Ônix Negro - O início escrita por Brieel


Capítulo 6
- Capítulo 5 - Um novo recomeço


Notas iniciais do capítulo

Eu admito que ando demorando de mais pra postar um capítulo novo, mas como eu escrevo quando tenho inspiração fica complicado postar toda semana. Espero que gostem.



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“ Querido Diário,

Se eu achava que já estava tudo ruim pode ter certeza que ficou ainda pior. Eu simplesmente vou me mudar sem mais nem menos para um outro lugar que eu nem sei aonde é.

Sinto que essa vida de mentiras não está me fazendo bem. Queria poder falar tudo que sei e ver a cara deles caírem no chão. Agora, o que eu vou dizer pra Amanda??? Não sei.

Talvez a minha resposta seja: Desculpa, mas to indo embora e talvez nunca mais te veja. Obrigada por ser a minha única melhor amiga e me aguentar nas piores.

Sim, talvez eu diga isso. Pesar de não ter muitas pessoas para me despedir, vou sentir falta da casa, dos empregados, do meu quarto, enfim de tudo o que eu vou deixar aqui. E quem sabe um dia eu volte pra cá.”

Agora o seu mundo estava de cabeça para baixo de vez. Já tinha amanhecido e Laura estava acordada escrevendo sem parar. Ainda com cara de sono, se levantou e fez o que tinha que fazer. Se arrumou colocando o que via pela frente sem se importar com muita coisa.

O seu café da manhã foi o mesmo desde quando Marcus tinha chegado de sua viagem. O que também fazia um bom tempo. Já tinha se passado exatamente um mês que ele estava vivendo novamente com elas.

Dessa vez foi bem diferente de todas as raras vezes que ele aparecia. Ele estava se comportando como um verdadeiro pai. Isso fazia bastante diferença no relacionamento deles como família. Havia tempos que ele não agia daquele jeito super protetor ou carinhoso até demais para o gosto dela. Tantas coisas martelavam em sua cabeça que perdeu a noção do tempo enquanto comia.

Já estava se levantando, quando Marcus se pronunciou:

–- Bom, já que estamos todos aqui, eu quero conversar sobre a mudança e que tenho uma ótima notícia – Ajeitou-se na cadeira e olhou animado para as duas. – A casa já ta pronta e podemos nos mudar a hora que quisermos.

–- Então isso quer dizer que semana que vem podemos mudar.

–- Pera ai. Você não tinha dito que demoraria alguns meses?- Laura estava surpresa com a notícia.

–- Sim, mas me surpreendi com a eficiência dos pedreiros fora que a negociação pela casa foi bem rápida. Bem mais rápida que eu imaginava. O cara para quem eu aluguei a casa já saiu faz tempo, então está tudo no jeito para nós mudarmos.

–- Acho que é melhor a gente começar arrumar as coisas. – Sugeriu Violeta.

–- Então para onde vamos? – disse sarcástica tentando não evidenciar sua raiva.

–- Para a nossa cidade onde você nasceu,... Natal.

Laura o encarou séria pensando no que aquilo significava. Uma cidade do litoral nordestino, aquilo só podia ser brincadeira. Ela estava largando o Rio de Janeiro por Natal.

Laura então preferiu se retirar e ir para o seu quarto. Deitou-se na cama e começou a chorar desesperadamente. Soluçava sem parar até que entrou em transe.

– Já faz um bom tempo que não parece por aqui – Sua vó Selena estava do mesmo jeito que a viu pela última vez, sentada do banco de mármore e com seu penteado impecável.

– É. – Até em sua consciência não parava de chorar.

As palavras pareciam que não conseguiam sair. Selena vendo isso abraçou a neta e a colocou em seu colo, passando levemente a mão sobre sua cabeça.

– O que foi minha querida? Está tão triste. Não gosto de te ver assim.

– Eu vou me mudar. – Deixou cair mais lágrimas em seu rosto pálido– Eu não queria isso. Nunca quis. Sei que não tenho muitos amigos no Rio, mas não queria ir embora.

– Às vezes a mudança é necessária para esfriarmos a cabeça. Acho que vai ser bom para você sair do Rio. – Selena mexeu novamente no cabelo de Laura – Para onde vocês vão? Posso saber?

Laura se levantou e olhou bem nos olhos de Selena. Respirou fundo e disse:

– Natal, Rio Grande do Norte.

– Natal? Tem certeza disso? – O semblante calmo de Selena se fechou.

– Absoluta.

– Não pode ser.

– O que houve? Você sabe de algo? – Questionou.

– Natal tem um portal que abre para Galampéia. As dunas são mágicas, contudo só um ser mágico pode vê o portal.

– Sério?! – Laura ficou espantada com a informação.

– Sim, absoluta. Acho que seu pai quer levar você para lá.

– E se eu não quiser ir?

– Você precisa ir. É o seu dever como princesa e herdeira de Galampéia. Só você pode salvar este mundo.

Laura despertou com batidas fortes na porta. Levantou-se e destrancou a porta fazendo aparecer Marcus.

– Fiquei preocupado. Você não respondia. Por que trancou a porta?

– Precisava de privacidade. – Seu olhar não disfarçou sua tristeza

– Sei. Bom, quero que comesse a arrumar suas coisas. Acredito semana que vem já estaremos lá. – Ele estava desconfortável com a situação.

– Claro. Eu vou arrumar as minhas coisas e quando tiver tudo pronto eu te aviso.

– Tudo bem.

Ele saiu um pouco confuso em relação à Laura. Ela não aceitava a mudança de jeito nenhum e ele se sentia culpado pela tristeza dela.

******

A semana passou e com ela a mudança já estava feita. Ir para outro lugar não foi à coisa mais fácil para ninguém daquela família. Ver as coias embaladas, ver fotos antigas, ter recordações do que ela mais amava. Deixar para trás sua grande amiga e saber que talvez nunca mais a veja.

Lágrimas escorreram na despedida que foi muito difícil para Violeta e Laura. Marcus observou de longe, pois não queria ver elas tristes.

Ao entrar no carro e ir em direção ao aeroporto, seu coração estava apertado demais. Ela só queria que tudo ficasse bem.

Chegaram a capital no finalzinho da tarde. Não demoraram praticamente nada para chegarem a casa. Ela era muito bonita para uma cidade litorânea. A casa era de frente a uma praia linda que dava um visual a mais à de porte praieiro.

– É linda. – Seu olhar brilhava ao ver aquela imagem e ao mesmo tempo ainda estava abalada com tudo que estava acontecendo.

– Era de seus avós. Morei aqui durante sete anos, até que fui pro Rio. Acho que ainda se lembra dela?

– Vagamente.

– É, nós fomos embora quando você tinha apenas quatro anos. Era bem pequena. Realmente não iria se lembrar. - Riu

Marcus foi ajudar Violeta com as malas enquanto Laura foi dar uma volta na casa. Tudo lá parecia familiar de mais para ela. Cada canto da casa tinha uma lembrança que ela mesma não sabia da onde vinha.

Ela sentiu que estava sendo observada. Saiu procurando igual uma louca pela casa.

– Quem está ai? – Ninguém respondia – Deve ser o vento. - Ventava bastante naquele momento e fazia calor também. Ela saiu e foi se encontrar com seus pais.

Nos primeiros dias eles dormiram em colchonetes até tudo está em seu devido lugar.

Laura iria começar a estudar na próxima semana, então aproveitou para conhecer Natal e relembrar algumas coisas que estavam no fundo do baú. Foi conhecer as famosas dunas, conhecer vizinhos, conhecer a área comercial que não era longe já que morava na zona sul da cidade entre outros lugares que seria bom ver.

*****

Finalmente tinha chegado o dia em que iria para a escola. Ficar uma semana em casa era a coisa mais maravilhosa que tinha, mas tinha que voltar a sua rotina. no primeiro ano do ensino médio exigia que se esforçasse bastante para encarar uma faculdade.

Laura acordou cedo naquele dia, tomou seu banho e em seguida foi para cozinha. Lá se encontrava Violeta sentada ao lado de Marcos tomando café da manhã. Ela já nem se incomodava mais com a cena, já que a veria por um bom tempo dali para frente.

– Está pronta? - Perguntou Marcos de olho no jornal.

– Estou. Eu quero ir logo. É o meu primeiro dia.

– Ela está certa. – Comentou Violeta se levantando para levar o copo a pia– Não demore ou vai chegar atrasada.

Pensando nisso, Laura se sentou e tomou seu copo de leite o mais rápido que pode. Ela foi para a garagem e entrou no carro. Era bem estranho para Laura quanto para Marcus, leva-la à escola. Eles não faziam isso desde que ela era pequena.

As primeiras aulas foram tranquilas e deu para sentir como era o clima do colégio. A hora do intervalo chegou e com ele os curiosos de plantão a cercaram. Laura conseguiu desviar deles e achar um canto onde poderia ficar sozinha. Ela dizia a si mesma que tudo ficaria bem até que teve a sensação de ser observada. Olhou para todo canto. Laura viu que um garoto a olhava com intensidade. O menino tinha os cabelos claros e olhos verdes penetrantes. Ele estava no outro lado do pátio encostado na parede. Incomodada com isso ela se levantou e tomou a atitude de ir até ele.

– Me encarar não vai adiantar nada. Não leio mentes – Seu tom era sarcástico. Ele riu.

– Espero que sim. Não iria gostar de ver no que eu estou pensando.

– E posso saber o que se passa na sua cabeça pra me encarar assim?

– Não sei. Talvez, mas não quero falar.

– Então porque ficou me olhando desse jeito?

– De que jeito? Você é a garota nova. O centro das atenções todos a observam. – Indicou o pátio e ela se virou levemente.

– E daí? Não preciso disso. Só que você está me encarando mais e quero saber o por que disso.

– Não posso ver uma garota bonita?

Laura sentiu seu rosto queimar e nem deu para disfarçar, pois sua pele clara a denunciou.

– Não precisa ficar com vergonha. Você é diferente do pessoal daqui. É a novidade. Logo vão se acostumar com você e não terá mais problemas.

Eles ficaram em silencio. Foi o momento prefeito para observa-lo melhor. Ele possuía costas largas, cabelo levemente repicado o que destacava mais o loiro, pele bronzeada e suas feições lembrava de um anjo. Antes que pensasse em mais alguma coisa, ele começou a falar:

–Você é da onde?

– Sou do Rio de Janeiro, mas nasci aqui. – Disse ficando ao lado dele, encostando na parede.

– Realmente você é diferente. Prazer sou Alan. – Estendeu a mão, olhando para ela.

– O prazer é todo meu. Laura.

O aperto de mão parecia uma eternidade no ponto de vista de Laura. Realmente ele era encantador, mesmo sendo bem arrogante. Tinha alguma coisa nele que a atraia, mas não sabia o que.

A última aula tinha acabado de terminar quando o encontrou novamente a sua espera do lado de fora da escola.

– Me esperando?

– Eu queria o seu telefone.

– Ta de brincadeira?!

– Estou falando muito sério. Vai me dar ou não?

– Tudo bem.

Ele a entregou o celular que parecia do tipo barato, porém não se importou com isso. Era a primeira vez que um garoto pedia o seu número.

– Agora me passe o seu. – Ela retirou da mochila seu bloquinho de notas que o fez rir.

– Não era você que não queria me passar seu número?

– Tanto faz se não quiser me passar.

– Pera ai. Me passa esse caderno. – ele anotou rapidamente – Não acha que vai perder o meu número? É melhor anotar no celular.

– Não vou perder. Pode ter certeza.

Eles se olharam sem graça. Marcos apareceu ao fundo sinalizando para Laura.

– Bom, tenho que ir. Tchau.

– Tchau. Até amanhã.

******

Já estava em casa quando Marcos finalmente resolveu falar:

– Quem era aquele garoto que tava com você na hora da saída?

– Um garoto da escola. Por quê?

– Nada, só curiosidade.

Violeta tinha feito uma salada para o almoço. Laura comeu o mais rápido que pode para poder ir para o quarto. Ela tomou seu banho e jogou suas coisas na cama. Laura encontrou se bloco de notas e se lembrou de Alan. Não perdeu tempo, pegou seu diário e começou a escrever.

Querido diário,

Foi bom ter voltado as minhas origens. Nunca pensei que iria conseguir fazer amizade com alguém daqui. Ele se chama Alan...”

*****

Depois de pegar uma condução chegou em seu destino. A casa em que morava com seu padrasto era pequena e não tinha muitos cômodos. Ele abriu a porta e se jogou no sofá da sala, que era um pouco maior que o seu quarto. Um jovem senhor apareceu. Estava vindo da cozinha e ainda segurava um pano de prato. Era um pouco mais alto que o garoto, cabelos pretos com alguns fios grisalhos, pele morena e traços de trabalho árduo.

– Como foi o dia Theo? – Parou diante ao garoto que via algo na pequena televisão.

– Ótimo. Melhor impossível.

– Encontrou a garota?

– Sim. – O garoto agora o encarava.

– E como ela é?

– Ela é do jeito que descrevem. Só tem uma coisa que esqueceram.

– O que foi? Tem algo mais? Algum outro poder?

– Que ela é muito bonita. – disse voltando se para a TV novamente.


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Notas finais do capítulo

Agora temos personagens novos que vão fazer a diferença. Pode ter certeza disso kkkkkkkk. Eu fiquei bem em dúvida em qual cidade eu escolhia, porém a grande vencedora foi Natal o/. Eu escrevi com mto carinho e inspiração. Espero demorar menos pra postar e espero que tenham gostado.



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