A canção dos lobos escrita por Maiara Amaral


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/443199/chapter/1

Ao ouvir o barulho do lado de fora o caçador se esgueirou pela porta dos fundos, indo silenciosamente para o barracão dos fundos onde guardava seus troféus de caçadas, animais empalhados, chifres de alces, tapetes de peles, entre outros.

Chegando mais perto ele avista uma enorme loba preta com uma ferimento arredondado na orelha esquerda, carregava na boca um filhote de lobo empalhado que ele havia feito há alguns meses. A loba, ao avista-lo, corre em direção da floresta levando o lobinho consigo.

Indignado por ser roubado por um maldito animal, o caçador pegou sua espingarda e se pôs a correr atrás da loba. Seguindo as pegadas deixado pelo enorme animal, o caçador não demora a encontra-lo. Estava deitado debaixo de uma enorme árvore de pelo menos 100 anos. Ela lambia despreocupadamente o lobinho empalhado. Ela balançava a cabeça e uivava uma bela melodia lupina para o pequeno. Mas logo parou e começou a rosnar quando o vento trouxe consigo o cheiro do caçador. Carregando rapidamente sua arma o caçador não percebe quando a loba se lança sobre ele, tentado alcançar a gargante dele com os dente afiados como navalhas. Mas com hábeis reflexos ele consegue se proteger usando o cano longo da arma para afastar o animal de seu rosto. Puxando o gatilho, o caçador acerta de raspão no focinho do lobo que cai e grita de dor. Aproveitando enquanto o animal se contorcia no chão, cegado pelo próprio sangue, o caçador pega o pequeno lobinho e corre em direção á sua cabana onde podia se abrigar do animal até que ele desistisse, mas no meio do caminho ele acaba tendo de mudar de direção por causa da loba que o perseguia furiosamente pela mata. Indo parar em uma clareira, o caçador escorrega numa pedra e o lobinho acaba indo parar vários metros á frente dele. Se preparando para se levantar e voltar a correr, o caçador sente os olhos da loba sobre si. Se lançando sobre ele e tentando encontrar qualquer pedaço de carne do corpo dele com seus dentes.

Furioso, o caçador lhe dá uma coronhada na cabeça, deixando a loba desnorteada por um momento. Mas ao voltar o olhar raivoso sobre o caçador, a loba avista o pequeno lobinho cinzento no meio da clareira, sentado, com os olhinhos de vidro brilhando contra o sol. Sua fúria se dissipou quase que na mesma hora. A loba se encheu de ternura para com o filhotinho e derrubando o caçador para o lado com seu peso, a loba vai em direção a seu pequeno que a chamava.

A situação agora era questão de orgulho!, o caçador não deixaria a loba levar o lobinho em hipótese alguma. Carregou a arma e com um grito de guerra ele puxa o gatilho, vendo apenas a mancha de sangue que escorreu do peito da loba que caiu ao lado do lobinho. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Com um olhar triunfante, o caçador pega o lobinho e dá as costa para a loba que tenta inutilmente se levantar, chorando de dor e de lamento. Mas ela pára assim que vê o quanto inútil é tentar voltar a luta. Então, tenta seu último trunfo. Ofegante, a loba puxa todo o ar que conseguiu, até quase sentir seus pulmões estourarem, e cantou. Uma melodia lenta e e triste, quase uma canção de ninar reservada apenas para seu lobinho. O caçador sentiu um estranho sentimento de arrependimento, tristeza e compaixão. Olhando para trás, ele vê o medo refletido nos olhos amarelos da enorme loba negra. Não o medo de morrer, mas o medo de perder tudo que mais valorizava na vida. E com um ultimo suspiro da loba, o caçador subitamente se lembra de um entardecer, três meses antes.

"Ele, e mais dois amigos caçadores, se esgueiraram pela floresta em busca de algum infeliz animal que cruzasse seu caminho. Era temporada de caça e os caçadores exibiam seus troféus amarrados em capôs de carros e cabeças penduradas na parede. Ouvindo um barulho de trás de uma moita, o caçador não hesita, e atira contra a folhagem, ouvindo logo em seguida um ganido e um baque. Indo verificar seu prêmio, o caçador descobre um filhote de lobo. Pegando o animal já morto pela nuca, o caçador se volta para os amigos, não vendo a loba negra que corria em sua direção e o derrubava, se jogando contra suas pernas. Indo para o filhotinho, a loba estranha, já que o pequeno não se mexia. Mas vendo a mancha de sangue que crescia no pelo acinzentado o lobinho, seu coração se aperta e uma enorme desolação atinge a loba, que não percebeu os outros dois caçadores que carregavam as armas e atiravam em sua direção. Ao sentir um barulho e uma dor na orelha, a loba dispara em direção a floresta, fugindo da chuva de balas que cessaram assim que ela sumiu de vista. O silêncio da tensão foi cortado pelo uivo estridente da loba que cantou toda sua tristeza aquela noite."

Tremendo, o caçador senta ao lado da loba que já não respirava, e cujo coração já não batia mais. Afagou-lhe a cabeça e aninhou o pequeno lobinho a seu lado. Levantou-se e foi embora.

E como um eco, ouviu atrás de si os latidos de uma lobinho que brincava com sua mãe loba depois de tanto tempo separados. Não ousou olhar para trás, mas sentiu um enorme alento lhe pregando o coração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A canção dos lobos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.