Ah, o natal! O frio, a neve, as decorações... Tudo no natal era absolutamente lindo! E, como de costume, as pessoas comemoram essa época ao lado dos parentes e amigos queridos. Para o Clube de Natação Iwatobi, isso não era diferente.

Todos estavam unidos na casa de Haruka que, por um milagre, não estava preparando apenas peixe para o jantar, porém também uma especialidade com camarão, como fora sugerido por Rin, que contou a ele como comemoravam o natal na Austrália, e é claro que Haru se apaixonou pela parte da comida. A casa do moreno estava perfeitamente bem decorada, incluindo uma bela bola de visco na porta da sala de jantar.

Com a comida pronta, Haru levou os pratos até a mesa, sentando-se ao lado de Makoto. Todos degustavam com vontade, além de conversarem bastante e darem boas risadas relembrando o ano que passou, focando principalmente no dia em que todos nadaram juntos novamente.

– Puxa, Haru-chan, estava delicioso! - Nagisa exclamava alegremente.

– Oh, obrigado.

– Ei! Que tal contarmos algumas histórias sobre os natais dos anos anteriores? Podem ser histórias que tenham acontecido com vocês ou com conhecidos! - Gou sugeriu, um tanto animada.

Todos aprovaram sua ideia, e a garota logo sugeriu seu irmão para iniciar, já que ele tinha boas histórias sobre a Austrália para contar.

– Bom... na Austrália, o natal é comemorado na praia... E lá as decorações são realmente lindas, e duram muito mais tempo do que as nossas. Além disso, lá você não presenteia apenas sua família e conhecidos, mas até mesmo desconhecidos. E eles festejam por tudo... É realmente bonito.

Todos pareciam realmente interessados com a história contada pelo ruivo. Era interessante conhecer a cultura de outro país.

– Ah, deixa eu contar uma!! - Nagisa levantou sua mão, balançando-a enquanto demonstrava certa empolgação.

– Certo, Nagisa, conte. - Rei encarava o loiro, ajeitando seus óculos.

– Bom... Apesar de que não é comum fazermos festas nessa época aqui no Japão, uma vez eu comemorei o natal com minha família completa. Tios, tias, primos, primas, avôs, avós... E até mesmo com amigos dos meus tios e seus filhos! Sabe, tinha um casal com muitos filhos! Três meninas e quatro meninos! Imaginem só, tudo isso de fi-

– Por favor, Nagisa. Poderia poupar detalhes? - Rei ainda encarava o menor, mantendo sua postura séria. Apesar de que todos ali sabiam que ele não era exatamente assim.

– ... Desculpe, Rei-chan! Enfim. Um dos meus primos gostou de uma das filhas desse casal. E então, na hora de jantarmos, ele pediu para ela se sentar embaixo de um visco, e ela aceitou e... eles se beijaram!!

– Mas o que isso tem a ver? - Rin perguntou, parecendo confuso.

–Vocês não sabiam? Sempre que duas pessoas se encontram sob o visco, se supõe que devem se beijar, e pegar uma das frutinhas do ramo!

– Tá... mas o que um visco tem a ver?

– Sei lá! Parece que o visco representaamizade duradoura, a fertilidade e a boa sorte em um futuro casamento. Então, se você se encontra com uma pessoa sob ele, é sinal de que ambas terão um bom futuro, mas pra isso, elas precisam cumprir a tradição e se beijarem!

Todos encararam Nagisa, parecendo não entender o que um visco teria a ver com beijo. Porém, Gou não deixou de notar o local onde Haru e Makoto estavam sentados.

– E aquilo acima do Haru e do Makoto não seria um visco?

Todos os olhares foram direcionados para os dois, que ergueram suas cabeças para confirmar o que a ruiva havia dito, não evitando que seus rostos corassem logo em seguida.

– Mako-chan!! Haru-chan!! É mesmo um visco!! Agora vocês precisam se beijar!!

– O q-q-que?? Nagisa, não diga isso! - Makoto já não podia esconder a repentina mudança na coloração que seu rosto tomara. Estava extremamente vermelho. E Haru não ficava muito longe.

– Ora, Mako-chan! É tradição! E você precisa cumpri-la! E não precisa ser um beijo tãão longo! Basta um selar de lábios!

– M-Mas o Haru-chan... E e-eu, e...

Makoto não conseguia encontrar uma desculpa. Nunca havia pensado em beijar seu melhor amigo. Porém não negava para si mesmo que sempre tivera vontade.

– Vaaamos, vocês dois! Ou vão ter azar no futuro! - Gou parecia estar adorando a ideia de ver dois garotos se beijando bem diante de si.

O garoto de cabelos castanhos estava começando a ficar sem saída. Porém não queria fazer algo que, provavelmente, só ele tinha vontade. Encarou seu amigo, que mantinha seu rosto abaixado.

– H-Haru-chan... E-Eu...

– Não diga nada.

O moreno levantou seu rosto, fechando seus olhos e abrindo seus lábios levemente, inclinando-se para o maior. Observando essa atitude, Makoto perdera todo o controle que estava tentando segurar, e segurou o rosto do menor, aproximando-se do mesmo e selando seus lábios. O beijo, que devia ser um simples "selar de lábios", tomou um rumo completamente diferente. Haru puxava o maior pelo pescoço, aproximando-se um pouco mais e aprofundando o beijo. Ambos arrepiaram-se ao sentir o contato entre as línguas, e o beijo começava a tornar-se um tanto descontrolado.

– VOCÊS DOIS, CHEGA! - Rin exclamou, com o rosto um tanto corado. Nunca imaginou ver dois de seus amigos trocando beijos, ainda mais um tão... quente.

O casal se separou. As respirações estavam descontroladas, assim como a batida do coração de ambos. Os lábios estavam inchados e os rostos ainda corados.

Todos pareciam perplexos com o que acabara de acontecer. Com a exceção de Gou, que tinha seus olhos brilhando.

– B-Bom... - Até mesmo Nagisa parecia sem jeito

– Temos que pegar uma das frutinhas... certo? - Haru perguntou, tentando voltar ao seu jeito "natural".

O loiro apenas assentiu. Haru e Makoto pegaram a tal frutinha, ficando em silêncio novamente.

– E-Eu vou pegar uma sobremesa. - O mais alto afirmou, levantando-se rapidamente, caminhando até a cozinha.

Lá, Makoto parou no meio do cômodo. Sua mente ainda não havia raciocinado o que acontecera. Estava extremamente confuso, porém estava muito feliz.

– Haru-chan... - sussurrava para si mesmo. Seu único medo era o que se passava na cabeça no menor nesse exato momento. Ele precisaria conversar com o moreno mais cedo ou mais tarde.

Pensando no que diria, sentiu um par de braços bem definidos rodearem sua cintura por trás, logo sentindo uma cabeça batendo em suas costas.

– Makoto...

– H-Haru-chan??! - O maior se assustou. - A-Ah, e-eu... a sobremesa... é que...

– Não diga nada, Makoto... E obrigado.

– M-Mas eu... ahn?

Haru soltou-se do maior, voltando para a sala de jantar. Makoto permaneceu mais um tempo parado e sorriu, pegando a sobremesa e retornando para seus amigos.

Todos degustavam da sobremesa feita com chocolate e morangos. Pareciam ter esquecido o que acontecera. Ou pelo menos tentavam disfarçar. Makoto já não escondia o seu sorriso e, ao virar-se para o moreno ao seu lado, sentiu a mão do mesmo sobre a sua.

– Eu não ligo... Certo? Eu aceito esse futuro.

Ele não precisava dizer mais nada. Sempre fora um garoto de poucas palavras, e o maior sempre o entendera muito bem. E, assim como ele, aceitaria o futuro que a tal tradição do visco proporcionaria a eles.

Suspirou, selando os lábios do moreno discretamente, que apenas sorriu de volta. O maior nunca pensou que seria tão grato a um simples visco e suas tradições natalinas.