As duas jovens estavam encostadas no tronco de uma arvore, aproveitando o vento que fazia na terra de Ooo aquele dia. As duas garotas em questão, eram duas princesas, uma princesa camaleão (já conhecida aqui) e uma princesa ninfa.

Enquanto elas relaxavam, Melly comia uma flor.

E a princesa ninfa, Olivi, apenas aproveitada o vento em seus cabelos esverdeados, de olhos fechados, tão serena como se estivesse dormindo.

Melly até gostava daquela calma. Era raro um lugar silencioso e relaxante. Nos reinos, era tudo sempre tão barulhento, e não é muito relaxante ter que governar um reino inteiro.

E por isso as duas permaneciam em silencio, apenas desfrutando a companhia uma da outra. As duas se entendiam, por isso eram melhores amigas desde... Sempre.

Bem, a paz naquele lugar estava muito boa, mas tudo que é bom dura pouco. Aconteceu um barulho muito estranho e alto, o que assustou as duas.

Olivi não foi a única que teve os sentidos de batalha ativados. Ao mesmo tempo em que Melly mostrava suas garras e procurava quem fez aquele barulho, Olivi retirava sua coroa de princesa da cabeça e colocava-se em posição de batalha. Sua perola se transformava em um brinco, e a coroa em uma grande espada. Ninguém tinha o direito de chama-la de indefesa.

Melly, para facilitar a situação, se voltou ao seu sentido. Como sempre, ele falava as coisas ao contrário, mas como ela sabia dessa falha, sempre dava um jeito de realizar uma ação oposta ao comando do sentido.

Olivi viu, não muito longe dali, um dragão gigante passar. Ótimo. Quando se está estressado, existem duas coisas a se fazer: Ou relaxar, ou descontar sua raiva violentamente em pessoas/coisas aleatórias.

Então, OBA, hora de violentar estranhos!

Olivi pegou sua espada e perseguiu o dragão, que por algum motivo já estava ferido, então voava baixo. Olivi pulou em cima dele e cortou-o inteiro, para depois que cair em pé no chão, perceber que havia mais duas pessoas ali.

–Masoq... - Finn e Jake ficaram incrédulos. Uma cortada perfeitamente feita em um dragão. Eles observaram e só viram as duas princesas.

– Princesas! Vocês estão bem? - Jake perguntou para as duas.

– Eu acabei de cortar um dragão ao meio. O que você acha?

– Eu não sei. Algumas pessoas ficam bem ao cortar um dragão ao meio, outras não. - Só ai Jake reparou o que ela tinha dito. - Você fez esse corte?

– Não. Gosto de segurar espadas por esporte. Eu seguro, mas nunca uso. Esse dragão se partiu ao meio sozinho. Magico, não? - Já dava para perceber que a princesa era bem exagerada na ironia. Ela era legal, só tinha língua solta.

Neste exato momento, Melly apareceu no meio deles com uma cara surpresa.

– Olivi! Os guardiões! Eles estão chegando, rápido, a pérola!

– Oh, my glob! Obrigado Melly. - Olivi pegou sua espada, e ela transformou-se em suas mãos. A lâmina da espada sumiu e o cabo mudou de forma até formar uma coroa, simples, mas bonita, com um fundo redondo onde Olivi tirou uma pérola que parecia um brinco de sua orelha e colocou ali.

Assim que havia colocado a pérola, sua roupa começou a mudar. De botas marrons, Camisa branca aparecendo o umbigo e shorts curtos, ela passou a vestir um elegante vestido de cor verde, que combinava com seu cabelo, cheio de laços e fitas de cetim.

Melly verificou se a princesa estava arrumada. Se tivesse algum detalhe importante fora do lugar, poderia ser muito ruim.

– Hajam como se.... Como se eu não tivesse acabado de cortar um dragão ao meio, ok? - Olivi sussurrou para Finn e Jake. Eles não sabiam exatamente o que diabos estava acontecendo ali, então apenas assentiram.

Poucos segundos depois, dois duendes apareçam e, ignorando totalmente os outros, começaram a falar:

– Princesa Olivi, a senhorita precisa retornar ao castelo agora, por ordens de sua mãe, a rainha.

– Oh, claro. Muito obrigado por informar. Eu irei com vocês. - A princesa Olivi piscou seus enormes olhos verdes meio puxadinhos, agindo como uma dama gentil e delicada.

Os duendes, como que se só agora tivessem notado a existência de Finn e Jake, perguntaram quem eles eram.

– Bem, eu sou um humano e ele é um cachorro. - Finn Respondeu.

– Ah, esses foram os Heróis que acabaram de me salvar de um dragão enorme e horrível. Se não fosse por eles... - Olivi balançou minimamente a cabeça. Finn e Jake não tiveram reação a não ser escancarar a boca como se quisessem falar “VOCÊ PRATICAMENTE ACABOU DE CORTA-LO AO MEIO.”, mas permaneceram calados lembrando da regra de “Ajam como se eu não tivesse acabado de matar um dragão gigante.”

Finn e Jake tentaram "enrolar" os duendes para que não soubessem do corte do dragão gigante e tal. Ouviram um barulho de alguém caindo.

Olharam para trás, Melly tinha caído (e estava babando no chão).

Ela tinha desmaiado.

Algumas horas depois, Melly acordou assustada falando várias coisas juntas: - LICHODRAGÃOOLICHMEODEOSLICHE... - Então ela sentiu dor de cabeça. E colocou a mão na sua testa. - Ai... O que aconteceu...

– Você dormiu por mil anos. - Melly olhou interrogativamente para a cara séria de Olivi - E perdeu meu casamento,

– NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO...

– É BRINCADEIRA! PARA DE GRITAR! Não aconteceu ainda! Alias, espero que nunca aconteça. Você desmaiou por 2 horas.

– Ai... Duas horas? - Ela falou com cara espantada. - Nah, nem foi tanto tempo assim.

– Gente, antes de eu desmaiar meu sentido começou a dizer muita coisa junta, eu fiquei confusa, apareciam flashes, aí foi muita informação.

– Então, parabéns, você acabou de conhecer meu marido. - Olivi sussurrou. No canto da sala, Melly viu então um homem alto, com uma blusa preta de frio, calças jeans e coturnos, o cabelo preto que tinha um lado raspado, um piercing prata o canto inferior do lábio e alguns brincos nas orelhas e barba para fazer. Sinceramente, o homem era MUITO bonito, e primeiramente imaginou que Olivi tivesse sorte e não soubesse do que ela tanto reclamava. Mas foi só o homem olhar para Melly que sua dor de cabeça voltou como uma pancada. Os olhos do homem eram como de uma cobra, verde (não a cor bonita de esmeraldas dos olhos da Olivi, e sim um tom de veneno estragado) que pareciam se ajustar como a lente de uma câmera, como se ele estivesse analisando cada parte da alma de Melly.

Melly não tinha um bom pressentimento sobre aquele homem. Na verdade ela não tinha pressentimento nenhum. Sua cabeça doía toda vez que tentava usar o sentido. Então, agora ela estava um pouco vulnerável.

– É ele causa isso em todo mundo. - Olivi olhou de canto-de-olhos para Finn e Jake, que se mantinham afastados do homem, como se estivessem se preparando para qualquer o momento o homem tentasse evocar o capiroto ataca-los.

Com os olhos fechados, ele parecia um homem de 22 anos levemente rebelde que gostava de ficar na dele, escorado em um canto. Quando ele abria os olhos, era como se algo muito poderoso fosse solto.

Aqueles olhos... Melly já tinha visto aquilo antes... Em algum lugar... Ela só não sabia onde. Então, ela decidiu que não tinha nada e ela tava paranoica mesmo. O cara causava aquilo em todo mundo, poderia ser normal.

Melly percebeu que estava deitada na cama de Olivi, que alias, cabia cinco Mellys nela. Quero dizer, caberia se Melly pesasse 100 quilos. O povo dos duendes e ninfas bajulavam muito Olivi. A princesa camaleão afundou no travesseiro, exausta e com dor de cabeça.

Ela pensava com dificuldade: Por que aquele homem causava isso em todos e o que ela faria sem seu sentido, já que ele era a única coisa que a mantinha segura.

Olivi sentou-se do lado de Melly, como para confortá-la. Ela parecia desconfortável, como se estivesse lutando para não rasgar seu vestido, pular da janela e fugir, mas tudo que fez por enquanto foi suspirar e arrumar a pose.

Notando o silencio, Finn foi o primeiro a falar algo.

– Eerr... Olivi? Porque é que você fingiu que não foi você que matou aquele dragão, quem eram aqueles carinhas e o que é... Tuuuudo isso? - Finn falou rodando os olhos pelo quarto

– Bem, eu sou uma princesa. A princesa ninfa. Os ''carinhas'' eram meus guardiões. Tuuuudo isso é meu quarto.

– Certo, mas por que fingiu que não matou o dragão? - Jake se intrometeu

– Eu sou uma princesa. Uma princesa deve agir delicadamente, amorosamente. Tem que ser uma figura de gentileza e exemplo. Dócil, amável... - Olivi fez uma careta

– Isso não é verdade! A princesa jujuba uma vez nos salvou de uma aventura perigosa com seu cisne que lança laser pelos olhos! E a rainha dos vampiros, Marceline, que nem é chamada de rainha, é o contrario de tudo isso que você falou!

Finn nem sabia o porquê de estar tão nervoso. Suava frio, suas mãos tremiam. Ele não controlava as pernas, e todos pareciam estar na mesma situação. Todos pareciam querer levantar, correr e socar coisas. Menos Melly, que estava repousando e de vez em quando fazia umas caretas de dor e o marido de Olivi, que estava encostado em um canto, como se não ligasse para nada do que eles estivessem falando.

De acordo com as suspeitas de Melly, essa atmosfera vinha exatamente deste cara.

Enquanto ela pensava, os outros simplesmente ignoravam. Olivi continuou.

– Não para meus pais, Finn. Eles querem que eu seja a princesa perfeita, que vai se casar com um homem sinistro possuído pelo capiroto que nunca sequer dialogou comigo! - Olivi falava com certa raiva, como se o homem sinistro possuído pelo capiroto não estivesse ali do lado, ouvindo tudo, mesmo que agisse como se não estivesse.

– Então, você tem que fingir sempre? Mas isso não é cansativo? E não dói enfiar uma espada daquele tamanho na cabeça não? - Jake perguntou.

Olivi começou a rir e a atmosfera de repente ficou mais confortável.

– Seu bobo, a lâmina da espada desaparece quando eu coloco a pérola.

Ela parou de rir e suspirou.

– É, cansativo não seria a palavra certa. Irritante, talvez. Eu sempre dou uma escapadinha, para ficar com a Melly, cortar dragões ao meio... Sabe como é - no final da frase ela já estava sorrindo novamente. Quem diria que a delicada princesa ninja envolta por um vestido de cetim fugia pela janela do quarto para matar dragões e assustar pessoas com Melly.

Melly, ainda "afogada" na cama da Olivi, levantou um braço, fazendo um sinal de "joinha", como se estivesse confirmando o que ela disse.

Meio que ela não tinha dormido.

De repente um guardão duendes entrou no quarto, sem nem se dar o trabalho de bater, e Olivi rapidamente ajeitou a postura. O duende tocou uma tromba irritante e anunciou que a Rainha estava entrando. Melly, com dor de cabeça, se perguntou se a trombeta era realmente necessária, e se ela podia fazê-lo engolir ela.

A Rainha entrou no quarto, e achou meio ruim o fato de homens estarem lá. Ela pensava que talvez eles pudessem machucar a sua "adorável filhinha indefesa". Se ela soubesse como Melly realmente era, também acharia ruim, mas não se importou com o fato de ela estar deitada na cama da indefesa.

A Rainha não era muito parecida com Olivi: o cabelo verde da mulher estava preso em um coque grande e apertado, que estava envolto por tranças. Parecia difícil de arrumar. Os mesmos olhos verdes-esmeralda puxadinhos, só que o da Rainha não eram grandes e brilhantes como o de Olivi, pois estavam sempre semicerrados e sérios, como se analisasse todo e qualquer movimento que as pessoas faziam. Usava um vestido vermelho vivo longo, com mangas longas e exceto pela fita bem presa em sua cintura, não havia nenhuma decoração no vestido. Ela tinha uma pose de professora-velha-exigente que todos os alunos acham que faz macumba. Nariz empinado, pose perfeita...

Melly e Olivi nunca acharam aquela perfeição toda necessária. Elas só faziam isso no reino de Olivi, na presença dos guardiões e da Rainha.

Olivi levantou-se com um olhar gentil e a postura de traços delicados de uma verdadeira princesa. Caminhou sem pressa ate a Rainha, da qual ela nunca chamará de nenhum nome carinhoso, pois esta a tratava como uma aluna da aula bons modos, e fez uma breve reverencia.

– Olivi, devemos começar com as preparações. Será amanhã, ao nascer do sol.

Finn e Jake se perguntaram do que ela estava falando e porque todos desse reino ignoravam suas existências para depois perguntar quem eram, o noivo de Olivi ignorou tudo novamente, apenas Melly teve uma reação. Ela se levantou de repente, como se tivesse recuperado todas as energias. Apesar dela ainda não conseguir usar o sentido.

A rainha olhou para Melly e andou lentamente até ela, como se não quisesse nada. E ainda olhando-a por cima, com o nariz empinado, disse:

– Você estava babando.

E saiu, deixando três pessoas rindo histericamente, uma princesa camaleão confusa e um cara sinistro que ignorava tudo no quarto.