Berlim, Alemanha 1941

– Camarada Niklaus, esta é a sua última chance, já perdi a paciência com você a algum tempo - Hitler estava sentado em sua mesa, preenchendo alguns papéis, e nem sequer levantava os olhos para encarar os soldados nazistas, ou o homem alto e moreno acorrentado e algemado - Sabe, você poderia ser grande ao meu lado, poderíamos fazer maravilhas! Com o seu poder, e o meu juntos nada poderá nos impedir, e como consequência o nazismo vingará! - Hitler tinha um brilho estrondoso nos olhos, e sorria enquanto falava com toda sua autoridade, mas logo ficou serio, e como estava encarando o homem acorrentado fundo nos olhos, ele pode sentir o poder que fluía nele -Agora responda-me camarada, você vai se juntar a mim? Assumirá este tão importante posto de bom grado?

Niklaus o fitava de volta, com os olhos cheios de ódio e os punhos cerrados para evitar alguma besteira que lhe fosse levar à morte, não que ele acreditasse que se dissesse não a Hitler mais uma vez sairia vivo dali. "Olhe onde você veio parar Niklaus... Deveria ter escutado minha irmã desde o início, mas não! Eu tinha que querer sair me mostrando nas ruas em pleno dia, na frente dos soldados alemães e achar que sairia bem! Como sou burro!" Com os olhos cerrados e as sobrancelhas franzidas, Niklaus foi direto, não era necessário o gasto de palavras naquela situação, era sim ou não, Hitler não ligava para porquês.

– Não - Ele falou com a voz rouca por falta de água e comida - Nunca me juntaria a você, monstro! - Niklaus cuspiu no chão, bem perto do sapato do soldado que lhe machucava os braços fortes.

– Bom, é uma pena realmente, mas não me oporei mais às suas escolhas camarada Niklaus, mas espero que entenda que, se eu não posso possuir esse poder, não posso correr o risco de que ele caia em mãos inimigas - Apesar de tudo Hitler parecia calmo, como se aquela discussão fosse algo corriqueiro - Camaradas, matem-no - Ele abaixou a cabeça e continuou a fazer o que quer que seja com os papéis em sua mesa, e fez um sinal de despensa para os soldados, que fizeram o cumprimento nazista e saíram puxando Niklaus pelos braços.

Eles o arrastaram até uma sala com portas e paredes de aço, cimento e tijolos, sem janelas e com muitas, mas muitas ferramentas de tortura, e duas macas prateadas uma ao lado da outra.

Os soldados o colocaram com muito esforço em uma das macas, prenderam suas pernas, braços, abdômen e pescoço, mas cometeram um erro muito grande. Não prenderam suas mãos. Niklaus se concentrou, ele precisava de uma fonte, e rápido, então ficou em repleto silêncio, interior e externamente até que... Ploc, ploc, ploc. Sim! Era exatamente disso que ele precisava! Estava chovendo do lado de fora e -por algum milagre- aquela estrutura de aço, cimento e tijolos tinha alguma falha, uma rachadura talvez, ele estava escutando o som de uma goteira.

Niklaus se concentrou o máximo que pode, -o máximo possível enquanto duas pessoas discutem que parte de seu corpo devem arrancar primeiro- então aconteceu, ele começou a fazer gestos com as mãos, começou a sentir a água fluir por seu corpo e BAM!!

– QUE MERDA É ESSA?! - Um dos soldados gritou

– A SALA ESTÁ INUNDANDO! FRITZ! O PRISIONEIRO! ELE SE SOLTOU! - O outro soldado entrava em desespero e quanto presenciava o impossível.

De alguma maneira desconhecida pelos soldados, Niklaus tinha se soltado e agora estava em pé na mesa, fazendo movimentos com mãos, pernas e pés e, sim, ele estava controlando a água.