Ônix Negro - O início escrita por Brieel


Capítulo 4
- Capítulo 3 - Um reencontro desagradável


Notas iniciais do capítulo

Finalmente kkkkk



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Seu pai estava bem na sua frente. Na hora não sabia o que fazia e quando se deu conta que tinha parado no meio da escada, resolveu terminar de desce-la. O seu coração batia a mil. Não sabia se chorava de saudade e felicidade por vê-lo ou se chorava de raiva por ter sumido por tanto tempo. As feições continuavam as mesmas, mas os sentimentos não.

– Hey, não vai me abraçar não? – Marcus esticou os braços, cada um para um lado esperando uma ação da filha, que por sinal parecia que estava em choque.

– Ah, sim. – Ela respondeu num tom baixo que quase não dava para escutar.

Laura parecia sem animo para fazer qualquer coisa, até dar um simples abraço, então Marcus se aproximou, olhou bem em seu rosto e viu o que olhar estava perdido e parecia que ela não estava muito feliz com sua volta.

Ele não perdeu tempo e abraçou a filha com toda força que tinha, porém ela parecia tão frágil que com medo de deixa-la com algum hematoma, a soltou devagar.

Quando eles se afastaram, Laura se sentiu incomodada com o que tinha acabado de acontecer e resolveu ir atrás de Violeta, que estava na cozinha observando tudo. Como a mesa já estava pronta, ela não teve outra opção a não ser improvisar, falando o que viesse a cabeça para sair daquele lugar e poder ficar longe o mais longe possível dele.

– Mãe, eu coloquei a roupa no cesto como você pediu. – Driblou Marcus e foi para cozinha onde Violeta se encontrava.

Ao fazer isso, Marcus começou a pensar que teria sido melhor não ter voltado. Ele sentia que sua presença parecia indesejada naquele lugar que um dia foi sua casa.

Agora que estava morando em Campo Verde novamente, a sua relação com sua família ficou pior de uns seis meses para cá. Laura já nem mais queria olhar em sua cara.

O rumo das coisas estava indo de mal a pior também em Galampéia. O povo começara a questionar sobre os boatos que o espelho estaria rachando e que isso era sinal de que um grande mal estava por vir.

Marcus como rei estava fazendo de tudo para amenizar os boatos, porém sabia que logo seria inevitável esconder já que a ameaça estava mais próximo do que nunca.

Violeta começou a servir o jantar enquanto Marcus ainda estava no mundo da lua, pensando sobre o que acontecera nos últimos anos depois da morte de Augusto.

–- Pai, quando chegou?

–- Bom, agora pouco. Já tinha ligado para a sua mãe mais cedo e pedi que guardasse segredo. Pelo que vi, ela guardou mesmo.

–- É. – Foi o que conseguiu sair da boca dela.

–- Que saudades eu senti de vocês, minha filha.

–- Também senti suas.

O jantar se estendeu normalmente. Violeta para amenizar o clima ruim que estava, resolveu fala sobre a vida escolar de Laura, porém isso não deu muito certo. A conversa não saía do bendito assunto.

De início até que deu para relevar, mas com o tempo começou a se sentir incomodada e quis se retirar da mesa.

–- Marcus, você sabia que a Laura foi o destaque da sala este mês?

–- Que ótimo! Estou feliz com isso. Continue assim minha filha.

–- Sim – Assentiu– Eu vou pro meu quarto. – Disse enquanto se levantava da cadeira de madeira escura.

– Mas, já? Você mal comeu – Violeta a olhou um pouco espantada já que nunca viu a filha comer tão pouco no jantar.

Normalmente elas comiam sozinhas na cozinha, pois não tinha graça em jantar uma olhando para a outra sentindo um vazio de como se estivesse faltando alguém, e não só no jantar, mas em todas as refeições, no programa semanal aos domingos, andando de bicicleta no final da tarde de sábado, e o mais tradicional, depois do passeio tomar um banho e comer pizza com a família reunida.

Foi estranho, para elas, depois de tanto tempo ter aquele momento família. Se acostumar com o fato que a velha rotina estaria de volta, talvez não fosse má ideia, porém não seria assim tão fácil convencer uma certa pessoa.

–- Não quero mais não – posicionou-se ao lado da mesa - Eu vou estudar mais um pouco. Tenho prova amanhã.

–- Então tudo bem, mas lava o prato primeiro.- Ordenou

–- Sim.

Laura obedeceu em silêncio. Sem pestanejar lavou o seu prato e o colocou na secadora. Quando terminou passou direto como um foguete pela copa onde Violeta e Marcus continuavam a jantar.

Depois de escutar o barulho da porta, Marcus não se conteve. Virou-se para Violeta e fez o comentário:

–- Acho que ela não está muito feliz em me ver aqui. – Seu rosto aparentava um semblante bem triste.

–- Que isso. Ela só está surpresa em te ver de novo. – Tentando amenizar a situação passou a mão em seu rosto.

–- Não sei. – Desviou - A Laura mudou tanto. – Suas palavras soavam num tom pesado quanto seu sentimento de culpa.

–- Não pense assim. Ela ainda é a nossa garota. – Pegou em seu queixo fazendo que ele a olhasse nos olhos - Marcus, você largou tudo por nós. Enfrentou os seus pais, largou o seu reino e ainda por cima veio para o mundo humano sem conhecer nada.

Na mesma hora os olhos de Marcus se encheram de lágrimas que logo rolaram pelo seu rosto que parecia ainda de um garoto de vinte e cinco anos. Violeta continuou:

–- Lembro que a nossa sorte foi que a família que me adotou era rica e quando a dona Lurdes morreu a fortuna ficou toda para mim. – Violeta começou a chorar também -- Ela não tinha filhos, o marido tinha morrido há alguns anos e por isso me adotou. Marcus, eu tenho muito orgulho de você. Eu casei com o melhor homem do mundo. – Sorriu.

–- E eu me casei com a melhor mulher do mundo. -- Ele a beijou levemente e acariciou sua mão que era tão macia quanto algodão.

–- Se sente melhor?

–- Ainda não. Da última vez em que eu estive aqui eu acabei nem me despedindo dela. Acredito que esteja com muita raiva de mim e não vá me perdoar tão cedo.

–- Isso eu já não sei. Vamos esperar mais um pouco. A sua volta ainda está muito recente. Ela deve está bastante confusa, mas logo deve vir atrás de você. Ela te adora.

–- Espero mesmo que isso aconteça.

Depois disto, os dois se retiraram da mesa. Violeta terminou de lavar a louça e subiu para o seu quarto, onde Marcus a esperava. A noite passou tranquilamente. Ao acordarem, os dois se levantaram sem pressa. Violeta desceu antes de todos. Arrumou a mesa colocando o café, o leite, o biscoito favorito de Laura e os pães que Marcus tinha acabado de comprar na padaria que ficava na esquina, depois que desceu. Os dois tomaram o café da manhã em silencio e de vez em quanto trovavam algumas palavras, contudo nada de mais.

“Querido diário,

Hoje eu acordei um pouco indisposta. Acho que é só uma maneira do meu próprio corpo me dizer que não devo me levantar. Minha mãe anda preocupada comigo, pois não ando comendo direito por causa do meu excesso de estudo. Eu não penso que isso seja uma coisa ruim, nem que ela deva se preocupar com isso. Se eu estivesse metida em encrenca ai sim ela poderia falar bastante na minha cabeça, mas eu não faço nada demais, pra ela falar sem parar. Quer saber, agora mesmo que vou estudar. Aquela pessoa chegou. Sinceramente, não quero olhar para ele, ter que falar com ele, e o principal, fingir que está tudo bem quando não está. Eu não vou aguentar mais um segundo ficar dentro dessa casa com ele aqui dentro. Como eu queria que ele fosse embora. Só assim eu continuaria a minha vida sem ele bem. Eu já me acostumei a falar para as pessoas que é só eu e a minha mãe. A presença dele já não faz mais diferença para mim.”

Laura terminou de escrever e percebeu que estava ficando nervosa que repetiu várias vezes a palavra ele e que não conseguia citar o nome de Marcus no papel. Mesmo que tentasse sua mente automaticamente colocava outra coisa no lugar. Ela riu. Colocou o diário sobre o criado mudo e se aconchegou nas cobertas. Entretanto quando já estava pegando no sono novamente uma voz a chama.

–- Laura! Vem comer, já são nove da manhã. Você vai dormir mais até que horas? – A voz de Violeta soou bem alto.

–- Eu já vou descer só me deixa ficar mais um pouco aqui. – Tentou fingir voz de sono que não foi tão difícil assim.

–- Tudo bem. – A voz que parecia longe agora estava bem perto. Quando percebeu, Violeta estava a olhando encostada na porta de braços cruzados esperando uma explicação. – Contudo eu quero o seu quarto um brinco depois que você se levantar.

–- Que saco!

–-Pega no flagra.-- Saiu rindo. Sentou-se na ponta da cama apoiando-se com o braço esquerdo o seu corpo.

–- Já entendi. Eu me rendo. -- Levantou as mãos em sinal de redenção revirando se para olhar para Violeta e se aconchegou no travesseiro macio.

Elas se encaravam. Laura desviou o olhar para pequeno caderno laranja com detalhes em vermelho que estava ao seu lado em cima do criado mudo de cor escura. Violeta percebendo as feições de tristeza da filha ao olhar para o lado onde estava o objeto que sabia que era importante para ela. Violeta não perdeu tempo e a perguntou o que já deveria ter peguntado.

–- Ei – Violeta se aproxima mais de Laura que parou der encarar o objeto - Vai me dizer porque você está assim? – Diz olhando em seu olhos.

–- A gente nunca conversa essas coisas mãe. – Tentou desviar, observando novamente o diário.

–- Eu sei disso, contudo eu quero e preciso começar a falar com você sobre coisas que até então a gente não falava.

–- Como... – Intrigada, encarou Violeta curiosa.

–- Como você anda estranha com seu pai, esse seu estudo compulsivo, esse negócio de ficar se isolando de todos, entre outras coisas que você anda fazendo. – Disse dando ênfase no final.

–- Tá, já entendi. Não precisa mais dizer nada.

Quando percebeu que ela não diria nada do que ela esperava, Laura quis para por ali. Começou a se levantar quando Violeta a impediu bloqueando-a.

–- Laura quando a gente chega à adolescência tudo muda. Nós ganhamos responsabilidade, o corpo muda, os hormônios ficam a flor da pele, queremos ter liberdade, entretanto não somos adultos para sermos donos do nosso nariz, mas também não somos mais crianças para termos uma babá na nossa cola o dia inteiro pra tomar conta do que fazemos, para não fazermos bobagem. – Seu tom agora era sério.

–- Eu nunca te vi falar assim comigo.

–- Laura eu cheguei à conclusão que ficar escondendo as coisas de você, ficar fugindo sem te dar uma resposta não adianta de nada se você tiver uma filha curiosa ao extremo como eu tenho. – Sorriu.

–- Então você vai me contar tudo o que você sabe e não vai esconder nada de mim? – Laura se alegrou na hora quando viu a oportunidade se formar na sua frente.

–- Em termos sim, mas ainda tem muita coisa pela frente e tudo tem o seu tempo. De imediato eu quero esclarecer primeiro às coisas, pra depois te contar tudo com calma. Então não venha com muita sede ao pode que não vai tirar nada de mim. – Parecia um alerta rápido.

–- Mãe eu não estava esperando por isso, mas já que é assim eu quero saber de tudo o que for possível sobre a nossa família. Sobre o meu passado. – Percebeu que Violeta à olhava um pouco tensa e sentiu algumas lágrimas quererem descer, porém completou – Claro, que no seu tempo, mas por favor me conte. Não esconda mais nada de mim. Eu não aguento mais! – Seu olhar era suplicante.

De imediato foi difícil pensar em uma saída para o que acabara de escutar. Várias coisas passara pela sua mente e Violeta tomou a decisão que de fato poderia mudar tudo, até o relacionamento entre elas.

–- Laura quando você ficar mais velha e tiver seus filhos, você vai entender que tudo o que nós pais fazemos é proteger as nossas crias e quando vocês crescem dá uma dor no peito que é inexplicável. É difícil a gente admitir que vocês cresceram. – Ela parou olhando ao redor escolhendo as melhores palavras. Quando as encontrou continuou - Tem muita coisa a ser esclarecida e vai chegar uma hora que vai ser inevitável esconder de você. Mas acho que já está na hora de começar a falar algumas coisas que eu nunca disse. Claro que não agora, mas no momento certo você irá saber de tudo.

Laura sentiu tudo estremecer e um arrepio percorrer à espinha na mesma hora. Violeta a olhava firme e sua expressão parecia a mais séria, depois relaxou. Já ela estava perdida ainda nas palavras da mãe, que por sinal tinha aberto uma oportunidade incrível para ela. Agora era só esperar o momento certo para colocar eles contra a parede e esclarecer tudo.

– Ei vamos descer seu pai está nos esperando. – Laura lançou um olhar confuso. -- Vamos ao parque. – Esclareceu.


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Notas finais do capítulo

Aeeee!!! Quanto tempo :) Bom, depois de um longo e tenebroso inverno (kkk) eu apareço com mais um capítulo o.
Não deixem de comentar, compartilhar, recomendar e favoritar, pois isso ajuda muito para o autor ficar alegre.



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