atenção dele. Ele virou e me olhou com uma cara um tanto quanto surpresa, como se não esperasse falar comigo até de tarde.

—posso falar com você rapidinho? — perguntei.

—Pessoal, já volto — ele falou para as pessoas que estava conversando.

–wow, não vai nem apresentar os amigos? — um menino alto falou.

—foi mal— Jason falou —pessoal essa é a Carissa, uma amiga minha. E Carissa esse é o Karlos, — ele apontou para o menino alto que pediu pra me apresentar — esse aqui é o Ashton —ele apontou pra um garoto magrelo — e por último esse é o Charles — ele apontou pra outro garoto que tinha o rosto bem familiar e ele me olhava como se já me conhecesse.

—Prazer — Falei — Se não se importam vou pegar o Jason emprestado rapidinho — puxei o braço de Jason pra que se afastasse um pouco dos meninos.

— O que foi? — Jason perguntou.

— Você pode me dizer aonde a gente vai de tarde?

— Claro que não.

— ué, porque não?

— Por que é surpresa. — ele falou como se fosse completamente obvio.

—Bom, pode até ser surpresa, mas eu tenho que saber que tipo de roupa vestir.

—hm... Usa uma roupa simples, não vai parecendo um mendigo é claro, uma roupa casual.

—Ta bem então, vejo você mais tarde?

—Vejo você mais tarde. — ele falou e já ia voltando pros seus amigos, mas eu o chamei de novo:

—Jason, espera.

—que foi?

—você vai me buscar ou eu vou dirigindo?

—é claro que eu vou te buscar, é uma surpresa esqueceu?

—beleza, então acho que vou indo. Tchau.

—Tchau — ele falou e voltou para os amigos.